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31.3.19
PORQUE HOJE É DOMINGO
ARBITRAGEM DUVIDOSA
No fim de um jogo de futebol, o público leva o árbitro em ombros. Feliz, ele pergunta:
Porque se cansam e incomodam em passear-me nos ombros?
-Não se preocupe, o rio fica já ali à frente.
****
NO MANICÓMIO
Num hospital psiquiátrico, um doente grita
- Amigos, eu sou um enviado de Deus à terra...
-É mentira, -grita uma voz ao fundo da sala. Eu não enviei ninguém.
****
TEMPO DE MUDANÇAS
-Há quanto tempo que não o via senhor Nuno. Está tão diferente. Mais magro, mais careca...
- Desculpe, deve haver um engano. Não me chamo Nuno...
- Ó pah,,, até o nome mudou!
****
NO QUARTEL
-Ó soldado 27, foste ver os teus pais no fim de semana?
-Sim, meu comandante.
- E como é que os encontraste?
Facilmente, eu sei bem onde eles moram.
****
CHARADA LÓGICA
-Qual a diferença entre uma meia, um prego e uma história mal contada?
-Ora uma meia tem pé, não tem cabeça, um prego tem cabeça, mas não tem pé e uma história mal contada não tem pés nem cabeça.
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Porque hoje é Domingo
30.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XIII
-Mas, que pode ter trazido aqui, o todo-poderoso António Ferreira, que não a sua maldita vingança?
- Continuas muito nervosa, e isso não se coaduna com uma
profissional do teu gabarito. Se me conhecesses um pouco, saberias que nunca
viria até aqui, para saborear uma vingança da qual não fazes parte.
- Como não, se fizeste semelhante oferta ao meu pai?
-Se por um momento sequer, imaginasse que eras capaz de
aceitar, nunca teria feito essa oferta. Não me interessaria por semelhante
mulher.
Encarou-o incrédula.
-Meu Deus! O homem é louco!
Ele distendeu os lábios num sorriso que não chegou aos
olhos.
-Talvez o seja, mas deixa-me continuar. Não sei se sabes,
mas não costumo frequentar festas. Tenho vivido apenas para o trabalho e penso
que está na hora de desfrutar um pouco mais das coisas boas da vida. Minha irmã
celebra no fim do mês dez anos de casamento. Quando ela casou, a minha vida não
era tão abastada como hoje, e apesar de ter ajudado como pude para que tivesse
um dia bonito, não foi possível fazer grande coisa. Agora pretendo oferecer-lhe
a festa que não teve na altura. Uma coisa para ela recordar a vida inteira. Por
isso vim. Para contratar a melhor produtora de eventos do país.
-Estás a dizer-me, que vieste aqui contratar os meus serviços
para realizar a festa das bodas de estanho da tua irmã?
- Qual é a admiração? Estou habituado a contratar sempre
os melhores serviços do mercado.
-Sinceramente espanta-me que me julgasses capaz de
trabalhar para ti, depois de arruinares a minha família.
- Nem mesmo se eu te prometer desistir de me vingar do
teu pai?
- Como assim se já o arruinaste? Se como disseste tens a
hipoteca da firma e ele não tem com resgatá-la?
-Imagina que cumpro a promessa que fiz a teu pai, não em
troca de casares comigo, como lhe fiz crer, mas de que realizes essa festa?
- Farias isso?
- Podes crer. Proporcionas um dia de sonho à minha irmã, e eu salvo o teu pai.
- Deves amar muito a tua irmã! Mas…como posso ter certeza
de que farás o que dizes?
- Não terás. Ou confias em mim e arriscas, ou não
confias, - disse mergulhando o olhar, no mar revolto do olhar feminino.
Incapaz de sustentar muito tempo o olhar masculino, ela
pegou num bloco e numa caneta e perguntou:
- Como queres que seja essa festa? Para quantos
convidados? Com ou sem renovação de votos? O casamento foi civil ou religioso?
- Obrigado por teres aceitado. Com renovação de votos e o
casamento foi religioso. Amanhã mando-te por "email" a lista dos convidados, e o
nome do restaurante que fornecerá o "catering", que claro será um dos meus. O
resto deixo com a tua imaginação e tenho a certeza que será uma festa muito bonita.
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29.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XII
Paula encontrava-se de pé, junto da janela, quando a sua
secretária abriu a porta e anunciou o empresário, desviando-se em seguida para
lhe dar passagem.
-Boa tarde, - disse ele avançando uns passos no gabinete.
-Boa tarde,- respondeu indo ao seu encontro. Estendeu-lhe
a mão, num cumprimento formal.
- Precisas de alguma coisa? – Perguntou a secretária.
- Toma alguma coisa, senhor Ferreira?
-De momento não, – respondeu sorrindo.
-Podes sair Irene. Se precisar de algo, chamo-te.
A secretária saiu fechando a porta atrás de si, e Paula
virou-se para o visitante.
- Por favor senhor Ferreira sente-se. Estou muito curiosa
com a sua visita. Precisa dos serviços da minha empresa, ou veio analisar a
mercadoria?- Perguntou mordaz.
Ele recostou-se na cadeira, rindo. Paula tinha que
reconhecer, que era um homem muito atraente, e aparentava estar muito calmo
enquanto ela estava extremamente nervosa.
- Vejo que o teu pai já falou contigo, e que estás
zangada, - disse tuteando-a. És sempre assim tão frontal? Gosto disso.
-Não me preocupam os teus gostos, - respondeu retribuindo
o tratamento.
Ele voltou a sorrir. Tinha um sorriso bonito: odioso mas
bonito, reconheceu ela.
- Vamos falar com calma, - disse ele inclinando-se para a
frente e fitando-a. O teu pai está arruinado. Tinha uma avultada hipoteca
bancária que eu resgatei. Está nas minhas mãos e o meu maior desejo é afundá-lo.
E não me olhes desse jeito, como se estivesses a pensar que sou um monstro.
Arruinar o teu pai, não paga um décimo do sofrimento que ele me causou. Mas tu
podes salvá-lo se quiseres.
- Prostituindo-me?
- Não. Casando comigo.
- Um casamento sem amor, apenas por dinheiro é uma forma
de prostituição.
- Lamento que penses assim. Acredito que serias feliz comigo.
