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11.5.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XLIX


Horas mais tarde, Paula descansava a cabeça no peito masculino. 
-Estás bem? - perguntou António acariciando-lhe o rosto.
- Melhor seria impossível. Amo-te - respondeu
- Repete. Esperei tanto para o ouvir que ainda me parece um sonho.
- Amo-te, amo-te, amo-te. Desde que entraste no meu escritório, e me inquietaste com aquela promessa de beijo, que não me deste. Já gostavas de mim nessa altura?
-Segundo o teu pai, apaixonei-me por ti, no seu escritório, quando tinhas nove anos.
-Não é possível. Por aquela garota triste e magricela? 
-Bom, eu creio que me apaixonei por ti há cinco anos, dias depois do meu regresso de França, quando me cruzei contigo no banco. Mas estavas noiva, e tentei por todos os meios esquecer-te, embora sem o conseguir. Mas é verdade que sentia um carinho especial por ti naquela época, embora acredite que era mais um amor de irmão. Afinal de contas, tinha uma irmã quase da tua idade. Amanhã, vamos para Sintra, - disse mudando de assunto. Vamos falar com o padre Celso e marcar a data de casamento. Depois vamos comprar o anel de noivado, e à noite vamos falar com o teu pai. Oxalá ele não me dê um tiro.
-O meu pai não é tão mau como pensas. Ele sofreu imenso com a morte da minha mãe e andou perdido durante anos. Sentia-se infeliz e descontava o seu sofrimento em quem o rodeava. Hoje está diferente. Tenho a certeza de que só quer a minha felicidade. Mas não falemos mais do meu pai. Vamos dormir? – perguntou
- Se quiseres, - respondeu ele - a boca buscando a dela, a mão esquerda abarcando-lhe o seio, com o polegar acariciando o mamilo, a mão direita, puxando-lhe o corpo de encontro à sua masculinidade, para que sentisse a sua excitação.
Ela riu baixinho, certa de que afinal nem tinha sono.

                                              *************

Tinha passado um ano desde aquela noite. Um ano que trouxe muitas mudanças mas que foi sobretudo de muita felicidade para o casal. Paula era uma mulher independente, não queria viver à sombra do marido, e ele concordara em que continuasse com a sua firma de eventos. Todavia pouco tempo depois do casamento, Paula  descobriu que estava  grávida de gémeos. Primeira gravidez já com trinta anos, e ainda por cima uma gravidez gemelar, o médico aconselhou muito repouso e pouco stress, pelo que ela chegou a pensar fechar a firma.  Porém um dia em conversa com a cunhada, Gabi disse-lhe que poderiam trabalhar juntas, pelo menos durante a gravidez. Paula assinaria os projetos e ela os executaria. E a verdade é que Gabi, revelou-se uma ajuda preciosa. Parecia ter nascido para aquela profissão, e Paula acabou propondo-lhe sociedade. Quando atingiu os seis meses, o médico exigiu repouso absoluto e dona Teresa, a sogra, mudou-se para a quinta a fim de estar perto dela para a ajudar no que precisasse. Era uma senhora amorosa, que a tratava com imenso carinho e Paula gostava muito dela. 
Naquele momento, a senhora insistia com a jovem, dizendo que tinha de comer o lanche que Alice a empregada preparara e colocara na mesa-de- cabeceira. Na cama, ao lado de Paula, um bebé dormia. De pé olhando-a com amor, António tinha nos braços o outro bebé. 
 Ouviu-se uma leve batida na porta  do quarto e dona Teresa foi abrir. Jorge, Cidália e Miguel entraram no quarto.
-Parabéns, - disse Jorge dando uma palmada amistosa, nas costas de António e dirigindo-se em seguida para o leito a fim de beijar a filha.
Depois voltou para junto do genro, deixando a mulher e o filho junto da jovem mãe.
-Esse é o meu neto? - perguntou mirando a carinha do recém-nascido.
-É o Martim,- respondeu António passando-lhe o bebé para os braços. A Mariana está ao lado da mãe.
Os dois homens encararam-se com um sorriso.  Durante aquele ano o ressentimento fora esquecido, não havia mais animosidade entre eles. Na cama, Paula, colocou nos braços do irmão a sua filha. O garoto pegou-lhe com extremo cuidado, os olhos rasos de água, comovido pela responsabilidade que era segurar nos braços a sua minúscula sobrinha.
Mais tarde quando eles partiram, António colocou os bebés nos respetivos berços, e sentando-se na beira do leito, beijou a mão da mulher.
-Meu Deus - murmurou,- não quero mais filhos. Passei as piores horas da minha vida antes de eles nascerem. Recriminei-me tanto pelo que estavas a passar.
-Não sejas tonto. Havemos de ter quantos Deus quiser. Afinal de contas, não temos problemas financeiros, e não nos falta amor para lhes dar.
- Mas e o teu sofrimento? Os enjoos, os pés inchados, as dores nas costas, as dores do parto? Não é justo.
-As dores da gravidez e do parto de qualquer mãe, é esquecido quando ela aperta o filho nos braços. Ou será que estás com ciúmes deles?- perguntou sorrindo.
Ele curvou-se e beijou-a. Não precisou falar. Aquele beijo disse-lhe tudo o que lhe ia na alma.

