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31.8.21

POESIA ÀS TERÇAS - PRELÚDIO - ALDA LARA

PRELÚDIO
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...
É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...
                                                     

Alda Lara

30.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE XII

 


O menino que conversava animado com a mãe, sobre as peripécias da festa de aniversário do seu amiguinho, calou-se quando entrou na sala, olhando espantado para o homem que ali se encontrava. A mãe, deu-lhe a mão e disse:

- Diogo, este é Fernando, um amigo da mãe, que veio passar uns dias connosco.
- Olá campeão, - disse ele ajoelhando para ficar à altura do menino e estendendo-lhe a mão. A tua mãe fala muito de ti, mas não pensei que fosses um menino tão bonito.
Sorrindo o garoto estendeu a mão, mas depois como quem muda de ideia, estendeu os braços para o pescoço do homem e deu-lhe dois beijos. 

Surpreso Fernando retribuiu o abraço tentando esconder a emoção, sem saber se sempre tinha sido assim sensível, ou se isso se devia ao acidente.

- Vamos filho, deixa o Fernando sossegado, está quase na hora de jantar, e tens que tomar banho.
-Jantar? Eu não tenho fome, mamã.
- Calculo. Mas pelo menos tens de comer uma sopa. Anda, vamos tomar banho.

Os dois afastaram-se, deixando Fernando inquieto. Aquilo não podia estar a acontecer, era demasiado surrealista, decerto era um sonho do qual acordaria em algum momento.

Tentou embrenhar-se na leitura, mas não conseguiu. Desde que recuperara a consciência, não lhe saía da cabeça a mesma pergunta. Quem raio era ele, e como fora aparecer numa estrada deserta, meio morto? 

A polícia dissera que não foi encontrado nas redondezas, nenhum automóvel acidentado. Teria ido a pé, e alguém o atropelara? Mas para onde ia a pé, se a polícia dissera que do local onde fora encontrado, até à cidade iam dez quilómetros? 

Por outro lado, também lhe disseram que as suas roupas embora meio despedaçadas, eram roupas caras. As suas mãos também não eram mãos de trabalhador. Então  quem raio era ele? E onde estava o carro? E porque ninguém avisava a polícia do seu desaparecimento? Será que ele era sozinho no mundo? Eram demasiadas perguntas sem resposta.

O menino voltou para a sala, de pijama e robe, e a mãe avisou que ia aquecer a comida para jantarem. Ele pousou o livro e dando a mão ao menino, disse.
-Vamos ajudar a mãe, campeão?
- A mamã não me deixa ajudar, desde que uma vez quebrei um prato, -
lastimou-se a criança.



29.8.21

DOMINGO COM HUMOR


 


Duas loiras estavam viajando, cada uma em seu Fusca, de repente o Fusca da frente quebra e as duas param no acostamento.
A loira abre o capo dianteiro do Fusca e assustada fala para a amiga:
– Amiga, você não vai acreditar, mas roubaram o meu motor!
A outra corre para o seu Fusca, abre a tampa traseira e responde aliviada:
– Não esquenta, eu tenho um motor reserva no meu porta-malas!


*******************

Duas loiras conversando, depois de muito tempo que não se viam:
– E como está seu filho?
– Ele está bem, está andando já fazem 6 meses.
– Nossa amiga, então ele já deve estar bem longe.

*****************

Uma velhinha vai até ao quartel pra visitar o seu netinho. Pergunta a velha para um sargento:
– Sargento, vim visitar o meu neto, o nome dele é Manuel Silva. Ele está aqui neste quartel, não é?
– Sim, minha senhora. Só que hoje ele pediu licença para ir ao enterro da senhora!

*****************

Uma mulher entra numa biblioteca e dirige-se à receção:

– Boa tarde! Estou à procura do livro: “A honestidade na política”.
E responde a funcionária:
– Lendas e contos de fada é no segundo corredor da direita

*******************

Diz um político, num comício:
-Eu, sim! Eu sou um político honesto! Por estes bolsos, nunca passou dinheiro desonesto!
Grita alguém da assistência:
– Ena, comprou um fato novo!

