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30.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LII


 

Com todos os cuidados que lhe dispensavam, Teresa sentia-se agora mais confiante, embora como toda a grávida de risco, continuasse com um certo receio que, no entanto, tentava afugentar com a leitura, ou a música.

As enfermeiras, eram simpáticas e muito profissionais. Estavam sempre atentas aos seus mais pequenos gestos, zangavam-se quando não queria comer tudo, e mimavam-na quando acontecia o contrário, fazendo-a recordar os cuidados da mãe quando ela era criança. Por vezes tinha vontade de se insurgir, mas ao lembrar-se dos três bebés que tinha no ventre e das advertências médicas, engolia a revolta e fazia o que lhe mandavam.

Com os comprimidos para o enjoo, as náuseas eram agora mais raras, e assim foi ganhando peso, e a cor voltou ao seu rosto, antes sempre lívido.

Continuava com muito sono, levava grande parte dos dias a dormir e dava graças por isso, porque fazia com que o tempo de imobilidade não lhe parecesse tão longo.

A cozinheira da empresa confecionava os almoços e jantares durante a semana, para o patrão e as enfermeiras, e ao fim de semana, as refeições vinham de um restaurante próximo. As suas continuavam a ser confecionadas pelas enfermeiras que seguiam rigorosamente as indicações da médica. João estabelecera uma certa rotina que consistia em ele comer na hora em que ela o fazia, e passar depois todo o tempo em que as enfermeiras se ausentavam para comer, junto dela.

Interessava-se por saber como se sentia, falava-lhe do seu trabalho, contava-lhe episódios mais ou menos engraçados do seu dia a dia, e Teresa deu por si a desejar essas horas em que estavam os dois sozinhos em ameno convívio.

Olga ia vê-la todas as manhãs e levava sempre um ramo de flores com que lhe alegrava o quarto. Inês também fora vê-la duas vezes e numa delas no último fim de semana, levara Martim, o que muito a alegrara pois adorava o afilhado.

E assim se passaram os dez dias e naquela manhã era dia de voltar ao hospital, para avaliar da sua recuperação.

Pouco antes das onze horas, João parava junto da porta do hospital, onde se faziam as consultas externas, para que Teresa e Sandra saíssem e ia depois estacionar o automóvel. Pouco depois juntava-se-lhes na sala de espera, onde a duas aguardavam pela consulta  que a médica marcara para aquela hora. Vinte minutos mais tarde, Teresa foi chamada.

A médica admirou-se com a diferença operada na jovem, mas antes de a observar mandou-lhe ir fazer uma série de análises. Sempre acompanhada pela enfermeira Sandra, deslocou-se ao laboratório do próprio hospital, fez os exames e regressaram à sala de espera junto ao gabinete para aguardar os resultados.

Então Teresa ligou ao empresário avisando que provavelmente a consulta demoraria, e que talvez ele tivesse trabalho urgente no escritório, elas podiam regressar de táxi, mas ele respondeu-lhe que nada era mais prioritário na sua vida do que ela e as crianças que esperava.

Felizmente as análises não foram muito demoradas, já que meia hora depois, a médica voltava a chamá-la.

- As suas análises estão ótimas. Não há qualquer vestígio de infeção, nem de diabetes e a anemia desapareceu. Vamos pesar?

Recuperou peso, mas ainda está abaixo do normal para uma grávida da sua altura, – disse ao verificar o peso. Como é que estamos de náuseas? Melhorou com os comprimidos?

-Muito, embora os vómitos não tenham parado por completo.

- Os vómitos vão parar em breve. Está com oito semanas, muito raramente eles persistem depois das doze semanas. Vamos deitar e preparar para fazer uma ecografia.

28.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LI

 



No seu escritório, João serviu-se de um uísque e com o copo na mão sentou-se, abriu a gaveta e retirou a foto da sua mãe com ele ao colo, e o envelope ainda fechado. Durante alguns segundos rodou-o entre os dedos. Depois decidido pegou num estilete, abriu-o  e leu.

 

“Meu querido e nunca esquecido filho.

Quando leres esta missiva, eu já terei partido para a minha última viagem.

Não sei o que tu saberás sobre mim, nem o que teu pai te terá dito, mas acredita que te amo muito, sempre te amei e que foi com o coração sangrando que te deixei, todavia não tinha forças para continuar a viver como vivia. Receava endoidecer, e não podia levar-te comigo, pois não tinha meios de poder satisfazer as tuas necessidades mais básicas. Não tinha dinheiro, nem emprego, nem família a quem recorrer pois talvez não saibas, mas nunca conheci meus pais, fui criada num orfanato. Quando três anos depois a minha vida estabilizou, procurei o teu pai, a fim de um entendimento que me permitisse partilhar a tua guarda, porém ele disse-me que ou voltava para ele ou nunca mais te via, e se insistisse na guarda partilhada, antes disso, ele te mandaria para um internato onde nunca te iria descobrir. Conhecia o teu pai, sei que era capaz de cumprir essa ameaça, e para que não o fizesse eu prometi-lhe que nunca mais te procuraria.  Todavia embora longe, através de uma amiga dos meus tempos do orfanato, fui sabendo notícias de ti e recebendo fotografias que me iam mostrando como crescias, e ias aos poucos caminhando para a idade adulta.

Não vou falar-te das minhas razões para fugir, não quero falar mal do teu pai, ele já terá prestado contas à justiça divina.

Talvez eu devesse ter-te procurado quando ele morreu, mas nessa altura tu já eras um homem de sucesso, não irias decerto acreditar no meu amor, pensarias que te procurava por saber que estavas bem na vida; e eu não ia conseguir viver com a tua rejeição.

