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28.2.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XLIV






EPÍLOGO


Um ano e dois dias depois…
A elegante e sofisticada mulher que se encontrava no salão, tinha tantas semelhanças com aquela outra Luísa, que ela fora até há um ano atrás, como uma lagarta com uma borboleta.
Estava tão diferente, que às vezes ela mesma tinha dificuldade em se reconhecer. Mas se a aparência mudara e muito, ela sentia que a maior transformação ocorrera dentro de si mesma. Agora é uma mulher confiante, que conhece bem o seu valor e isso fez-se notar também na sua arte, agora mais madura e mais forte, de acordo com a opinião dos críticos sobre a sua última exposição realizada no mês anterior. E tudo isso ela deve ao amor e incentivo de Gil, o seu marido, que desde o primeiro momento descobriu nela a beleza e talento, que ela desconhecia possuir. 

Parabéns a você  
nesta data querida  
muitas felicidades  
muitos anos de vida.

Hoje é dia de festa 
cantam as nossas almas 
para a menina Mariana  
Uma salva de palmas.

Gil pegou a filha ao colo e aproximou-a do seu bolo de aniversário para que a menina soprasse as duas velinhas. Depois voltou a sentá-la, na sua cadeirinha no topo da grande mesa, e, enquanto Inês pegava na faca e começava a partir o bolo que Celeste distribuía pelos convidados, Gil deu a mão à mulher que estava a seu lado, e disse:
- Telefonou a dona Aurora, para dar os parabéns à Mariana. Diz que tem ido uma vez por semana lá a casa abrir as janelas, que está tudo em ordem e que tem muitas saudades das vossas conversas. (Após o casamento, tinham  decidido manter a casa, o sítio idílico, era ideal para alguns dias de férias no Verão, não só para o casal como para os familiares.) Convidei-os para virem passar o Natal connosco. Afinal são os nossos padrinhos de casamento, e não têm mais família.
- Obrigado – disse ela pegando um bocado de bolo e levando-lho à boca. Depois perguntou baixinho:
-Estás feliz?
Ele inclinou-se e respondeu no mesmo tom
-Duvidas? Tenho a meu lado a mulher que amo, que realizou todos os meus sonhos de homem apaixonado, que é uma excelente mãe, e em breve me vai dar um novo filho. E olha à tua volta. Que vês? Laura e o seu marido Alcides, recém-casados, alegres e felizes, Marco com Isabel, sua esposa, e o filho Manuel de dez meses. Inês, a ama e o seu filho Luís, que ama a nossa menina e a considera como uma irmã mais nova, a quem satisfaz todos os caprichos. E as empregadas? Da cozinheira à governanta, estão
alegres e felizes.  Até Luna, a minha agente, irradia felicidade. Todos estão  em festa e isso, deve-mo-lo a ti, que me salvaste a vida e me devolveste para eles - disse enlaçando-a com carinho.
-Não, amor, não – protestou ela. Se alguém aqui deve algo, sou eu.
O teu amor, fez daquela Luísa provinciana e sem graça a mulher que hoje sou. Graças a ti, e ao poder do teu amor, hoje sou uma nova mulher e uma pintora muito melhor. Repara, o meu irmão e a sua noiva olham-me com carinho e orgulho. Até o meu pai e a sua mulher, deixaram de me ignorar.
Gil apertou a mulher ao peito e acariciou-lhe os cabelos enquanto olhava à sua volta. Inês tirava Mariana da cadeirinha e punha-a no chão. Luís deu-lhe a mão e iniciaram uma brincadeira num canto da sala onde estava uma manta com vários brinquedos. “Para o ano, irá para o infantário, precisa conviver com outras crianças” - pensa.
Inês é uma mulher jovem. Um dia voltará a apaixonar-se, quererá casar, ter a sua casa, a sua família e ele irá ajudá-los, porque ela e o filho, já são como família. Mas enquanto isso não acontece, ela será a ama do pequeno Luís que está para nascer, e cujo nome ele escolheu em homenagem a Luísa.
Respira fundo e sorri. Pensa que apesar de todos os seus esforços, o mundo não mudou muito, mas tem consciência de que fez a sua parte para torná-lo um pouco melhor. Agora a sua tarefa vai ser, criar nos filhos que tiver, a mesma consciência que sempre o regeu. Cada um deve olhar à sua volta e dentro das suas possibilidades, trabalhar para um mundo mais justo.
-Alô, alô, daqui planeta terra, chamando Gil Gaspar! - disse Luísa, vendo o ar sonhador do marido.
Ele sorri, inclina-se e beija a esposa pensando: "Quando se tem o mundo nos braços, não há lugar para os sonhos"!