Tanto descaramento dava cabo do sistema nervoso de Paula.
Tinha vontade de lhe dar um bom murro na cara, para lhe apagar aquele sorriso odioso.
- Nunca poderia ser feliz com um homem que me considera uma
mercadoria. És odioso. Faz o que quiseres com o meu pai, se a vingança te faz
feliz. Eu não me vendo, -disse levantando-se.
Ele fez o mesmo e os dois ficaram muito próximos.
- Que dramática! Devias ser atriz. Empolgavas o público.
Estava a troçar dela. Enraivecida, levantou a mão para
lhe bater mas ele segurou-lhe no pulso e puxou-a para si. Meteu a mão livre na
sua nuca e obrigou-a a olhar para ele. Por segundos ficaram assim,
enfrentando-se de olho no olho. Ele irónico, ela furiosa. Lentamente António baixou a cabeça como se fosse beijá-la mas apenas roçou os seus lábios, tão suavemente que ela ficou na dúvida se realmente
aconteceu ou se apenas o imaginou. Depois largou-a e voltou a sentar-se, enquanto ela
recuava com as pernas a tremer, sem saber se era raiva ou outra emoção aquilo
que sentia. Voltou para a sua cadeira atrás da secretária. Ele retomou a
palavra.
- Se estás mais calma, podemos falar agora do que me
trouxe aqui.
Olhou-o espantada. Que mais tinha para lhe dizer?
Hoje (28) o dia foi muito complicado. Fisicamente, com o olho o dia inteiro a chorar, (talvez por causa da troca de medicação)e emocionalmente já que se trata do aniversário da morte do meu pai. Amanhã espero voltar a visitar-vos.
Hoje (28) o dia foi muito complicado. Fisicamente, com o olho o dia inteiro a chorar, (talvez por causa da troca de medicação)e emocionalmente já que se trata do aniversário da morte do meu pai. Amanhã espero voltar a visitar-vos.
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28.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XI
Paula chegou ao escritório no dia seguinte, pelas catorze
horas.
Tinha trabalhado no dia anterior até às dez da noite e toda a manhã daquele dia, mas estava tudo pronto para a festa. Agora só tinha de se preocupar em estar
presente no início da festa, e assegurar-se que ela ia decorrer sem nenhum
incidente que lhe roubasse o brilho. Era sempre assim. Ela estava presente em
todas as festas, mas só até se assegurar que tudo estava a correr como ela
planeara. Depois despedia-se dos anfitriões e regressava a casa. Não se sentia
bem naqueles ambientes tão cheios de hipocrisia. Ela era muito frontal. Gostava
da verdade acima de tudo. Saudou Irene e dirigiu-se para o seu gabinete,
seguida pela secretária.
- Já terminaste a decoração do salão?
- Trabalhei ontem até às dez e esta manhã, mas está tudo
pronto.
Falta-me confirmar data e hora com a empresa de segurança
que vai estar presente. Podes fazer isso em seguida. E o “rei” da Cozinha Portuguesa,
sempre vem?
- Tal como te disse ao telefone ontem à noite,
telefonaram de novo à tarde para saber a resposta e eu marquei para as quinze. Estou muito curiosa. Não é costume que os
futuros clientes, queiram marcar uma entrevista contigo. Por norma, sempre nos
contactam por telefone, ou correio eletrónico. E só já quase em cima do evento é que
aparecem. E às vezes nem chegam a aparecer, são as secretárias ou os agentes
que tratam de tudo. Não estás curiosa?
- Nunca ouviste falar em milionários excêntricos? Ou
maníacos do trabalho?
- Dos primeiros já ouvi falar, mas nunca conheci nenhum. Maníacos
do trabalho, tenho uma na minha frente. Bom se não tens nada urgente para mim
vou para o meu lugar.
Dirigiu-se para a porta, mas antes de a abrir voltou-se e
batendo a mão na testa disse.
- Ah! Já me esquecia. Chegou a resposta do Ferraz.
Aprovou a primeira opção. A festa vai ser ao estilo dos gloriosos anos vinte.
Vou encomendar os endereços.
Irene saiu e
Paula olhou o relógio. Catorze e vinte e cinco. Levantou-se e foi até à janela.
No céu sem nuvens o sol brilhava aquecendo tudo à sua volta. Estava-se na Primavera, mas os dias já anunciavam o Verão que se aproximava. Na rua não
andava muita gente. Não era para admirar, quem não estava a trabalhar, não saía
aquela hora. Voltou para a secretária. Estava nervosa. A situação da sua
família preocupava-a. Nunca fora muito chegada ao pai, talvez porque ele também
não se tivesse preocupado em criar laços de carinho, quando ela mais precisava.
Mas gostava muito da madrasta, e adorava o irmão. E depois havia aquele homem
que ela não conhecia, e que o pai dizia que o podia salvar da ruína, em troca de
se casar com ela. Tinha cabimento uma coisa assim? Retirou da mala, um pequeno
espelho e olhou-se, tentando descobrir o que poderia ter levado aquele homem a
semelhante disparate. Os seus cabelos negros como asa de corvo, estavam
penteados para trás e presos num coque. O rosto moreno era na sua opinião
vulgar. O nariz não era grande nem pequeno nem sequer arrebitado. A boca
pequena era cercada por lábios grossos que seriam mais bonitos se os realçasse
com um batom atraente. Porém só usava maquilhagem quando se deslocava às
festas. Tinha um bonito sorriso, mas vulgar. A única coisa que reconhecia, ter muito bonitos, eram
os olhos. De um verde intenso e límpido como esmeraldas, quando estava calma, ou verde escuro como jade, quando alguma coisa a tirava do sério. Voltou a olhar o relógio. Catorze e cinquenta e cinco. Estava cada
vez mais nervosa. Ligou o computador e abriu o esboço da festa do Ferraz.
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27.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE X
Meia hora mais tarde, Paula tinha delineado o que seria a
festa de aniversário de casamento de um conhecido casal da alta sociedade
portuguesa, e tomava notas sobre tudo o que ia precisar, para o evento, quando
Irene a sua secretária a interrompeu.
-Acaba de chegar a encomenda que fizeste para a festa de Cascais. E ligaram dos escritórios da imobiliária “Um sonho, uma casa” para
marcarem uma entrevista contigo. Parece que é o próprio dono que quer negociar
contigo a realização de um evento.