Quero que saibas, que o ter-te abandonado, foi a maior dor que sofri em toda a vida, foi como se me amputasse a mim mesma.

Um dia conheci um bom homem, e com ele vivi cinco anos, que só não foram de felicidade absoluta, porque tu não estavas lá. Com ele tive o David, mas é bem verdade, que um filho não faz esquecer o outro.

Se estás a ler esta carta, significa que já conheceste o teu irmão. Gostaria que se dessem bem, ele também foi uma criança sofrida, não só porque o seu pai morreu quando tinha apenas dois anos, mas porque a mãe, sempre foi uma mulher triste, por carregar no peito, uma mágoa maior que ela.

 Não te peço perdão, peço-te que compreendas a mulher que te deu o ser e que acredites que a maior dor que me acompanhará até ao último suspiro é sem dúvida o não poder abraçar-te uma vez que seja.

Termino desejando que sejas muito feliz.

Olinda Braizinha.”

 

Leu e releu a carta várias vezes, as letras dançando nos olhos rasos de água. Sem vergonha, João chorou amargamente. Chorou a sua dor de criança solitária, criada sem amor, chorou a dor da sua mãe, separada do filho que amava, chorou pela maldade do pai, que lhe fez acreditar que a mãe era pouco menos que uma prostituta, sem sentimentos. Levantou-se foi ao bar e trouxe a garrafa de uísque para cima da mesa. Precisava beber. Beber até anestesiar o cérebro de modo que esquecesse tudo o que o seu pai fizera com a sua vida,  a da mulher e do filho. Porém quando ia levar o copo aos lábios, lembrou-se de Teresa e das crianças que ela esperava. Sacudiu a cabeça, para afastar os maus pensamentos, e foi guardar a garrafa no sítio. Depois lentamente as costas fletidas como quem carrega um pesado fardo, saiu e foi para o seu quarto onde se jogou em cima da cama sem sequer se despir.

 

 

26.10.20

CILADAS DA VIDA -PARTE L




Nessa mesma tarde, com a preciosa e eficiente ajuda da Olga, João pode respirar de alívio. Teresa estivera na consulta, acompanhada da enfermeira Sandra, fizera análises, onde fora detetado um princípio de anemia, mas viera para casa depois da doutora Laura Aguilar se ter convencido que a doente teria o apoio constante de uma enfermeira que a faria seguir à risca, tudo o que ela lhe prescrevera. Ainda assim queria voltar a vê-la dentro de dez dias.

Olga conseguira não uma, mas três enfermeiras. Uma ficaria na empresa, a outra substituiria Sandra durante as noites, e a terceira faria as folgas das outras duas.

Dividira o quarto com dois biombos e mandara instalar uma cama, uma cadeira e uma pequena mesa, de modo a que a enfermeira pudesse descansar perto de Teresa sem, contudo, perderem a privacidade.

Também mandou retirar toda a roupa do patrão para outro quarto e se encarregara de comprar ela mesma todos os ingredientes necessários para as refeições de Teresa, que Sandra confecionaria nos próximos dias.

Apesar da sua vida ter dado uma grande volta com os acontecimentos das últimas quarenta e oito horas, João pensava que tinha razões para se sentir feliz. Ele que sempre se sentira solitário, ganhara um irmão, com quem lhe parecera fácil desenvolver um clima de amizade fraternal e tinha Teresa, onde sonhara tê-la, desde o primeiro momento que a vira e soubera que ela tinha dentro de si o seu filho. Na sua casa. E para mais em vez de um filho ia ter três, de uma só vez. Iriam ser uma família, ele tinha a certeza, embora não soubesse ainda como convencer Teresa, de que o lugar dela, era a seu lado, criando os filhos dos dois.

Acabou o jantar, e foi ao quarto saber como ela estava. Cruzou-se com a nova enfermeira que levava o tabuleiro em que servira o jantar para a cozinha. Disse-lhe:

-Tem o seu jantar no forno. Pode jantar sossegada, enquanto isso eu faço companhia à dona Teresa.

- Como te sentes? – perguntou sentando-se na beira do leito.

- Estou bem. Com os comprimidos do enjoo, quase não tenho náuseas, mas preocupa-me toda a confusão que estou a causar na tua vida. Achas mesmo necessário uma enfermeira durante a noite? Vai estar quase sempre a dormir.!

- Acho. Imagina que vais à casa de banho e tens uma tontura? A Sandra comprou uma arrastadeira quando foi aviar o ácido fólico. A enfermeira poderá pôr-te a arrastadeira durante a noite, como fazem nos hospitais. Promete-me que não te levantarás sem que seja absolutamente necessário, e sem que ela esteja contigo.

- Se achas necessário prometo. Embora ainda pense que não era necessário.

-Tens que te cuidar.  Não só pelos bebés mas também por ti. A vida dessas crianças é muito importante, mas não podem importar mais do que a tua. Acredita, nenhuma criança é feliz, crescendo sem mãe.

Havia tal amargura nas suas palavras, que Teresa teve a certeza de que ele se referia a si próprio.

Tentando desviar a conversa disse:

- Tens uma excelente assistente.

- Olga, está comigo desde que comecei a minha atividade, num velho armazém sem quaisquer condições. É muito mais que uma assistente, é o meu braço direito. Somos quase irmãos, já que nos primeiros anos da minha vida, foi a sua mãe quem me criou. De modo que tenho a certeza, ela já te estima por saber que estás a gerar os meus filhos e tenho a certeza, será de grande ajuda para ti se lhe deres hipótese.

- Já tinha reparado que havia uma grande ligação entre os dois.