FIM


NOTA FINAL: Espero que tenham gostado deste final cor-de-rosa, escrito a vosso pedido, pois como sabem, eu tinha terminado a história com o acidente do Gil e cada um de vós imaginaria a seu gosto o que tinha acontecido.
devido ao estado dos meus olhos tenho cada vez mais dificuldade em escrever, pelo que a seguir vão entrar reedições que servirão para os leitores novos e para os antigos que queiram recordar.
continua á espera de ser chamada para o transplante, que quando lerem este final até já pode ter acontecido, e como não sei quando poderei voltar,, após a cirurgia, estou a programar posts a longo prazo.
de qualquer modo quando isso acontecer, eu,  ou o meu filho, daremos notícias 

26.2.20

OS SONHOS DO GIL GASPAR - PARTE XLIII




 No coração de Luísa, a certeza de que aquele amor entre os dois era real, debatia-se com a dúvida de que tudo não passava de uma ilusão criada pelas circunstâncias em que ele chegara à sua vida, e pela solidão a dois vivida durante aquela semana.
Mal chegou a casa, abriu o computador e foi investigar o nome dele.
Durante quase uma hora leu tudo o que encontrou, desde os seus tempos de futebolista famoso até ao momento atual de homem famoso e respeitado no mundo das letras.  Leu sobre suas obras filantrópicas, em especial a Fundação que tinha o nome da sua filha, tomou conhecimento da trágica morte da esposa, e quanto mais lia, mais a insegurança se instalava nela. Como é que um homem com tal poder se podia interessar por ela?
Quando fechou o portátil, lembrou-se que tinha ficado de telefonar à
esposa do médico e ligou-lhe. A senhora estava muito entusiasmada, o advogado de Gil, tinha informado a televisão de que o escritor já tinha dado notícias e estava de regresso. Os repórteres já estavam acampados junto da sua residência e tinham prometido mais notícias sobre a história do seu desaparecimento para os noticiários da noite.
-Mas, minha querida nem a deixei falar. Como foi que ele recebeu a notícia? Já recuperou a memória?
-Já há dias que ele ia tendo flashes da sua vida, especialmente da imagem da filha, embora as recordações aparecessem como peças soltas de um puzzle, a  que faltavam tantas peças que o deixavam frustrado e nada lhe diziam. Ao assistir ao programa, o puzzle compôs-se e a memória voltou. Acompanhei-o à vila para que alugasse um carro e partisse.
- Deve ter sido uma situação muito dolorosa, não só para ele como para a família.
-Penso que sim, mas já acabou. Pedi-lhe para que não dissesse onde esteve nem com quem, não quero que a imprensa perturbe a minha tranquilidade. E queria pedir à minha amiga, que não falasse a ninguém no caso. E claro ao seu marido também.
- Fique descansada que não comentarei com ninguém. E darei conta, do seu pedido ao António, mas ele vai-me dizer que é escusado o aviso, um médico e um sacerdote estão obrigados ao segredo sobre os corpos e almas que cuidam. É o que me costuma dizer.
- Nem sabe como lhe agradeço. Bom vou jantar. Porque não vem amanhã lanchar comigo? A senhora tem sido uma grande amiga, quase como uma mãe. E nesta altura da minha vida,  eu sinto que preciso das duas.
- Claro que sim, Luísa. Estou aí às três. É um pouco cedo para o lanche mas dá-nos mais tempo para por a conversa em dia.
-Muito obrigado. Até amanhã. 
Até amanhã, querida!