Paula ficou a olhar para a sua secretária surpreendida. A
sua primeira reação seria dizer que tinha a agenda preenchida para os próximos
meses. Parece que de um momento para o outro, tudo à sua volta tudo girava em
volta daquele homem. Primeiro foi a visita da madrasta, depois o pai, agora era
o próprio empresário.
-Tinhas-me dito – continuou a secretária, alheia aos seus
pensamentos, - para não fazer marcações para as próximas três semana, que ias
tirar umas férias, quando terminasses a festa no Estoril, dos Ferraz, mas como
é um empresário importante, não sei se queres adiar as férias, pelo que pedi
para ligarem mais tarde, porque não estavas e tínhamos a agenda cheia para o
mês todo. Se voltarem a ligar o que é que eu faço?
-Diz-lhe que poderei atendê-lo, amanhã às quinze horas.
- Mas amanhã não ias estar todo o dia lá no salão de
festas,em Cascais, por causa da festa dos Couceiro, no próximo Domingo?
- Ia. Mas tenho interesse em saber o que esse senhor
quer. O salão pertence à paróquia, vou falar com o padre e pedir-lhe se posso
ir à noite acabar o que faltar.
- Bom, tu é que sabes. Mas estás a pensar desistir das
férias? Tens trabalhado demais.
- Enquanto conseguir executar os trabalhos dentro do prazo, não é demais. Leva esta
lista e confere se não falta nada do que pedi na encomenda que vieram entregar.
E depois põe tudo na mala do meu carro.
Irene saiu e Paula voltou a enfronhar-se no trabalho.
Durante mais de uma hora, fez esboços, tomou nota de materiais, viu preços. Por
fim numerou cada esboço, cada lista de material, voltou a fazer contas e
acrescentou ao esboço o orçamento. Tudo pronto carregou no botão da secretária.
- Já conferi a encomenda e já está no teu carro, - disse
Irene ao avançar para a secretária da sua chefe.
- Tens aqui estes três esboços, orçamentados. Envia-os
por fax, para o escritório do senhor Ferraz, para aprovação. Pede urgência na
resposta a fim de que possamos ter tudo pronto para a festa. Leva estas listas, cada uma está numerada com
o mesmo número do esboço. Dependendo do que eles escolherem, fazes a encomenda
do material. Contactas os fornecedores do costume. Depois é necessário contactar
os jornalistas das principais revistas cor-de-rosa. Vê se consegues algumas
para essa data.
-Muito bem. Vou mandar os esboços agora e depois do
almoço, contato os jornalistas. Não deve haver problema, uma festa destas à
borla, ninguém rejeita. O resto só depois de saber qual o esboço que eles vão
aprovar. E o “catering”, é o mesmo do
costume? Tratas tu disso?
-Não. Desta vez o cliente não quer os nossos serviços a
esse nível. Diz que já tem tudo tratado, logo é menos uma preocupação que
temos. Vou almoçar e depois sigo para Cascais. Em princípio, não volto hoje ao escritório. Qualquer urgência, liga-me.
-Ok. Bom trabalho.
NOTÍCIASComo sabem, estive ontem à tarde a fazer exames médicos por causa do olho e as notícias não são de modo algum aquelas que eu gostaria. A retina mantém-se colada, mas a córnea continua muito maltratada. O Professor, diz que eu tenho um suporte de silicone que será para retirar numa nova cirurgia, se a córnea recuperar o suficiente para colocar a lente. Se isso não acontecer, só com transplante da mesma posso ter esperanças de voltar a ver como deve ser. Entretanto como há apenas um mês que fiz a segunda cirurgia, vamos ter esperanças que a córnea recupere até ao dia 14 de Maio, altura em que vou voltar a fazer exames e à consulta. Entretanto mandou parar com as gotas de antibiótico que estava a fazer e mudou para gotas de cortisona.
26.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE IX
Não te preocupa o facto de deixares a tua família na
miséria?- perguntou o progenitor, levantando a voz alterado.
-Tenho algum dinheiro. Não muito, mas dá para recomeçares
a tua vida. Ainda és um homem novo. Deixa que execute a hipoteca.
- Estás doida? Que sei eu fazer que não seja gerir a
empresa?
- E pelos vistos não muito bem. Antigamente era uma
empresa próspera, - retorquiu a jovem. - E não me venhas falar em crise. Esse
homem começou com uma pequena imobiliária e em poucos anos é a maior do país.
- “Esse homem”, como tu dizes está determinado a
deixar-me na miséria. Se eu fosse sozinho não me importaria muito, mas tenho
mulher e um filho menor que precisam de mim.
Paula sentiu vontade de lhe dizer que o facto de ele ter
bastante dinheiro quando ela era criança, não contribuiu em nada para que tivesse sido um pai atento e amoroso. Ela teria preferido menos brinquedos e
mais carinho do pai. Mas pensou que não era hora de recriminações e limitou-se
a perguntar.
-E o que tu lhe fizeste para que ele te queira arruinar?
- Pensas que é preciso ter feito alguma coisa para isso?
Esta gente não precisa de motivo para que pise todos os que estão abaixo deles
e se apoderem daquilo que podem. Ou talvez quem sabe, se tenha apaixonado por
ti e pense que é a melhor maneira de te vir a ter como esposa.
- Não sejas ridículo, nem me tentes enganar. Se esse
homem quisesse uma mulher bastava estalar os dedos. Com a sua posição social,
não lhe faltarão candidatas. Também não se pode ter apaixonado por mim, nem
sequer nos conhecemos. E na remota hipótese de que isso tivesse acontecido, não
usaria de tal subterfúgio. Trata-se como é evidente de uma vingança, por alguma
coisa que lhe fizeste. Eu sei e tu também sabes embora nunca venhas a
admiti-lo. De qualquer modo a minha decisão está tomada. Não contes comigo para
isso. E agora se me dás licença, tenho muito trabalho para fazer. Porque embora
o que eu faço, não tenha qualquer valor para ti, eu trabalho e muito. Dá um
beijo por mim à Cidália e ao Miguel. Diz-lhe que no Domingo o vou buscar para
ir ao cinema.
