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31.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXVI



Olhou o relógio. Quase meio dia. Pousou o livro na mesinha em frente ao sofá e ia levantar-se para preparar o almoço, quando o telemóvel tocou.

- Estou…

- Bom dia, Teresa! Sou o João Teixeira. Podes atender, ou estás muito ocupada?

Não precisava ter-se identificado, apesar de só terem conversado uma vez ela reconheceu de imediato a voz grave e um pouco rouca do empresário

-Posso atender.

-Como estás?

- Estou bem, só um pouco surpresa, não estava à espera da tua chamada, tão cedo.

-Cedo? Mas é quase hora de almoço…

- Não me referia à hora...

- Eu sei. Estou a ligar, para saber como vais: E também para te fazer um convite. Na Sexta-feira, vamos lançar um novo jogo de computador. É a continuação de um jogo lançado há anos e de grande sucesso, pelo que este está sendo esperado com grande expectativa e vai ser lançado em simultâneo em vários países. Vamos fazer aqui uma festa e gostava que viesses. Não poderei ir buscar-te, mas mando um motorista apanhar-te na morada que me indicares. Vens?

- Desculpa recusar o convite, mas deves compreender que não me sentiria bem numa festa onde não conheço ninguém a não seres tu, se é que podemos dizer que nos conhecemos. Além de que nunca fui muito amiga de festas e na atualidade a única coisa que quero é descansar. De qualquer modo obrigado pelo convite.

- Para te ser sincero, não fosse a minha presença obrigatória, enquanto criador do jogo, e também não iria.  De qualquer modo, não podemos criar uma relação de amizade, se não nos encontrarmos de vez em quando. Aceitas jantar comigo no sábado?

- Desculpa mais uma vez, mas ando muito sonolenta, deito-me com as galinhas, como dizem na aldeia.

- Nesse caso trocamos o jantar pelo almoço.

- Não acho que seja uma boa ideia. És muito conhecido, se algum jornalista nos vê juntos começam logo a querer saber quem sou, o que faço, e quando descobrirem que estou grávida nunca mais me deixam em paz.

- Confia em mim.  

- Nunca desistes?

- Daquilo que é importante para mim, nunca.

- Está bem.

- Está bem o quê? Eu não desistir ou tu almoçares comigo?

- Está bem, almoço contigo.

-Então sábado vou buscar-te ao meio-dia. Tens que me dar a morada.

- Vais dizer-me, que sendo tu um expert de computadores, não sabes já onde moro?

- Se vamos ter um filho, e por ele vamos ter que conviver, a primeira coisa que temos de aprender é a confiar um no outro. Eu disse-te que confiaria em ti, recordas-te? Logo por muita vontade que tivesse de verificar as informações que me deste ou de descobrir a tua morada, não o faria, pois isso seria uma prova de que não confio em ti, ou não sou de confiança.

Embora incrédula ela deu-lhe a morada e despediram-se depois dele confirmar que a iria buscar no sábado ao meio-dia.

30.8.20

HUMOR AOS DOMINGOS


O Joãozinho regressa da escola. Entra no autocarro e senta-se atrás do condutor. Começa a cantar ....

- Se o meu pai fosse um porco, a minha mãe uma porca, eu era um porquito.

- Se o meu pai fosse um cão, a minha mãe uma cadela, eu era um cãozito.

O Condutor começou a ficar irritado com a música dele, e virou-se para o miúdo e disse:

- Se o teu pai fosse um estúpido, a tua mãe uma estúpida, o que eras tu?

E diz o Joãozinho de repente com grande orgulho:

- Seria o condutor deste autocarro!...



                                                    *************

O garoto chega a casa   depois dum exame:

-Oh mãe, chumbei a geografia por não saber onde estava o oceano Atlântico.

-Vês,  como tenho razão quando te digo que és um desarrumado.


                                              **************

Num autocarro uma senhora começou a gritar: - Ladrão! Ladrão! Roubou-me o porta-moedas! Acodem as pessoas e uma pergunta-lhe: - Mas onde é que tinha o porta-moedas?

-Aqui - diz a senhora, metendo a mão entre a blusa e o seio.
- Então e a senhora não sentiu o ladrão meter a mão?
- Sentir.. senti... mas pensei que era com boa intenção.


                                                            ***************


Numa convenção subordinada ao tema "sexualidade", o orador a páginas tantas questiona a audiência:

- Quem é que daqui, faz amor todos os dias, levante o braço.
Vários braços se levantaram.
De seguida, continua o orador:
- Podem baixar. Quem é que daqui, faz amor uma vez por semana, levante o braço.
Mais alguns braços se levantaram.
- E quem é que daqui, faz amor uma vez por mês, levante o braço.
Mais alguns braços se levantaram.
Podem baixar. E quem é que daqui, faz amor uma vez por ano?
Ninguém se mexia. Nisto um homem bem no fundo da audiência levantou o braço todo contente e disse:
- Eu! Eu faço amor uma vez por ano! Eu!...
Diz-lhe então o orador:
- Então o senhor faz amor uma vez por ano e está todo contente?
- É que calha hoje!...  calha hoje!...- respondeu o homem.


