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13.6.18

CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA - PARTE XXX






- Perdoa-me, - disse apertando-a nos braços, perdoa-me por não ter reconhecido o sentimento que me despertaste, perdoa a minha incredulidade no amor, a minha cegueira. Dá-me uma oportunidade e juro-te que faço de ti a mulher mais feliz do Universo. Vamos começar de novo, como se tivéssemos casado hoje.
- Receio que isso não seja possível.
Pedro sentiu que lhe faltava o ar. Como se lhe tivessem dado um murro no estômago. Não queria, nem podia perdê-la. Procurou a sua boca e beijou-a com desespero, tentando passar-lhe todo o amor que sentia.
- Por favor, Joana, não deixes que tudo acabe assim, precisamente agora que descobrimos o amor que nos une.
- Não sejas tonto. Ninguém falou em acabar, só disse que não será possível começar de novo, como se o casamento tivesse sido hoje, porque já existe alguém entre nós.
E perante o seu ar assombrado, pegou-lhe na mão e colocou-a sobre o seu ventre, olhando-o com um sorriso radioso:
-Aqui.
Pedro, o duro e implacável homem de negócios, sentiu que as lágrimas lhe corriam pela face, como quando era um menino solitário. A emoção era tão grande que não conseguia falar. Puxou suavemente a cabeça feminina para o seu peito, de modo a que ela ouvisse o bater acelerado do seu coração e entendesse a sua emoção.

 E ela entendeu.


***************************************************************************

Três anos mais tarde…
Joana estava sentada num cadeirão, enquanto o filho brincava na carpete. Naqueles três anos muita coisa acontecera. A mãe e a tia continuavam a viver no andar de baixo, embora ultimamente passassem a maior parte do dia,  com ela, ali na sua sala, competindo entre si, para a apaparicar.
Pedro era um marido apaixonado, que cumprira a sua promessa, pois ela, Joana Teixeira Mesquita, afirmaria sem reservas que era a mulher mais feliz do Universo. Convencera-a a encerrar a sua firma, quando soube que estava grávida, coisa que na verdade ela já pensava fazer, depois do parto, pois apesar de gostar muito do que fazia, sentia que cuidar dos filhos era mais importante, naquela fase crucial na vida de qualquer criança. Talvez um dia voltasse à atividade quando os filhos crescessem. Por agora dedicava-se a aplicar o seu saber e a sua criatividade para a família. De vez em quando o marido ficava tão entusiasmado com alguma das suas criações que a incentivava, a escrevê-la. Fora assim que nascera o seu primeiro livro, a que dera o nome do restaurante onde tinham casado. Poesia dos Sabores.
Ouviu a porta a abrir-se e sorriu, com amor, enquanto André se levantava e corria para lá.
 Assim que Pedro entrou em casa com o filho mais velho, que apanhou na escola, ao sair do escritório, um menino de pouco mais de dois anos, cabelo castanho como o da mãe, e olhos verdes como os seus, veio ao seu encontro. Ele inclinou-se, pegou-lhe ao colo e beijou-o. Seguiu depois para a sala, rindo das festas que o filho lhe fazia.  
Foi encontrar a esposa, tricotando uma minúscula camisola cor-de-rosa. Sem largar o menino, beijou-a, aguardou que o filho mais velho, fizesse o mesmo e depois disse-lhe:
- Pedro, leva o teu irmão para o quarto, e vão brincar um pouco, enquanto falo com a vossa mãe. Já lá  vou buscá-lo para que possas fazer os trabalhos de casa.
Esperou as crianças saírem da sala, pegou nas mãos da esposa e ajudou-a a erguer-se. Acariciou-lhe o ventre volumoso, e perguntou:
- Já te disse hoje, que te amo?
Ela riu feliz.
-Desde que chegaste ainda não.
- Amo-te. Amo-te tanto que as horas que passo no escritório parecem-me  dias.
-É bom saber que me amas, apesar deste corpo disforme.
-É o corpo mas lindo que já vi, - disse com fervor, - e ajoelhando-se depositou um beijo na sua barriga dizendo. Este é para ti, Catarina. O pai ama-te muito e está ansioso por te conhecer.
Ergueu-se, abraçou-a e beijou-a apaixonado. Quando a soltou, disse:
-Volto já. Vou buscar o André, para que o Pedro possa fazer os trabalhos escolares. antes do jantar.
Saiu deixando-a só. Ela sentou-se. Levou a mão ao pescoço, e apertou o pequeno rubi em forma de coração, que recebera três anos atrás e do qual nunca se separava.  
E um radiante sorriso de felicidade iluminou-lhe o rosto.




FIM



Elvira Carvalho

37 comentários:

noname disse...

Ai ai, coisa linda de se ler eheheheh

Boa noite, Elvira
Feliz Santo António

Pedro Coimbra disse...

O que é que eu lhe dizia?!
Os Pedro só dão felicidade!!
Abraço

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Não é só a historia acabar bem, é mesmo a maneira muito própria como ela e descrita que nos faz apaixonar por etas novelas .
Um santo dia de St. António para todos , já que o é também para mim que também me chamo António .
Joaquim António Ferreira Rosário .