**********************


27.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE XI

 



-Porquê, doutora? Porque me trazes para tua casa, e me tratas como se fora alguém da tua família?
- Não sei, - disse sustentando-lhe o olhar. -Talvez porque me sinta responsável por ti, desde que te vi meio morto na estrada, ou porque a época é de fraternidade e me aflige, que não saibas quem és, nem para onde hás de ir. Ou porque sempre me senti, um pouco a Joana D'Arc, e nunca tive oportunidade de o demonstrar. Ou simplesmente,  porque gostaria que alguém me ajudasse se fosse comigo. Mas isso que importa? 

Agora tenho que ir lá acima ao quarto andar, buscar o meu filho, a festa do amigo já terá terminado. Depois acabo de preparar o jantar que na verdade já está feito, é só ligar o forno para o aquecer. Enquanto isso, podes ir para o teu quarto descansar, ou para a sala, tens lá vários livros, ou  se te apetecer, liga a Televisão.

Com os olhos brilhantes de emoção, ele beijou-lhes as mãos e disse:
-És uma mulher incrível, doutora. Oxalá a tua generosidade possa ser recompensada.

 Soltou-a e virou-se para a janela, para esconder dela o desespero que a sua situação lhe provocava.

- Não fiques assim. Tenta relaxar. Quanto mais te esforças, mais frustrado ficas. A tua RM não acusou nenhuma sequela que seja a causa da amnésia. Deves ter tido um choque grande e o teu subconsciente recusa-se a recordar. É como se ele receasse alguma coisa. Quando deixar de recear, recordarás tudo. Agora, vou buscar o Diogo. Deveríamos arranjar-te um nome. Não pudemos dizer-lhe que não te lembras e como te chamas, porque isso iria fazer uma grande confusão, na sua cabeça. Tens predileção por algum?
- Fernando – disse sem pensar, e acrescentou. Foi o primeiro que me ocorreu. Será que é o meu nome?
- Quem sabe? Pode ser. Até já – disse saindo e deixando-o a sós com os fantasmas  que o atormentavam.

Fernando, foi até à sala. Acendeu a luz, e dirigiu-se à estante que ocupava toda uma parede. Muitos livros relacionados com a medicina, diziam bem do interesse da dona da casa. Mas também havia muitos outros. Clássicos da literatura mundial, como Goethe, Balzac, Shakespeare, Dostoiévski, Homero, Dante, Camus, Victor Hugo, Sartre, Ionesco, Steinbeck, entre muitos outros. Mas também os de língua portuguesa, como Camões, Pessoa, Machado de Assis, Jorge Amado, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Virgílio Ferreira, entre um numeroso grupo de bons autores. Escolheu “O Náufrago” de Thomas Bernhard, porque no fundo era assim que ele se sentia. Um náufrago da própria vida.
Sentou-se no sofá e abriu o livro. Mas não teve tempo para iniciar a leitura, porque nesse momento, a porta abriu-se e Helena voltou com o filho.
  



26.8.21

PARA MEDITAR





O CEO do Exim Bank deu que pensar aos economistas quando lhes disse:

 

Um ciclista é um desastre para a economia do país: não compra automóvel, não pede empréstimo para comprar automóvel, não faz seguro automóvel, não compra combustível, não leva o automóvel à revisão nem à oficina para reparações, não usa estacionamento pago, não causa acidentes graves, não precisa de autoestradas com várias faixas e portagens e não fica obeso. Isto pode ser bom para ele, mas NÃO para a economia!

As pessoas sãs "não interessam" para a economia do país: não compram medicamentos, não vão aos hospitais nem a médicos. Não agregam nada ao PIB do país. Pelo contrário, cada novo McDonald's cria pelo menos 30 empregos: 10 cardiologistas, 10 dentistas, 10 especialistas em perda de peso, para além das pessoas que neles trabalham!

