Dias
depois, Gil fez a escritura do prédio, e firmou o contrato com a empresa de
construção. O advogado se encarregaria com a irmã de fiscalizar para que a
obra, que se ia iniciar em Janeiro, se fizesse no menor espaço de tempo e de
acordo com o projeto. Ele, estaria muito ocupado com o filme, e com a filha.
Ainda que Inês fosse uma excelente ama, ele sentia que tinha de aprender a
cuidar da filha e queria passar com ela, o máximo de tempo possível. Queria
conhecê-la, ver os seus sorrisos, acalmar os seus choros.
Seis
meses depois, o guião do filme fora aprovado, o estúdio estava a fazer os
“castings” para a escolha dos intérpretes, Mariana a sua filha tinha crescido
imenso. Estava agora com sete meses, adorava brincar no chão com o filho da
ama, de tal modo que quando ele se afastava, ela seguia-o a gatinhar. Era uma bebé
muito risonha, embora as suas birras quando queria, ou não queria alguma coisa,
mostrassem uma personalidade forte. E já
apresentava dois minúsculos dentinhos no maxilar inferior.
O
seu irmão Marco casara havia três meses, e Laura estava completamente
apaixonada pelo advogado, que parecia não poder viver sem ela. Por outro lado,
a Fundação estava pronta, ia ser inaugurada em breve, e já estaria a funcionar
no próximo ano letivo, gerida, claro, pelo homem que fora sempre o seu advogado
de confiança e que tudo levava a crer seria seu cunhado em breve. E tal como
Gil pensara, já havia meia dúzia de mecenas, interessados em apoiar
financeiramente a Fundação.
Com
a venda dos direitos do livro para o cinema, fora impossível continuar a manter
segredo sobre a sua atividade como escritor. E isso voltou a trazer a imprensa
atrás dele. Pior que isso, alguns jornalistas mais atrevidos quase acamparam em
frente da sua casa.
Gil
sabia que a qualquer hora, iria parar numa qualquer revista a foto de Inês com
a sua filha e o pequeno Luís que sempre passavam algumas horas passeando pelo
jardim. E temia que o ex-marido da ama, através delas, viesse a descobrir onde
Inês se encontrava, e pudesse tomar alguma atitude que pusesse em perigo a vida
da sua filha. Por isso pela primeira vez na vida contratou uma empresa de
segurança, e tinha agora alguns operacionais, vigiando o jardim, e acompanhando
a ama e as crianças sempre que tinham de se deslocar, quer quando iam às
compras, pois a menina crescia e rapidamente as roupas deixavam de lhe servir,
ou quando iam ao pediatra, para as consultas de rotina, pois ele nem sempre
podia acompanhá-las.
Gil
pensava que neste momento a sua vida estava mais certinha que um relógio suíço,
e por isso podia dedicar-se ao seu novo romance, pois Luna não parava de lhe
dizer que era uma ótima ideia aproveitar a campanha de lançamento do filme previsto para o próximo ano para lançar o seu terceiro livro.