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28.3.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XI



Paula chegou ao escritório no dia seguinte, pelas catorze horas.
Tinha trabalhado no dia anterior até às dez da noite e toda a manhã daquele dia,  mas estava tudo pronto para a festa.  Agora só tinha de se preocupar em estar presente no início da festa, e assegurar-se que ela ia decorrer sem nenhum incidente que lhe roubasse o brilho. Era sempre assim. Ela estava presente em todas as festas, mas só até se assegurar que tudo estava a correr como ela planeara. Depois despedia-se dos anfitriões e regressava a casa. Não se sentia bem naqueles ambientes tão cheios de hipocrisia. Ela era muito frontal. Gostava da verdade acima de tudo. Saudou Irene e dirigiu-se para o seu gabinete, seguida pela secretária.
- Já terminaste a decoração do salão?
- Trabalhei ontem até às dez e esta manhã, mas está tudo pronto.
Falta-me confirmar data e hora com a empresa de segurança que vai estar presente. Podes fazer isso em seguida. E o “rei” da Cozinha Portuguesa, sempre vem?
- Tal como te disse ao telefone ontem à noite, telefonaram de novo à tarde para saber a resposta e eu marquei para as quinze.  Estou muito curiosa. Não é costume que os futuros clientes, queiram marcar uma entrevista contigo. Por norma, sempre nos contactam por telefone, ou correio eletrónico. E só já quase em cima do evento é que aparecem. E às vezes nem chegam a aparecer, são as secretárias ou os agentes que tratam de tudo. Não estás curiosa?
- Nunca ouviste falar em milionários excêntricos? Ou maníacos do trabalho?
- Dos primeiros já ouvi falar, mas nunca conheci nenhum. Maníacos do trabalho, tenho uma na minha frente. Bom se não tens nada urgente para mim vou para o meu lugar.
Dirigiu-se para a porta, mas antes de a abrir voltou-se e batendo a mão na testa disse.
- Ah! Já me esquecia. Chegou a resposta do Ferraz. Aprovou a primeira opção. A festa vai ser ao estilo dos gloriosos anos vinte. Vou encomendar os endereços.
  Irene saiu e Paula olhou o relógio. Catorze e vinte e cinco. Levantou-se e foi até à janela. No céu sem nuvens o sol brilhava aquecendo tudo à sua volta. Estava-se na Primavera, mas os dias já anunciavam o Verão que se aproximava. Na rua não andava muita gente. Não era para admirar, quem não estava a trabalhar, não saía aquela hora. Voltou para a secretária. Estava nervosa. A situação da sua família preocupava-a. Nunca fora muito chegada ao pai, talvez porque ele também não se tivesse preocupado em criar laços de carinho, quando ela mais precisava. Mas gostava muito da madrasta, e adorava o irmão. E depois havia aquele homem que ela não conhecia, e que o pai dizia que o podia salvar da ruína, em troca de se casar com ela. Tinha cabimento uma coisa assim? Retirou da mala, um pequeno espelho e olhou-se, tentando descobrir o que poderia ter levado aquele homem a semelhante disparate. Os seus cabelos negros como asa de corvo, estavam penteados para trás e presos num coque. O rosto moreno era na sua opinião vulgar. O nariz não era grande nem pequeno nem sequer arrebitado. A boca pequena era cercada por lábios grossos que seriam mais bonitos se os realçasse com um batom atraente. Porém só usava maquilhagem quando se deslocava às festas. Tinha um bonito sorriso, mas vulgar. A única coisa que reconhecia, ter muito bonitos, eram os olhos.  De um verde intenso e límpido como esmeraldas, quando estava calma, ou verde escuro como jade, quando alguma coisa a tirava do sério. Voltou a olhar o relógio. Catorze e cinquenta e cinco. Estava cada vez mais nervosa. Ligou o computador e abriu o esboço da festa do Ferraz.


17 comentários:

noname disse...

Vamos ver o que isto dá. Estou a ficar curiosa eheheheh

Abraço

Pedro Coimbra disse...

Curiosidade no pico.
Abraço

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Já estamos habituados a este suspense.
Mas que não vai ser um bom primeiro encontro , isso não vai .
JAFR

Tintinaine disse...

Branca e radiante vai a noiva!
Já sabemos que isto vai acabar em casamento. E talvez seja a própria noiva a organizar a festa.
Bom dia!

Maria João Brito de Sousa disse...

Passando para ler e enviar o abraço de sempre, Elvira.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse minha amiga.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Quem organiza festas pode fazer também a sua... Está lindo! beijos, tudo de bom,chica

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

_ Gil António _ disse...

Lendo e acompanhando a Estória.
.
Deixando cumprimentos poéticos.
.
** O teu colo de Açucena **

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um bom momento de leitura!!! Bj

Cidália Ferreira disse...

Não tenho andado por aqui, mas pelo que sigo, está a ficar curioso!

Faço da força, meu caminho a seguir

Sigam o meu novo :- https://imagensquedispensampalavras.blogspot.com/
Beijo e um excelente dia

Jaime Portela disse...

Atrasado, tive que ler vários capítulos...
Resumindo, estou a gostar da história e da narrativa.
Elvira, continuação de boa semana.
Beijo.

Gaja Maria disse...

Tão nervosa :) O que vai dali sair?
Abraço Elvira

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um história que me está a prender cada vez mais.
Vamos ver o que se seguirá!
Beijinhos,
Ailime

Janita disse...

Com tanta e tão pormenorizada descrição lá se foi mais um capítulo e nós sem os ver frente a frente...Acelere, acelere, Elvira! :)

Abraço.

Edum@nes disse...

A moenga continua, não se sabendo como será no futuro. Mas eu acredito quem tem muito dinheiro. Se calhar até se convence de que pode comprar o mundo?

Continuação de boa semana amiga Elvira. Um abraço.

cata-vento disse...

Aproxima-se a hora do encontro. Inexplicável a proposta feita pelo António mas a Paula cedeu e agora resta-nos ler como decorreu o encontro. Lá vou eu!

Beijinhos