 

Agora pensem: quem é que os "economistas" elegem um ciclista ou um McDonald's?


(RECEBIDO POR EMAIL)

25.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE X




Na rua o homem parou, piscou os olhos por causa da luz daquele bonito dia de sol, e respirou fundo. Depois retomou a marcha, seguindo Helena em direção ao carro. Quando o veiculo começou a rodar, ela comentou:

-Amanhã, vamos ao centro comercial. Precisa de comprar algumas roupas.
- Mas como? Não tenho dinheiro!
- Eu sei. Mas posso emprestar-lhe o suficiente para que compre o necessário. Pagar-me-á quando recuperar a sua vida.
- E se isso nunca acontecer, doutora? Não posso viver às custas da sua generosidade.
- Não se preocupe. Quando menos esperar, recupera a memória. Foi pena que não se deixasse hipnotizar. Podia ser que o psiquiatra tivesse descoberto algo.
- Mas não foi culpa minha, juro.
- Chegamos, - disse ela estacionando o carro junto de um prédio de apartamentos. Moro no segundo andar. Vamos?

Acionou o mecanismo da chave para fechar o automóvel, ao mesmo tempo que se dirigia para a entrada do prédio seguida pelo homem. Se a porteira a visse, decerto ia estranhar. Morava ali há três anos, e nunca entrara ninguém na sua casa, a não ser a empregada, e os seus pais, quando vinham passar uns dias com ela. 

Não utilizaram o elevador. Ela nunca o usava, preferindo subir os dois lances de escadas, e naquele dia não foi diferente, até porque pensou, que depois de tantos dias, na cama, ele precisaria de exercício. Abriu a porta, acendeu a luz, pendurou a mala num cabide à entrada e voltando-se para ele que se mantinha em silêncio, disse:
- Venha, vou mostrar-lhe a casa. Aqui é a sala, digamos de recreio. Aqui pode ler, ouvir música, ou ver TV. Aqui é a sala de refeições. É pouco utilizada, como vivo sozinha com o filho, comemos sempre na cozinha. É mais aconchegante. O quarto principal, o quarto do Diogo, e o quarto dos meus pais, que será o seu, enquanto aqui estiver. No armário, estão algumas roupas, para dormir confortável hoje. Espero ter acertado com o tamanho. Aqui  são as casas de banho. Esta é a que uso com o Diogo. 
A porta ao lado, é de outra casa de banho cuja diferença consiste, em que esta tem banheira, e a outra apenas duche. No resto são iguais. Poderá usá-la.
E finalmente a cozinha. 
Voltou-lhe as costas, mas ele pôs-lhe uma mão no ombro e forçou-a a voltar-se. Segurou as mãos dela entre as suas, e perguntou olhando-a com intensidade:




24.8.21

POESIA ÀS TERÇAS - URGENTEMENTE - EUGÉNIO DE ANDRADE




Urgentemente


É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros, e a luz impura até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade

23.8.21

PENSAMENTO DO DIA


A paz se possível, mas a verdade a qualquer preço.

Lutero

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE IX


 

               


A doutora Sandra, a colega com quem fizera amizade, naquelas três semanas, não estava, mas a enfermeira apresentou-lhe o doutor João, que fazia parte da equipa e que era quem naquele dia estava de serviço. 
Ele informou-a, que do ponto de vista físico, o paciente estava curado, mas que continuava sem memória. 

A polícia já tinha sido informada da sua alta naquele dia, e ela teria que assinar um termo de responsabilidade, e deixar a morada, a fim de ser contactada se houvesse alguma evolução nas investigações. 