                                                     *************

A noiva era uma jovem aldeã muito ingénua

Na manhã seguinte à noite de núpcias, olha admirada para o marido nu, e pergunta:
- Querido, essa coisa que tens aí pendurada é a mesma que usaste ontem à noite comigo?
- É sim, meu amor!
- Ena pá, só uma noite e já se gastou mais de metade?


                                                    **************


 No pátio do manicómio há um maluco que está a rir-se sozinho. Outro maluco aproxima-se e diz-lhe:

— Porque se ri  tanto?
— Bom, eu conto anedotas a mim mesmo e acabo de contar uma que ainda não conhecia!

28.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXV

 





Duas semanas e três dias depois…

Teresa encontrava-se sentada no sofá da sua sala.

No regaço tinha um livro aberto, “A Bíblia da Gravidez”, mas o olhar perdia-se no espaço, para além da janela, e o pensamento recordava a conversa tida, com o pai biológico do seu filho. Saber quem era, tinha as suas vantagens, sabia que o bebé tinha os genes de um homem inteligente, empreendedor, e porque não reconhecê-lo? - bonito. Por outro lado, agora em sossego permitia-se interrogações que na altura não lhe surgiram, e que eram uma preocupação acrescida. Ele dissera querer fazer parte da vida da criança, antes mesmo do seu nascimento. Queria acompanhá-la às consultas, às ecografias e no parto. Estava no seu direito, se ela fosse casada ia querer ter o marido consigo nessas alturas. O problema, é que o pai biológico do seu filho era alguém completamente desconhecido. Como é que ela ia permitir situações que lhe iam expor parte do seu corpo? Ainda que os dois viessem a desenvolver uma relação de amizade, uma mulher não partilha a sua intimidade com os amigos. Como é que não lhe ocorrera isso durante a conversa? E como ia agora abordar o assunto com o empresário?

Será que estava a ser demasiado pusilâmine? Afinal ia fazer trinta anos, não era uma adolescente. “Uma adolescente hoje em dia, sabe mais da vida, e das relações íntimas que tu” segredou-lhe uma vozinha na sua cabeça. E era verdade.

Crescera a ouvir a sua avó a dizer-lhe que não devia confiar nos homens, que eles eram seres egoístas, incapazes de amar. “Olha para a tua mãe, rapariga. Não lhe bastava o meu exemplo, nem o desprezo do pai que desde que nos abandonou, nunca mais se lembrou que tinha uma filha. Tinha que se deixar enrabichar por uma cara bonita e meia dúzia de palavras estudadas para a iludir. E o que é que ganhou com isso? Um coração cheio de amargura e uma filha para criar”.

A sua mãe, nada dizia, mas tantas vezes a viu chorar, que sem se dar conta, o seu inconsciente foi criando barreiras que a afastavam do sexo oposto, desde muito nova. Mais tarde, já na cidade, a frequentar a Universidade, e vendo as colegas felizes com os seus namorados, desejou ser como elas, e durante algum tempo tentou cultivar amizades com os rapazes do seu curso.  No segundo ano aceitou até as juras de amor do Alfredo, um colega dois anos mais velho, que pouco depois, estava a tentar levá-la para a cama. Teresa, achava que ainda era muito cedo, recordava a história da avó e da mãe, e tinha medo de entregar a sua virgindade, sem que a relação fosse mais séria. Porém numa festa de anos de outra colega, bebera mais que a conta, e acabara sendo convencida. E não podia ter sido pior. Não só porque estava bêbada, e não se recordava de parte do que acontecera, mas também porque a atitude do namorado depois disso mudou por completo. Ele só queria ter sexo, e um tanto arrependida, Teresa disse-lhe que não voltaria a ir para a cama com ele enquanto não tornassem oficial o noivado. A resposta foi como uma facada no peito. Alfredo disse que não ia haver noivado nenhum, não tinha idade para se prender, numa relação dessa natureza. Mais, disse-lhe que ela era uma antiquada, e que ninguém espera casar com a primeira pessoa com quem dorme, isso era no tempo dos seus avós ou bisavós. Teresa convenceu-se então de que os príncipes só existiam nas histórias para crianças. Na vida real só existiam sapos. Mais, pensou que a sua avó sempre estivera certa, e jurou a si própria, que nunca mais daria poder a um homem algum, para lhe causar sofrimento. Felizmente que no ano anterior, a tia-avó Julieta, condoída do sofrimento que tinha todos os meses, a convencera a ir a uma consulta de ginecologia, e a médica a aconselhara a tomar a pílula, para evitar esses incómodos. Não fora isso e talvez, ela se visse, aos vinte e um anos, na mesma situação da mãe e avó. Essa fora a razão, que na hora em que decidira ser mãe a levou a tomar a decisão de procurar o Centro Médico e recorrer à doação de espermatozóides e à Inseminação Artificial, na altura em que achou ter chegado a hora de cumprir o seu sonho de ser mãe.