Dito isto sentou-se à secretária e começou a ler o documento
que tinha na frente. Jorge permaneceu uns momentos calado, visivelmente desconcertado.
Depois dirigiu-se para a saída, pôs a mão no puxador da porta, mas antes de a
abrir, virou-se e disse:
- Pensa bem, filha. Não aconteça que mais tarde te
arrependas, e carregues com o peso dos remorsos a vida inteira. Garanto-te que
não é nada agradável, viver com isso.
Paula levantou os olhos e olhou o pai em silêncio, Depois
sem pronunciar palavra voltou a concentrar-se nos papéis que tinha na sua
frente.
Jorge rodou sobre os calcanhares, abriu a porta e saiu fechando-a com estrondo.
NOTÍCIAS
. Estive esta tarde a fazer exames médicos por causa do olho e as notícias não são de modo algum aquelas que eu gostaria. A retina mantém-se colada, mas a córnea continua muito maltratada. O Professor, diz que eu tenho um suporte de silicone que será para retirar numa nova cirurgia, se a córnea recuperar o suficiente para colocar a lente. Se isso não acontecer, só com transplante da mesma posso ter esperanças de voltar a ver como deve ser. Entretanto como há apenas um mês que fiz a segunda cirurgia, vamos ter esperanças que a córnea recupere até ao dia 14 de Maio, altura em que vou voltar a fazer exames e à consulta. Entretanto mandou parar com as gotas de antibiótico que estava a fazer e mudou para gotas de cortisona.
NOTÍCIAS
. Estive esta tarde a fazer exames médicos por causa do olho e as notícias não são de modo algum aquelas que eu gostaria. A retina mantém-se colada, mas a córnea continua muito maltratada. O Professor, diz que eu tenho um suporte de silicone que será para retirar numa nova cirurgia, se a córnea recuperar o suficiente para colocar a lente. Se isso não acontecer, só com transplante da mesma posso ter esperanças de voltar a ver como deve ser. Entretanto como há apenas um mês que fiz a segunda cirurgia, vamos ter esperanças que a córnea recupere até ao dia 14 de Maio, altura em que vou voltar a fazer exames e à consulta. Entretanto mandou parar com as gotas de antibiótico que estava a fazer e mudou para gotas de cortisona.
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25.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE VIII
-E tu? Não vais fazer o mesmo?
- De modo algum. Não casei com o teu pai pelo seu
dinheiro. Casei porque o amava, e amo-o hoje muito mais do que nessa altura
apesar de reconhecer os seus defeitos. Não me assusta ter de trabalhar. Mas
tenho a certeza de que o teu pai virá apelar para os teus sentimentos filiais, e não queria que te
apanhasse desprevenida. E também queria saber se vocês se conheciam, entender
porque quer ele casar contigo.
-É realmente muito estranha essa exigência a não ser que
queira estender até mim o ódio que tem do meu pai.
-E que vais fazer?
- Esperar que o pai me procure e me conte o que acontece.
Pode ser que descubra a razão que empurra esse homem, para essa ação. Se bem que muitas
vezes não há razão nenhuma especial para esses tubarões quererem abocanhar e
destruir quem os impede de aumentar mais uns quantos euros nas suas contas
bancárias.
- Bom, querida, tenho que ir. Ainda tenho que fazer umas
compras para o almoço. Quando puderes aparece por lá. O Miguel está sempre a
perguntar por ti.
- Também tenho muitas saudades dele. Mas tenho tido muito
trabalho. Tenho dias que chego a casa exausta.
- Cuida de ti, querida. Até à vista.
- Adeus Cidália. Dá um beijo por mim ao Miguel.
Quando a porta se fechou atrás da madrasta, deixou-se
cair na cadeira. Era uma jovem alta, delgada, de rosto moreno, cabelos negros e
grandes olhos verdes. Perdera a mãe,
quando criança e fora criada, um tanto por conta própria até aos quinze anos,
altura em que o pai voltara a casar.
Cidália era muito
jovem quando casou com o seu pai. Com apenas vinte e cinco anos, dir-se-ia que
não seria capaz de aceitar e cuidar de uma adolescente rebelde. Mas não foi
assim. Ela impôs-se usando da autoridade necessária, mas sem descurar o carinho
de que a jovem estava tão carente. E em poucos meses tinha-a conquistado por
completo. O próprio pai se admirou. E foi na madrasta que Paula buscou apoio
para resistir ao desejo do pai de que ao entrar na Universidade, cursasse
medicina, quando não tinha nenhuma vocação para isso. Depois que terminou a
licenciatura, formou a sua própria empresa, e apesar do rápido sucesso
alcançado, o pai sempre considerou o seu trabalho como algo menor. Incapaz de viver em constante conflito com o
progenitor, deixou a casa paterna e foi viver sozinha. Todavia, tinha uma maior relação de afinidade com
a madrasta com quem se encontrava e saía sempre que tinha oportunidade. Aliás
muito maior do que com o próprio pai. E adorava Miguel, o seu irmão de sete
anos. Abanando a cabeça, como para afastar as recordações que a tinham
assaltado, abriu o portátil e escreveu o nome de António Ferreira no motor de
busca.
Não vejo melhoras e estou a ficar um tanto apreensiva e desejosa de que chegue o dia 26 para fazer novos exames e ver o que diz o professor.
Não vejo melhoras e estou a ficar um tanto apreensiva e desejosa de que chegue o dia 26 para fazer novos exames e ver o que diz o professor.
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24.3.19
PORQUE HOJE É DOMINGO
Na Faculdade de Medicina, o professor pergunta ao aluno:
- Que dose deste medicamento o senhor daria a um homem que tivesse sofrido um ataque cardíaco?
- Três comprimidos, - responde o aluno.
Mas um minuto depois muda de opinião e pergunta ao professor.
-Posso modificar a dose?
- Poder, pode, mas infelizmente o seu paciente acaba de de morrer.
***
Entre amigos:
-Sabes? O Silva está no hospital todo partido.
- Como é possível? Se ainda ontem à noite o vi numa discoteca com uma bela morena!
- Pois... A mulher dele também!
***
Um jovem entra num consultório médico e diz:
- Muito obrigado, doutor, porque os seus tratamentos beneficiaram-me imenso.
- Mas eu não me lembro de o ter tratado.