- E o que achaste das enfermeiras?  A Sandra trabalha connosco há quatro anos, sei que é uma profissional competente. A Gabriela e a Rosa, espero que sejam igualmente boas profissionais pelo menos têm bons currículos, mas és tu quem vai avaliá-las. Qualquer coisa que não te agrade, dizes-me. Quero que te sintas o mais confortável possível, para que em breve deixes de estar nessa situação de risco. Pelos bebés e por ti, - disse acariciando a mão que repousava sobre a colcha.

- Porque puseste uma enfermeira nova no lugar da Sandra em vez de vir para aqui? Porque durante a maior parte do dia eu estarei lá em baixo a trabalhar, e sentir-me-ei muito mais descansado tendo aqui uma profissional que trabalha para mim há anos, e em quem tenho plena confiança. De noite é diferente, porque estarei no quarto ao lado disponível para qualquer eventualidade.

Nesse momento a enfermeira Gabriela regressou do jantar e João despediu-se desejando uma boa noite e saiu deixando atrás de si, uma Teresa preocupada com a sensação que uma simples carícia na mão lhe provocara. Decididamente as suas hormonas estavam doidas...

25.10.20

DOMINGO COM HUMOR



 Numa manhã de inverno um casal ouvia a rádio enquanto tomava o pequeno almoço. O locutor a dada altura diz:

- Hoje vamos ter neve. Prevê-se a formação de uma camada com 10 a 16 cm de espessura. Lembramos que devem arrumar os vossos carros no lado direito das ruas para permitir a intervenção dos limpa-neve.

A mulher, loira e com elevado sentido de dever, imediatamente saiu e arrumou o carro no lado direito da rua.

Na semana seguinte o casal tomava novamente o seu pequeno almoço quando ouvem pela rádio outro aviso:
- Hoje esperamos 20 a 25 cm de neve. Por favor arrumem os carros do lado esquerdo para permitir o trabalho dos limpa-neve.

A boa mulher lá foi outra vez a correr para arrumar o carro do lado esquerdo da rua.

Passados mais uns dias, tudo se repete. Da rádio lá chega o aviso:
- Hoje esperamos que se formem camadas de 20 cm de neve. Por favor arrumem…

A energia elétrica subitamente faltou. O rádio calou-se …  A mulher ficou transtornadíssima por não saber de que lado devia desta vez arrumar o carro.
- E agora o que faço? Logo faltou a luz nesta altura … Agora não sei de que lado da rua devo arrumar o carro! – Dizia ela aflita.

Então o marido, com muito amor e compreensão, diz-lhe tentando sossega-la:
- Calma querida, porque é que, desta vez, não deixas ficar o carro quietinho na garagem?


                                                 **************


Um médico queria ir pescar e aproveitava e descansava um pouco do trabalho do dia-a-dia. Então aproximou-se do seu assistente e disse-lhe:
- Amanhã vou pescar e não queria fechar a clínica, acha que consegue cuidar dela e de todos os pacientes?

- Sim, senhor… Sem problema! – respondeu o assistente.

Então o médico lá foi pescar e voltou no dia seguinte. Ao chegar à clinica tenta saber o que se passou na sua ausência. Pergunta o médico ao assistente:
- Então como correu o dia de ontem?

Diz o assistente:
- Cuidei de 3 pacientes. O primeiro tinha dor de cabeça e então dei-lhe paracetamol.

- Bravo meu rapaz. E o Segundo? – Pergunta o médico.

- O Segundo teve indigestão e eu dei-lhe Gurosan. – Informou o assistente.

- Boa, muito bem! Você é bom nisto. E o  terceiro? – perguntou o médico.

Continua o assistente:
- Bom doutor, eu estava aqui sentado e, de repente, abriu-se a porta e entrou uma linda mulher. Ela tirou a roupa, despiu tudo, incluindo o soutien e as cuequinhas. Despois deitou-se sobre a marquesa, abriu as pernas e gritou:
- “Ajude-me, pelo amor de Deus! Há cinco anos que eu não vejo um homem!”

- Nossa senhora… E o que você fez? – pergunta interessadíssimo o médico.

Responde o empenhado assistente:
- Eu?! Eu pus-lhe gotas de Visadron nos olhos…


                                               **************



Dois grupos alugaram um autocarro de dois andares para irem passear até ao jardim zoológico, era um grupo de loiras e o outro de uma casa de reformados. O grupo de reformados ficou no andar de baixo e as loiras ficou no andar superior.

Logo que a viagem começa, o grupo de baixo sempre muito animado está a divertir-se imenso. Um dos velhinhos apercebe-se que não ouve nada do andar superior e, sendo ele um perfeito cavalheiro, decide ir até lá investigar. Quando chega ao andar de cima, vê as loiras todas com um ar muito assustado, espantadas e agarradas ao banco da frente. Ele pergunta:
- Que diabo se passa aqui? Lá em baixo estamos a divertir-nos imenso!

Uma das loiras olha e diz:
- Sim, mas vocês têm um condutor!



                                          **************




A filha conta a novidade à mãe:
- Mãe, estou grávida.

A mãe, confusa, diz:
- Então eu não te disse que quando um rapaz te mexe nos seios dizes não e quando te mexe na vagina dizes para?!

Explica a filha:
- É verdade! Mas é que ele estava a mexer nas duas coisas ao mesmo tempo e eu bem que gritava: Não para, não para!


                                                         
**************



A menina chega a casa e pergunta:
- Mãe o que é uma ninfomaníaca?

Responde a mãe:
- Uma mulher viciada em sexo.

Pergunta a filha:
- E como se chama os homens viciados em sexo?

Responde a mãe:
- HOMENS…


                                                    *************


A jornalista tenta iniciar uma entrevista com um alentejano, que minuciosamente estudava o firmamento, debaixo do chaparro. Então, virando-se para o alentejano, diz:
- Aquele monte além dá trigo?

