No resto da tarde, Anabela não se aproximou do doente tal
como tinha dito, mas perguntou ao caseiro como ele estava, se tinha comido bem,
e se, não se tinha queixado de alguma dor. Satisfeita com a resposta,
aproveitou para dar uma pequena volta para conhecer a quinta e a paisagem dos arredores. Findo o passeio, dirigiu-se à sala
de tratamentos e verificou as pomadas e linimentos que havia no armário, o gel
para os ultrassons, verificando as datas de validade.
Depois abriu a gaveta da secretária e retirou a prescrição
dos tratamentos a efetuar, leu-a e voltou a guardá-la.
Mais tarde, satisfeita por verificar que tudo estava em ordem para o início do seu trabalho
no dia seguinte, subiu ao quarto, acabou de arrumar as suas coisas e por fim
estendeu-se em cima da cama pensando se a tarefa que ia enfrentar não era
demasiado grande para ela. Cansada, da viagem e da longa caminhada acabou por
adormecer.
Duas horas depois, acordou sobressaltada com as batidas na
porta. Era Isilda informando que o jantar estava pronto. Anabela levantou-se
foi à casa de banho, lavou o rosto escovou o cabelo e desceu. Quando ia a
entrar na cozinha, Joaquim saía com o carrinho do jantar para o doente.
Ela perguntou:
- Como esteve o doente esta tarde?
- Como de costume, menina. Barafustou quando fui retirar o
carrinho após o almoço porque queria o quarto às escuras, porém seguindo as suas
ordens, não o fiz. Fechei as persianas e corri os cortinados mas só quando começou a anoitecer.
- Claro. As noites aqui são muito frias?
-São sim, menina, mas a casa tem aquecimento que o senhor
mandou instalar quando a remodelou antes de ir para África.
-Bom, vá antes que o jantar fique frio.
Anabela jantou com o casal, e no fim disse-lhes que podiam
ir para casa. Ela recolheria o carrinho e arrumava a cozinha. Como tinha
dormido de tarde, não tinha sono.
Isilda protestou, Anabela estava ali para tratar do doutor,
não para fazer aqueles trabalhos, mas a jovem manteve-se firme e eles acabaram
por sair.
Ela levantou a loiça da mesa e depois de a passar por água, meteu-a na máquina. De seguida, dirigiu-se ao quarto do
doente, para retirar o carrinho com a loiça do jantar, e ver se o doente
necessitava de alguma coisa.
- Boa noite, - disse ao entrar no quarto
- Onde está o Joaquim? – foi a resposta obtida
- Foi para casa com a esposa.
- Porquê? Algum deles está doente? O Joaquim não me disse
nada.
- Eu dispensei-os.
- Sargento novo, novas ordens na caserna, - resmungou o
doente
Fingindo não ouvir, Anabela perguntou:
-Trago-lhe a cadeira para ir à casa de banho?
-Não obrigado.
Ela então estendeu uma toalha sobre a colcha e sobre ela uma
bacia, a escova e pasta de dentes. Encheu o copo de água, pegou o jarro vazio,
juntou-o à loiça do jantar que estava no carrinho e dirigiu-se para a porta
dizendo:
-Volto daqui a pouco com a água e um copo limpo.
Então é assim. A médica de família diz que agora a RM é com o neurologista. Resta saber onde vou ter consulta já que neste momento parece não haver neurologista no Hospital do Barreiro