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31.7.22

DOMINGO COM HUMOR


 Uma loira chega ao trabalho em lágrimas. O chefe, solidário com a loira, pergunta o que lhe aconteceu:

– Hoje de manhã, antes de sair para o trabalho, recebi um telefonema a dizer que a minha mãe morreu!
O chefe propôs imediatamente:
– Volte para casa imediatamente. Vá descansar.
– Não quero – responde a loira – prefiro ficar a trabalhar, vai-me distrair.
Algumas horas depois o chefe nota que a loira voltou a chorar de forma mais intensa. Ele vai até ela e pergunta:
– Não está melhor?
A loira explica:
– Nem imagina! Isto não pode estar a acontecer! Acabei de receber um telefonema da minha irmã. A mãe dela também morreu… 

Um médico engravida uma enfermeira e fica em pânico, decidindo fazer uma proposta à amante:
– O hospital onde eu trabalho é da minha mulher, não me posso separar dela, despedia-me e tanto eu, como tu e o nosso filho estaríamos arruinados. Estava a pensar e o melhor é voltares para a tua terra e podes ter a certeza que não deixarei que nada te falte.
– E como te dou a notícia do nascimento da criança? – perguntou ela
– Mandas um postal e escreves pão de queijo. As despesas ficam por minha conta.
Assim foi e alguns meses depois, o médico recebe um postal:
Depois de ler o postal, o homem cai redondo no chão devido a um ataque cardíaco. A mulher leva-o de imediato para a emergência do hospital e cardiologista pergunta-lhe:
– Como aconteceu?
– Ele apenas leu este cartão postal e sentiu uma dor forte: ”Cinco pães de queijo: Três com linguiça e dois sem”.



O compadre Maneli cruza-se com o compadre Jaquim que vinha coxeando pela vereda...
- Compadri Jaquim, homi o qué que lhe aconteceu? Agora tou reparando que tem uma ligadura no braço. O qué  que foi isso?
- Foi um leão! - responde o compadre Maneli.
- Um leão mo Alentejo? - admira-se o compadre Jaquim. E esse penso na cabeça?
-Foi uma zebra - diz o compadre Maneli soltando um ai..
-Uma zebra no Alentejo? E essa ligadura na perna?
- Nem précure compadre Jaquim, foi o raio de uma girafa!
-Uma girafa no Alentejo compadre Maneli?
- Sassenhora! - responde o compadre Maneli. E se nã tivessem parado o carrosseli, ê garanto que tinha morrido.



Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida com apenas uma oração que fez na igreja de uma aldeia próxima.
Dias depois, a solteirona foi a essa igreja e disse ao padre:
- Bom dia, padre.
- Bom dia, minha filha. Em que posso ajudá-la?
- Sabe, padre, eu soube que uma amiga minha veio aqui há umas semanas atrás e ficou grávida só com uma Ave-Maria. É verdade, padre?
- Não, minha filha, não foi com uma Ave-Maria... foi com um padre nosso... mas ele já foi transferido!




Como trabalho de casa a professora pede para os alunos fazerem uma rima.
No dia seguinte ...
- Diga a sua rima, Joãozinho ?
- Lá vem o canguru com uma flor no cu.
Indignada, a professora manda-o refazer a rima.
No fim da aula ...
- Joãozinho, diga novamente a sua rima
- Lá vem o canguru com uma flor na bochecha, porque no cu a professora não deixa



29.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE IX

 







Saiu do comboio em Lagos e apanhou um táxi para a casa paterna.
O motorista, homem novo e simpático, saiu em direção à cidade, e ao atravessar a velha ponte, chamou-lhe a atenção para a outra ponte metálica e levadiça, que dá acesso à marina, talvez pensando que se tratava de uma turista.

A jovem sorriu e apressou-se a esclarecer, que era natural de Lagos, e conhecia bem a cidade, donde se tinha ausentado apenas há três anos.

