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23.9.07

UM PRÉMIO E UM DESAFIO...





A Renatinha, do renatinha no blogger, resolveu atribuir-me este prémio. Ora já em tempos eu falei disto, mas enfim talvez nem toda a gente tenha lido. Isto é um bocado complicado para mim já que não quero magoar ninguém e talvez não saiba expressar-me correctamente. Se por um lado me sinto muito honrada, porque é sinal de que alguém gosta de mim o suficiente para se lembrar de mim, por outro sinto-me como quem veste a roupa do irmão mais velho. Pode gostar muito dela, mas vê-se que não foi feita para ela. Ou seja, não me acho de modo algum merecedora do prémio. Depois detesto ter que nomear mais sete blogs. Detesto o que se faz por obrigação, e não sei se a pessoa que o vai receber, acha que é um prémio ou um castigo.


Posto isto, vou fazer as sete nomeações:



  1. O Jorge do blog "O Sino da Aldeia" já estou a ver a cara dele. Sei que não dará seguimento, mas num prémio de solidariedade, ele teria que ser nomeado, pelo carinho e disponibilidade com que nos vai dando lições de cultura, que a mim me teem ajudado muito.

  2. Vicente do blog "Ecos de verdade" o inconformado, sempre pronto a questionar os valores vigentes em defesa dos mais desfavorecidos.

  3. Sophiamar do blog SOPHIAMAR, pelo abraço virtual que me dá quando eu estou mais em baixo, e que eu entendo como um verdadeiro gesto de solidariedade.
  4. O José Gonçalves do Blog " Por Entre Montes e Vales" por total afinidade. Se fosse uma mulher, (sem ofensa Zé) eu diria que era o reflexo da minha imagem, em qualquer charco da vida.
  5. Vieira - Calado do blog "Vieira Calado - poesia" por todas as vezes que os seus poemas, me libertaram de maus humores e me levaram a viajar por mundos sonhados.
  6. Garfio do blog "La Ortiga" el comandante que desde o meu primeiro momento, neste mundo da blogosfera, me tem apoiado, e incentivado.
  7. Geo do blog "GEO" pelos seus posts que são uma partilha de sentimentos.

E pronto, esperando sinceramente que não se lembrem doutra, passo á segunda parte, um desafio feito pela amiga Azul, do blog "Cheiros de Verão" e que consiste em nomearmos 7 músicas que nos tenham impressionado, e que por isso nos lembremos delas pela vida fora. Para quem viu um rádio pela primeira vez quase aos 18 anos, não vai ser tarefa fácil.

1. "O bolero" de Ravel. Ainda hoje não sou capaz de descrever toda a amalgama de sentimentos que senti, quando ouvi pela primeira vez.

2. "A pedra filosofal" do Manuel Freire. Ninguém calcula o que fui capaz de fazer para ir ouvir ao vivo esta canção.

3. "Yellow Submarine" dos Beatles, não entendia a letra, mas ainda hoje adoro ouvir aquela música

4. "Os Vampiros" do saudoso Zeca Afonso, por todas as razões do mundo

5."O calhambeque" do Roberto Carlos, que trauteava a toda a hora para desespero de quem me ouvia.

6." A banda" do Chico Buarque da Holanda, outra que levei meses a assassinar. E que ainda hoje gosto de ouvir.

7." Caminante no hay camino" de Juan Manuel Serrat. Serrat, para mim o Zeca Afonso espanhol.

E fica o desafio das 7 músicas para todos os que me lêem e quiserem dar seguimento.

Agradeço aos que tiveram paciência para este dois em um.

Um bom Domingo para todos.




21.9.07

O REENCONTRO DE UMA AMIZADE

Hoje eu vou falar de uma amizade, dos desencontros e reencontros da vida. e a estória conta-se assim.