E o alentejano:
- Nã dá nada…

E, continua a jornalista:
- E dá batata?

E o alentejano:
- Nã dá batata não…

E, mais uma tentativa, a jornalista:
- Então dá centeio?

O alentejano:
- Nã dá nada porra!!

A jornalista, para não desistir da entrevista, faz mais uma tentativa:
- E semeando milho?

E o alentejano responde:
- Ahhh! Semeando já é outra conversa…




Bom domingo. E não esqueçam de atrasar o relógio uma hora esta noite.

23.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLIX



Dez minutos depois, João tinha as duas no seu escritório.

Explicou a situação que estava vivendo e terminou dizendo:

O que eu pretendo é que a Teresa não seja internada. Para isso preciso que a Sandra nos acompanhe ao hospital, fale com a médica e lhe diga que a Teresa vai ter o melhor acompanhamento pois terá sempre a seu lado uma enfermeira para cuidar dela. Leve a sua carteira profissional. Se isso evitar que ela fique internada, a Sandra deixará o serviço no posto médico e passará a cuidar exclusivamente dela. E tu Olga telefonas para a agência com quem costumamos trabalhar pois precisamos contratar mais duas profissionais de enfermagem. Uma para ficar lá em baixo no lugar da Sandra, outra para ficar aqui durante a noite. Não quero que a Teresa fique desacompanhada em nenhum momento.

 - Mas… e o meu trabalho quando a dona Teresa já não precisar de mim? – perguntou Sandra.

- Não se preocupe o seu lugar está garantido no posto médico. A nova enfermeira será avisada de que estará a fazer uma substituição durante um ano.

-E se a Teresa tem mesmo que ser internada? – perguntou Olga.

- Ainda que assim seja, não estará no hospital mais do que uma semana ou duas, até que recupere peso. Voltará para casa e precisará na mesma de quem cuide dela até que os bebés nasçam. E até depois disso, pois cuidar de três crianças ao mesmo tempo, não é tarefa para uma mulher só. Agora a Sandra vem comigo, vou-lhe apresentar a Teresa. Ela quer tomar banho, mas não a deixe fazê-lo sozinha, pode sentir tonturas ou até desmaiar pois segundo a médica disse está muito fraca. E tu Olga vem também. Gostaria que ela pudesse contar com a tua amizade.  Não tem família, e deve sentir-se muito assustada com tudo o que lhe está a acontecer. Além disso, depois enquanto a Sandra cuida da Teresa, precisamos falar. Outra coisa, não quero ouvir ou saber de mexericos na empresa sobre esta situação. Todos os contratos têm uma clausula de confidencialidade, e sinto-me livre para despedir qualquer um que a quebre.

Falava como se a advertência fosse para as duas, mas ambas sabiam que se dirigiam apenas à enfermeira.

Mais tarde depois das apresentações, e de terem conversado um pouco com Teresa ele disse:

- A enfermeira Sandra fica contigo e vai-te ajudar com tudo o que necessitares. Eu tenho que ir lá abaixo ao escritório, tenho uns assuntos a resolver, estarei de volta pelas dez e meia. Estejam preparadas quando voltar para irmos ao hospital. Vamos Olga?

Os dois saíram em silêncio e só quando chegaram ao andar de baixo, junto da secretária de Olga, João disse:

- Vem comigo. Não precisas trazer o bloco, quero apenas conversar.

Já no gabinete, João contou-lhe todas as emoções que sofrera em menos de vinte e quatro horas. Falou-lhe de David, do que ele lhe dissera, do registo de nascimento que lhe trouxera, diferente do seu e da carta que a mãe lhe escrevera e que ainda não tivera coragem de ler. Falou-lhe da emoção que sentiu ao saber que tinha um irmão, e ao descobrir pelas fotos que ela guardara, que afinal a mãe não se desfizera dele como se fosse um traste. Tinha a certeza de que na carta, ela lhe explicaria as suas razões, mas ainda não a lera, pois quando pensava fazê-lo recebera o telefonema da Teresa e depois que soubera que era uma gravidez múltipla e do perigo em que se encontrava, tudo o resto passara para segundo plano.

- Tenho medo que ela não consiga levar a gravidez até ao fim. Está tão magra, parece tão frágil…

-Mas deseja essas crianças com todo o seu coração e fará tudo por elas. Não temas, vai correr tudo bem.  Vou cancelar os teus compromissos para estes dois dias, e assim com o fim de semana, ficarás com quatro dias livres para digerires todas essas emoções. Achas bem?

-Faz isso. E trata do assunto das enfermeiras. É urgente. E que estejam disponíveis para começar hoje mesmo. Agora tenho que ir. São quase dez e meia.

 

21.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLVIII



João dormiu pouco e mal não só porque o sofá era pequeno para o seu tamanho, mas porque levou a noite atento à jovem. Às sete horas levantou-se, foi ao armário buscar as suas roupas e dirigiu-se ao outro quarto para tomar banho e vestir-se.

Voltou ao quarto principal e encontrou Teresa já acordada.

- Bom dia. Vou fazer o pequeno almoço, mas gostaria que me dissesses o que devo fazer para ti.

- Na verdade pensava ir tomar banho primeiro.

- Não acho bem ires tomar banho sozinha. É melhor tomares o pequeno-almoço, estás há muitas horas sem comer. Depois às nove horas quando a Sandra entrar, ela vem para cima e ajuda-te com o banho e com tudo o que precisares. Sandra é a enfermeira. E então, o que te apetece comer?

-  Se tiveres cereais podes preparar-me uma taça, mas primeiro preciso tomar o comprimido do enjoo. Só um quarto de hora depois posso comer – disse abrindo a gaveta e mostrando-lhe a lamela de comprimidos.