Cantinho da Gaiata disse...

Mais uma estória que chegou ao fim e claro mesmo ao meu gosto, adorei está de Parabéns amiga Elvira.
Venha o próximo.
Bjs

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Cidália Ferreira disse...

Bom dia!
Que pena que acabou., fiquei tão apaixonada por esta atribulada mas bonita história de amor. Acabou como todos queríamos, bem!

Obrigada pelos bons momentos de leitura.
Venha outra :)!!

Beijinhos e um dia feliz.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei do final desta bela história.
Um abraço e tenha um bom dia.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Gaja Maria disse...

Gostei tanto mais uma vez. Aprecio finais felizes ai da que na vida real não seja bem assim. Abraço Elvira

Tintinaine disse...

Pelo que vejo e leio todos ficaram contentes. E eu também.
Acho que já estamos à espera do próximo!
Grande Elvira, parabéns!

Os olhares da Gracinha! disse...

Um BELO FINAL FELIZ tão desejado pelos seus leitores!!!
bj

Fá menor disse...

Gostei do final feliz.

Mas, bem, acho que haverá um desfasamento qualquer, ou não entendi bem. Se se passaram 5 anos e ela estava grávida nessa altura, o menino tem 2? E... chama-se André ou António? ou são dois para além do Pedro?... ;)

Beijinhos.

chica disse...

Final feliz para essa família!" Que beleza!!! ADOREI! Bom iniciar o dia lendo coisas assim ! Valeu! Emocionante final! OBRIGADÃO pelos bons momentos! beijos, tuuuudo de bom,chica

Edum@nes disse...

Depois de algumas perturbações. A tempestade amainou. Sem perigo de derrocada,
vivem em segurança e felizes na casa que habita!

Tenha um bom dia amiga Elvira. Até à próxima novela?
Um abraço.

Larissa Santos disse...

Um excelente e apaixonante final. Parabéns e obrigada.


Hoje: - Adormecer na dor das palavras.

Bjos
Votos de uma óptima Quarta-Feira.

Anete disse...


Um final feliz e harmonioso, com grande amor crescente e parceiro! Gostei à beça de acompanhar!! E VIVA O AMOR!!!

Abraços nesta quarta-feira... Vamos adiante...

rendadebilros disse...

É tão bom ler finais felizes que nos aquecem o coração e nos fazem sorrir! ( Os passadiços são sobre um lago. As rossa enfim estão a desabrochar. Hoje está sol finalmente! Não tarda estamos a queixar-nos do calor. Ah ah ah!) Beijinhos.

aluap disse...

Catarina foi um nome muito utilizado por diversas rainhas, mas esta Catarina vai ser a princesinha da família!
Bom Santo António.

Rui disse...

Maravilhoso, Elvira ! ... E sabe que me emocionei com estes dois últimos capítulos ?! ...
Dou-lhe os meus parabéns !!!

Um grande abraço :)

Roselia Bezerra disse...

Bom dia, querida amiga Elvira!
Que lindeza! Bem como eu desejava... Obrigada pelo final feliz, amiga.
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm fraterno de paz e bem

Rosemildo Sales Furtado disse...

Belo e bem esperado esse final feliz. Ambos fizeram por merecer. Parabéns pela bela e interessante história/estória amiga Elvira. Que venha a próxima.

Abraços,

Furtado

Janita disse...

A vida dá tantas voltas...seja na vida real, seja em ficção. Quem diria que a morte da irmã viria transformar-se na felicidade de Joana?

Gostei especialmente deste conto, Elvira.
Fico muito feliz quando o destino coloca, no mesmo caminho, duas almas solitárias que se unem e completam.

Parabéns e obrigada.:)

Um abraço.

Teresa Isabel Silva disse...

Adorei! Foi a minha história favorita!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

Diana Fonseca disse...

Que lindo final. Gostei muito.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Uma história muito bonita e que só podia ter tido esse final.
Adorei acompanhá-la.
Beijinhos,
Ailime

Emília Pinto disse...

Um casamento por conveniência que deu certo. Há casos assim e ainda bem, pois antigamente havia muitas uniões deste tipo. Adorei, Elvira! Parabéns, amiga e um forte abraço.
Emilia

Kique disse...

Mais um grande conto que chega ao fim
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - CURIOSAS EXPRESSÕES

Fatyly disse...

Ontem li esta maravilhosa narrativa do primeiro capítulo ao último e só tenho a dizer-te: parabéns porque é uma história com encontros e desencontros, vida e muito simples de se ler e interpretar dando asas a quem lê. Gostei imenso. Não fui comentando porque entendi ler de seguida:)
Nunca desistas.

Não vi nada das marchas porque é algo que nada me diz e hoje desejo que tudo corra bem e as tuas rápidas melhoras.

Beijocas e um bom dia

Olinda Melo disse...


Um Final que adorei. O casal com os seus filhos, todos em santa paz.