 

26.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXIV



-Enquanto ela tentava convencer-me, de que teria que lhe dizer o assunto que ali me levava, avancei para a porta e abri-a sem lhe dar tempo para sair do seu lugar e me impedir.
-Oh! Foi muito arriscado!
- Eu sei. Ela pediu desculpas ao chefe e perguntou se chamava os seguranças para me porem na rua, mas felizmente ele resolveu que me dava uns minutos de atenção.
- Meu Deus, mulher!  E não tiveste medo? E como é ele? Pareceu-te uma pessoa compreensiva? O Gustavo diz que é um homem duro.
-Eu sei, também mo disse. Confesso que quando me sentei na sua frente, de súbito recordei a conversa com o teu marido e temi ter-me precipitado, não sabia bem como dizer-lhe ao que ia. Porém quando ele me disse que estava à espera, como quem diz que não tem tempo a perder, respondi-lhe que eu também estava à espera e ia esperar por nove meses, se tudo corresse bem.
Inês olho-a espantada. Abriu a boca e tornou a fechá-la, sem se atrever a interrompê-la.
 -Claro que ele ficou surpreso, quis saber quem eu era e aí contei tudo. E sabes que mais? Não me pareceu o bicho papão que me pintaram no Centro Clínico. É um homem duro, sim. Provavelmente por tudo o que lutou para chegar onde chegou. Mas também é um homem educado e compreensivo, que acedeu ao que lhe pedi.
- O quê vai desistir da criança?
-Por favor, Inês, não insultes a minha inteligência. Tu achas que eu lhe ia pedir semelhante coisa?
- Então?
- Pedi-lhe para acabar com as investigações, para deixar os tribunais fora do caso, falei-lhe da quantidade de abortos durante os três primeiros meses, e prometi-lhe que depois de passar essa fase, nos reuniríamos para discutir o futuro, tendo em conta o bem da criança.
-E ele?
- A princípio, pareceu renitente. Como se pensasse que eu aproveitaria estes três meses para fugir deixando-o de fora da vida do filho. Mas depois de mais de uma hora de conversa penso que ele confiou em mim. Sempre pensei ser mãe solteira, porque na verdade não acredito no amor, nem confio nos homens. Desde menina aprendi que o amor traz sofrimento, vi muitas vezes a minha avó chorar em silêncio a dor do abandono do meu avô. E que dizer da traição do homem que me gerou, com falsas promessas de amor, e sonhos de uma vida a dois, que nunca pensou concretizar? Talvez por isso nunca me tenha apaixonado, e no meu sonho de futuro, só entravam eu e o meu filho, ou filha, sem qualquer figura paterna à nossa volta. Acontece que a vida resolveu armar-me uma cilada, e meteu-nos aos dois na mesma armadilha. Para que consigamos sair dela sem muitas feridas, não pudemos lutar um contra o outro desperdiçando as nossas forças. Temos que nos unir e tentar sair dela com o mínimo de feridas possíveis. Foi isso que tentei fazer-lhe entender e creio que o consegui.
- Sempre te achei uma mulher de coragem, mas nunca como hoje tive tanta certeza disso – disse Inês.
- Bom, agora que já te contei o que se passou, deixo-te só para que tomes contacto com este gabinete, que vejas como estão organizadas as pastas, etc. A pastelaria tem uma página na Web, e uma conta de email, o endereço eletrónico está nesta agenda, e encomendas e faturas podem chegar pelo correio normal ou por email. Mas tudo o que chegue por email, independentemente da pasta eletrónica onde o arquives, tiras uma cópia em papel e arquivas na pasta correspondente. Pode parecer um pouco arcaico, mas é essencial, se houver uma falha de Internet, ou se por engano apagares o original. Com uma cópia em papel nunca ficas sem essa informação. Mas o teu pai virá para aqui logo que possa e ajuda-te. Bom trabalho.


25.8.20

PORQUE ME APETECE


Hanine - Nostalgia / حنين - نوستالجيا


Desculpem mas estou há dois anos sem férias, com dias em que pareço o Mister Magoo, e várias doenças na família, além de cuidar de duas meninas que me dão água pela barba que não tenho, por isso vou recorrendo à música e à dança para me animar. Espero que vocês também gostem. 