25.2.20

E PORQUE HOJE É CARNAVAL

Porque este é dia de Carnaval, e porque estou a programar postes antes de ir para o hospital para o transplante pois não sei quando poderei voltar ao convívio normal convosco, deixo-vos imagens do Carnaval de TORRES VEDRAS 2019. Divirtam-se





24.2.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XLII





- Mas tu és um homem famoso e muito rico. Como podes querer alguma coisa comigo? Não tenho mais que este pedaço de chão, esta casa, e a minha arte, que se me dá para viver não me deu fama, nem fortuna. Nem sequer sou uma beleza, como as mulheres com quem decerto estás habituado a conviver.
- Subestimas-te querida. Embora digas que não és uma beleza, és uma mulher muito bonita. O que acontece é que nunca te preocupaste muito com a tua aparência.  Tenho a certeza, de que bastará um pouco de maquilhagem, um novo penteado, e um tipo de roupa diferente, para que o patinho feio que julgas que és, se transforme num cisne esplendoroso, capaz de deixar qualquer uma dessas mulheres de que falas, cheia de inveja.
E para que saibas, um homem não procura só beleza na mulher dos seus sonhos, embora isso ajude muito numa primeira impressão. A minha falecida esposa, era uma mulher de grande beleza e nunca me fez feliz.
Agora chegou a hora da despedida. Conversei com a minha irmã, contei-lhe o que se passou e expliquei-lhe porque não dei notícias. E pedi-lhe para informar a polícia. Levas-me até à vila? Lá alugarei um carro que me leve a casa. Estou ansioso por ver a minha filha, mas já parto com saudades tuas.
Com dois dedos levantou-lhe o queixo e baixando a cabeça apoderou-se da sua boca, pondo naquele beijo toda a paixão que ela lhe despertara.
Ela enlaçou-lhe o pescoço e retribuiu com a mesma intensidade. Quando por fim ele a afastou, ela murmurou baixinho escondendo o rosto no seu peito.
- Faz amor comigo.
Ele afastou-a e mergulhou o olhar cheio de desejo nos doces olhos castanhos.
-Tens a certeza de que é isso que queres?
-Sim - balbuciou voltando a enlaçar-lhe o pescoço, o rosto corado, os olhos brilhantes de desejo. 
Então ele pegou-lhe ao colo e levou-a para o quarto.
Horas depois, despediam-se numa rua da vila.
-Vou manter-me em contato. E aguardar ansioso pela tua resposta.
Agora mais do que nunca, tenho a certeza dos meus sentimentos, e de que quero que faças parte da minha vida.
- Telefona-me esta noite. Quero saber como te sentes depois de reveres a família - respondeu Luísa abraçando-o.
As mãos dele afagavam-lhe os cabelos, os dedos roçando-lhe os lóbulos das orelhas. No seu olhar o desejo misturava-se com uma imensa ternura.
-Amo-te Luísa. Não te quero pressionar, mas por favor não me faças esperar muito!
Então os seus lábios desceram sobre a sua testa, num terno beijo de despedida.
Depois largou-a e afastou-se em direção a uma praça de táxis. Ela sentou-se ao volante, e ficou quieta, olhando como que hipnotizada para as costas do homem que falava com o motorista. Viu como abria a porta e a fechava depois de entrar. Viu o táxi arrancar na direção contrária em direção a Coimbra, e só quando ele desapareceu numa curva da estrada, limpou os olhos à manga da camisola, ligou o motor, fez a manobra de inversão de marcha e regressou a casa.




23.2.20

DOMINGO COM HUMOR

                            



Quatro homens casados foram pescar.

O primeiro homem disse:

- Você não faz ideia do que eu tive que fazer para poder vir pescar... Eu tive que prometer à minha mulher que eu pintaria a casa inteira no próximo fim de semana.

O segundo homem disse:

- Isso não é nada! Eu prometi à minha mulher que eu construiria uma piscina no fundo de casa.