-É verdade, mas tratou o meu tio e eu sou o herdeiro.
***
Um homem vai ao psiquiatra:
-Qual é o seu problema? - perguntou o doutor.
- Bem... é que tive uma discussão com a minha sogra e ela disse-me que não falaria comigo durante um mês.
E o psiquiatra
- Para muitos, isso não é problema. Muito pelo contrário...
-Só que para mim é um grande problema?
- Mas porquê? - quis saber o psiquiatra.
-É que o prazo termina hoje!
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23.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE VII
- Bom dia Paula.
- Bom dia Cidália. Tão cedo por aqui? Passa-se alguma
coisa? Como está o meu irmãozinho?
- Deixei-o na escola agora. E aproveitei para vir falar
contigo, calculei que a esta hora ainda não estivesses muito ocupada.
- Fizeste bem. Realmente nos últimos tempos, não tenho
tido tempo para nada, tem sido umas festas atrás de outras. Mas não me devia
queixar, enquanto estou a trabalhar não me lembro do desastre que é a minha
vida pessoal.
- Ainda sofres, por causa do Adolfo?
- Que te parece? Foram quatro anos da minha vida,
sonhando com uma vida em comum, fazendo projetos em vão. Mas não falemos de
mim. Diz-me, que te trouxe cá?
- Sabes que os negócios do teu pai, não vão nada bem?
- Não. Que se passa? É grave?
-Está na falência. Má gestão talvez, mas também por causa
do António Ferreira. Já ouviste falar nele?
- Quem não ouviu falar nesse tubarão da restauração? Mas
o que tem ele a ver com os maus negócios do meu pai.
- Parece que nem sempre foi um empresário rico. Há muitos
anos foi empregado do teu pai. Houve um desentendimento entre eles, não me
perguntes o quê que o Jorge, não me quis contar. E ele jurou que um dia se ia
vingar. Não sei como conseguiu chegar a ter tanto poder económico, o teu pai garante que naquela época, não tinha onde cair morto. O certo é que a sua área de intervenção, não
é apenas a cadeia de restaurantes, “Cozinha Portuguesa” mas também tem a maior
imobiliária do país, a “Casa dos seus sonhos”. E tem roubado todos os negócios
ao teu pai, que para lhe fazer frente, acabou hipotecando a empresa, a hipoteca está a vencer-se e ele não tem como resgatá-la. Resumindo, está
completamente arruinado.
-Meu Deus. Porque é que não me contaste antes?
-Eu também não sabia. O teu pai andava preocupado e eu
sabia que as coisas não iam bem, mas não imaginava quanto. Só agora me contou.
- E não se pode fazer nada?
- Não. Embora o Jorge ainda tenha esperanças de que
possas salvá-lo.
- Eu? Empreguei o dinheiro da herança da minha mãe na
empresa. Os negócios têm corrido bem e tenho algum dinheiro mas pouco, e não
quero recorrer a empréstimos que hipotequem o meu futuro. Como é que eu posso
ajudar?
- Conheces o António Ferreira?
- Não. Aliás, penso que o vi uma vez numa festa que fiz,
mas de longe, e nem tenho a certeza se seria ele, embora me lembre de ouvir
comentar o seu nome. Porquê?
- Porque ele deu oito dias ao teu pai para te convencer a
casar com ele. Se isso acontecer, não só esquece a hipoteca que tem sobre a
“Casa Nova” como lhe concede um empréstimo, para voltar aos negócios, e se
compromete a deixá-lo em paz. Caso contrário, dentro de oito dias, executa a
hipoteca e anexa a empresa à sua.
- O homem é doido. Como pode querer casar comigo se nem me
conhece? E quem pensa ele que sou? Uma mercadoria que pode comprar? Como se eu fosse
um saco de batatas para os seus restaurantes?
Pôs-se de pé. Estava furiosa. Percorreu o gabinete, de
uma ponta à outra barafustando. Depois voltou-se para a madrasta.
-Foi o meu pai que te mandou cá? Para me convenceres?
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22.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE VI
-O que há com a empresa? É mau negócio? O Júlio estava
entusiasmado.
-Eu sei, e pelo que ele diz parece ser um bom negócio,
mas não acho bem que te desligues do assunto. Porque não vais até lá?
- Não confias no Júlio?
-Deus me livre e guarde disso, António. Até porque eu
estarei lá na altura da compra e todos os documentos passarão pelas minhas
mãos. Porém gostaria que fosses comigo. Não que seja necessário, pois com a
procuração que tenho posso representar-te em qualquer negócio. Mas era uma maneira de te tirar
deste escritório e libertar a tua cabeça dessa obsessiva ideia de vingança.
Pelo menos por uns dias.
- Está bem. Quando será feita a escritura da compra?
- Dentro de dias. O Júlio tem estado à espera que tu te
decidas a ir até lá. Parece que ele confia mais em ti do que em si próprio. A
propósito, sabes que ele vai casar?
- Não. Não tenho estado com ele ultimamente. Quando aceitei fazer sociedade com ele no negócio dos carros deleguei nele toda a responsabilidade dessa parte dos negócios. Os restaurante e principalmente a imobiliária, ocupam-me todo o tempo.
- Claro. Diz-me uma coisa. Há quanto tempo não vais ver a
tua mãe?
- Há duas ou três semanas. Porquê? Passa-se alguma coisa
com ela? Está doente?
- Não. Mas está muito triste. Disse à Gabi que sentia
saudades tuas. Que se sente muito só e que lhe parece que continuas em França,
tanto tempo leva sem te ver. Como sabes eu e a tua irmã quisemos que fosse
viver connosco, mas ela prefere estar lá na casa onde viveu toda a vida e que
diz está cheia de recordações. Diz que dali só sai morta. Devias ir
vê-la. Caramba um homem não pode virar escravo dos seus negócios.
-Tens razão, mas que queres, foram muitos anos a
trabalhar catorze a dezasseis horas por dia. E depois há sempre tanta coisa
para resolver.
- Arranja dois ou três bons gestores. Eles podem fazer a
maioria do teu trabalho. Não vais à falência por isso e ganhas em qualidade de
vida e saúde. Nem sei como tens aguentado tudo isto sozinho.