Havia muito movimento, o carro rodava devagar, pela longa Avenida dos Descobrimentos, conhecida dos lacobrigenses pela marginal, rumo ao Forte Ponta da Bandeira, donde subiria depois, para a parte alta da cidade, já que era aí a casa paterna da jovem. Reparou que a praça do Infante, em frente à Igreja de Santa Maria estava diferente, e comentou-o com o motorista.

-É o espelho de água inaugurado há dois anos. Do lado de lá, entre o Mercado de Escravos, a Igreja e o Armazém Regimental, fazem-se festas populares, em alguns fins-de-semana, entre Junho e Setembro.
O táxi continuou, a marcha até à Avenida das Comunidades Portuguesas, para depois seguir em direção à Torraltinha, local onde os pais de Beatriz viviam. 
Aí chegados, a jovem pagou a corrida e dirigiu-se a uma casa térrea, onde tocou a campainha.
A porta abriu-se, e um homem alto, de meia-idade, perguntou:
-Perdeste a chave?
- Não me atreveria a usá-la. Nem sequer sabia se me ias receber, -disse, com as lágrimas rolando pela face.
O pai abriu os braços e ela deixando cair a mala, aninhou-se neles.
- Perdoa-me – soluçou

- Se alguém tem que pedir perdão, esse alguém, sou eu, pela minha intransigência. Nós, os pais, esquecemos muitas vezes, que vocês têm direito a viver a vossa vida, mesmo quando achamos que vão cometer um erro. Entra. E nunca mais penses em tocar à campainha. Esta casa também é tua. A mãe está na cozinha.

Estavam os dois visivelmente emocionados. O pai empurrou-a para dentro enquanto apanhava a mala da jovem e fechava a porta.
Beatriz foi direta à cozinha, e deixou-se cair nos amorosos braços que a mãe lhe estendia.






27.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE VIII




Uma semana depois, Beatriz encontra-se no quarto. Em cima da cama tem uma mala de viagem aberta onde guarda algumas roupas. Durante aquela semana, 
o seu rosto ganhou cor e um aspeto mais saudável. Foi uma semana complicada, entre idas ao banco, às finanças, ao médico e à companhia de seguros, em que se fartou de preencher papéis, mudar o registo da água, luz, gás. E por fim a muito dolorosa ida ao cemitério.

Agora tudo tratado, preparava-se para ir passar uns dias a Lagos com os pais. Recuperar forças e coragem para enfrentar a vida, procurar um emprego, que as poupanças no banco não eram muito grandes, e se bem que não pagava renda de casa, havia todas as outras despesas inerentes à manutenção da mesma, sem falar na alimentação.

Acabou de encher a mala. Da gaveta de mesa-de-cabeceira, retirou a primeira página de um jornal, onde se viam dois carros totalmente destruídos, guardou-a por cima da roupa e fechou a mala. Olhou para o relógio. O intercidades com destino a Faro, saía da gare do Oriente, às dez e dois. Eram nove e um quarto. Ia chamar um táxi. Preferia ir mais cedo do que se atrasar no trânsito e não chegar a horas.
 Verificou mais uma vez a mala de mão.  Não esquecia  de nada. Desligou as torneiras do gás, e o contador da água, mas não o contador da luz, porque tinha carne e peixe no congelador, tinha que deixá-lo ligado. Telefonou para a central a pedir um táxi, pegou na mala de viagem e na mala de mão e finalmente saiu, para esperar o carro na rua.

Chegou à estação às nove e cinquenta. O comboio já lá estava . Procurou a carruagem a que pertencia o bilhete comprado no dia anterior pela internet, e ocupou o seu lugar deixando a mala de viagem ao seu lado, pois o esforço de colocá-la no lugar correspondente na prateleira superior do comboio, podia ser demasiado perigoso, para a sua recente cirurgia.

Entreteve-se com o movimento dos restantes passageiros que iam entrando, até que o comboio deu sinal de partida. A carruagem tinha bastantes lugares vagos, mas provavelmente ainda iria encher pois efetuava várias paragens. E embora o calendário mostrasse que estavam no final de Janeiro, o tempo estava agradável e os comboios para o Algarve costumam lotar em qualquer época do ano.

