Maria riu-se.
-O quê? Não me digas que não sabes. Vais dizer-me que nunca tiveste namorado?
-Amigos sim, namorado só o primeiro coleguinha quando fui para a escola.
- Mas tu és linda, tens bom gosto, és simpática. Por onde tens andado?
-Por aí. Mas não me respondeste.
- Insinua-te. Se ele não for parvo, percebe.
- Insinuar? Como?
-Isso é lá pergunta que uma mulher faça? Mariana, tu não deves estar bem. Deixa cá ver se tens febre, - brincou Maria tentando colocar-lhe a mão na testa.
-Não sejas tonta. E vamos às compras que ainda gostava que me ajudasses a decorar a árvore de Natal.
Na loja Mariana escolheu um par de calças de ganga, e uma camisola de gola alta vermelha,
-Gostas?
-É um conjunto muito bonito.
-Então vai experimentar. É para ti. Prenda de Natal.
- Para mim? Oh! Obrigado. És um anjo, - disse quase arrancando-lhe as peças da mão, esfuziante de alegria.
Quando saíram, Mariana perguntou à amiga:
-E agora? Sapatos ou botas?
- Posso escolher?
Acenou afirmativamente
-Botas.
Entraram na sapataria, e Maria escolheu umas botas de cano alto, sem salto, muito práticas.
Entraram na sapataria, e Maria escolheu umas botas de cano alto, sem salto, muito práticas.
Quando regressavam a jovem disse quase chorando.
-Este ano, não esperava ter outra prenda que não a do Luís. Desde que o pai morreu, o dinheiro lá em casa, é muito pouco. Nem quero pensar o que teria sido de nós, se a minha mãe não tivesse vindo trabalhar para a tua casa.
- Não é a minha casa. É do Miguel.
- Mas tu vives lá. Porquê?
- Porque meu pai morreu, e eu estava doente, como sabes.
Calou-se. Maria percebeu que a jovem não queria falar da sua vida, e mudando de conversa disse:
-Tenho tantas saudades do meu pai!
-Também eu Maria ! Também eu!- Repetiu com tristeza.