- Tenho-te a ti, e à secretária que me recomendaste e que
é uma excelente profissional. E mais três empregadas no escritório, e uma dúzia
de gerentes nos restaurantes. E o Júlio tem-se mostrado bastante competente com
o setor automóvel. Logo que resolva este problema com a integração ou não da
Imobiliária “ Casa Nova”, prometo tratar disso. Gostava de trazer para a
empresa o Rui Martins, mas duvido que ele queira deixar a atual empresa. Enfim,
quando chegar a hora se verá.
- Quando é que terás a resposta do Jorge Maldonado?
- Dei-lhe oito dias.
- Acreditas que ele convença a filha?
- Não sei. Se bem que para te ser franco gostaria que não
o conseguisse. Conheces a filha dele?
- E quem não conhece a Paula Maldonado? É uma excelente
profissional, a sua empresa de eventos é uma das melhores do país, está
constantemente a ser requisitada. Terminou há pouco um relacionamento de quatro
anos, quando todos esperavam que mais dia, menos dia, marcaria a data do
casamento. Não deve estar com vontade de se comprometer com ninguém, mesmo que
seja para salvar o pai da ruína. Estás apaixonado por ela?
- Não. Mas um dia terei que casar. E o que sei dela
agrada-me. Mas repito, espero que ela não aceite.
- Confesso que não te entendo. Se ela te agrada, porque
não tentas uma aproximação e esqueces essa maldita vingança? E como esperas que
não aceite se dizes que te interessa? Sabes que mais? És demasiado complicado
para mim. Bom, tenho que ir. Combinei com a Gabi que ia buscar o Pedro à escola,
uma vez que a esta hora ela tem uma consulta no dentista. Até amanhã.
-Até amanhã Eduardo.
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20.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE V
Contratou um detetive para descobrir tudo o que lhe interessava sobre Jorge Maldonado e a sua filha, uma vez que sabia que o seu inimigo era viúvo. Porém as informações não foram as que esperava. Primeiro porque o homem tinha voltado a casar. Segundo, a filha tinha abandonado a casa paterna, e era agora dona de uma empresa de eventos, que elaborava as festas de algumas empresas e de particulares. Era considerada uma excelente profissional e muito conceituada no meio. E estava noiva de um jovem médico.
Bom, se a jovem estava noiva, ele não ia atrapalhar a sua
felicidade. Afinal ele sempre gostara dela, e de modo algum queria fazer-lhe mal. O seu ódio, era contra o pai.
Porém, no ano anterior, lera numa crónica social que depois de quatro anos a jovem tinha posto um ponto final na relação, com o tal médico, e de novo lhe veio o desejo de a associar à sua vida. Afinal ia a caminho dos quarenta anos, tinha poder económico, uma bela casa, podia trocar de carro quando quisesse, viajar pelo mundo, mas deixara de sonhar com uma vida normal há quase dezoito anos, por culpa do pai dela.
Sendo atualmente um dos grandes empresários do país, sempre que aparecia nalgum evento era imediatamente rodeado por belas mulheres que rivalizavam entre si para lhe agradarem, até porque fisicamente era um homem muito atraente, embora não fosse nenhum Adónis. Porém ele conhecia o seu valor e não se iludia. Sabia que o dinheiro, era um atrativo capaz de rivalizar com a maior beleza do mundo. Pelo menos para a maioria das mulheres que conhecera.
Porém, no ano anterior, lera numa crónica social que depois de quatro anos a jovem tinha posto um ponto final na relação, com o tal médico, e de novo lhe veio o desejo de a associar à sua vida. Afinal ia a caminho dos quarenta anos, tinha poder económico, uma bela casa, podia trocar de carro quando quisesse, viajar pelo mundo, mas deixara de sonhar com uma vida normal há quase dezoito anos, por culpa do pai dela.
Sendo atualmente um dos grandes empresários do país, sempre que aparecia nalgum evento era imediatamente rodeado por belas mulheres que rivalizavam entre si para lhe agradarem, até porque fisicamente era um homem muito atraente, embora não fosse nenhum Adónis. Porém ele conhecia o seu valor e não se iludia. Sabia que o dinheiro, era um atrativo capaz de rivalizar com a maior beleza do mundo. Pelo menos para a maioria das mulheres que conhecera.
Na posição social onde agora se encontrava, a honradez,
media-se pelo volume da sua conta bancária. Todavia, ele estava prestes a
vingar-se e depois… bom depois punha uma pedra sobre o assunto e ia aproveitar
o resto de tempo que tinha pela frente.
Regressou à mesa no momento em que Eduardo, o seu cunhado
entrou no escritório.
- Boa tarde. Tens alguma reunião marcada para os próximos
trinta minutos?
- Não. Acabei de ter uma reunião com o Jorge Maldonado.
Está desesperado.
- Sabes o que penso disso, António. Já passaram muitos
anos, devias esquecer e tentar ser feliz.
- Não posso esquecer que me acusou de roubo. É o meu nome, a minha honra, não percebes?
- Claro que percebo. Mas vais conseguir apagar esse facto
do teu passado arruinando o homem?
- Dei-lhe hoje a hipótese de se salvar.
- Como?
-Se a filha dele aceitar casar comigo.
- Vês? Queres comprar a filha do teu inimigo, como se ela
também fosse culpada de alguma coisa. Confesso que não te entendo. És jovem,
tens saúde e uma posição social invejável. Esquece essa maldita vingança e
concentra-te no momento atual e na felicidade que ainda podes ter.
-Esqueçamos os meus assuntos pessoais. Que te trouxe cá?
A empresa de "rent-a-car" que vocês vão comprar em Faro.
Boa Primavera para nós, bom Outono para os nossos amigos do outro lado do oceano.
Boa Primavera para nós, bom Outono para os nossos amigos do outro lado do oceano.
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19.3.19
DIA 19 DE MARÇO, DIA DO PAI
Para ti,
Que foste a semente da vida,
em mim.
Que me acolheste com Amor
em teus braços,
tantas vezes cansados,
mas sempre presentes.
E me acompanhaste,
mais de metade da minha vida.
Que me ensinaste,
a caminhar
a ler
e a escrever.
Que me mostraste
com teu exemplo
como ser uma pessoa de bem.
Para ti,
meu pai, meu amigo,
meu mentor,
um enorme obrigado.
