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9.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XI



Depois que Miguel saiu, a jovem apertou a cabeça entre as mãos, como se quisesse alcançar a memória perdida.
Quando ele mencionara o facto de poder ser seu pai, ela sentira como se uma corrente eléctrica, lhe percorresse o corpo. Era uma sensação estranha e dolorosa que ela desconhecia. Que se passava com ela? A ser verdade que tentara matar-se, como Miguel dissera, ( e não tinha razão para duvidar da palavra de um homem, que até ali se portara como um cavalheiro) que fizera ela de tão grave para desejar a morte? Ou quem lhe tinha feito tanto mal, ao ponto de a levar àquele desespero? Porque não conseguia lembrar-se  de nada? A sua cabeça era como uma folha em branco, que ela não conseguia preencher. Soltou um gemido e de novo deu livre curso às lágrimas. Mais tarde, preparou-se para dormir.
Antes de se deitar, hesitou. Fechava ou não a porta à chave? Miguel tinha mostrado ser um homem íntegro. Não podia imaginar que se aproveitasse da sua fragilidade. Não fechá-la era a prova de que confiava nele. Por outro lado ele mesmo lhe dissera para o fazer. Então decidida, deu a volta à chave e deitou-se.
Levou horas para adormecer. Por fim, cansada, entregou-se nos braços de Morfeu.
Acordou sobressaltada a meio da madrugada. Sentiu passos na sala ao lado. Depois os passos no corredor, uma porta que se abria.
Minutos depois, a porta fechava-se, os passos firmes voltaram a ouvir-se pelo corredor até à sala. Logo em seguida, apagou-se a luz e o silêncio reinou na casa. E ela voltou a adormecer
Acordou cedo. Saltou da cama e num movimento mecânico, certamente efectuado ao longo de anos, fez dançar o pé direito debaixo da cama em busca de algo. De repente lembrou que não tinha visto nas coisas que Miguel lhe comprara, uns chinelos. Ia retirar o pé, quando encalhou em qualquer coisa. Eram os chinelos do dono da casa. Enfiou-os. Eram enormes, mas à falta de melhor serviam. Vestiu o robe, rodou a chave lentamente, e saiu procurando não acordar o homem que dormia vestido no sofá.
Coitado! Esquecera-se de retirar do quarto a roupa para dormir, e ela, presa à sua dor, nem pensara nisso.



13 comentários:

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Vou de ferias mas vou levar o PC comigo pois não quero perder pitada desta Historia .
JAFR

noname disse...

Mesmo que de fugida, não posso deixar de vir ver como de desfia a história :-)

Boas férias, Elvira

Larissa Santos disse...

Os dias passam e a jovem nada de chegar à sua realidade. Complicado:))

Hoje: Adormeci num sonho de ternura

Bjos
Votos de uma óptimo Quinta-Feira

chica disse...

Coitado de Miguel...Homem bom, pensou em tudo, só esqueceu de sua roupa...beijos, chica

Edum@nes disse...

Como já comentei da outra vez essa folha em branco. Agora vou por aqui passando. Para lhe desejar, amiga Elvira, umas boas férias aí na cidade de Lagos, onde penso que o fogo na Serra de Monchique não as tenha incomodado?

Um abraço.

Anete disse...


Mais um capítulo com boas expectativas...
Revelações vêm adiante...
Um abraço e muita saúde... Que o "ar" melhore por aí...

Cidália Ferreira disse...

Imagino a preocupação de Miguel para que nada lhe falte. :)!!

Beijos e um dia feliz!

Tintinaine disse...

Eu também por aqui ando, à procura das minhas memórias de outros tempos. Só as boas que as más eu dispenso.
Boas férias, Elvira!!!

Teresa Isabel Silva disse...

Está realmente complicado!

Bjxxx
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Gaja Maria disse...

Estou curiosa em saber o desenrolar da história. Promete... :)

Kique disse...

Mais um excelente capitulo
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - Frango Vegetáriano

Isa Sá disse...

A passar por ca para acompanhar a história.

Os olhares da Gracinha! disse...

É natural alguma perturbação ... bj