Depois das festas de Natal, António aconselhou-se com o cunhado sobre como aplicar o dinheiro, de forma rentável de modo a que pudesse não só multiplicar a sua fortuna, como vingar-se do seu ex-patrão, pois essa ideia era como uma droga no seu espírito. Ele acreditava que o seu pai morrera por causa do desgosto de pensar que o filho se tinha apropriado do que não lhe pertencia.
O cunhado era de opinião que há duas coisas de que o ser humano não abdica nunca. De comer, porque se o não fizer morre, e de querer parecer importante, estar bem na vida. E para isso, procura três coisas. Bons restaurantes, uma boa casa e um automóvel de luxo. Essencialmente o automóvel, pois quanto mais luxuoso, mais importância se dá a quem o tem.
E foram esses os seus primeiros investimentos. Um
restaurante e um “stand” de
automóveis. Ele mesmo, procurou mercados onde encontrar os melhores e mais frescos ingredientes ao melhor preço,
para o restaurante, escolhera o chefe e os empregados. E estabeleceu além do
ordenado, um prémio extra para cada um, se o restaurante obtivesse determinados
objetivos. Esse incentivo criou neles o desejo de serem cada vez melhores e
aumentarem cada vez mais a faturação. E três meses depois da inauguração, para se poder almoçar ou jantar no "Cozinha Portuguesa", já era
necessário marcar mesa com uma semana de antecedência. Então abriu outro, numa
cidade vizinha. Sempre com o mesmo método, e o mesmo nome, foi criando uma cadeia de
restaurantes, nas principais cidades do país. Em três anos, os restaurantes "Cozinha Portuguesa" eram reconhecidos em todo o país, como símbolo de bom gosto e qualidade. O negócio dos carros também ia muito bem. Meio ano depois do seu regresso, António fora procurado por Júlio Correia, o seu ex companheiro de apartamento e de fortuna. Júlio queria tornar-se sócio no negócio dos automóveis, e assim não só tinham expandido o negócio a outras cidades, como o tinham alargado ao aluguer de carros.
Três anos após o seu regresso, António Ferreira, quase duplicara a sua fortuna inicial, e transformara-se num dos empresários mais bem sucedidos do país.
Três anos após o seu regresso, António Ferreira, quase duplicara a sua fortuna inicial, e transformara-se num dos empresários mais bem sucedidos do país.
Sempre assessorado pelo cunhado, a quem contratara os seus serviços de advogado, oferecendo-lhe além de um bom ordenado uma participação de cinco por cento nos negócios, o empresário aprestava-se
para se envolver no negócio das imobiliárias, comprando uma pequena empresa que
se encontrava insolvente. Nos dois anos que se seguiram, usou de uma política agressiva na imobiliária, não só em prol do seu crescimento, mas também visando afundar a
empresa do seu inimigo. Agora, a sua empresa era a maior e mais importante do
país. E finalmente estava prestes a vingar-se do homem que dezassete anos antes, lhe destruíra a
honra e causara a morte do seu pai. Mas para além de arruinar o seu ex-patrão, António tinha um sonho. Casar-se com a jovem Paula única filha do seu inimigo.
Ele conhecera Paula, há quase dezoito anos, quando trabalhava nos escritórios do pai dela. O Jorge, era viúvo, e costumava levar a filha para o escritório, quando a ia buscar à escola. Paula teria na altura, nove ou dez anos. Era uma garota tímida, alta e sem graça, mas que tinha os mais belos
olhos verdes que ele já vira. E também os mais sofridos. Às vezes, António quase sentia uma necessidade premente, de abraçar a miúda e tentar por um pouco de alegria naqueles olhos. Depois que fora
despedido, nunca mais a vira, até há cinco anos atrás quando do seu regresso de Paris, se cruzou com ela no Banco. Era uma mulher muito bonita, que caminhava com
segurança, em nada fazendo lembrar a menina tímida que ele conhecera, exceto
nos olhos.
Reconhecera-a imediatamente. E se em criança os seus olhos
o impressionavam, naquele dia deixara-se enfeitiçar.
Desde esse dia, as suas fantasias passaram a ter um nome.
Paula Maldonado.
E ele passou a sentir-se um homem dividido. Por um lado, pensava na jovem, como alguém a quem amar, uma companheira para a vida, a quem desejava fazer feliz, sem qualquer esquema de vingança.
Por outro lado, casar com a filha do homem que o considerava ladrão, era mais uma forma de se vingar do seu ex-patrão.
E ele passou a sentir-se um homem dividido. Por um lado, pensava na jovem, como alguém a quem amar, uma companheira para a vida, a quem desejava fazer feliz, sem qualquer esquema de vingança.
Por outro lado, casar com a filha do homem que o considerava ladrão, era mais uma forma de se vingar do seu ex-patrão.
A recuperação do meu olho, continua muito lenta. Tanto que por vezes chego a duvidar das melhoras. Continuo com o tratamento e os cuidados que o médico recomendou.