E se lá na dimensão
onde te encontras,
te é dado ver o nosso plano,
aceita pai, a minha gratidão,
o meu amor, a minha saudade.
Elvira Carvalho
A todos os pais que por aqui passem desejo um dia feliz.
Elvira Carvalho
A todos os pais que por aqui passem desejo um dia feliz.
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18.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE IV
Depois das festas de Natal, António aconselhou-se com o cunhado sobre como aplicar o dinheiro, de forma rentável de modo a que pudesse não só multiplicar a sua fortuna, como vingar-se do seu ex-patrão, pois essa ideia era como uma droga no seu espírito. Ele acreditava que o seu pai morrera por causa do desgosto de pensar que o filho se tinha apropriado do que não lhe pertencia.
O cunhado era de opinião que há duas coisas de que o ser humano não abdica nunca. De comer, porque se o não fizer morre, e de querer parecer importante, estar bem na vida. E para isso, procura três coisas. Bons restaurantes, uma boa casa e um automóvel de luxo. Essencialmente o automóvel, pois quanto mais luxuoso, mais importância se dá a quem o tem.
E foram esses os seus primeiros investimentos. Um
restaurante e um “stand” de
automóveis. Ele mesmo, procurou mercados onde encontrar os melhores e mais frescos ingredientes ao melhor preço,
para o restaurante, escolhera o chefe e os empregados. E estabeleceu além do
ordenado, um prémio extra para cada um, se o restaurante obtivesse determinados
objetivos. Esse incentivo criou neles o desejo de serem cada vez melhores e
aumentarem cada vez mais a faturação. E três meses depois da inauguração, para se poder almoçar ou jantar no "Cozinha Portuguesa", já era
necessário marcar mesa com uma semana de antecedência. Então abriu outro, numa
cidade vizinha. Sempre com o mesmo método, e o mesmo nome, foi criando uma cadeia de
restaurantes, nas principais cidades do país. Em três anos, os restaurantes "Cozinha Portuguesa" eram reconhecidos em todo o país, como símbolo de bom gosto e qualidade. O negócio dos carros também ia muito bem. Meio ano depois do seu regresso, António fora procurado por Júlio Correia, o seu ex companheiro de apartamento e de fortuna. Júlio queria tornar-se sócio no negócio dos automóveis, e assim não só tinham expandido o negócio a outras cidades, como o tinham alargado ao aluguer de carros.
Três anos após o seu regresso, António Ferreira, quase duplicara a sua fortuna inicial, e transformara-se num dos empresários mais bem sucedidos do país.
Três anos após o seu regresso, António Ferreira, quase duplicara a sua fortuna inicial, e transformara-se num dos empresários mais bem sucedidos do país.
Sempre assessorado pelo cunhado, a quem contratara os seus serviços de advogado, oferecendo-lhe além de um bom ordenado uma participação de cinco por cento nos negócios, o empresário aprestava-se
para se envolver no negócio das imobiliárias, comprando uma pequena empresa que
se encontrava insolvente. Nos dois anos que se seguiram, usou de uma política agressiva na imobiliária, não só em prol do seu crescimento, mas também visando afundar a
empresa do seu inimigo. Agora, a sua empresa era a maior e mais importante do
país. E finalmente estava prestes a vingar-se do homem que dezassete anos antes, lhe destruíra a
honra e causara a morte do seu pai. Mas para além de arruinar o seu ex-patrão, António tinha um sonho. Casar-se com a jovem Paula única filha do seu inimigo.
Ele conhecera Paula, há quase dezoito anos, quando trabalhava nos escritórios do pai dela. O Jorge, era viúvo, e costumava levar a filha para o escritório, quando a ia buscar à escola. Paula teria na altura, nove ou dez anos. Era uma garota tímida, alta e sem graça, mas que tinha os mais belos
olhos verdes que ele já vira. E também os mais sofridos. Às vezes, António quase sentia uma necessidade premente, de abraçar a miúda e tentar por um pouco de alegria naqueles olhos. Depois que fora
despedido, nunca mais a vira, até há cinco anos atrás quando do seu regresso de Paris, se cruzou com ela no Banco. Era uma mulher muito bonita, que caminhava com
segurança, em nada fazendo lembrar a menina tímida que ele conhecera, exceto
nos olhos.
Reconhecera-a imediatamente. E se em criança os seus olhos
o impressionavam, naquele dia deixara-se enfeitiçar.
Desde esse dia, as suas fantasias passaram a ter um nome.
Paula Maldonado.
E ele passou a sentir-se um homem dividido. Por um lado, pensava na jovem, como alguém a quem amar, uma companheira para a vida, a quem desejava fazer feliz, sem qualquer esquema de vingança.
Por outro lado, casar com a filha do homem que o considerava ladrão, era mais uma forma de se vingar do seu ex-patrão.
E ele passou a sentir-se um homem dividido. Por um lado, pensava na jovem, como alguém a quem amar, uma companheira para a vida, a quem desejava fazer feliz, sem qualquer esquema de vingança.
Por outro lado, casar com a filha do homem que o considerava ladrão, era mais uma forma de se vingar do seu ex-patrão.
A recuperação do meu olho, continua muito lenta. Tanto que por vezes chego a duvidar das melhoras. Continuo com o tratamento e os cuidados que o médico recomendou.
17.3.19
PORQUE HOJE É DOMINGO
Professor:- A palavra "calça" é singular ou plural?
Aluno:- É singular em cima e plural em baixo.
***
Professor:- Diga-me os ossos que compõem o crânio.
Aluno: Não me recordo agora, mas tenho-os todos na cabeça.
***
Dois alunos chegam tarde à escola e a professora pede-lhes uma explicação. O primeiro diz:- Acordei tarde, porque sonhei que tinha ido ao Brasil e a viagem demorou muito.
Então e tu, - pergunta ao segundo.
- Eu sonhei que o tinha ido esperar ao aeroporto.
***
Um aluno reprovou e a mãe foi pedir explicações ao professor.
- O seu filho copiou o teste de um colega.
-E como sabe que não foi o colega que copiou dele?
- Porque na última resposta o colega escreveu: não sei, e o seu filho escreveu; e eu também não.