O terceiro homem disse:

- Credo! Está muito fácil para vocês! Eu tive que prometer que iria remodelar a cozinha para ela.

Eles continuaram a pescar, até que perceberam que o quarto homem não tinha falado nada.

Então, eles decidiram perguntar o que ele fez para ser possível ir à pescaria.

- O que foi que você prometeu à sua mulher?

E o quarto homem:

- Eu coloquei o meu relógio para despertar às 5:30h da manhã.. Quando o relógio tocou, eu dei um toque na minha mulher e perguntei:

"Pescaria ou Sexo?"

E ela me respondeu:

"Leva um agasalho..."



                                                ******************

Um individuo faz o check-in num hotel na Austrália.

Havia um computador no quarto, por isso pensou enviar um e-mail à mulher.

Contudo, ao escrever o endereço engana-se, e sem que desse pelo erro, envia o e-mail.

Algures em Houston, uma viúva chega do funeral do marido.

A viúva decide ir à sua caixa de correio electrónico na expectativa de encontrar mensagens de familiares e amigos.

Após ler a primeira mensagem, ela desmaia. O filho entra no quarto a correr, encontra a mãe no chão, e repara no ecrã do computador que diz:


Para: Minha querida esposa

Assunto: Já cheguei

Data: 3 Junho, 2005


Sei que estás admirada por receberes notícias minhas, eles agora tem cá computadores, e permitem que se envie e-mails aos nossos entre queridos.

Acabei de chegar e já me fizeram o check-in. Estou a ver que já preparam tudo a contar com a tua chegada amanhã.

Sem mais de momento fico, na expectativa de te ver amanhã!

Espero que a tua viagem seja tão sossegada quanto a minha.



P.S Está um calor abrasador cá em baixo!


                                  ***************

O avião militar subiu até à altitude conveniente para o efeito. 
O capitão paraquedista chamou então o recruta alentejano que ia saltar pela primeira vez de paraquedas. E o capitão explicou-lhe:
- É tudo muito simples. Vejo que já estás equipado com o paraquedas nas costas. Então, quando a porta lateral do avião for aberta, tu aproximas-te dela, abres as pernas e os braços, contas até dez, pausadamente, e atiras-te para o espaço. 
Quando fores no ar, contas até cinco e puxas a argola direita que está no equipamento. 
Se, por acaso, essa argola não acionar a abertura do paraquedas, tens uma argola de emergência, no lado esquerdo. Puxa-a! 
Depois, quando chegares ao solo, no círculo assinalado, estará uma bicicleta que montarás para chegares ao quartel.
O alentejano aguardou, então, pelo momento próprio e, à ordem de saltar, voou para o espaço. 
Contou até dez e depois puxou a argola da direita. Nada! O paraquedas não abriu! Rapidamente, puxou a argola do lado esquerdo… e nada! O paraquedas continuou fechado!
Já em queda livre, diz o pobre do alentejano:
- Querem ver que, agora, também não está lá a bicicleta?!


                                                         *****************                                                   


Quatro pacientes estão reunidos.
O terapeuta pede que todos se apresentem, digam qual é sua actividade e que comentem porque a exercem.

O primeiro diz: Chamo-me Francisco, sou médico porque me agrada tratar da saúde e cuidar das pessoas.

O segundo apresenta-se:
Chamo-me Ângelo. Sou arquitecto porque me preocupa a qualidade de vida das  pessoas e como vivem.

A terceira diz:
Chamo-me Maria e sou lésbica. Sou lésbica porque adoro mamas e rabos femininos e fico louca só de pensar em fazer sexo com mulheres.

Faz-se um silêncio...

Então o Alentejano diz:

Eu cá sou o Manel Jaquim e até há pouco achava que era pedreiro, mas... acabo de descobrir que afinal sou mas é lésbica.