Ele foi buscar uma garrafa de água e um copo, e depois que ela tomou o comprimido olhou o relógio.

- Se não precisas de mais nada descansa. Quando forem horas trago-te os cereais.

-Não preciso de nada, obrigado.

Ele saiu e já na cozinha preparou duas sandes mistas, encheu um copo de sumo de fruta e sentou-se a comer.  Quando terminou olhou o relógio e viu que ainda tinha tempo para um café. Depois pegou um tabuleiro colocou-lhe em cima uma taça, juntou a leiteira com o leite bem quente, o pacote de cereais um guardanapo e a colher. Com tudo no tabuleiro voltou ao quarto, e poisou-o em cima da mesa de cabeceira. Logo ajudou-a a sentar-se no leito, arranjando-lhe as almofadas atrás das costas e só depois lhe colocou o tabuleiro no regaço.

- Não preparei os cereais antes de os trazer, porque ficariam moles e suponho que gostes deles estaladiços. Enquanto comes, vou telefonar à minha assistente. Qualquer coisa que precises chama, está bem?

- Desculpa o incómodo, - disse de olhos baixos como se o que ia dizer a envergonhasse - mas podes trazer-me, um balde para aqui? Tenho receio de começar com náuseas e não ter tempo de chegar à casa de banho.

Ele saiu e voltou pouco depois com um balde grande que encontrara na arrecadação do material de limpeza.

- É muito grande, mas foi o único que encontrei. Quando a Sandra vier,  verá o que podes precisar e manda comprar, se não houver lá em baixo na enfermaria. Agora se me dás licença vou telefonar à Olga.

Já no escritório pegou no telefone e depois de saudar a sua assistente pediu.

- Liga para o posto médico e diz à Sandra para vir ter contigo. E quando ela aí chegar venham as duas para cima.

- Aconteceu alguma coisa? Estás doente?

- Não. Mas por favor, faz o que te peço e venham o mais rápido possível. 

Desligou o telemóvel e os seus olhos caíram sobre o envelope fechado em cima da secretária. Pensou que tinha que o ler, mas de momento não tinha serenidade para isso. Abriu a gaveta e guardou-o de novo.

 

19.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLVII

 


Ficou durante alguns minutos observando o seu rosto adormecido.

Apesar de haver apenas um mês que a conhecera, notava grandes diferenças entre aquela jovem frágil e pálida, com a mulher que estivera no seu gabinete quando lhe dissera que era ela quem estava a gerar o seu filho. Também não devia ser nada fácil para qualquer mulher, estar grávida de três filhos. Mas ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para que tudo corresse o melhor possível. E não era só pelas crianças, disso tinha a certeza. Desde a primeira vez que a viu sentiu uma emoção especial e o desejo de fazer dela sua esposa. E essa emoção intensificara-se naquele almoço em Cascais. Jamais conhecera uma mulher como ela. Nos seus trinta e quatro anos de vida, as mulheres sempre o rodearam e o tentaram conquistar, não por ele sabia-o, mas pelo seu dinheiro, pela vida que lhes podia proporcionar. Tereza não tentara seduzi-lo, não tentara tirar proveito do facto de estar grávida dum filho seu. Pelo contrário, fora logo dizendo que tinha o suficiente para dar uma boa vida a um ou dois filhos.

Naquele momento ela suspirou e mexeu-se e ele apressou-se a sair do quarto, não queria acordá-la.

Já no seu escritório, abriu a gaveta da secretária e retirou o envelope castanho que despejou em cima da mesa.  Pôs de parte a certidão de nascimento e começou a analisar as fotografias. Primeiro a mãe com ele ao colo. A expressão embevecida com que a mãe o olhava, os traços do seu rosto. Os olhos rasgados, como os seus e os de David, o rosto redondo, a boca pequena. Era a primeira vez que via uma fotografia da mãe, e chegou à conclusão que era uma mulher bonita. Depois foi olhando as restantes. Todas fotografias suas, cada uma um pedaço da sua história que de algum modo a mãe conseguira. Não acreditava que fosse o pai que lhas mandasse e se fosse a mãe da Olga, decerto esta lhe teria contado.

Também uma página de jornal com uma entrevista sobre o sucesso do seu primeiro jogo “Survive”, e vários outros recortes de imprensa que iam dando conta do seu sucesso.

Todas aquelas fotografias e recortes mostravam-lhe sem sombra de dúvida que contrariamente ao que o pai lhe fizera crer a vida toda, a mãe nunca o esquecera.

Guardou de novo tudo na gaveta sem se atrever a ler a carta da mãe. Olhou o relógio. Meia noite e dez.  No quarto onde tinha decidido que ia ficar, dirigiu-se à casa de banho, tomou um duche e enfiou um robe sobre o corpo nu. Estava habituado a dormir nu, e toda a sua roupa estava no "closet” do seu quarto onde instalara Teresa.

Com cuidado para não acordar a jovem foi lá e enfiou uns boxers sob o robe. Assim vestido voltou ao quarto e estendeu-se no sofá que havia no quarto, um pouco afastado do leito onde a jovem dormia.

Não ia deixá-la  sozinha num quarto estranho. Vamos que se sentia mal durante a noite? Uma vez que não tinha mais ninguém em casa, ele velaria o seu sono e ajudá-la-ia se fosse necessário.

E com este pensamento adormeceu.

Uma hora depois, Teresa acordou com uma necessidade premente de ir à casa de banho. Acendeu a luz da mesa de cabeceira e surpreendeu-se ao vê-lo sentado no sofá.

- Que fazes aí? – perguntou

- Velo o teu sono. Precisas de alguma coisa? Queres que te ajude a levantar?