Pouco depois o revisor avisou-a, que tinha que sair em Tunes e apanhar a ligação do regional para Lagos.
Estava nervosa. Há quase três anos, que não via os pais. E apesar do que a mãe lhe tinha dito, ela continuava a temer a maneira como seria recebida pelo pai.






26.7.22

POESIA ÀS TERÇAS - PORQUE HOJE É O DIA DOS AVÓS

 


Porque hoje é o dia dos avós, eis as minhas duas princesas



SER AVÓ

Ser avó é sentir felicidade,
É conhecer um amor doce profundo,
É viver de carinho e ansiedade,
É resumir nos netos o meu mundo!
Ser avó é voltar a ser criança,
É fazer tudo pelos netos amados…
É povoar a vida de esperança,
É reviver o passado.
Ser mãe é dar o coração, eu creio,
Mas ser avó… que sonho abençoado!!!
É viver de ilusão, num doce enleio,
É viver nos netos o amor do meu filho amado!!

Mtlago


Biografia AQUI


A maioria conheceu a Mariana quando nasceu e durante uns anos acompanhou o seu crescimento. Hoje está assim. A pequenita é a Princesa Traquina, a Margarida.


Gente com este calor estou com os olhos numa desgraça. Ardem, choram, levo os dias a por compressas de água fria neles. E nunca mais chega o dia 10 de Agosto para voltar à consulta no hospital.

25.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE VII

 




Limpou as lágrimas, chamou a empregada, pediu a conta e pagou.
- Vamos? – perguntou pondo-se de pé.
- Claro, - respondeu a amiga, levantando-se e seguindo-a.

Entraram no carro, e enquanto iniciava a marcha, Clara disse:
- Tomei a liberdade de telefonar à tua mãe e contar o que se passou. Deves compreender que o teu estado era muito grave e não se sabia as implicações que podia ter. A tua mãe ficou desesperada, e contou ao teu pai. 
Saber-te em perigo, deixou-o cheio de remorsos com a sua intransigência. Queriam vir ver-te, mas eu disse-lhes que não valia a pena uma viagem tão longa, tu não estavas capaz para visitas. Tenho-lhes dado notícias todos os dias, mas ontem não lhes disse que já tiveste alta. Queria ver-te um pouco melhor, para que sejas tu a ligar-lhes e a dar-lhes a notícia.

Beatriz não tinha palavras. A emoção sufocava-a. Era a melhor notícia que podia ter recebido. Tinham chegado à dependência bancária.
Desapertando o cinto, voltou-se para a amiga e disse:
- Importas-te de esperar um pouco enquanto lhes telefono?
- Não, mulher. Estes dias, estou por tua conta, - disse sorrindo.

Marcou o número da mãe, e aguardou nervosa:
- Sou eu mãe, -disse engolindo um soluço quando ouviu a voz da mãe, no outro lado. – Fisicamente, estou bem, já tive alta médica, mas estou muito triste.
Calou-se escutando o que a mãe dizia.
- A Clara contou-me. Tenho tantas saudades vossas.
Escutou de novo
- Agora não posso, mãe. Tenho que tratar de várias coisas, banco, seguro, finanças, legalizar a minha situação. Mas assim que trate disso vou aí passar uns dias. Preciso tanto do teu colo. Dá um abraço ao pai por mim… Não mãe, não quero falar com ele pelo telefone. Quero olhar-lhe nos olhos, quando lhe falar. Agora desculpa, tenho de desligar. Beijos, mãe.

Desligou a chorar. Estava demasiado sensível, tudo a emocionava, tudo lhe dava vontade de chorar.
Clara esperou um pouco, e depois estendeu-lhe um lenço.
-Seca essas lágrimas ou vais entrar no banco com os olhos inchados e vermelhos. O pior já passou. Agora é olhar para a frente e enfrentar de novo a vida.


24.7.22

DOMINGO COM HUMOR


 

O Joãozinho vai com a irmã visitar a sua avó. Lá, ele pergunta:
— Vovó, como é que as crianças nascem?
— Bem, a cegonha traz as criancinhas no bico, meus netinhos…
Joãozinho cochicha para sua irmã:
— E aí, o que é que você acha? Contamos a verdade para ela?