24.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXIII



- Para ser sincera é bem mais do que tinha pensado. Não creio merecer tanto, nem quero que em nome da nossa amizade, fiques prejudicada.
- Não te preocupes. Pesquisei no mercado, e é o que teria que pagar a outro qualquer profissional que contratasse para o lugar. Vou passar um email para o advogado pedindo-lhe que elabore o teu contrato, por um prazo de um ano, renovável por igual período se quiseres continuar. Ontem dissestes que pensavas arranjar um trabalho apenas por dois anos, pois pensas num segundo filho depois disso. O teu pai vai ajudar-te nos primeiros dias, ele conhece o funcionamento da empresa tão bem ou melhor que eu. De resto estou certa de que em breve estarás dentro de todos os assuntos.
- E tu que farás agora? Sempre adoraste este trabalho.
-É verdade. Porém tenho muitas coisas para resolver. Até passar estes primeiros três meses, vou dedicar-me a descansar, e a ler todos os livros que comprei sobre gravidez e cuidados com os recém-nascidos. Depois tenho que contratar uma empresa, que me desocupe o quarto que era da minha tia, que como sabes tem ligação direta ao meu, mobilá-lo e passar para lá a fim de decorar e mobilar o quarto do bebé onde agora tenho o meu. Espero que me ajudes nisso. Ainda não decidi se vou ou não vender um terreno que tenho na aldeia. Há uma pessoa interessada nele, talvez consiga um bom preço. Tinha sonhado construir lá uma pousada, a aldeia é muito bonita, os ares são maravilhosos, e está situada a menos de um quilómetro de uma das melhores termas nacionais. Era a maneira do meu filho, ou filha crescer em contacto com a natureza. Porém as obras de ampliação da pastelaria, consumiram praticamente todo o meu dinheiro, e eu não quero recorrer a empréstimos. Depois com a situação atual, tudo mudou. Não sei mais o que posso ou devo fazer. A propósito, ainda não sabes, mas ontem à tarde fui à TecnInformática, conheci o João Teixeira e tivemos uma longa conversa!
- Depois que saíste lá de casa? E eu que pensava que estavas em casa a descansar do desgaste emocional. Conta-me tudo!
-Sabes que não consigo dormir sobre os problemas. E viver diariamente com o medo de ser descoberta e de a imprensa criar uma novela à minha volta, não faz de modo algum o meu género. Então meti-me no carro e dirigi-me à empresa.
-Assim, sem mais nem menos, sem sequer um telefonema a marcar uma entrevista?
- Se telefonasse para marcar uma entrevista, provavelmente ia perder a coragem antes da hora dela, isto claro, se ma marcassem, já que teria de ter um assunto muito importante para tratar com ele e não podia dizer pelo telefone a uma secretária desconhecida o que se passava. Claro que corri o risco, de chegar lá e ele não estar na empresa, mas joguei verde para colher maduro como dizem lá na aldeia.
- O que fizeste? – perguntou Inês visivelmente interessada.
-Disse ao porteiro que tinha uma entrevista com ele às dezasseis horas. Se ele não estivesse o empregado ter-me-ia dito e eu inventava uma desculpa qualquer, como ter trocado o dia da entrevista por exemplo e vinha-me embora. Mas ele só me pediu a identificação e mandou-me subir, ao quinto andar onde fica o escritório dele.
Fez uma pequena pausa que Inês não se atreveu a interromper e continuou:
- Até aí tinha corrido tudo bem, mas claro que antes de chegar até ele tinha a parte mais difícil. Convencer a sua secretária a deixar-me entrar sem marcação alguma.
-E o que fizeste?


23.8.20

DOMINGO COM HUMOR




Duas Loiras conversam:
-Sabes, eu sou muito inteligente!
Meti soalho flutuante em casa; agora quando houver inundações não sujo a casa!
- Mas querida, desse modo bates com a cabeça no tecto!
- Julgas que não pensei nisso? Pus tecto falso!!!

                                             *************

O Manuel e Maria já entraram nos oitenta. Manuel comprou um par de sapatos e chega a casa todo contente:
- Maria o que achas?
- Acho de quê?
- Não notas nada de diferente?
- Não...
Manuel vai ao WC, despe-se e volta apenas com os sapatos novos calçados.
- E agora? Já notas alguma coisa diferente?
- Não, o "coiso" continua pendurado para baixo, assim como estava ontem e como estará amanhã!
- E sabes porque é que ele está pendurado para baixo?
- Porquê?
- Porque ele está a olhar para os meus sapatos novos!
- Oh homem, devias ter comprado um chapéu ...


                                                  ***************


Uma mulher leva um bebé ao pediatra.
Depois de alguns momentos na sala de espera, a enfermeira manda-a entrar no consultório.
Depois da apresentação, o médico começa a examinar o bebé e vê que o seu peso está abaixo do normal e pergunta:
- O bebé bebe leite materno ou de biberão?
- Leite materno, diz a senhora.
- Então, por favor mostre-me os seus seios.
A mulher obedece e o médico toca, apalpa, aperta ambos os seios num exame detalhado:
- Pode vestir a blusa.
Depois da senhora estar novamente composta o médico diz:
- É claro que o bebé tem peso a menos. A senhora não tem leite nenhum.
- Eu sei, doutor. Eu sou a avó. Mas adorei ter vindo à consulta...


                                                     ************


Na catequese a freira pergunta:
- Qual é a parte do corpo que chega primeiro ao céu?
Uma menina levanta o braço e diz:
- As mãos, irmã.
- E porquê ?
- Porque quando rezamos, elevamos as mãos ao céu.
Nesse instante, Joãozinho pede licença à professora e contesta:
- Não são as mãos! São os pés!
- Os pés, Joãozinho? E porquê? - pergunta a freira.
- Bem, esta noite, fui ao quarto dos meus pais. A minha mãe estava com as pernas levantadas, os pés no ar, e gritava: Meu Deus, meu Deus, estou indo... estou indo... Ainda bem que o meu pai estava em cima dela, segurando-a, porque senão ela ia mesmo...