Ele também já fora visitado pelo psiquiatra, que pensava talvez pudesse ajudar através da hipnoterapia. Mas o doente resistira à hipnose, e o clínico não pudera por em prática a sua teoria, já que como é sabido, em caso de rejeição do subconsciente é impossível conseguir obter o estado hipnótico.

 Terminada a conversa, e assinado o documento, despediu-se do médico e dirigiu-se à sala onde o homem se encontrava.
Ele estava sentado na cadeira, junto da cama. Devia rondar o metro e noventa, era bem constituído, tinha o cabelo negro húmido, como alguém que acabara de tomar banho, a barba escanhoada, e vestia umas calças de ganga pretas, e uma suéter vermelha. 

Ela que só o vira de noite, deitado na estrada, em hora de aflição, e depois nas visitas sempre deitado, não se tinha apercebido da figura imponente do homem, que se levantou e esboçou um sorriso, quando a viu entrar.  
Sentiu que o seu coração disparava, enquanto a cabeça a avisava, de que se estava a meter, numa camisa-de-onze-varas, como costumava dizer a sua mãe.

-Boa tarde,- saudou estendendo-lhe a mão que ele apertou com calor. Pronto para a vida lá fora?
-Boa tarde, doutora. Disseram-me que tinha alta, e que a senhora me vinha buscar. Porquê? Estou tão mal que tenha que ser vigiado?- perguntou com ansiedade.
-De modo nenhum. Apenas faltam poucos dias para o Natal, e como sei que não se lembra de onde mora, pensei convidá-lo a passar o Natal connosco. Apenas isso, mas se não o deseja, vou-me já embora.
- Nada disso doutora. Não me leve a mal. Toda esta situação, é tão nova para mim.
- Então, vamos? Deixei o meu filho numa festinha de anos em casa duns vizinhos, e não me posso demorar. Pelo caminho podemos conversar.
Ele apanhou o casaco, das costas da cadeira, e disse enquanto o vestia.
-A doutora manda.




22.8.21

DOMINGO COM HUMOR


 

Todos os dias quando passava um avião por cima da casa do Manuel ele dizia:
– Tchau Araújo, adeus.
A Maria intrigada perguntou:
– Manuel, como sabes que é o Araújo que está lá?
– Ora Maria, quem viaja pelo mar não é marujo? Então, quem viaja pelo céu é Araújo.

*******************

A loira chega de moto na praia e estaciona a moto na beira do mar agitado. O salva-vidas vê a cena e avisa:
– Moça, o mar vai levar a sua moto.
A loira responde:
– Hello, eu estou com a chave!

******************

Durante uma consulta médica a loira pergunta:
– Doutor, vai doer?
O médico responde:
– Vai sim, mas até amanhã passa!
E a loira diz:
– Então amanhã eu volto!

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O psiquiatra pergunta pra loira:
– Costuma escutar vozes sem saber quem está falando ou de onde vêm?
– Sim… costumo!
– E quando isso acontece?
– Quando atendo o telefone!

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Duas loiras conversando:
– Amiga, você sabia que as caixas-pretas dos aviões… são laranjas?
A outra:
– O quê? Não são caixas?

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Duas loiras conversando e a primeira conta:
– Eu frequento a academia tem mais de um ano!
A outra assustada pergunta:
– E porque você continua gorda?
– Ora, só frequento, não gosto dos exercícios…

21.8.21

FESTEJANDO AO SÁBADO

Depois de uma semana em que quase todos os dias estive no hospital, ora por causa própria, ora a acompanhar o marido, podemos finalmente festejar hoje os 52 anos de casados cuja data passou no dia 16/8.

Esta semana a minha tensão andou sempre entre os 190 e os 200 tendo que recorrer todos os dias ao comprimido SOS. Hoje tenho estado entre os 140 e os 150. Vamos ver se se mantem de noite. Segunda feira vou tentar uma consulta particular.



