- Estou…
- Bom dia, Teresa! Sou o João
Teixeira. Podes atender, ou estás muito ocupada?
Não precisava ter-se
identificado, apesar de só terem conversado uma vez ela reconheceu de imediato a
voz grave e um pouco rouca do empresário
-Posso atender.
-Como estás?
- Estou bem, só um pouco
surpresa, não estava à espera da tua chamada, tão cedo.
-Cedo? Mas é quase hora de
almoço…
- Não me referia à hora...
- Eu sei. Estou a ligar, para
saber como vais: E também para te fazer um convite. Na Sexta-feira, vamos
lançar um novo jogo de computador. É a continuação de um jogo lançado há anos e
de grande sucesso, pelo que este está sendo esperado com grande expectativa e
vai ser lançado em simultâneo em vários países. Vamos fazer aqui uma festa e gostava
que viesses. Não poderei ir buscar-te, mas mando um motorista apanhar-te na
morada que me indicares. Vens?
- Desculpa recusar o convite, mas
deves compreender que não me sentiria bem numa festa onde não conheço ninguém a
não seres tu, se é que podemos dizer que nos conhecemos. Além de que nunca fui
muito amiga de festas e na atualidade a única coisa que quero é descansar. De
qualquer modo obrigado pelo convite.
- Para te ser sincero, não
fosse a minha presença obrigatória, enquanto criador do jogo, e também não
iria. De qualquer modo, não podemos
criar uma relação de amizade, se não nos encontrarmos de vez em quando. Aceitas
jantar comigo no sábado?
- Desculpa mais uma vez, mas
ando muito sonolenta, deito-me com as galinhas, como dizem na aldeia.
- Nesse caso trocamos o jantar
pelo almoço.
- Não acho que seja uma boa
ideia. És muito conhecido, se algum jornalista nos vê juntos começam logo a
querer saber quem sou, o que faço, e quando descobrirem que estou grávida nunca
mais me deixam em paz.
- Confia em mim.
- Nunca desistes?
- Daquilo que é importante
para mim, nunca.
- Está bem.
- Está bem o quê? Eu não
desistir ou tu almoçares comigo?
- Está bem, almoço contigo.
-Então sábado vou buscar-te ao
meio-dia. Tens que me dar a morada.
- Vais dizer-me, que sendo tu
um expert de computadores, não sabes já onde moro?
- Se vamos ter um filho, e por
ele vamos ter que conviver, a primeira coisa que temos de aprender é a confiar
um no outro. Eu disse-te que confiaria em ti, recordas-te? Logo por muita
vontade que tivesse de verificar as informações que me deste ou de descobrir a
tua morada, não o faria, pois isso seria uma prova de que não confio em ti, ou não sou de confiança.
Embora incrédula ela deu-lhe a
morada e despediram-se depois dele confirmar que a iria buscar no sábado ao
meio-dia.