16.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE III
A vida não lhe sorriu como ele sonhava em Paris, antes pelo contrário, como não tinha ninguém conhecido, a quem se dirigir, nem que o acolhesse, pode-se dizer que António comeu o pão que o diabo amassou. Trabalhou em tudo o que lhe aparecia, como moço de recados, como trolha, em diversas obras, e até durante meio ano, foi coveiro no cemitério de Montmartre. Dormiu na rua, depois nas próprias obras onde trabalhava, até que já a trabalhar num café, travou conhecimento com Júlio Correia, colega de trabalho, que por questões económicas, o convidou a partilhar o seu pequeno apartamento, no último andar de um prédio antigo dos arredores. Júlio era um jovem português, emigrante como ele, irmanado no mesmo sonho, senão de fortuna, pelo menos procurando uma vida melhor do que aquela que a sua pátria lhes oferecia.
Durante onze anos, António foi um verdadeiro escravo do trabalho. Chegou a trabalhar de dia nas obras e de noite em cafés e bares, roubando ao corpo o descanso que lhe era necessário, mas o sonho de ser rico era cada vez mais uma esperança perdida.
Durante onze anos, António foi um verdadeiro escravo do trabalho. Chegou a trabalhar de dia nas obras e de noite em cafés e bares, roubando ao corpo o descanso que lhe era necessário, mas o sonho de ser rico era cada vez mais uma esperança perdida.
Todo o fim de mês mandava à mãe, dinheiro para que ela e a
irmã não passassem necessidades. Pagava a sua parte no apartamento, alguma comida e o que lhe restava, algumas "migalhas", eram guardadas religiosamente, na mira de um futuro melhor. Um dia porém a irmã casou e
esse casamento levou-lhe o pouco que à custa de grande sacrifício, tinha conseguido amealhar.
António estava prestes a entrar em desespero. Tinham
passado quase doze anos de trabalho intenso, o corpo começava a envelhecer, e
não via no horizonte perspetivas da fortuna que perseguia. Até a fé que sempre
o acompanhara de um dia ter poder suficiente para se vingar do seu ex-patrão,
estava prestes a abandoná-lo naquele final de Novembro, o décimo segundo desde
que chegara a França. Naquele dia, Júlio, o seu colega de quarto
propusera-lhe jogar no Euromilhões. Era um sorteio especial estavam em jogo
cento e oitenta milhões. Muito dinheiro para não arriscarem uns míseros euros
num boletim. Nada, eles já sabiam que era certo, mas quem sabe lhes saía alguma
coisa. "Nem que dê só para uma ceia de Natal melhorada já vale o
investimento" , - dissera Júlio perante a sua resistência. Preencheram uma única aposta, com os números em que cada um tinha mais fé.
Primeiro os cinco números depois as duas estrelas. Foi ele quem registou o
boletim e o guardou. No dia seguinte ao sorteio, descobriram pelo jornal que a
sorte tinha bafejado dois apostadores, um no Reino Unido e outro ali em Paris.
Cada aposta tinha sido contemplada com noventa milhões. Verificado o boletim, nem
queriam acreditar que a sorte lhes batera à porta, com aquela aposta.
No mesmo dia
entraram em contacto com a central de lotarias, estiveram com um advogado,
assinaram uma declaração de sociedade no prémio, abriram conta no banco, onde a
importância seria depositada, e saíram com muitas sugestões do que fazer e como
fazer com os quarenta e cinco milhões que cada um ia receber.
Doze anos depois, António votava a Portugal, muito mais
rico do que aquilo que algum dia sonhara, passava de novo o Natal com a
família, conhecia o seu cunhado e Pedro
o seu pequeno sobrinho.
Não tinha contado nada à família sobre a sua nova
condição de milionário. Disse-lhes na noite de Natal, depois de conhecer Eduardo
Soares, o seu cunhado, um bom advogado, com quem ele simpatizou de imediato.
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15.3.19
UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE II
Assim que ficou só, António levantou-se e caminhou até à janela. Precisava esticar as pernas, libertar a tensão em que estivera, durante a reunião com o seu inimigo.
António nem sempre fora um homem rico. Seus pais vinham
de famílias pobres, não tinham grandes estudos. O pai trabalhava nas obras, a
mãe, nas limpezas em várias lojas no bairro. Ainda assim queriam dar aos filhos
os estudos que eles não puderam ter. António terminara o Secundário com boas
notas e preparava-se para entrar na Universidade, quando o pai adoeceu
gravemente. Se o seu ordenado não era grande coisa, o subsídio de doença era
bem mais pequeno. Por outro lado a mãe para poder tratar do pai, não podia sair
de casa, e deixou de poder trabalhar, limitando-se a aceitar alguns trabalhos
que podia fazer em casa, como levantar umas bainhas, ou pôr um fecho numas
calças. Como filho mais velho, António viu-se obrigado a abandonar os seus
sonhos de entrar para a faculdade e a procurar um trabalho que lhe permitisse
ajudar a sustentar a casa. Foi assim que conheceu, Jorge Maldonado em cujo
escritório se empregou. Tinha dezanove anos.
Um ano mais tarde, António foi assaltado quando voltava à
empresa, depois de ter efetuado uma venda e ter recebido a importância que
sinalizava o negócio.
O patrão não acreditou no assalto e acusou-o de ter simulado
o roubo para ficar com o dinheiro.
Despediu-o e denunciou-o à polícia. O jovem foi interrogado pelos
agentes de autoridade vezes sem conta, mas nunca se desviou um milímetro do que contara a primeira vez, pois isso fora o que acontecera, essa era a verdade.
Entretanto, o pai sofreu uma violenta recidiva do AVC
anterior e faleceu três meses depois. A mãe levava os dias a chorar, e os
amigos deixaram de lhe falar. Por mais que António, procurasse um trabalho que pudesse ajudar na sobrevivência da família, não conseguia. Ninguém dá trabalho a uma pessoa, quando essa pessoa está a ser investigada por roubo. Desesperado, António jurou a si mesmo que um dia ainda ia ter poder suficiente para se vingar do homem que lançara sobre ele aquele estigma.
Seis meses depois, o processo foi arquivado por falta de
provas.
António despediu-se da mãe e da irmã partiu para o
Alentejo, onde foi trabalhar na apanha da azeitona.Quando a safra acabou, deu
parte do dinheiro à mãe e com o resto partiu para a França.
Bom fim de semana
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