 

PORQUE HOJE É SÁBADO





BAMBOLEO - Gipsy Kings • Antonio Banderas, Katya Virshilas

20.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE VIII

 



Aquela semana, foi muito complicada para Helena. Desde logo porque não conseguia afastar da cabeça, o homem que socorrera, e que fisicamente melhorava de dia para dia, estando prestes a ter alta.

 Helena já tinha conversado com Sandra, a colega que chefiava a equipa de médicos que o tinha a seu cargo, e sabia que no final da semana lhe iam dar alta. Faltava uma semana para o Natal e por essa época todos os doentes que estejam em fase de recuperação, têm alta a fim de passarem a quadra com a família. É todos os anos assim.

 A equipa médica até tinha feito uma “vaquinha” para lhe comprarem alguma roupa, uma vez que aquela com que tinha entrado no hospital, estava imprestável e tinha sido incinerada. Também sabia que a polícia não descobrira nada sobre ele, que continuava com amnésia. 

Não conseguia deixar de pensar nele, o seu rosto povoava-lhe os sonhos. Tentava encontrar desculpa para o seu interesse nos sentimentos humanitários, que no fundo, talvez não  tivesse, se o paciente fosse outro, fosse mais velho, ou menos atraente. 

A verdade, é que tinha quase trinta e dois anos, estava no máximo da sua plenitude sexual e excetuando o caso breve com o pai do filho, não tinha tido outro relacionamento com homem algum. E o que estava a acontecer, é que se estava a apaixonar por aquele desconhecido misterioso e muito atraente.

Sabia que a polícia estava a tentar arranjar um sítio onde o acolher até ver se conseguiam descobrir a sua identidade, mas pretendia levá-lo para sua casa, pelo menos naquela quadra. Tinha dez dias de férias para desfrutar, a partir da próxima semana, esperava passá-los na aldeia com os pais, e podia perfeitamente levá-lo como se fosse um amigo. Pelo menos passaria o Natal em ambiente familiar, e depois se veria. Talvez até, quem sabe, ele recuperasse a memória, nesse espaço de tempo.

 De modo que estava resolvida a falar com a polícia e ficar responsável por ele. Não era uma decisão muito sensata, podia até ser perigosa, pensava.  É que ele tanto podia ser um cavalheiro como um psicopata, mas ela confiava nos seus instintos e eles diziam-lhe que não se tratava de um facínora. E demais se o fosse, a polícia  com todas as fotos que lhe tirara, não o teria já identificado? 

Preparou o quarto de hóspedes, já que ele teria alta no sábado e ela só seguia para a aldeia na segunda-feira, e depois conversou com o filho, para que o menino,  não estranhasse a situação. E assim naquela tarde de sábado, dirigiu-se ao hospital, a fim de o ver e convidá-lo a acompanhá-la.



 



18.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE VII




A colega despediu-se, depois de mais umas perguntas ao doente:
- Bom, Helena, tenho que ir. Conversamos amanhã.
- Amanhã estou de banco. Ligo-te, quando puder. Obrigada, por me teres avisado.
Helena puxou a cadeira para junto da cama e sentou-se:
- Fico feliz por ver que está em franca recuperação. Cheguei a temer que fosse demasiado tarde quando o encontrei.
- Já me contaram doutora. Sei que lhe devo a vida, e não tenho palavras para lhe agradecer. Foi muito corajosa.
- Não tem nada para agradecer, mas se o quiser fazer, agradeça-me pondo da sua parte todo o empenho numa rápida recuperação. E não me chame doutora. Guarde esse tratamento para a minha colega, que é a sua médica. Trate-me por Helena. Vou deixá-lo. Precisa descansar. Vou passando quando puder, para ver como vai. Sei que está a passar por uma experiência difícil, Tente não ficar desesperado, tenha a certeza de que a equipa médica que o acompanha, vai fazer tudo para o ajudar.
- É um desespero, não saber quem sou. Esforço-me por me recordar de alguma coisa e nada.
- Bom, - disse ela pondo-se de pé. – Tenho que ir, está quase na hora do jantar. Quer que lhe traga alguma coisa, quando voltar?
- Uma cabeça nova, - disse sorrindo pela primeira vez.
Helena, não pôde deixar de notar, como a expressão no rosto masculino, se suavizara com o sorriso. Estendeu-lhe a mão.
- Se isso fosse possível até eu quereria uma, - disse rindo.
Ele apertou-lhe a mão entre as suas, e disse com a voz enrouquecida.
- Obrigado. Nunca vou esquecer o que fez por mim, doutora