                                                    ************

Um grupo de alentejanas decidiu fazer uma viagem à capital. Quando iam em plena auto-estrada duas delas dirigem-se ao motorista e dizem-lhe :
"Sr. motorista, estamos aflitas p'ra fazer xixi, tem de parari imediatamente".
O homem responde :
"Minhas senhoras, é impossível parar, estamos na auto-estrada , paramos depois numa estação de serviço. "
" Nem pensar, pari já ou mija-mo-nos todas ".
O motorista andou até que viu um pequeno caminho de terra, perto do Montijo que ia dar a um cemitério e meteu por ali. As senhoras saíram a correr, entraram no cemitério e quando lá chegaram uma delas já estava toda mijada e deixou lá as cuecas, a outra com a pressa rebentou o elástico das cuecas mas viu um fita num ramo de flores e atou-a à volta das cuecas. Passaram-se dias depois desta viagem, encontraram-se os maridos e comenta um deles para o outro :
" Compadri, mulher minha nã volta a Lisboa. Atão não é que voltou sem cuecas ? ".
diz o outro :
" Pior foi a minha, que trazia nas cuecas uma fita a dizêri  " ETERNA SAUDADE DOS AMIGOS DO MONTIJO"

21.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXII




Cumprimentou as empregadas, e os poucos clientes que havia aquela hora, e dirigiu-se à cozinha, onde se encontravam Hugo o padeiro, Mário o pasteleiro, e os três ajudantes Maria, Acácio e Alfredo. Depois de os cumprimentar, perguntou:
-Como correram as coisas por aqui durante a minha ausência?
- Se exceptuarmos o maior movimento no sábado por termos fornecido os doces e o bolo de casamento para a Quinta do Marquês, nos outros dias o movimento foi o habitual nesta altura do ano - respondeu Mário.
- Bom, quero dizer-vos que durante uns tempos vou ficar afastada. Daqui a pouco chegará a pessoa que ficará a gerir o negócio. Trata-se da Inês, a minha amiga, que todos conheceis, até por ser filha aqui do Mário. Quero que todos vós, a tratem com o mesmo respeito com que sempre lidaram comigo. Confio em vós, para que esta casa, que de certa maneira também é vossa, já que é o vosso local de trabalho, continue a ser o que tem sido até hoje. Um local de referência para quem a procura. Do seu sucesso, depende o meu e vosso ordenado.
- Vai para fora? – perguntou o padeiro.
- De momento não.
- E vais ter coragem, de não apareceres por aqui, morando a meia dúzia de metros? - perguntou Mário.
- A menos que por qualquer razão me chamem, terei sim. Com a Inês na gerência, a minha presença aqui, pareceria um ato de vigilância, como se não tivesse confiança no seu trabalho. Bom vou para o escritório.
Pouco depois, recolhia e metia num saco, os poucos objectos pessoais, que tinha na secretária. Depois abriu a carta da eletricidade, registou no livro das despesas a importância e arquivou a fatura.
Ligou o computador e verificou o email da empresa, enquanto pensava na decisão que tomara. Ia sentir saudade do movimento na pastelaria. Das conversas com os clientes, de ajudar a estender ou a rechear as massas, do cheiro do pão acabado de sair do forno, que se misturava com o aroma da canela, ou da baunilha, ou o cheiro forte do café. Porém estava convencida que tomara a melhor atitude. Pelo menos durante a gravidez. Apoiou os cotovelos na secretária, e apoiou a cabeça entre as duas mãos abertas, precisamente quando Inês entrava no pequeno gabinete, que servia de escritório.
- Bom dia! Não te sentes bem?
- Bom dia! Estou bem não te preocupes. Estava apenas a pensar, nas saudades que ia sentir do movimento na pastelaria. Foi a minha vida durante vários anos.
- Mas não tens que sentir saudades, moras a meia dúzia de metros, podes estar aqui sempre que te apeteça.
- Eu sei, mas prefiro não vir. Bom senta-te e vamos conversar. Ontem não falámos de ordenados, não sei quais são as tuas expectativas quanto a isso.
- Não as tenho. Tu dirás o que pensas que mereço em relação ao trabalho que irei executar, sem esquecer a minha prática inexistente.
Teresa referiu uma quantia e perguntou:
-Parece-te bem?