21.2.20

NOTÍCIAS

Queridos/as amigos/as.
Acabei de chegar a casa. segundo me informaram, foi um cirurgia combinada, um primeira parte para retirar os pontos e o óleo de silicone, e uma segunda parte o transplante da córnea.
Disseram-me que não podia ter corrido melhor. Agora é aguardar que a recuperação corra sem problemas. 
Também fui informada que a visão só começará a aparecer gradualmente ao fim de alguns dias.
Volto à consulta dia 2 de Março. Não estou proibida de vir ao pc desde que tape o olho e nã baixe a cabeça pelo que estou a escrever esta mensagem, com uma mão a segurar o teclado ao nível dos olhos e a escrever com a outra.
muito obrigada a todos pelas manifestações de apoio e carinho. Bem Hajam

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XLI


- Hoje é doze de Dezembro, - respondeu ela.
-A minha filha faz um ano no dia catorze. Devias vê-la. É o bebé mais bonito do mundo. Meu Deus, preciso ligar para casa. Devem estar numa aflição.
Com o coração mais triste que dia de chuva, mas esforçando-se por não dar parte de fraca, Luísa estendeu-lhe o telemóvel dizendo:
- Liga-lhes. Conta-lhes o que te sucedeu, mas por favor não lhes digas onde estás, nem lhes fales de mim.
- Porquê? – perguntou ele franzindo o sobrolho.
- És um homem famoso. Se a imprensa sabe, que estiveste aqui durante todos estes dias, vão acampar aí à porta, tirar fotografias e encher-me de perguntas. Vão encher as páginas de jornais, inventar histórias, espionar a minha vida, até ao berço, e eu não quero perder o meu sossego.
- A minha família tem o direito de saber que só estou vivo, graças a ti.
-Poderás contar-lhes tudo o que quiseres, quando voltares a casa, mas pede-lhes que não o revelem a ninguém. Tenho direito ao anonimato e não quero ver a minha privacidade  invadida.
- Respeitarei a tua vontade, fica descansada.
- Podes telefonar do quarto estarás mais à vontade. Pede à tua mulher que avise a polícia, para que interrompam as buscas no rio. Não se justificam os gastos de dinheiro público, em buscas desnecessárias.
- Vou telefonar à minha irmã. Sou viúvo.
-Lamento, - respondeu, virando-lhe as costas, embora no íntimo tivesse gostado de saber que era um homem livre, que não tinha uma esposa à sua espera. Saiu da sala e foi para a cozinha. Meteu a loiça suja do almoço na máquina, e depois refugiou-se no seu atelier.
Estava desolada. Ela sabia que não podia ter-se apaixonado por ele. Era um desconhecido, podia até ser casado, a sua razão avisara-a todos os dias, mas o seu coração, não lhe dera ouvidos.
"Não se domina um coração sedento de amor." - murmurou para si mesma.
- Luísa!
- Estou aqui no atelier, - respondeu apresando-se a secar as lágrimas.
- Estás triste – disse estendendo-lhe o telemóvel. - Pensei que ficavas feliz por eu ter recuperado a memória.
- E é claro que fiquei. Mas habituei-me à tua companhia, vou sentir saudades.
Ele pegou-lhe nas mãos e puxou-as fazendo-a levantar-se. Abraçou-a.
-Antes mesmo de ter recuperado a memória, já tínhamos combinado esta manhã que eu partia hoje. As razões porque parto agora são totalmente diferentes das que te expus esta manhã, porque  agora sei, que não há nada nem ninguém que nos impeça de ter uma relação, se os teus sentimentos forem tão fortes quanto os meus. É verdade que nos conhecemos há poucos dias, mas sinto-me como se te conhecesse desde sempre. Também é verdade que não sou só. Tenho uma filha que amo de todo o coração e que terás de saber, se és capaz de  aceitar e amar, como a primeira dos nossos filhos, se me aceitares a mim. Conhecendo a generosidade dos teus sentimentos, acredito que a amarás como merece. Mas também sei, que os muitos anos que vives em solidão, podem confundir o teu coração, pelo que a minha ausência servirá para conheceres a força daquilo que sentes.