Helena não respondeu. Suavemente soltou a mão e virou costas, perplexa com os seus sentimentos. O que é que estava a acontecer com ela? Não podia estar a interessar-se por um desconhecido. Disse a si mesma que era apenas o interesse profissional dum médico pelo doente, e isso tranquilizou-a um pouco. Olhou o relógio. Tinha demorado mais do que queria, estava quase na hora de saída da empregada. Tinha que se apressar. Ainda tinha que passar pela pizaria, tinha prometido ao filho que levaria uma piza para o jantar. A rua fervilhava de gente aquela hora. As montras decoradas, mostravam que se estava quase no Natal e ela ainda não comprara os presentes. Tinha que o fazer no próximo fim de semana.




Parece que os leitores, estão tão às escuras como o sinistrado. Ninguém aventura um palpite?

17.8.21

POESIA ÀS TERÇAS - SE - ALICE RUIZ

16.8.21

PARABÉNS PARA NÓS







Festejamos hoje 52 anos de casados e pelo 3º ano consecutivo, motivos de saúde projetam a festa para mais adiante, mas aqui a festa é hoje. Por isso façam a festa.

15.8.21

HUMOR AOS DOMINGOS


 Dou aula de química e física, duas disciplinas pelas quais a maioria dos alunos tem aversão.
Um dia comentei, depois de uma das muitas badernas em classe:
– Eu ganho pouco, mas me divirto com vocês.
E um deles, para não perder a oportunidade, respondeu:
– Nós também, não aprendemos nada, mas nos divertimos muito.


********************

Na delegacia
– Seu delegado meu marido saiu de casa ontem a noite, disse que ia comprar arroz e até agora não voltou. O que eu faço doutor?
– Sei lá, faça macarrão!!

**************************

Um homem sentou-se ao meu lado e me mostrou no celular uma foto da esposa dele e perguntou:
– Ela é bonita, não é?
Eu respondi:
– Se você acha que ela é bonita, deveria ver a minha namorada então.
O homem questionou:
– A sua namorada é tão bonita assim?
E eu respondi:
– Não, ela é oftalmologista.

**********************

Uma loira passeava pelo shopping quando, de repente, encontra uma velha conhecida:
– Nossa, maravilhosa! Como você emagreceu!
– Pois é… Perdi quinze quilos! Eu tive de extrair um rim!
– Credo! Eu não sabia que um rim pesava tanto…


***********************

Uma menina manda uma mensagem para seu ex-namorado:
– Tudo bem contigo?
O ex responde:
– Não, estou com frio, com fome e sem dinheiro. Só faltas tu aqui…
– Para te fazer companhia?
– Não, para completar a tragédia!

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Um bêbado chega no inferno e grita:
– Onde estão as mulheres deste sítio?
O diabo responde:
– Aqui não tem mulheres.
O bêbado diz:
– Então onde é que arranjaste esses cornos?



14.8.21

CONVERSANDO COM OS AMIGOS

 


Para os amigos que me têm apoiado nos últimos tempos e que decerto estranham, a minha ausência nas suas  casas, nesta cidade virtual. 