Uma idosa vai ao ginecologista.
Ao examiná-la o médico diz:
- Engraçado, a senhora com a cabeça toda branca e aqui em baixo tudo preto.
Resposta pronta:
-Doutor, na cabeça eu só tive ralações, e aí em baixo foi só alegria!



Joãozinho chega a casa, com uma tremenda dor de barriga. Corre para a casa de banho abre uma gaveta, tira uns comprimidos e quando vai para os tomar a mãe grita:
-Joãozinho larga isso. Tira isso da boca. Esse remédio é do teu pai!
- Mas mãe, esse remédio pode fazer passar a minha diarreia. Todas as noites eu oiço a mãe gritar com o meu pai...
- Gritar o quê Joãozinho?
- José, toma logo esse remédio, para ver se essa m**** endurece!




Um idoso vai ao médico. Ele pergunta-lhe de que se queixa
-Sr. Doutor, estou muito preocupado. Apareceu-me uma pinta amarela num testículo!
O médico pergunta:
-Que idade tem o senhor?
-Oitenta e oito.
- E ainda é sexualmente ativo?
- Graças a Deus, sim.
- Então não há razão para se preocupar. Foi a luz de reserva que se acendeu!


Uma professora estava dando algumas lições de etiqueta pra os seus alunos. No começo das explicações, ela resolveu pedir que as crianças dissessem regras, que já haviam ouvido de seus pais, sobre como se comportar bem dentro de um restaurante.
- “Não fique brincando com a comida” — disse um dos alunos.
- “Não faça muito barulho” — afirmou outro menino.
- “Lave bem as mãos antes de comer” — disse uma garota.
- “Não fale enquanto estiver com a boca cheia” — gritou outro aluno.
A professora resolveu perguntar ao Joãozinho, que estava calado:
- O que os seus pais dizem antes de você ir a um restaurante, Joãozinho?
- “Peça algo barato.”


Uma loira, desconfiada de que o marido está tendo um caso, compra uma arma para ajustar contas. No dia seguinte, chega em casa e encontra o maridão com uma bela ruiva. Ela pega a arma, aponta para a própria cabeça, mas o esposo pula da cama e implora para que ela não se mate. A loira, histérica, responde: “Cala a boca, que você é o próximo!”



Num seminário sobre agricultura:

Estavam dois agricultores, um Americano e um Alentejano :
- Qual é o tamanho da sua quinta ? - pergunta o Americano.
- Para os padrões portugueses, a minha quinta tem um tamanho
razoável, vinte alqueires, e a sua? - responde o nobre lusitano.
- Olha, eu saio de casa de manhã, ligo o meu jeep e ao meio dia ainda
não percorri a metade da minha propriedade.
- Pois é, - responde o Alentejano - já tive um carro desses. São uma m****.


23.7.22

PORQUE HOJE É SÁBADO


Andrea Bocelli, Sarah Brightman - Time To Say Goodbye (HD)


ATENÇÃO:  Não sei se o nome do vídeo está ou não correto. É assim que está no YouTube.
Sei que gosto das vozes e da melodia. Espero que também gostem.
Bom fim de semana

22.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE VI





Clara chegou às nove da manhã. Mal tocou a campainha, Beatriz vestiu o casaco pegou na mala e saiu.
Saudou a amiga, e entrou no carro.

- Conseguiste descansar? – perguntou Clara.
- Mais ou menos. Importas-te, se formos primeiro a algum lado onde possa comer alguma coisa. Ontem não tive coragem de ir às compras.
- E não jantaste?
- Bebi um chá e comi duas bolachas.
- Francamente. Precisas alimentar-te como deve ser. Estiveste mal, perdeste muito sangue. Olha, vamos parar aqui. Conheço o lugar, é sossegado e servem bem.

Estacionou o carro e dirigiram-se para o interior da pastelaria. Bastante gente ao balcão, mas apenas duas mesas ocupadas. Escolheram uma junto à janela, um pouco afastada das outras.