- Por amor de Deus, João. Vai para a cama. Pese a opinião da médica, ainda sou capaz de ir à casa de banho sozinha.

- Tudo bem, não te zangues. Eu fico aqui quietinho, se prometeres que me chamas, caso tenhas alguma tontura.

- Prometo – disse Teresa levantando-se e encaminhando-se para a casa de banho, pensando que não ia manter uma discussão aquela hora da noite.

 

18.10.20

DOMINGO COM HUMOR



Estavam duas loiras a conversar quando uma diz assim:
- Olha lá. Já participaste num concurso?

E responde a outra loira:
- Eu não e tu?

E a primeira com ar feliz:
- Eu já e ganhei!

- Elahh… E ganhaste o quê? – Pergunta a amiga.

Desvalorizando a primeira loira:
- Um carro com 2 km. Mas não fiquei com ele…

- És parva ou quê? Não ficaste com ele porquê?! – Continuo a amiga.

E responde a loira:
- Hellooooo! Um carro com 2 km… Onde é que eu o ía conseguir estacioná-lo?


                                          ****************


A loira entra na farmácia com um bebé ao colo e pergunta para o farmacêutico:
- Olhe desculpe, eu posso usar a balança de criança para pesar o bebé?

- Infelizmente a nossa balança para pesar bebés está estragada. – Informa o farmacêutico. E continuando:
- Mas nós podemos calcular o peso do bebé se pesarmos a mãe e o bebé juntos na balança de adultos e, em seguida, pesarmos a mãe sozinha. Depois é só subtrairmos o segundo valor ao primeiro!

Exclama a loira abismada:
- Que interessante! Pena que não vai dar certo…

Não percebendo, o farmacêutico pergunta:
- Porquê? Algum problema?

E responde a loira:
- É que eu não sou a mãe do bebé… Sou a tia!


                                                        ***************

Um gago foi ao médico que lhe aconselhou um tratamento que consistia na repetição de trava-línguas. Ao fim de uma semana o gago regressa ao consultório e o médico pergunta-lhe:

- Então está melhor da gaguez?

Responde o gago de imediato e sem hesitar:
- A aranha arranha o arame! O rato roi a rolha da garrafa do Rei da Rússia!

Espantado, diz o médico:
- Ah mas que maravilha, excelente trabalho!

E responde o gago:
- Po-po-pois… Mas on-on-onde é que eu-eu-eu vou usar es-est-esta me-me-m*rda?


                                                   ***************


Numa galeria de arte, dizia uma senhora de idade em voz alta:
- Que horror! Que coisa tão feia! Que mal pintado! Este retrato nem merecia estar numa exposição destas!

Apercebendo-se dos comentários, uma funcionária da galeria aproxima-se da senhora e esclarece:
- Isso não é uma pintura!

-Ah, não?! Então o que é?! – Pergunta espantada a mulher.

Responde a funcionária:
- É um espelho…


                                                ***************


Depois de proferida a sentença, que tinha sido favorável ao réu e ditou a sua liberdade, o seu advogado disse-lhe:
- Acho que a minha defesa foi magnífica! Agora, como homem livre, passe amanhã pelo meu escritório para acertarmos contas.

Responde o tipo:
- Olhe, doutor, neste momento não tenho dinheiro nenhum, mas juro-lhe que o próximo assalto será para lhe pagar…


16.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLVI





Embora Inês estivesse espantada com a casa do empresário, especialmente com aquele átrio à saído do elevador, meio estufa meio sala, não fez qualquer comentário. João abriu a porta e acendeu a luz convidando-as a entrar. Depois conduziu-as até ao fundo do corredor dizendo:

-Será melhor que te deites, deves estar muito cansada. A Inês pode ajudar-te.

-Mas este é o teu quarto, - protestou Teresa.

-Agora é o teu. É o maior,  tem mais luz, e dá para o terraço, onde podes apanhar um pouco de sol, quando a enfermeira o aconselhar. Amanhã quando viemos do hospital, se a médica estiver de acordo com o meu plano, mando instalar aqui um biombo e uma cama de modo a que a enfermeira da noite esteja perto de ti se necessitares de alguma coisa.

Pousou a mala no chão e disse:

- Deixo-vos sós para que te possas deitar. Entretanto vou  aquecer-te um copo de leite.

- Mas…

- Sem discussão Teresa. Já viste a casa. Sabes que posso ficar comodamente instalado em qualquer dos outros quartos. E se não te sentes à vontade com a enfermeira no quarto, pudemos comprar um intercomunicador e instalá-la no quarto ao lado. Confia em mim. Farei tudo para que passes uma gravidez o melhor possível.

Quando ele saiu, Teresa sentou-se na cama e começou a despir-se, enquanto Inês abria a mala e tirava uma camisa de dormir, o robe e os chinelos

Ajudou-a a trocar a roupa e depois perguntou:

- Consegues ir sozinha à casa de banho?

- Claro. Podes trazer-me os meus objetos de higiene?

- Já os tenho aqui - disse mostrando a bolsa.

Só na casa de banho, Inês se atreveu a comentar o que lhe ia na cabeça.

- Menina, que casa! Nunca imaginei nada igual. E que cuidados ele tem contigo. Esse homem está apaixonado por ti.

- Não digas asneiras. Está preocupado com os filhos. Imagina um homem com a sua posição social, sem poder ter descendentes a quem deixar todo o esforço do seu trabalho. E de repente dizem-lhe que vai ser pai, não de um, mas três filhos embora o risco de não ter nenhum seja grande. Ficou apavorado e fará tudo para que nada corra mal. Mas isso não tem nada a ver comigo, muito menos com estar apaixonado, que ideia.

