Encostou-se mais a ele, o corpo tremendo, mais de ansiedade que de medo. Insistiu
- Não te atormentes mais, nem me tortures. Deixa de lutar contra fantasmas que só existem na tua cabeça. Eu sou real, e o meu amor por ti, é tão real, quanto esta tempestade.
Segurou-lhe o rosto entre as mãos, e aproximou o seu do rosto dele, até quase se tocarem. Insistiu:
- Beija-me. Agora. Ou não te perdoarei nunca.
Incapaz de resistir, por mais tempo, ele obedeceu.
E, tal como um rio, que no auge da tempestade, galga margens e arrasta tudo à sua passagem, assim o beijo que os uniu, despoletou tal paixão, que destruiu medos e inseguranças, deixando apenas um homem e uma mulher que se amavam, e se entregavam às primícias desse amor.
Lá fora chovia torrencialmente. Aos poucos a tempestade afastava-se, e a trovoada, ficava cada vez mais distante.
Mais tarde, quando a luz voltou, ela sussurrou:
Tens fome?
-Só de ti, - respondeu ele com paixão
Ela riu baixinho. E de novo as bocas se procuraram ansiosas, as mãos se perderam nervosas, em carícias delirantes, e os corpos se envolveram na ancestral dança do amor.
************************************** - EPÍLOGO -********************************
Ela riu baixinho. E de novo as bocas se procuraram ansiosas, as mãos se perderam nervosas, em carícias delirantes, e os corpos se envolveram na ancestral dança do amor.
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Já se passaram mais de quatro anos, desde aquela noite de Dezembro. Tempo em que muita coisa aconteceu na vida dos dois protagonistas desta história.
Mariana recuperou os seus documentos, bem como a chave da sua casa.Continuou com as sessões de psicoterapia, durante algum tempo, até interiorizar que o sentimento de culpa, que quase a endoidecera, não tinha razão de ser.
Casaram numa manhã de sol,no início da primavera. Numa cerimónia, simples e íntima, na presença de Luísa, da filha e do namorado desta, e de alguns amigos do noivo.
Mariana, voltou à universidade e terminou o curso. Por seu lado, Miguel era cada dia mais respeitado por público, e críticos. O seu quadro, " Folha em branco"., que retratava Mariana, naquele dia, entre a vegetação da falésia, tal como ele a vira, fizera o maior sucesso, e fora alvo de vários estudos, e muitas ofertas, mas Miguel não o vendeu. Tinha lugar de destaque na sua sala.
Tinham vivido na casa dela, enquanto remodelavam aquele apartamento, e quando as
acabaram voltaram para ali, e venderam a outra casa.
acabaram voltaram para ali, e venderam a outra casa.
Mantinham Luísa como empregada. E Maria continuava a ser, a sua melhor amiga, embora ela tivesse recuperado a antiga amizade de algumas colegas da Universidade.
Mariana estava cada dia mais bela, mais mulher, mais madura.
Mariana estava cada dia mais bela, mais mulher, mais madura.
Irradiava felicidade.
Por vezes, ao olhá-la, voltava a insegurança de Miguel, o temor de a perder, o medo de que a jovem o trocasse por alguém da sua idade. Tinha esse medo enraizado no peito, muito embora lutasse contra isso todos os dias. Mas às vezes, era maior que as suas forças. Ensombrava-se-lhe o rosto, entristecia-se-lhe o olhar.
Atenta, Mariana afastava essa dúvida, com todo o amor que sentia pelo marido.
Ela sabe, que essa, é uma nuvem, que ainda vai demorar a sair do horizonte de Miguel.
Ela sabe, que essa, é uma nuvem, que ainda vai demorar a sair do horizonte de Miguel.
Mas hoje é um dia especial. Miguel faz cinquenta e um anos. Daqui a pouco descerá do estúdio, sairão para jantar, e festejar com alguns amigos.
Mariana acaba de se arranjar e espera ansiosa pelo marido. Ela tem uma prenda especial para ele.
Mariana acaba de se arranjar e espera ansiosa pelo marido. Ela tem uma prenda especial para ele.
Quando ele desce, ela enlaça-o e murmura-lhe algo ao ouvido.
-Verdade?- pergunta ansioso, mergulhando o olhar, naqueles olhos castanhos que tanto ama.
Acena afirmativamente com a cabeça.
Sentindo um nó na garganta, o coração batendo desenfreado no peito, ele aperta-a contra si, e murmura emocionado:
-Bendita sejas, Mulher!
FIM
Elvira Carvalho.
Elvira Carvalho.