19.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXI



Teresa levantou-se cedo nessa manhã, embora não tão cedo como antes de ficar grávida, quando chegava à pastelaria antes das cinco da manhã.
No dia anterior, quando chegara a casa extremamente nervosa por todas as emoções que sofrera desde o momento que entrara no Centro Médico até à altura em que abandonou o parque da TecnInformática, depois da longa conversa com o empresário, tomara um duche, vestira um curto pijama de algodão e bebera um copo de leite. De seguida estendera-se no sofá para um curto descanso e adormecera. Quando acordou, eram quase dez da noite.
Embora sem fome, mas pensando no bebé fez uma refeição frugal, e foi para a cama. Porém, ou por causa das horas que tinha dormido anteriormente, ou porque só naquele momento conseguisse racionalizar o que lhe acontecera, levou horas para adormecer, e o pouco tempo dormido foi cheio de pesadelos, em que se via a ter o seu filho e quando depois do nascimento pedia que lho mostrassem, a enfermeira ria-se e dizia-lhe que o bebé não era seu, e que já o entregara ao pai.
Acordou transpirada e aflita. Tomou o duche, secou os cabelos, que prendeu numa trança e vestiu-se. Correu a persiana e abriu a janela para arejar o quarto. O céu mostrava um azul brilhante e sem nuvens e o ar era ameno.
-Outro dia de calor insuportável – murmurou
Olhou o relógio. Seis e um quarto e o sol já nascera. Os longos dias de Verão, eram a sua paixão, embora o calor infernal dos últimos dias a fizessem recordar com saudade os meses amenos da Primavera.
Enquanto tomava o pequeno almoço, recordou mais uma vez, a conversa com o empresário. Surpreendera-a. Depois de tudo o que lhe tinham dito, julgara-o um homem arrogante e convencido, inflexível na sua decisão de ir para a justiça e mentalmente tentara preparar-se para um duro confronto, a fim de conseguir convencê-lo a não prosseguir as investigações e a ida ao tribunal, porém fora muito mais fácil do que pensara.
Apesar da dureza latente no empresário, e de alguns avisos da sua parte, ele mostrara-se bem mais compreensivo e confiante do que ela esperara. Todavia não podia esquecer que os dois eram pais daquela criança e os dois a queriam, pelo que teriam de tomar uma decisão o mais justa possível, e essa decisão iria fazer com que os dois tivessem de conviver. Não era de modo algum, o futuro que sonhara, quando decidira ser mãe daquela forma.
Acabou o pequeno almoço, e depois de uma passagem pela casa de banho, para lavar os dentes, fez a cama, trocou os chinelos por umas práticas sandálias sem salto, fechou a janela, correu a persiana para evitar o aquecimento do quarto, e saiu. Olhou o relógio. Quase sete e meia. A Inês só chegaria perto das nove, mas ela tinha que verificar alguns documentos antes. Pegou nas chaves do apartamento e saiu. Como a pastelaria ficava no passeio contrário, a menos de cem metros de distância do apartamento, nunca usava o carro.
Sabia que ia sentir saudades não só do trabalho na pastelaria, mas também do convívio com os clientes. Salvo um ou outro turista, a esmagadora clientela era composta por moradores da avenida e ruas adjacentes, que ela conhecia desde os tempos em que era apenas mais uma empregada.  Eram muito mais do que clientes; eram amigos a quem ela tratava pelo nome.



17.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XX


No regresso ao seu gabinete, ao passar pela secretária da sua assistente, João reparou no olhar curioso que ela lhe lançou, e sorriu pensando no quanto Gloria estaria desejando saber quem era a visita e porque estivera tanto tempo com ele. Porém ia deixá-la curiosa mais uns minutos, não por malvadez, mas porque queria ler o cartão que Teresa lhe deixara, e ver no computador se existia a tal padaria-pastelaria “Flor da Avenida”.
Feito isso,  guardou o cartão na carteira, e só então chamou Olga.
-Já avisaste o Afonso, para abandonar a pesquisa? – perguntou assim que ela entrou no gabinete.
-Já. Ele mostrou-se atónito, mas disse que amanhã falava contigo, hoje, como já está perto da hora de saída, não valia a pena vir cá. Confesso que eu também estou surpresa. Estavas tão decidido há dias. Que se passa, fizeste novos exames e já sabes que não tens que te preocupar, ou a tua decisão tem alguma coisa a ver, com a visita daquela mulher, que não conhecias e com quem passaste mais de uma hora?
O empresário esboçou um sorriso.
- Estava a ver que a curiosidade te engasgava antes de perguntares. Senta-te. Aguardou que se sentasse em frente da secretária, e continuou.
-Teresa Sobral é a mulher que procurávamos. Ela também foi informada pelo Centro Clínico do erro, e não sei porquê, mas talvez porque receassem que se eu fosse para tribunal, ela se veria metida em apuros, revelaram-lhe o meu nome.
- E ela procurou-te por…
Olga não se atreveu a concluir a frase. João era um homem muito rico, e uma mulher ambiciosa podia utilizar o seu filho para ficar bem na vida. Porém, ela não conhecia Teresa e não queria fazer maus juízos.
-Procurou-me para me pedir que não avançasse com nenhuma ação sobre o caso e a deixasse em paz durante três meses, dizendo que é nestes primeiros três meses que mais abortos espontâneos acontecem e não queria perder a criança, por se sentir demasiado pressionada.
- Nisso tem razão. E o que vais fazer, entretanto? Vais pedir ao Emílio para investigá-la?
-Não. Ela disse-me quem é, onde vive, o que faz. Inclusive a razão porque procurou a Procriação Medicamente Assistida em vez de querer uma gravidez natural. Combinamos que depois destes três meses vamos encontrar-nos e decidir o  futuro, em função da criança, que como ela diz é filha dos dois.
- E confias nela? Achas que te vai deixar fazer parte da vida da criança, conviver com ela?
- Sabes como sou desconfiado e como gosto de me precaver em todas as situações da minha vida. Todavia confio nela, sim. Observei-a durante todo o tempo que aqui esteve e nem uma única vez a sua linguagem corporal me disse, que o que ela me estava a dizer era mentira.
- Bom e então, como pensas resolver o assunto? Vais contentar-te em ver o teu filho uma ou duas vezes por semana?
- A falar verdade, ainda não pensei nisso. Ainda estou a digerir a situação. E pronto saciei a tua curiosidade?
-Pois, para ser sincera, ainda não. Podias ser simpático e contar-me porque recorreu ela à PMA e não engravidou como toda a gente. É jovem, bonita...
-Não está em nenhuma relação e parece não as desejar.
- “Deus os fez, Deus os juntou”, como dizia a minha mãe.
- O que queres dizer com isso? - perguntou o empresário
- Que é outra desiludida da vida, como tu, - respondeu Olga levantando-se. Bom são sete horas. Está na minha hora de saída.
Se não precisas de mais nada, vou sair. Até amanhã.
-Até amanhã Olga.