Nos anos 70 eu gostava como hoje de escrever. E andava embriagada com a possibilidade de escrever o que me ia na alma, sem o perigo de vir a ser presa, pela polícia política. E então desatei a escrever textos a que pretenciosamente naquela altura eu chamava poemas. Textos que enviava para jornais e revistas. Devo dizer que alguns foram publicados. Ora como eu havia outros jovens a escrever para essas mesmas publicações. Entre outros havia uma jovem que escrevia muito bem e com quem desenvolvi uma relação de amizade. Chamava-se, e chama-se São Banza. Nome de guerra claro.

Nos inícios dos anos 80 dois factos completamente antagónicos mudaram a minha vida. Primeiro o meu filho, que nasceu em 1980, e foi uma grande alegria e uma felicidade, de á muito sonhada. Pouco tempo depois minha mãe sofreu o primeiro de três AVCs que a deixaram paraplégica até hoje. A minha vida deu uma volta de 360º. Deixei de escrever, deixei de ler, passei a viver em função destas duas pessoas. A mãe e o filho. Até o marido ficou um pouco descurado. Após 3 anos, eu estava completamente de rastos, e resolvemos contratar uma pessoa para cuidar da minha mãe a tempo inteiro. Meus irmãos estiveram de acordo, e durante alguns anos ficou assim. Eu não fui mais a mesma, em relação á vida anterior. Mais tarde a minha mãe ganhou um pouco de autonomia, passou a comer por mão dela, a dar uns passinhos arrastando a perna esquerda, e como a vida estava difícil, ficámos com empregada só duas manhãs por semana para as limpezas maiores, e voltei a tratar dos meus pais, mantendo-se este programa até hoje.

De vez em quando tinha saudades da São. Não sabia se era viva ou morta, se tinha continuado a escrever ou se como eu tinha deixado de o fazer.

Há uns dias andava a limpar o móvel da sala, e eis que me cai no chão um poema da São. E pensei: E se eu fizesse uma pesquisa na net? será que a encontraria?

Fiz a pesquisa. E encontrei a minha amiga, que precisamente nesse dia tinha iniciado um blog.

Através dele entrei em contacto com ela. Soube que continua a escrever, e que até já publicou um livro que se chama "Ouro Velho"

Estou muito feliz, porque reencontrei uma amiga.

E vou deixá-los com um pequeno poema dela para que possam conhecê-la melhor.





NÃO PENDURES O CORAÇÃO



Não pendures

O coração

No interior

Dos espelhos:

Trás para a rua

O rio que te magoa

Acima dos animais

--Ainda que o sabor

A sal sepulte

A música

Nos cabelos

Dos desterrados



São Banza

14.9.07

BOM DIA...

Bom dia sol,

que iluminas o dia...

Bom dia água

que matas minha sede.

Bom dia coração

que me enches o peito

ora de alegria

ora de tristeza.

Bom dia passarinho

pelo canto

com que me encantas.



Bom dia VIDA

gosto de ti, sabes?!

Mesmo quando

me fazes chorar.

Bom dia, Céu

Terra

Mar.

Oh! quantas vezes

me fazem sonhar.



Bom dia Amor

que és a razão

do meu viver.

Bom dia noite

guardiã

dos meus sonhos.

13.9.07

ATAQUES DE PÂNICO...

Decerto que quem me lê, já ouviu falar de ataques de pânico. Poderão talvez nunca ter sentido algum, mas decerto ouviram falar. São crises breves mas muito intensas. De repente, do nada surge um medo inexplicável da morte, um aperto no peito que nos impede de respirar, o corpo enche-se de suores frios, os olhos turvam-se. Não conseguimos raciocinar surgem palpitações, tonturas, a hiperventilação, faz-nos sentir pior, os membros ficam dormentes.

Segundo os psiquiatras, a razão destes medos irracionais, prende-se com inconscientes conflitos emocionais, ansiedade e algumas fobias.


