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14.7.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XXXI

 



A meio da tarde, Helena levou a filha ao centro médico do Fundão a fim de lhe mudarem o penso e verificarem se estava tudo bem, como o cirurgião recomendara Nuno recomendara no dia da alta.

Matilde insistira com a mãe para obter o número do pai, pois estava ansiosa para falar com ele, mas esta não lho dera, não só porque sabia que o pai estava no hospital até às dezasseis horas, mas também porque achava que seria preferível ela falar com o pai pessoalmente uma vez que ele não trabalharia no dia seguinte e iria ter com eles à quinta, a fim de conhecer a família dela e ter uma conversa séria com eles. E então sim os dois teriam tempo para estar juntos e ela dizer ao pai o que desejasse.

 Quando saíram do Centro médico, a garota disse estar com fome e a mãe decidiu que lanchariam ali mesmo na cidade e só depois iriam para a aldeia, onde teriam que jantar cedo pois às dez horas teriam que estar na igreja para o inicio das celebrações da Semana Santa nessa noite com a representação da Última Ceia que incluía a lavagem de pés dos membros da irmandade. 

Antes disso, Sérgio e Sofia, que não trabalhavam no dia seguinte por ser feriado, chegariam à quinta, onde já se encontravam os seus filhos, para passarem a Páscoa na casa paterna. Os pais de Sofia também viriam mas chegariam apenas no sábado pela hora do almoço. 

Entretanto também no dia seguinte chegariam à aldeia, Rita e o marido, bem como os pais de ambos que ali iam passar a Páscoa, pois o velho Alberto Santos, mais conhecido pelo Ti Alberto Ferreiro, avó da Rita, estava muito doente e a família queria estar com ele, pois receavam ser a última Páscoa, do idoso.

 Lena ainda não contara a Rita, tudo o que soubera de Gonçalo na véspera, apesar da grande amizade que as unia, pois era uma longa e complicada história que pensava não devia ser contada pelo telefone.

Enquanto Lena e a filha, regressavam à quinta, a primeira pensando no que o irmão e cunhada diriam, quando soubessem dos últimos acontecimentos, e a segunda sonhando com a visita do recém descoberto pai.

Mais tarde, todos reunidos à mesa para jantar, foi Sérgio quem após mais um comentário da sobrinha sobre o pai, perguntou:

- Que história é essa, Lena? Como é que Matilde diz que o pai vai chegar amanhã? 

-É uma história longa e complicada para contar agora, mas é verdade que encontrámos o Gonçalo. Foi ele quem atendeu a Matilde no hospital antes da cirurgia. 

- E assim sem mais nem menos disse-lhe que era o pai dela? - perguntou o irmão com ironia. Onde é que ele esteve estes anos todos? 

-Já te disse que é uma história longa e complicada que não vou poder contar agora. A vida, nos separou e ela nos juntou de novo. Ele pediu-me em casamento e quer dar o seu nome à filha. 

Estará aqui amanhã para  passar o dia com ela, conhecer-vos a todos e poderás fazer-lhe as perguntas que desejares. Tudo o que sei já contei à mãe.  E agradecia-te que não fizesses comentários sarcásticos sobre este assunto na frente da Matilde.

- A Lena tem razão, amor - disse Sofia. A tua irmã é uma mulher adulta e responsável, absolutamente capaz de saber discernir o que que sabe o que é melhor para as duas. E depois já viste como a Matilde está feliz? 





19.8.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXI



Teresa levantou-se cedo nessa manhã, embora não tão cedo como antes de ficar grávida, quando chegava à pastelaria antes das cinco da manhã.
No dia anterior, quando chegara a casa extremamente nervosa por todas as emoções que sofrera desde o momento que entrara no Centro Médico até à altura em que abandonou o parque da TecnInformática, depois da longa conversa com o empresário, tomara um duche, vestira um curto pijama de algodão e bebera um copo de leite. De seguida estendera-se no sofá para um curto descanso e adormecera. Quando acordou, eram quase dez da noite.
Embora sem fome, mas pensando no bebé fez uma refeição frugal, e foi para a cama. Porém, ou por causa das horas que tinha dormido anteriormente, ou porque só naquele momento conseguisse racionalizar o que lhe acontecera, levou horas para adormecer, e o pouco tempo dormido foi cheio de pesadelos, em que se via a ter o seu filho e quando depois do nascimento pedia que lho mostrassem, a enfermeira ria-se e dizia-lhe que o bebé não era seu, e que já o entregara ao pai.
Acordou transpirada e aflita. Tomou o duche, secou os cabelos, que prendeu numa trança e vestiu-se. Correu a persiana e abriu a janela para arejar o quarto. O céu mostrava um azul brilhante e sem nuvens e o ar era ameno.
-Outro dia de calor insuportável – murmurou
Olhou o relógio. Seis e um quarto e o sol já nascera. Os longos dias de Verão, eram a sua paixão, embora o calor infernal dos últimos dias a fizessem recordar com saudade os meses amenos da Primavera.
Enquanto tomava o pequeno almoço, recordou mais uma vez, a conversa com o empresário. Surpreendera-a. Depois de tudo o que lhe tinham dito, julgara-o um homem arrogante e convencido, inflexível na sua decisão de ir para a justiça e mentalmente tentara preparar-se para um duro confronto, a fim de conseguir convencê-lo a não prosseguir as investigações e a ida ao tribunal, porém fora muito mais fácil do que pensara.
Apesar da dureza latente no empresário, e de alguns avisos da sua parte, ele mostrara-se bem mais compreensivo e confiante do que ela esperara. Todavia não podia esquecer que os dois eram pais daquela criança e os dois a queriam, pelo que teriam de tomar uma decisão o mais justa possível, e essa decisão iria fazer com que os dois tivessem de conviver. Não era de modo algum, o futuro que sonhara, quando decidira ser mãe daquela forma.
Acabou o pequeno almoço, e depois de uma passagem pela casa de banho, para lavar os dentes, fez a cama, trocou os chinelos por umas práticas sandálias sem salto, fechou a janela, correu a persiana para evitar o aquecimento do quarto, e saiu. Olhou o relógio. Quase sete e meia. A Inês só chegaria perto das nove, mas ela tinha que verificar alguns documentos antes. Pegou nas chaves do apartamento e saiu. Como a pastelaria ficava no passeio contrário, a menos de cem metros de distância do apartamento, nunca usava o carro.
Sabia que ia sentir saudades não só do trabalho na pastelaria, mas também do convívio com os clientes. Salvo um ou outro turista, a esmagadora clientela era composta por moradores da avenida e ruas adjacentes, que ela conhecia desde os tempos em que era apenas mais uma empregada.  Eram muito mais do que clientes; eram amigos a quem ela tratava pelo nome.