A nossa gratidão pelas vossas carinhosas mensagens pelo nosso aniversário.
Bem Hajam!


16.8.20

PORQUE HOJE É UM DOMINGO ESPECIAL

As únicas anedotas presentes somos nós...

Depois de um namoro de quase 5 anos, mais de metade à distância, pois durante esse tempo o namorado fez uma comissão na Guiné, e outra no leste de Angola, e vocês sabem, nesse tempo não havia emails nem chamadas de vídeo. Era escrita a sério, carta vai, carta vem, às vezes os famosos aerogramas. De vez em quando trocavam-se fotos que amenizavam um pouco a nossa saudade.  Alguém hoje imagina um namoro assim?  Bom mas depois do namoro por norma vem o casamento e o nosso chegou a 16 de Agosto de 1969, na Conservatória do Registo Civil do Barreiro. Já lá vão 51 anos. E parece que foi há meses.

Três anos mais tarde, renovávamos assim, os votos , na catedral Nª Senhora de Fátima em Nampula.

E como não há duas sem três, voltámos a renovar os votos, o ano passado na Igreja de Santo André aqui no Barreiro. Infelizmente sem convidados e sem uma prova fotográfica. O marido tinha saído dias antes do hospital, o cunhado estava internado e a nora também depois de um parto prematuro e complicado.  Não tivemos festa, mas como diz a canção "Quando a gente ama, simplesmente ama"






E agora por favor sirvam-se






14.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XIX






- Pode ser que seja a maior asneira da minha vida, mas vou confiar em ti, vou cancelar todas as investigações e tentar esquecer o erro cometido pelos médicos, durante o tempo que me pediste. Espero que me dês o teu contacto e me permitas telefonar de vez em quando para saber como estás e que me ligues imediatamente se surgir algum problema. Gostaria que mudasses de médico assistente, não confio nos médicos do Centro, quem erra uma vez pode errar duas. Mas compreendo que isso é uma decisão tua. Estamos no final de Junho, portanto no final de Setembro teremos que decidir o que vamos fazer no futuro em função do nosso filho.
 Disseste que escolheste este método por não estares interessada em nenhuma relação, pelo que suponho não tens namorado, ou amante com quem discutir este assunto, embora me pareça estranho que uma mulher bonita como tu não tenha ninguém na sua vida.
A Teresa pareceu-lhe ver nos seus olhos uma pergunta que não se atrevia a fazer.
- Como te disse, sou filha de mãe solteira, neta de avó divorciada. E quando se cresce com duas mulheres abandonadas, sofredoras e amarguradas, acabamos por nos afastar de toda e qualquer relação com o sexo oposto.
-Sendo assim creio que nos entenderemos. Até porque a minha  decisão está tomada.
 A criança será nosso filho e como pai quero fazer parte da vida dele, antes mesmo do seu nascimento. Isto é, acompanhar-te às consultas, assistir às ecografias, e ao parto. Podemos ser amigos e criar e educar o nosso filho em conjunto. Todavia se depois deste interregno, decidires que a criança é apenas teu filho e me negares o direito de fazer parte da sua vida, podes crer que irei buscar esse direito nos tribunais e que utilizarei todos os meios ao meu alcance para te aniquilar. De acordo?
-Parece-me justo, - disse ela abrindo a carteira e entregando-lhe um cartão. – Na verdade, ambos somos vítimas duma cilada, que a vida nos armou. Cabe-nos lutar para sair dela, com o mínimo de feridas possível. De seguida, levantou-se e ele fez o mesmo aproximando-se dela.
-Posso levar-te a casa? – perguntou
- Obrigado, mas tenho o carro estacionado no parque.
- Então acompanho-te até ele.
Abriu a porta, afastou-se para lhe dar passagem e seguiu-a dizendo ao passar pela secretária da sua assistente.
- Olga, vou lá abaixo acompanhar a senhora, já volto.
- Não era necessário acompanhar-me, - disse Teresa ao entrar no ascensor.
- Sei que não – respondeu, aproveitando o espelho do elevador para a mirar de alto a baixo. Era mais alta do que a maioria das mulheres, bonita e muito elegante. Além disso era inteligente e muito corajosa, ou não teria tomado a iniciativa de o procurar. Quando os seus olhos se encontraram através do espelho, Teresa corou e apressou-se a desviar o olhar, desejando sair rapidamente daquele curto espaço e da proximidade masculina.
Passaram pelo porteiro e pelo segurança e quando à porta ela lhe estendeu a mão para se despedirem, ele disse:
-Acompanho-te ao carro
Ela teria preferido despedir-se dele no escritório. Queria estar sozinha para relembrar a conversa e meditar sobre tudo o que nela disseram.
Pouco depois sim, despediam-se junto ao carro com um simples aperto de mão.
Teresa pôs o carro a trabalhar e arrancou. Ele ficou parado vendo-a afastar-se até que o carro saiu do parque e entrou na estrada. Só então regressou ao escritório.