Na minha vida sofri dois destes ataques. O primeiro, há 22 anos, no Algarve. Em Faro há uma igreja, que tem uma torre, donde se vê toda a cidade e as ilhas. Para se chegar ao cimo da torre, sobe-se por uma escada em caracol no interior do monumento. É uma escada muito estreita, como são todas as escadas em caracol. Só passa uma pessoa de cada vez, e os visitantes sobem e descem alternadamente. Pois imaginem que foi precisamente a meio dessas escadas que eu sofri um ataque de pânico. Durante meia hora, quem estava em cima, não pode descer e de baixo, ninguém subiu, até que me conseguiram tirar de lá.
Decerto reconhecem esta imagem. Claro trata-se do Castelo de Óbidos, uma das sete maravilhas de Portugal. Pois aqui precisamente nestas muralhas que até nem são muito altas há 4 anos,
sofri o segundo ataque de pânico. Subi ás muralhas para ver a paisagem ao redor do Castelo.
E aí de repente fiquei como osga agarrada ás muralhas. Foi um problema para a minha irmã e o meu marido me tirarem dali. E os turistas cá em baixo filmando e fotografando a cena. Como se fora um espectáculo. É claro que não me apercebi de nada. Foram o marido e a irmã que me contaram mais tarde. Sei que não é uma história muito bonita. Mas é uma experiência de vida, que infelizmente faz sofrer muita gente.

11.9.07

UM DESAFIO...

A Azul do blog Cheiros de Verão lançou-me um desafio que eu vou tentar concretizar neste post.
O dia mais triste da minha vida:
O dia em que a minha mãe sofreu um AVC que lhe fez passar os últimos 24 anos paraplégica.
O dia mais feliz da minha vida:
O dia em que peguei meu filhote nos braços pela primeira vez.
Manias:
Falar sozinha quando estou aborrecida.
Filme preferido:
O Sexto Sentido
Poeta preferido:
Sophia de Mello Breyner Andresen
Comida Preferida:
Arroz de Polvo
Sou:
Persistente
Viagem de sonho:
Índia
Gosto de:
minha família

10.9.07

FUI À FESTA...


A imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem

Ontem eu fui á Moita. Moita do Ribatejo como é mais conhecida.Não se sabe muito bem a origem deste nome. Segundo alguns autores, o nome vem das moitas que havia no local, e que os primitivos habitantes usavam para as suas indústrias. Mas parece que nem todos estão de acordo, e alguns dizem mesmo que foram pescadores algarvios quem primeiro povoaram o local.
Os Moitenses, são conhecidos por serem um povo alegre. E devoto. Gostam de festas de touradas, e largadas. Talvez por isso me habituei desde menina a ouvir os mais velhos dizerem: Estás aborrecida, vai para a Moita.
E embora não estivesse aborrecida ontem fui á Moita. Porque decorrem as festas em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, e ontem era o ponto alto das festas. A procissão. Nunca tinha ido ver a procissão, apesar de toda a fama que gozam, e da Moita ficar perto do Barreiro, onde moro.
E ontem fui. E confesso que gostei imenso. Sempre gostei de procissões, ainda que não saiba explicar porquê.
Na Moita, zona de pesca, os barcos juntam-se todos no cais, totalmente engalanados e aguardam a procissão. Esta sai da igreja (de que outro lugar haveria de sair?) e vem até ao pequeno cais.


Os barcos á espera da procissão
Á frente a GNR a cavalo. A terminar o andor da Senhora da Boa Viagem. Entre ambos um cortejo de vários andores, muitas crianças vestidas de santos, em pagamento de promessas, certamente feitas pelos seus pais, um grupo de escuteiros, e três bandas de música.
Quando chega ao cais, cada andor vai pela direita até á ponta e volta pela esquerda, o que faz com que se cruzem a meio do cais.
Quando a Nossa Senhora da Boa Viagem chega ao cais, é a loucura total. Todos os barcos fazem soar a sirene enquanto de um deles sai uma enorme descarga de foguetes. A esta altura o manto da santa, já vem carregado de notas que os fiéis vão colocando durante o trajecto, em pagamento de promessas.