Beijinhos

Meu Velho Baú disse...

Sou fã de Finais Felizes
Melhor não poderia ser.
Adorei o Romance venham mais...
Beijinhos

Jaime Portela disse...

Um final feliz de uma história interessante e com uma excelente narrativa.
Parabéns pelo talento, a tua escrita está cada vez melhor.
Continuação de boa semana, amiga Elvira.
Beijo.

jorge esteves disse...

Amiga Elvira: um assombro a constância da qualidade na abundância da escrita. Deveras notável. Renovo os meus parabéns e oxalá a sua proficuidade não se detenha!
Abraço, amiga!
jorge

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

História linda, romântica, sensual, que retrata o amor familiar na sua dimensão mais linda e construtiva.
Beijos carinhosos!

Victor Barão disse...

Não fui acompanhando a história a passo e passo pelo que ao ler agora vários capítulos num só fôlego, é-me difícil exteriorizar tudo o que penso e sinto ao respeito. Mas para já começo por dizer que é imenso e honroso privilégio, acto imediato à leitura duma obra literária, poder contactar com o seu autor, no caso a autora, minha estimada amiga Elvira Carvalho, aqui neste dimensão virtual.

A partir de que com relação à história, romanceada, em concreto é-me suscitado dizer, a quente, após terminar de ler a mesma que: qualquer leitura, por si só obra de Arte modo geral, que me suscite sorriso, lágrimas, no fundo genuínas sensações humanas é para mim uma excelente leitura, como no caso digna do titulo de Arte. Aliás se há algo que para mim defina o duplo termo Obra de Arte: literária, musical, dramática, etc., etc., etc., é precisamente que a mesma suscite genuínas sensações humanas, se possível ou mesmo necessariamente de forma edificante. Independentemente da/s mesma/s retratarem uma história ou sequência de vida com final feliz ou infeliz, mas que em qualquer caso remetam para a mais profunda e transversal verdade vital/universal que existe em tudo, se assim se quiser ou pode dizer, para: O sentido da alma. E minha estima amiga Elvira Carvalho, esta sua história "Casamento de conveniência", não sendo, nem tendo de ser uma história extensa, segundo minha humilde e mas também sincera perspectiva própria, tem no entanto todos, literalmente todos os ingredientes duma verdadeira obra literária, digna do titulo: Arte. A mim pessoalmente tocou-me de diversas formas e concluiria dizendo que a mesma retrata para mim o verdadeiro Amor, desde logo entre um homem e uma mulher, mas também ao descente, ao outro e no fundo à própria vida.

Da minha parte resumiria com um muito grato obrigado por partilhar esta sua condignamente muito elevada, por si só artística expressão connosco, a que acresce o facto de eu poder aceder pessoalmente à mesma, por via de algum dia a estima Elvira se ter associado a esta minha respectiva existência virtual, sem que eu tenha feito objectivamente muito ou mesmo nada por isso, salvo precisamente por aqui ir também existido, na humilde e não raro mesmo modéstia medida que me é possível, o que por vezes sinto não ser suficiente para merecer tais honras, como das diversas pessoas que aqui me acompanham modo geral, a presente e destacado exemplo da estimada Elvira em particular, de resto até por isso não sou de promover muito ou mesmo nada este meu espaço virtual.

Tudo isto para expressar minimamente o que penso e sinto, não só com relação à história que acabo de ler, como também face à sua autora, a quem neste ultimo caso desejo o mais rápido e pleno restabelecimento físico possível, com respectivo acréscimo de parabéns, não só por esta sua história tão simples e delicada quanto profunda, alem de muito bem contada, mas também por toda a sua actividade social, inclusive ao nível da Universidade Sénior, sem prejuízo da extensão familiar.

Bem aja minha amiga

Grato abraço

VB

Victor Barão disse...

Correcção:...como escrevi o meu anterior, longo, comentário, sem o rever uma única vez antes de o publicar, ao relê-lo após publicá-lo identifiquei-lhe algum que outro erro ortográfico/linguístico, mas cujo eventualmente mais grave foi quando a determinado momento faço alusão a "...não promover muito ou mesmo nada este meu espaço virtual...", como se no caso eu estivesse a comentar no meu próprio blogue, pelo que eu queria dizer é que não sou de promover activa/objectivamente muito o meu próprio blogue.

Peço perdão e agradeço a paciência

VB

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Acabou bem, cmo eu previa.
gostei muito deste conto.
beijinhos
:)

lourdes disse...

Mais uma bela história de amor com final feliz.
E já que o Pedro é tão rico, bem pode arranjar mais filhos para alegrar a casa.....eheh!
Bjs e parabens pelo conto.

maria disse...

Mais uma bonita história e que nos lembra que a vida pode sempre surpreender-nos e que por vezes o que começa mal pode acabar bem! Obrigado por nos permitir contactar com sentimentos tão nobres como os que atribuiu aos seus protagonistas!
Gostava de ter visto descrita a alegria da mãe do Paulo ao saber que ele lhe tinha deixado um neto...Parabéns Amiga, beijinho!