Depois de atendidas por uma simpática empregada, Clara perguntou:
- Já decidiste o que vamos fazer hoje?
- Tenho que ir às finanças, e ao banco, mas antes gostava de saber algumas coisas que não batem certas na minha cabeça. Sei que pagaste o funeral do Jorge e do bebé. Já fazemos contas, quando for ao banco. Mas como soubeste do acidente? Quem te avisou?

- Os bombeiros. Lembras-te, que pouco depois de engravidares te disse, que devias por no telemóvel, nos números de emergência, o meu com o do Jorge? Para o caso de precisares de alguma coisa e ele estar por exemplo em viagem?
 Foi por isso que os bombeiros me contataram, depois de ligarem o número do Jorge e ouvirem-no a tocar no local. Na verdade quando chegaste ao hospital, eu já lá estava. O Jorge, e a mulher do outro carro só chegaram um tempo depois, tinham ficado encarcerados. 
O choque foi muito violento. Segundo os bombeiros, o teu marido vinha em excesso de velocidade, não segurou o carro na curva e saiu fora de mão. Tens que contatar o seguro, eu não o podia fazer, só com procuração.
- Meu Deus! E a mulher do outro carro? Sabes alguma coisa?
- Segundo o que vinha no jornal, era professora, e deixa uma filha menor de três anos.
- Pobre criança!

Estava desolada. As lágrimas irromperam nas faces magras e sem cor.
- Coragem, amiga! Precisas de força, não os trazes de volta mortificando-te dessa maneira.
- O jornal, tens o jornal?
- Não. Mas pode conseguir-se, pedindo um exemplar desse dia à redação.






20.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE V

 


Dormiu várias horas seguidas. Acordou com o toque do telefone.
Acendeu a luz e atendeu. Era Clara para saber como ela estava, e se precisava de alguma coisa. Acabaram combinando a hora para se encontrarem na manhã seguinte.

Clara era uma boa amiga. Era da sua terra, tinham sido amigas desde crianças. Depois o pai da jovem, fora trabalhar para Lisboa. A princípio ia todas as semanas ao Algarve. Depois arranjou uma casa na margem sul e a família mudou-se. Porém as duas jovens nunca perderam o contacto. Já adolescentes chegavam a trocar as férias. Clara ia passar duas semanas à casa de Beatriz, e na volta vinham as duas, para que a última passasse o resto do mês em Almada na casa da amiga.

Beatriz, não tinha chegado a conhecer os sogros. Eles já tinham morrido, quando conheceu Jorge. Segundo ele, o pai morrera de ataque cardíaco, a mãe de desgosto, pela perda do companheiro de toda a vida.

Já era noite. Tinha que fechar as persianas. Foi até à janela. Lá fora o céu estava estrelado. Havia poucas pessoas na rua. Quase todas jovens. Fechou a persiana e foi fazer o mesmo nas outras divisões.

Voltou a percorrer a casa. Como se não soubesse bem o que fazia, ou o que fazer. Pensou ligar para os pais. Será que eles tinham sabido da sua situação? Eles não lhe tinham perdoado, o facto de ter fugido com o namorado. O pai, homem rude e de princípios rígidos chegara mesmo a dizer que para ele a filha morrera.
Sem forças para contrariar o marido a mãe limitara-se a chorar.

Não vieram ao casamento, apesar de os ter convidado, mas ainda assim ela mandara-lhe a fotografia do casamento na igreja e o número de telefone.
Algum tempo depois a mãe ligou-lhe. Sem o marido saber. E foi assim nos últimos tempos. Quando a saudade apertava e a mãe estava só em casa, ligava para a filha.

Beatriz nunca o fazia. Tinha receio de provocar a ira do pai.
Se a mãe tinha ligado nos últimos tempos, ela não sabia. Tinha saudades deles. Queria contar o que se tinha passado. Receber o carinho e apoio deles. Mas receava a intransigência do pai.
Era melhor esperar pelo dia seguinte. Aconselhar-se com a amiga.