20.2.20

19.2.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XL




A refeição decorrera em silêncio, e chegara ao fim, quando o telemóvel tocou.
- Desculpa-me - disse Luísa levantando-se e pegando no telemóvel. – É a dona Aurora, esposa do médico. Deve ser algo importante, vou atender.
-Estou…
- Boa tarde. Luísa, ligue a televisão e veja as notícias. É muito importante, penso que estão a falar do homem que a Luísa salvou naquela noite.
- Vou já ver. Muito obrigado por ter ligado. Mais tarde telefono.
Desligou o telemóvel e disse dirigindo-se para a sala:
- Vem. Parece que estão a falar de ti no noticiário.
Ligou a televisão. Estava no intervalo. Sentaram-se e esperaram que acabasse a publicidade.
Logo de seguida, apareceu no ecrã o rosto de um conhecido jornalista.
“E agora voltamos ao caso do escritor Gil Gaspar e ao seu misterioso desaparecimento, na noite da tempestade Júlia, quando se dirigia da Universidade do Minho, onde dera uma conferência, para a sua residência nos arredores de Lisboa.
Inicialmente a família e a polícia suspeitaram de rapto, Todavia essas suspeitas iniciais, foram postas de parte pela judiciária à medida que os dias passavam sem que surgisse um pedido de resgate. E embora a família dissesse que ele regressava pela A1, a operadora do seu telemóvel tinha o último  registo do sinal do seu telemóvel na IP3, a alguns quilómetros de Penacova. Não se sabe, se o escritor saiu da autoestrada, enganado pela quase total falta de visibilidade, ou se teria pensado pernoitar nesta vila até que a tempestade passasse. O que se sabe é que ele desapareceu algures antes de chegar a Penacova. 
Até hoje, as investigações da polícia encontravam-se num impasse, já que não havia registo de nenhum acidente naquela noite, nem na autoestrada, nem no IP3."
Luísa ouviu um gemido e ao voltar-se viu que Gil se dobrara para a frente apertando a cabeça nas mãos trementes.
- Que se passa? Meu Deus, estás a tremer. Sentes-te mal?
- É a minha cabeça. São milhares de imagens a passarem por mim tão rápidas que algumas nem consigo ver bem. E a dor de cabeça voltou. Horrível, como se alguma coisa esteja a explodir cá dentro.
-Vou buscar um Benuron. Queres que tire o som à televisão?
- Não. Temos que ouvir o resto. Meu Deus, o bebé que estava sempre a  aparecer na minha cabeça, é a minha filha Mariana.
Entretanto o locutor informava agora que a polícia recebera nessa manhã um telefonema de um homem que costumava pescar no Mondego, e que encontrara um carro Mercedes preto espatifado lá no fundo da ravina, bem perto do rio. A polícia já informara a família que o carro era o do escritor. Encontrava-se de porta aberta, e tinha no porta luvas a carteira com dinheiro e documentos, e caído junto aos pedais, encontrava-se o seu telemóvel, desligado e sem bateria. Do escritor não havia rasto, a polícia suspeitava que pudesse ter saído atordoado, ou ter sido projetado e caído no rio, pelo que no local já se encontrava uma equipa de mergulhadores.
"Um nosso repórter também já se encontra no local, e entraremos em contacto com ele após mais um breve intervalo de apenas trinta segundos." – disse o jornalista e logo a emissão deu lugar à publicidade.
Luísa foi à cozinha e trouxe um copo de água e um comprimido, que lhe estendeu em silêncio.
- Não é preciso, obrigado. Já vai passando. Meu Deus a minha família deve estar numa aflição. A quantos estamos hoje?



Nota: Para quem não leu ontem, chamo a atenção para o post informação publicado à tardinha.


18.2.20

INFORMANDO OS AMIGOS

Boa tarde a todos
Acabam de me ligar do Hospital de Santa Maria, informando que o meu transplante da córnea vai ser na próxima 5ª Feira, que tenho de lá estar de manhã às 7,30 em jejum desde a meia noite.
Rezo para que desta vez tudo corra bem, mas não sei quando voltarei aos blogues, embora tenha posts programados para quase 30 dias. Pelo que quem quiser por aqui passar, especialmente para os que andavam a acompanhar a história do Gil Gaspar, a porta fica aberta.

