Dizem que o tempo voa, mas para Mariana, os dias decorriam numa lentidão exasperante. Miguel passava os dias no estúdio, apenas descia para almoçar, sabendo que Luísa e a filha estavam em casa. À noite, não descia para jantar, e quando vinha dormir era já madrugada. Mariana, passava os dias com a amiga, que devido à época de festas que atravessavam, não tinha aulas.
Ora saíam, ora se fechavam no quarto, ouvindo música, ou perdendo-se em longas conversas. Não era de estranhar que se tivessem tornado inseparáveis. Para Mariana, a amiga, era a única pessoa, mais ou menos da sua idade, com quem convivia desde há largos meses. Maria, admirava a amiga, pelo que ela sofrera, e pelo carinho com que sempre a tratara.
E assim se chegou ao último dia do ano, um invernoso dia de vento e chuva. Luísa e a filha, saíram a meio da tarde, em dias assim era mais difícil apanhar transportes e elas moravam no outro lado da cidade.
-Deixei o jantar preparado, menina. É só aquecê-lo no Micro-ondas, - disse antes de partir.
- Não se preocupe Luísa. Aproveitem, sair agora, parece que a chuva e o vento amainaram um pouco.
Pouco depois a chuva voltava em força.
Pouco depois a chuva voltava em força.
Sete e meia da tarde, ouviu-se o primeiro trovão.
“Só cá faltava a trovoada” murmurou contrariada.
Correu os cortinados, apagou a luz e dirigiu-se à sala.
Abriu um livro, mas não conseguiu ler. A trovoada estava cada vez mais próxima, e ela cada vez mais nervosa.
Miguel descia as escadas, quando um relâmpago, fez da noite dia, e o trovão soou ameaçador por sobre as suas cabeças, ao mesmo tempo que a luz se apagava, mergulhando a casa na escuridão.
Ela gritou assustada, e rapidamente ele estava a seu lado abraçando-lhe o corpo tremente.
Tens medo? – Perguntou baixinho
Contigo não.- Respondeu no mesmo tom.
Novo relâmpago, novo trovão, desta vez ainda mais assustador, como se a tempestade que eles traziam no peito, se tivesse materializado lá fora, no espaço.
Ela apertou o cerco dos seu braços e pediu num sussurro:
Novo relâmpago, novo trovão, desta vez ainda mais assustador, como se a tempestade que eles traziam no peito, se tivesse materializado lá fora, no espaço.
Ela apertou o cerco dos seu braços e pediu num sussurro:
-Beija-me, Miguel!
Ele afastou-a ligeiramente
- Não me tentes, Mariana, não me tentes!