19.7.22

POESIA ÀS TERÇAS - OS ARGONAUTAS - FRANCISCA JÚLIA DA SILVA

 


Os Argonautas

Mar fora, ei-los que vão, cheios de ardor insano;

Os astros e o luar — amigas sentinelas —

Lançam bênçãos de cima às largas caravelas

Que rasgam fortemente a vastidão do oceano.

Ei-los que vão buscar noutras paragens belas

Infindos cabedais de algum tesouro arcano…

E o vento austral que passa, em cóleras, ufano,

Faz palpitar o bojo às retesadas velas.

Novos céus querem ver, miríficas belezas,

Querem também possuir tesouros e riquezas

Como essas naus, que têm galhardetes e mastros…

Ateiam-lhes a febre essas minas supostas…

E, olhos fitos no vácuo, imploram, de mãos postas,

A áurea bênção dos céus e a proteção dos astros…

Francisca Júlia da Silva



Francisca Júlia da Silva nasceu na capital paulistana em 1871 e era conhecida como a “musa impassível”. Além de colaborar como jornalista para diversos veículos da época, publicava poemas e acreditava na necessidade do desenvolvimento da literatura destinada às crianças. João Ribeiro, crítico literário da época, duvidava que seus versos pudessem ser creditados a uma mulher. Quando descobriu a verdadeira autoria, impulsionou a publicação do primeiro livro de Francisca Júlia, Mármores (1895). Seu estilo literário voltava-se para um eu-lírico objetivo, rigoroso e, ao mesmo tempo, simbolista e místico. Victor Brecheret a homenageou após seu falecimento com a estátua Musa Impassível que hoje encontra-se na Pinacoteca de São Paulo.


18.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE IV





Casaram três meses depois. E ficaram a viver  naquele apartamento, que ele tinha herdado dos pais, e que tinha sido remodelado há pouco tempo, pois que pensava vendê-lo antes de a conhecer.

Pouco tempo depois do casamento, já Beatriz se dava conta que o marido, estava mais para sapo do que para príncipe. Jorge tinha tanto de sedutor como de imaturo e irresponsável. E as discussões começaram. 
Ao fim de dois anos, saturada e convencida, que o marido nunca deixaria de ser um garoto mimado, ela começava a ponderar a hipótese de divórcio, mas nessa altura descobriu que estava grávida e decidiu esperar até a criança nascer. Quem sabe a paternidade fazia de Jorge um homem mais responsável, na vida pessoal, já que profissionalmente parecia outro homem.

Três semanas antes, o marido insistira para que o acompanhasse à festa anual da empresa. Sem muita vontade, e para não arranjar outra briga, ela acompanhou-o.

 Porém durante a festa, ele bebeu demais, e mesmo na sua presença, não se coibiu de galantear outras mulheres. Magoada, Beatriz pediu para regressarem a casa. Alegou que não se sentia muito bem. Jorge abandonou a festa de má vontade, e mal entraram no automóvel, começou a discussão.

Ela não deu resposta, e isso em vez de o acalmar, exasperou-o.
Não se lembra, de outra coisa depois disso. Apenas dum enorme estrondo, como se um trovão rebentasse sobre a sua cabeça. E mergulhou na escuridão.

Depois só recorda, a voz de Clara, muito distante, conversando com ela, qualquer coisa que não entendia. Com esforço abriu os olhos e a amiga, imediatamente tocou a campainha, a chamar a enfermeira.

Mais tarde veio o médico. Só nessa altura, Beatriz ficou sabendo que o marido chegara ao hospital já sem vida. E que ela fizera uma rotura do baço, tivera que ser operada, tinha várias feridas, perdera muito sangue, e apesar de todos os esforços médicos, fora impossível salvar o bebé. Estivera dezasseis dias em coma.

Levantou-se. Guardou o pote das bolachas, lavou a chávena, e foi à casa de banho, onde lavou o rosto. Olhou-se no espelho. Parecia ter envelhecido dez anos.

Abriu a única porta que se mantinha fechada e acendeu a luz. Era um quarto de bebé, completamente decorado e pronto para receber um bebé que já não ia chegar. Sentia-se perdida. Tinha decorado aquele quarto com tanto amor. Fechou a porta com raiva. Revoltada com a vida, e as suas partidas.