E pronto. Deixo-vos com umas imagens.

6.9.07

MULHER FORTE E MULHER DE FORÇA

Uma mulher forte malha todo o dia para ter o seu corpo em forma...

Uma mulher de força constrói relacionamentos para manter sua alma em forma.

Uma mulher forte não tem medo de nada...

Uma mulher de força demonstra coragem no meio dos seus medos.

Uma mulher forte não permite que ninguém tire o melhor dela...

Uma mulher de força dá o melhor de si a todos.

Uma mulher forte comete erros e evita-os no futuro...

Uma mulher de força percebe que os erros também podem ser bênçãos inesperadas, e aprende com eles.

Uma mulher forte tem o olhar de segurança na face...

Uma mulher de força tem a graça.

Uma mulher forte acredita que ela é o forte suficiente para a jornada...

Uma mulher de força tem fé que é durante a jornada que ela se tornará forte.

(autor desconhecido)

4.9.07

UM IMENSO OBRIGADA....

Quero aproveitar , para dizer-vos aqui e agora, o quanto me sinto feliz, pelas vossas mensagens cheias de carinho, e calor humano, no meu aniversário. Hoje eu estou infinitamente mais rica, e mais feliz. Porque a verdadeira riqueza é a que nos enche a alma de felicidade. Sem nomes, para não esquecer ninguém, a todos vós, bem como aos que me telefonaram, um grande... um imenso obrigada.

3.9.07

ESTOU MUITO TRISTE

Pois é. Nasci a 3 de Setembro de 1947. Faz precisamente hoje 60 anos. E porque é que estou triste?
- Porque hoje deixo de pertencer ao vosso mundo. Ao mundo das pessoas com identidade. A partir de hoje, sou para o mundo, apenas mais uma idosa. Senão reparem nas notícias dos jornais. Se temos 59 anos, somos o sr. ou sra. João ou Maria. Se passámos os 59, somos o ou a idosa de tantos anos de idade.
Aqui há anos, li um texto, não recordo de que escritora, que dizia, que uma mulher perde várias vezes a identidade na vida. Ou é a mulher de alguem, ou a filha, ou a mãe.
E é verdade. Nasci num meio pequeno, onde toda a gente se conhecia, e era a filha mais velha do Manel da Lenha. Anos mais tarde fui trabalhar para Lisboa. Aí eu era simplesmente a Elvira. Sem apelidos. Só eu. Depois casei. O meu marido era militar, e foi para Moçambique em comissão. Eu era muito jovem estava perdidamente apaixonada. Deixei o emprego, no laboratório e fui para Lourenço Marques. Aí chegada, não conhecia ninguém, a terra era estranha, sentia-me muito só. Porque o marido saía em patrulhas, e levava vários dias para voltar.
Fiz amizade com as mulheres dos amigos do meu marido. E deixei de ser outra vez a Elvira, para ser simplesmente a mulher do Carvalho. E assim foi durante uns anos.
Quando em 73, acompanhei o meu marido para Angola, decidi que ia ser diferente. E foi. Procurei emprego, juntei-me á Cáritas, e recuperei a minha identidade.
Em 81, o filhote era um bebé lindo, e muito amoroso. E eis que perdi outra vez o nome. Durante os 20 anos seguintes, passei a ser a mãe do Pedro. Há uns 5 anos  quando ele foi para a sua própria casa, voltei a ter nome. Passei a ser a Elvira Carvalho. Era tudo o que eu queria. Ser a Elvira.
Agora vou perder o nome de novo. E desta vez para sempre. E é por isso que estou triste. Não me preocupa a idade. Apenas o rótulo.
Detesto essa coisa impessoal, fria e discriminatória de idosa, que nos remete para qualquer coisa, que não é gente nem é nada