Amanhã Domingo inicio a dieta de apoio ao marido que começa a preparação para uma endoscopia e uma colonoscopia a fazer no hospital do Barreiro na 4ª feira. Na segunda feira fazemos 52 anos de casados, mas a festa será apenas aqui no blog, pois na vida real, teremos que estar no hospital às dez horas para um ECG e um teste do COVID, já que sem isso não lhe fazem os exames. Na terça preparação para os exames, na quarta, volta ao hospital para acompanhá-lo, na quinta consulta de Imunoterapia de manhã no hospital e na sexta, outra vez hospital, para uma consulta de gastroenterologia à tarde.

Se depois disto tudo, a minha tensão arterial não disparar de novo, posso dar-me por feliz. 

Obrigada a todos que no blog ou em emails me têm apoiado. Um enorme Bem Hajam

P.S. Como sabem os posts estavam agendados e continuarão a sair diariamente. Eu visitar-vos-ei sempre que possível.

PORQUE HOJE É SÁBADO




Victor DaSilva and Hanna Karttunen

13.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE VI

 



A vida foi retomando o seu ritmo normal. Helena andava muito cansada, o trabalho no hospital era cada dia, mais intenso, pelo que teve que pedir uma reunião com o diretor da clínica, e reduzir o seu trabalho para apenas duas horas, três vezes por semana. 

Com toda essa azáfama, quase tinha esquecido o sinistrado, quando a colega do outro hospital lhe telefonou a informar que o homem tinha  recuperado a consciência. Ela  nunca mais voltara ao hospital desde aquela noite em que falara com a médica,  e lhe pedira para que a avisasse , quando ele saísse  do coma. Como naquele dia, não tinha consultas na clínica, decidiu que ia vê-lo quando terminasse o seu trabalho no hospital.

 Depois de a cumprimentar, a colega, disse-lhe:
-O nosso doente está finalmente livre de perigo. Mas está amnésico. Nem sequer se lembra do seu próprio nome.
- Às vezes acontece depois de um grave acidente. Mas deve ser transitório, não?
- Talvez. Fez hoje uma RM. Vamos esperar os resultados para despistar alguma lesão de maior gravidade a nível cerebral. Vamos vê-lo?
- Claro. E a polícia, não disse nada?
- Apenas que continua a não haver nenhuma queixa por desaparecimento. Esperavam que saísse do coma para o interrogar.
- E já o fizeram?
-Já. Mas devido à amnésia, não deu em nada. Fotografaram-no para verem se a foto dele faz parte dos ficheiros da polícia.

Tinham chegado junto do doente. Pela primeira vez Helena, via realmente o sinistrado. Não teria mais de trinta e cinco anos, talvez nem tanto, era moreno, embora agora estivesse bastante pálido, cabelos pretos, bem curtos, e ligeiramente ondulados, e uns profundos e desorientados olhos pretos. Os traços do seu rosto eram perfeitos, a testa alta e o queixo firme. O pijama meio desabotoado deixava ver um peito bem musculado.

- Como se sente? - perguntou a médica
-Vazio, -respondeu esboçando uma careta que talvez pretendesse ser um sorriso.
- Apresento-lhe a doutora Helena Correia. Foi ela quem o encontrou meio morto na estrada e providenciou para que fosse rapidamente socorrido.
- Obrigada doutora. – Estendeu-lhe a mão, que ela apertou, reparando que era uma mão de dedos longos e bem tratados.





para os novos leitores...
Para dar um pouco de "pica" numa altura em que está quase tudo de férias, 
e sabemos  que este homem, está amnésico e não tem documentos , alguém arrisca um palpite? Quem será ele?  Donde será? E como veio aparecer quase morto  "as portas" de Lisboa? Será "recado" de algum gang? 

12.8.21

O ANIVERSÁRIO DA MARGARIDA


O bolo Panda feito por esta avó babada, a pedido dela
Ela e dois dos seus amiguinhos
Os pais, que hoje festejam 21 anos de namoro e as duas filhas
Eu e o maridão cantando os parabéns e fotografando.
Na hora de apagar a vela

Brincando
Uma boneca não acham?