17.7.22

DOMINGO COM HUMOR


 Conversa entre marido e mulher

- Querido, você vai à pesca todos os fins de semana não é verdade?
- Sim meu amor. Porquê?
- É que o seu peixe ligou e diz que está grávida.




Dois bêbados entram num elétrico. Confundem um oficial da marinha com o revisor e apresentam-lhe os bilhetes. E trava-se o seguinte diálogo:
- Eu não sou o revisor!
-Não é o revisor ? - pergunta um espantado
-Não. Eu sou oficial da marinha.
Volta-se o bêbado para o outro:
-E agora? Enganámo-nos. Isto é um barco! 



No manicómio:
Digam-me o que entendem por objeto transparente.
Levanta-se um doido:
-É um objeto através do qual se pode ver!
-Muito bem! Dê-me um exemplo de um objeto transparente...
Resposta pronta:
-O buraco da fechadura



No Alentejo

Um Lisboeta, todo envaidecido com o seu automóvel abranda e diz para um alentejano que seguia pachorrento na sua carroça:
-Ei, amigo, sabe qual é a diferença entre a sua carroça e o meu automóvel?
E como o alentejano se limitasse a olhá-lo com ar sonso, disse:
É que a sua carroça, só tem um cavalo e o meu carro tem 150.
E acelerou. Com tão pouca sorte que logo adiante despistou-se e caiu ao rio.
O alentejano saiu da carroça e foi ajudá-lo a sair perguntando:
-Então compadre foi dar de beber aos seus cavalos?



Um burro morreu bem em frente de uma igreja. Como uma semana depois o corpo do burro ainda lá estava, o padre resolveu reclamar com o presidente da Câmara.
- Presidente está um burro morto em frente da igreja há quase uma semana!
 O presidente, adversário político do padre responde:
- Mas, padre, não é o senhor que tem a obrigação de cuidar dos mortos.?
- Sim sou eu, -respondeu o padre sem perder a serenidade. - Mas também é minha obrigação avisar os parentes.



Num palácio de um país com monarquia.

Um duque e um conde, conversam sobre o amor. Será que fazer amor é um trabalho, ou um prazer? Os dois eram de opinião diferente, Para o conde era um trabalho, para o duque, um prazer. Então o conde teve uma ideia, para desempatarem a questão.
Chamou o seu secretário e perguntou-lhe:
-Olha lá, fazer amor é um trabalho, ou um prazer?
-É um prazer senhor conde, -respondeu o secretário.
-Tens a certeza? - Insistiu o conde.
-Absoluta senhor. Cá em casa, sou eu que faço tudo. Se fosse um trabalho era eu que dormia com a senhora condessa.



Zulmira, uma moça do campo, foi convidada para um baile na cidade. Conseguiu arranjar um vestido para a ocasião, mas não tinha cuecas. Moça desenrascada, foi ao celeiro, trouxe um saco de serapilheira, talhou e fez umas cuecas. E toda contente entrou no autocarro que a levaria ao baile. Sentou-se à vontade, de pernas abertas, deixando um homem que ia sentado na sua frente a olhar embasbacado. Irritada ela disse:
-Ai o carago! Oiça lá, nunca viu umas cuecas?
-Ver já vi...mas a dizer "ração para porcos" é que não!


BOM DOMINGO

16.7.22

CONVERSANDO COM OS LEITORES DO SEXTA


Boa tarde amigos: 

Regressei ontem à noite de umas não-férias em Lagos onde ainda era para estar, mas de onde só não vim mais cedo por não conseguir bilhetes no comboio para o regresso. Como sabem o marido não tem estado bem e a agravar as vertigens teve quebras de tensão devido ao calor o que lhe provocou tonturas. Em todo este tempo apenas saímos de casa uma manhã que o tempo esteve nublado e havia uma pequena aragem. 

Adiante, vim agora ao blogue e deparei com este comentário  no post de hoje. 