PENSAMENTO DO DIA



O passado é lição para refletir, não para repetir!


                                                             Mário de Andrade


Hoje faz 4 anos que lancei o meu primeiro livro, Rosa. E este é um passado que já repeti com As cores do Amor e que gostaria de voltar a repetir num futuro próximo.

17.2.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XXXIX




- Chegou a hora de me despedir!
Ela estremeceu e largou o pincel. 
Aquela frase, foi como uma faca rasgando-lhe o peito apesar de não ser de todo inesperada.
Desde a véspera, que Luísa sentia a luta que ele travava consigo mesmo, e intuía que a sua partida estava eminente. 
Uma semana se passara, desde aquela terrível noite de tempestade, em que ele chegara meio morto à sua porta. 
Sete dias de convívio diário que  mudaram  a sua vida para sempre. 
Inicialmente cuidara daquele homem, pois ele estava meio inconsciente e completamente vulnerável. Faria o mesmo com qualquer outro ser humano que necessitasse, fosse criança, ou idoso, ou até  mesmo por um animal, (afinal fora assim que ganhara a companhia de Tejo, quando o encontrara abandonado, maltratado e meio morto de fome).
Porém desde o primeiro momento em que ele recuperou a consciência, ela sentiu a forte atração que os uniu. Há muitos anos que se tinha imposto a si mesma uma vida de solidão e até então, nunca se tinha sentido infeliz com essa opção. Porém tudo mudou depois que ele chegou. Era  um homem muito atraente, mas era também educado, simpático, e adivinhava-se carinhoso, pela maneira com que a tratava. 
E embora sabendo que era uma loucura, o desejo de o ter mais tempo consigo, foi crescendo, hora a hora. Sabia que de um momento para o outro, ele podia recuperar a memória, e partir. E ela não era tão egoísta  que desejasse o contrário, mas sim, desejava que não partisse enquanto a atual situação se mantivesse.
  Por isso, para o reter, lhe tinha pedido para posar para ela, e tinha começado a pintar o seu retrato havia três dias. Era como se através do quadro, pudesse perpetuar a sua presença junto dela. Se acreditasse em amor à primeira vista, diria que se tinha apaixonado por ele desde o primeiro momento. Ou talvez fosse apenas atração sexual.  Afinal há mais de doze anos que não sentia o carinho de umas mãos de homem acariciando o seu corpo. Todavia  desde a véspera, ela sentia que a sua partida estava eminente.
- Mas para quê partir, se não sabes para onde? Ou já te lembraste de alguma coisa?
- Não, de vez em quando passam-me imagens rápidas pela cabeça, como se
 fossem flashes fotográficos. Há uma em especial que surge muitas vezes. É um bebé, e sinto que há uma relação forte comigo, mas não consigo lembrar de mais nada.
- Provavelmente, as tuas memórias a quererem voltar à superfície. Mas então porque não ficas mais um dia ou dois? Pode ser que, entretanto, te recordes de tudo.
-Não posso, Luísa. Somos ambos, adultos o suficiente, para nos darmos conta da atração que exercemos um sobre o outro. Por vezes a tensão sexual entre nós é tão grande que quase pega fogo ao espaço que nos rodeia. Ou pelo menos é o que eu sinto, e, creio não me enganar, ao pensar que tu sentes o mesmo. Agora mesmo leio no teu olhar, o mesmo desejo que me consome e não posso nem devo pagar dessa maneira a tua generosidade. Não esqueço que se estou vivo a ti to devo, e eu nem sequer sei se sou um homem livre.
-Compreendo, - disse ela voltando os olhos para a tela, o coração dividido entre a dor que a invadia, pela partida eminente e a alegria de saber que os seus sentimentos eram igualmente sentidos por ele. E sentiu uma enorme tristeza, ao  pensar que em qualquer parte do país, poderia haver outra mulher que estaria em sofrimento, sem saber o que lhe tinha acontecido. 
- E quando pensas partir? - perguntou com voz tremente. 
- Logo após o almoço. Quantos quilómetros são daqui à vila? – perguntou.
- Penacova, fica a pouco mais de três quilómetros. Mas o que vais fazer quando lá chegares?
- Ainda não sei. Mas suponho que se me dirigir ao posto policial, de algum modo a polícia me poderá ajudar.
- Bom, então será melhor que eu vá tratar do almoço. Deixa-me só lavar os pincéis.