- Pode ser que tenhas razão, mas não estou convencida disso. Se me dás licença vou abrir a cama, e arrumar o resto das roupas. Com tudo isto, já são dez e vinte.

Meia hora mais tarde, já Inês tinha visto toda a casa e despedia-se da amiga que lhe disse:

-Obrigado por tudo. Fica em casa amanhã, precisas descansar. Depois que a doutora Laura me atender, telefono-te.

- Ela disse para estares lá às onze horas, não esqueças, - disse despedindo-se com um abraço

João acompanhou-a até ao parque, onde tinha o carro e quando voltou ao quarto, verificou que Teresa tinha adormecido.

 


15.10.20

O MEDO E O TEMPO




Há dias fui a uma tertúlia de poesia, e lá se falou do medo que aterroriza muitas pessoas por causa da pandemia. Soubemos que alguns colegas da Universidade Sénior viviam tão assustados que se receava que o medo lhes provocasse danos irreversíveis. Como eu sei que muitos visitam este blog, é para eles este vídeo.

14.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLV



- Mas não posso ir para a tua casa!- protestou.

- Porque não, Teresa? Conheces a casa, sabes que tem todas as condições para que fiques bem instalada.  Podes ter duas enfermeiras para cuidar de ti, embora eu o pudesse fazer pelo menos de noite, mas compreendo que não te sintas à-vontade sozinha comigo. Depois há uma coisa que não podes esquecer, as crianças que carregas no ventre são também meus filhos. Ninguém pode querer protegê-las mais, do que nós dois. E juntos somos mais fortes.

- O João tem razão, - disse Inês. – Se ele pode ter duas enfermeiras a cuidar de ti, tenho a certeza que a doutora Laura Aguilar, vai achar preferível que estejas em casa. Depois ela pode dar todas as indicações por escrito para as enfermeiras.

-Está bem, se a médica achar melhor eu vou para tua casa. Mas hoje fico aqui.

- Então eu também fico – disse Inês. - Já avisei o Gustavo de que se não aceitasses ir lá para casa, eu dormia aqui, pois não te vou deixar sozinha, depois do que a médica disse.

- Não senhora. A Inês vai para casa, eu fico com ela. Preferia levá-la para minha casa, mas se ela quer ficar aqui, eu também fico. Não é justo a Inês prejudicar a sua família por nossa causa:

- Está bem, vocês ganharam. João esperas na sala enquanto a Inês me põe na mala o que preciso e me visto?

-Claro.

Voltou costas e saiu do quarto.

Inês tirou de cima do guarda-fato a mala que colocou em cima da cama, e começou a guardar nela algumas roupas enquanto Teresa ia à casa de banho.

Quando voltou, despiu a camisa e enquanto se vestia, pediu à amiga.

- Guarda-me o vestido azul, e as sandálias da mesma cor para eu levar amanhã ao hospital. Além disso e da roupa interior põe na mala só camisas de dormir, pijamas e dois robes. E os meus objetos pessoais, que estão na casa de banho. Se vou passar o tempo na cama, não preciso de mais.

- Não me tinhas dito nada que já conhecias a casa dele, - disse Inês enquanto guardava as roupas na mala.

- Não foi de propósito apenas não se proporcionou a conversa. Foi no sábado depois do almoço. Acreditas se te disser que vive no último andar da empresa? Convidou-me a conhecer a empresa e de súbito estávamos em sua casa?

- E depois? Que aconteceu? - perguntou a amiga.

- Nada de mais. Conversámos um pouco na sala, e depois mostrou-me a casa. Convidou-me para lanchar, mas eu disse que tinha que tomar as vitaminas e ele trouxe-me a casa.

Inês fechou a mala e perguntou:

- Não te esqueces de nada? Os documentos?

- Estão aqui, - respondeu mostrando a carteira.

Teresa, saiu para a sala. Inês, pegou na mala, apagou a luz do quarto e seguiu-a.

Na sala, João tirou-lhe  a mala das mãos e disse:

-Se a Inês puder acompanhar-nos agradecia. Tenho a certeza de que a Teresa ia gostar. Aproveita, fica a conhecer a casa e pode sempre que quiser e puder ir visitá-la.

-Claro, eu sigo-vos no meu carro. Assim,  quando a Teresa estiver instalada regresso a casa.

Saíram e seguiram para o elevador.

Já na rua, João abriu a porta do carro, ajudou Teresa a sentar-se, colocou a mala no banco de trás e foi sentar-se ao volante. Arrancou depois de olhar pelo espelho  retrovisor e ver que Inês se encontrava pronta a segui-lo.

 

12.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLIV



Atendeu ao terceiro toque.

- Olá Teresa, que feliz coincidência. Estava a pensar ligar-te para saber como estás.

-Estou bem, mas preciso falar contigo. Podes vir a minha casa?

- Claro, vou já para aí. Mas … aconteceu alguma coisa?

- Nada de grave, só que preciso de conversar contigo, ainda hoje.

- Vou a caminho, até já.

Desligou a chamada, e pouco depois Inês entrava com um tabuleiro com o jantar.

- Acabei de telefonar ao João Teixeira. Uma vez que vou ser internada amanhã, quero falar com ele hoje,  e não é notícia que se dê por telefone - disse sentando-se e enquanto a amiga lhe ajeitava as almofadas nas costas para lhe por o tabuleiro com o jantar no colo.

- Bom, então é hoje que eu vou conhecê-lo. Mas agora quero isso tudo comido antes que arrefeça, ou que ele apareça e já não comas. Sabes bem o que a médica disse.  E não te preocupes nem tentes levantar-te, que eu abro a porta quando ele chegar. Entretanto vou telefonar ao Gustavo.

- E fizeste alguma coisa para o teu jantar? – perguntou Teresa, quando a amiga já ia saindo do quarto.