FIM

Como amanhã se festeja o dia da mãe em grande parte do mundo, (25 países) esta história não podia terminar de outra forma

20.3.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE V








Contratou um detetive para descobrir tudo o que lhe interessava sobre Jorge Maldonado e a sua filha, uma vez que sabia que o seu inimigo era viúvo. Porém as informações não foram as que esperava. Primeiro porque o homem tinha voltado a casar. Segundo, a filha tinha abandonado a casa paterna, e era agora dona de uma empresa de eventos, que elaborava as festas de algumas empresas e de particulares. Era considerada uma excelente profissional e muito conceituada no meio. E estava noiva de um jovem médico.
Bom, se a jovem estava noiva, ele não ia atrapalhar a sua felicidade. Afinal ele sempre gostara dela, e de modo algum queria fazer-lhe mal. O seu ódio, era contra o pai.
 Porém, no ano anterior, lera numa crónica social que depois de quatro anos a jovem tinha posto um ponto final na relação, com o tal médico, e de novo lhe veio o desejo de a associar à sua vida. Afinal ia a caminho dos quarenta anos, tinha poder económico, uma bela casa, podia trocar de carro quando quisesse, viajar pelo mundo, mas deixara de sonhar com uma vida normal há quase dezoito  anos, por culpa do pai dela.
Sendo atualmente um dos grandes empresários do país, sempre que aparecia nalgum evento era imediatamente rodeado por belas mulheres que rivalizavam entre si para lhe agradarem, até porque fisicamente era um homem muito atraente, embora não fosse nenhum Adónis. Porém ele conhecia o seu valor e não se iludia. Sabia que o dinheiro, era um atrativo capaz de rivalizar com a maior beleza do mundo. Pelo menos para a maioria das mulheres que conhecera. 
 Tinham passado cinco anos desde que regressara de França. Cinco anos em que trabalhara arduamente mas em que duplicara a sua fortuna. Mas quando fazia a si mesmo a pergunta, se era feliz, tinha que reconhecer que não. Continuava com o coração cheio de ódio pelo homem que lhe roubara a coisa mais valiosa que ele possuía. Um nome honrado. Ainda que hoje nos meios em que se movia, ninguém parecesse conhecer essa mancha do seu passado.
Na posição social onde agora se encontrava, a honradez, media-se pelo volume da sua conta bancária. Todavia, ele estava prestes a vingar-se e depois… bom depois punha uma pedra sobre o assunto e ia aproveitar o resto de tempo que tinha pela frente.
Regressou à mesa no momento em que Eduardo, o seu cunhado entrou no escritório.
- Boa tarde. Tens alguma reunião marcada para os próximos trinta minutos?
- Não. Acabei de ter uma reunião com o Jorge Maldonado. Está desesperado.
- Sabes o que penso disso, António. Já passaram muitos anos, devias esquecer e tentar ser feliz.
- Não posso esquecer que me acusou de roubo. É o meu nome, a minha honra, não percebes?
- Claro que percebo. Mas vais conseguir apagar esse facto do teu passado arruinando o homem?  
- Dei-lhe hoje a hipótese de se salvar.
- Como?
-Se a filha dele aceitar casar comigo.
- Vês? Queres comprar a filha do teu inimigo, como se ela também fosse culpada de alguma coisa. Confesso que não te entendo. És jovem, tens saúde e uma posição social invejável. Esquece essa maldita vingança e concentra-te no momento atual e na felicidade que ainda podes ter.
-Esqueçamos os meus assuntos pessoais. Que te trouxe cá?
A empresa de "rent-a-car" que vocês vão comprar em Faro.

Boa Primavera para nós, bom Outono para os nossos amigos do outro lado do oceano.