16.2.20

DOMINGO COM HUMOR









Helena e Gilda, duas solteironas, são donas de uma farmácia!… Entra um homem e pede uma camisinha.
Helena atende e traz a camisinha:
– É pequena ! Reclama o freguês. E Helena traz uma maior:
– Ainda é pequena…
E Helena pega a maior que tem para venda.
– Desculpe, mas tem de ser maior!…
Helena grita prá Gilda que está no armazém da farmácia:
– Ó Giiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiilda !… Tem um homem aqui que precisa de uma camisinha maior que a XXL!!!… O que é que nós temos para oferecer???

– Casa…. comida, roupa lavada e sociedade na farmácia!!!!!


                                                     ******************


Dois grandes amigos conversam:
– Olha, rapaz… A minha mulher é uma tremenda mentirosa.
– A Gabriela? – Surpreende-se o amigo – Então, o que aconteceu? Porque estás a dizer isso?
– Ah, ontem não dormiu em casa e inventou que passou a noite com a irmã.
– E não passou?
– Claro que não! Quem passou a noite com a irmã dela fui eu!



                                             ******************





Numa ilha deserta havia três náufragos: um japonês, um americano e um português. Encontraram uma lâmpada mágica e, após o génio sair de lá, o americano diz:
- Eu quero voltar para a minha terra natal.
- Está concedido! – diz o génio.
E o americano voltou para a América. Diz logo de seguida o japonês:
- Eu também quero voltar para a minha terra natal.
- Está concedido! – diz o génio.
E o japonês voltou para o Japão. E o português vendo que chegou a vez dele, diz:
- Bom… Acho que em Portugal não vai ser muito melhor que aqui, mas também não quero ficar aqui sozinho… olhe, traga-me os outros dois companheiros de volta!



                                                            *****************



Duas amigas foram-se confessar. A primeira, depois da confissão, dirige-se à pia de água benta, quando é interceptada pela amiga:
- Então, constaste a verdade ao Padre?
- Contei… – confessa a primeira.
Pergunta interessada a amiga:
- E ele?
Explica a primeira:
- Não ficou nada contente pelo facto de eu ter ido tão longe nas brincadeiras com o meu namorado! Mandou-me passar todas as partes que estiveram em contacto com o pecado por água benta… Vou ter que lavar as mãos…
E diz a amiga muito apressadamente:
- Então espera só um bocadinho, não sujes a água, antes de eu me confessar…
- Então porquê? – pergunta a primeira.
Explica a segunda:
- Ou muito me engano ou vou ter de fazer uns gargarejos…

                                                 
                                                  *******************


Manhã tranquila bem nos confins de Trás-os-Montes.
O velho Prior estava em frente à igreja quando viu passar uma menina
de uns nove ou dez anos, pés descalços, franzina, meio subnutrida, ar
angelical, conduzindo uma meia dúzia de cabras. Era com esforço que a garotinha conseguia reunir as cabras e obrigá-las a caminhar.
O padre observava a cena. Começou a imaginar se aquilo não era um caso de exploração de trabalho infantil e foi conversar com a menina.
- Olá, minha querida. Como  te chamas?
- Maria da Luz, Sr. Prior.
- O que vais fazer com essas cabras, Maria da Luz?
- Vou levá-las à quinta do Sr. Alcides para o bode as cobrir.
- Olha lá, Maria da Luz, o teu pai ou os teus irmãos mais velhos não
podiam fazer isso?
- Já fizeram Sr. Prior, mas não nasceu nada. Tem mesmo que ser um bode!