- Não te preocupes, encomendei uma pizza, deve estar a chegar.

Dois minutos depois a campainha tocou e logo depois Inês apareceu com a caixa da pizza na mão. 

-Vou jantar enquanto a tua visita não chega.

Quinze minutos depois, quando João chegou, já Teresa tinha jantado, e encontrava-se no leito, meio deitada meio sentada, recostada em almofadas.  Ela tinha desejado levantar-se e recebê-lo na sala, mas Inês não deixou, argumentando que ela não tinha que ter vergonha, afinal no dia seguinte seria internada e ele decerto iria vê-la deitada no hospital.

Se ele estranhou ver uma desconhecida abrir-lhe a porta, não o demonstrou. Limitou-se a dizer:

-Boa noite. Venho visitar a menina Teresa Sobral.

-Boa noite. Venha, ela está à sua espera.

Inês acompanhou-o ao quarto e preparava-se para se retirar quando Teresa lhe pediu para ficar.

- João, apresento-te a minha melhor amiga e comadre, Inês Machado.  Inês, este é João Teixeira, o pai biológico.

Esperou que os dois se cumprimentassem, e continuou.

-João, o que tenho para te contar não é fácil por isso prefiro que a Inês fique aqui. Mas por favor sentem-se - disse indicando com a mão a cama. Desde  há duas semanas que não me sentia muito bem, mas desde sábado, praticamente tenho vomitado tudo o que como. Tinha-te dito que iria marcar consulta com a minha ginecologista, mas ela está de férias, então a Inês conseguiu consulta com a médica dela. Tive consulta esta tarde e… nem sei como dizer-te.

- Que se passa? Alguma má formação do bebé? Tens que abortar? – perguntou levantando-se.

-Não. O que se passa, é que em vez de um bebé, eu estou a gerar três; e como ultimamente tenho passado mal e não tenho conseguido alimentar-me como deve ser, tenho perdido peso e a médica quer internar-me amanhã, pois se não recuperar rapidamente peso, posso vir a abortar.

- T…rês? – Gaguejou ele deixando-se cair pesadamente sobre a cama. - Meu Deus! Tens a certeza?

-Temos. Ouvimos os seus corações a bater - disse Inês.

- Mas porque é que vais ser internada?

- Porque é uma gravidez de alto risco, a médica diz que preciso repouso absoluto, ganhar peso e ter alguém que cuide de mim, e não tenho ninguém.

- Eu cuido de ti. A Inês arranja uma mala com aquilo que achares que precisas, e vais comigo.  Amanhã acompanho-te à médica e pergunto-lhe se podes ficar em casa. Sabes que tenho um posto médico com enfermeira diariamente e médico uma vez por semana, no edifício. Pois bem ela cuidará de ti de dia e contratarei outra enfermeira  para a noite. Não te preocupes vai correr tudo bem.

 

 

 

11.10.20

DOMINGO COM HUMOR


O Manel casou-se com uma linda mulher e, furioso, volta para casa da mãe no dia seguinte:
- Manuel?! O que aconteceu? – disse-lhe a mãe, surpresa.

Responde o filho:
- Ora pois, mãe… Depois da festa de casamento, levei a Maria para o hotel e fui para a cama com ela. Bom… nós íamos fazer amor, quando eu descobri que ela é virgem!

Responde espantada a mãe:
- Uma virgem? Quem diria, como é que pode?

O filho, continuando a justificar-se:
- Então eu decidi ir embora e nunca mais olhar para a cara daquela mulher.

E a mãe, como boa mãe que é:
- E fizeste tu muito bem filho, o que não serviu para os outros também não serve para ti!


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Depois de passar a noite com a amante, o sujeito entra em casa e percebe que está com um arranhão na cara. Vendo o gato estendido no sofá, ele tem a brilhante ideia de dar um piparote no bichano, que solta um desesperado Miauuuuu!!!

A mulher acorda assustada e pergunta:
- Que barulho foi esse?

Responde o marido, fazendo uma cena:
- Foi o estupor do gato! Entrei em casa e ele atirou-se a mim arranhando-me todo!

E, concordando a mulher:
- É verdade! Este gato está impossível! Olha só o chupão que ele me deu no pescoço…


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Na escola a professora tentava puxar pelo espírito criativo da turma.
- Luisinha, és capaz de nos dizer alguma coisa em verso?

E responde a menina:
Fui à praia
apanhar conchinhas
veio uma onda
molhou-me as coxinhas!

Diz a professora:
- Muito bem. E tu, Joãozinho, também serás capaz de rimar de improviso?

- Claro, Sra. Professora. – responde prontamente o Joãozinho.

- Então diz lá. – desafia a professora

Diz o Joãozinho:
Fui à praia
apanhar mexilhões
veio uma onda
molhou-me os… tornozelos.

- Mas isso não rima!!! – corrige a professora.

E responde o Joãozinho:
- Pois não, porque a maré estava baixa .


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A loira acabou de sir do banho e diz para o marido:

-Descobri finalmente o que me faz engordar. É o shampoo!...

No rótulo está escrito:

"Para dar corpo e volume"

Está decidido

A partir de hoje só vou usar detergente da loiça. 

 O rótulo diz:

"Elimina até as gorduras mais difíceis"


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Dois alentejanos pasmam-se a folhear o catálogo da La Redoute

- O compadre Toino já viu estas gajas tão boazonas?

- E mais baratas que as gajas que andam no engati lá na estrada.

- A este preço tenho vontade de mandar vir uma ou duas...

- Força compadre Manéli!

Quinze dias depois os compadres encontram-se de novo.

- Então compadre Manéli? Tem notícias das gajas do livro?

- Já não devem tardari. As roupas já chegaram!