"Não é a ária da Opera Nabucco!...
É uma canção completamente diferente, com a música de Verdi.
Sabe que eu homenageei a Liberdade, no meu 'blog' com esta canção, por duas vezes.
Também publiquei várias vezes a ária 'Va pensiero'...
Devia ser mais humilde e não se pronunciar sobre o que mão conhece.
Saúde e boas férias."

E então quero fazer um esclarecimento para todos os leitores mais recentes, porque os que me acompanham há 15 anos sabem bem como sou.

1º Para a rubrica de sábado eu não publico nada. Limito-me a partilhar do YouTube para o Sexta-feira, (sem lhes alterar uma virgula sequer) vídeos de musicas ou danças que me agradam, na esperança de que também vos agrade a vós. Logo se a informação está errada, veio errada de lá e embora eu não tenha culpa peço a quem viu o vídeo desculpas.

2º  Pensava que todos os meus leitores sabiam que não tenho pretensões a saber mais do que sei. Disse aqui mais do que uma vez, que de estudos tenho apenas a quarta classe, tirada em 1957. Também nunca escondi a infância miserável que tive. Relembro hoje por causa dos novos leitores. 

3º Quero agradecer a todos os que por aqui passaram, sabendo que onde estava não tinha Internet e não ia retribuir visitas, coisa que também não faço regularmente quando estou em casa, por todos os problemas que conhecem. Muito Obrigada.

Votos de boa saúde e bom fim de semana

PORQUE HOJE É SÁBADO




Nabucco - Nana Mouskouri & Vincent Niclo - Chœur Symphonique de Paris - ..

15.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE III

 

Saiu da sala e entrou na porta ao lado. Abriu a persiana, e encontrou-se no quarto, onde a cama de casal merecia destaque, a par do enorme roupeiro de portas de correr em espelho, que davam a ilusão dum tamanho muito maior ao já espaçoso quarto. Voltou à cozinha e abriu as cartas. Faturas da luz, gás, e das telecomunicações. Não se preocupou, eram pagas por débito direto, já teriam saído da conta.

Pensou que teria que ir ao banco, encerrar a conta conjunta, e abrir outra pessoal. Ir às finanças, ao registo, legalizar a sua situação como viúva. Tanta coisa para fazer e ela sem forças físicas nem morais, para isso. Teria de pedir a Clara, se ela poderia ir com ela resolver esses assuntos.

Colocou a publicidade no recetor para a reciclagem, e guardou as faturas na gaveta que guardava para elas. Sentia-se extremamente cansada, resultado das quase três semanas em coma. Deveria comer qualquer coisa, mas não tinha pão em casa para fazer uma torrada, e era impensável ir à rua comprá-lo.

 Pôs a chaleira ao lume com água. Abriu um armário e retirou um pote de vidro, meio de bolachas de água e sal, e um pacotinho de chá de cidreira. Tirou uma chávena, colocou-lhe dentro o pacotinho, despejou-lhe em cima a água que entretanto fervera, e levando a chávena para a mesa sentou-se.

Enquanto bebia o chá, a gaveta da memória abriu-se, e as lembranças voaram livres à sua roda, como borboletas em prado florido. E eram tantas e tão intensas, que o ar na cozinha se tornou rarefeito, e ela sentiu um aperto no peito. De forma inconsciente a sua mão direita desceu e acariciou o ventre liso, enquanto as lágrimas rolavam pela face pálida.

Três semanas antes ela estava grávida de seis meses. O seu casamento não estava muito bem, mas a criança que crescia no seu ventre era muito amada, e ansiosamente esperada. Porém naquele fatídico dia, Jorge tinha uma festa, da empresa. Ela bem que não queria ir. Mas ele insistiu tanto que acabou fazendo-lhe a vontade.

Jorge era um homem bonito e bem-sucedido. Ela conhecera-o num bar em Lagos, cidade onde vivia e onde ele fora passar férias. Foi uma paixão fulminante, que ela confundiu com amor. Os pais opuseram-se ao casamento, mas ela não lhes deu ouvidos. Era maior de idade, não precisava do consentimento deles.
Veio viver com ele, para Lisboa, mesmo antes de se terem casado.