12.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XVIII



- Mas também não pudemos disputar a criança como se ela fosse um objeto.
- E tu - disse ele tuteando-a pela primeira vez - deves ter já tomado uma decisão para me vires procurar. Posso saber qual a tua ideia?
- Deixa-me em paz durante os próximos três meses, - ela respondeu usando a mesma forma de tratamento. Esquece a ideia de processar o Centro Clínico, de pores o caso em praça pública e pensa na melhor solução para resolvermos o caso, pondo sempre em primeiro lugar o bem-estar da criança. Prometo-te que farei o mesmo. Depois disso, reunir-nos-emos e tomaremos uma decisão.
- Estás em vantagem, falaram-te de mim, disseram-te quem sou. Eu não sei quem ou como és. Quem me diz que durante estes três meses, não desapareces e nunca mais sei nada de ti, nem do bebé?
- Isso é uma tontice e tu não me pareces nada tonto. Em primeiro lugar se tencionasse fazer o que dizes, tê-lo-ia feito, imediatamente após saber o que se passava, e quando descobrisses a minha identidade, eu poderia estar em qualquer parte do mundo. Como já te disse, embora os meus recursos financeiros não se assemelhem aos teus, tenho o suficiente para viver razoavelmente bem em qualquer lugar,  até precisar voltar ao trabalho. E em vez disso, o que fiz foi vir ter contigo, procurar um entendimento. Em segundo lugar, não sou tão ingénua, que não saiba que mal ponha os pés para fora deste escritório, porás alguém a investigar-me e a vigiar-me, para que te informe, tão logo faça, o que pensas que vou fazer. Podia evitar-te o trabalho e dar-te todas essas informações, mas sei que não acreditarias em mim e farias as tuas próprias investigações na mesma.
Mirou-a de tal modo que Teresa sentiu um arrepio. Era como se quisesse mergulhar dentro dela, chegar ao seu coração, quiçá à sua alma. Ela ainda não o conhecia. Não sabia quão difícil era enganar aquele homem, mas não precisava nenhuma bola de cristal, para ver que era um tipo duro, dono de uma vontade férrea, alguém que ela não gostaria de ter como inimigo.
-Põe-me à prova – disse-lhe com voz rouca. - Fala-me de ti, diz-me quem és, e o porquê de teres recorrido à Procriação Medicamente Assistida. És uma mulher jovem, inteligente e bonita. Porque não te casaste e engravidaste de modo natural?
- Como sabes, que não me casei?
- Estaríamos aqui, a ter esta conversa, se fosses casada? - retorquiu 
Teresa pensou que ele tinha razão. Se fosse casada não teria recorrido àquele processo para engravidar. Resolveu arriscar.
- Nasci de mãe solteira, numa pequena aldeia, no vale de Lafões, perto das Termas de S. Pedro do Sul, onde vivi até terminar o Secundário. Depois vim para Lisboa, viver com uma tia-avó, para poder frequentar a Universidade. 
No último ano do curso, tive que abandonar os estudos e voltar à aldeia, para cuidar da minha mãe, gravemente doente. Depois da sua morte, regressei a Lisboa, para casa dessa minha tia.  A intenção era terminar o curso, mas estávamos a meio do ano letivo e enquanto esperava pelo fim desse ano e início do próximo, empreguei-me numa pastelaria e apaixonei-me pela vida de empresária de tal modo que quando o dono decidiu vender o negócio, com a ajuda da minha tia, que não tinha outros parentes que não eu, comprei-o. Sou a dona da pastelaria e padaria “Flor da Avenida”, na Avenida Estados Unidos da América.  Recorri ao PMA, porque desde menina sempre sonhei ser mãe e não estava interessada em nenhuma relação. O que realmente não esperava é que a vida me armasse esta cilada. Satisfeito?





E hoje a minha Princesa mais nova faz 1 ano