Desde muito nova, Teresa sempre sonhou ser mãe, e depois que completou vinte e nove anos o sonho tornou-se cada dia mais premente. Porém, não queria envolver-se em nenhuma relação. A sua desconfiança em relação ao sexo masculino era genética. E a única experiência sexual que tivera durante o tempo da Universidade, não fora de modo algum gratificante, ao ponto de desejar repetir o ato. De modo que depois de muito pensar, e apesar da opinião contrária de Inês, que se esforçara para a convencer, a iniciar uma relação, inclusive apresentando-lhe alguns amigos, ela decidira-se pela produção independente e recorrer à Procriação Medicamente Assistida, a fim de conseguir engravidar.
Falou com o seu médico assistente, que lhe indicou os passos a seguir e então dirigiu-se ao Centro Clínico especializado nesse método, e marcou consulta com um dos médicos, desse centro médico.
Depois de várias consultas, entrevistas e exames médicos, físicos e psicológicos, foi considerada como tendo o perfil necessário, para se submeter à Inseminação Artificial, e marcado o dia do procedimento, para o seu próximo período fértil.
Isso acontecera na semana anterior, faria no dia seguinte dez dias, que o procedimento ocorrera, e esse era o prazo, que o médico lhe dissera, ser necessário, para saber se tinha ou não conseguido engravidar. Claro que o clínico tinha-a avisado, de que embora a percentagem de sucesso fosse bastante alta, a gravidez não era garantida. A maioria das mulheres engravidava, a primeira vez que recorria ao processo mas outras só o conseguiam em duas ou mais tentativas.
Todavia Teresa era uma mulher de fé e acreditava que tudo iria dar certo. Por isso, quisera passar aquele fim de semana, na casa onde nascera, e onde vivera grande parte da sua vida. Antes da viagem, comprara na farmácia dois testes, e estava desejando o nascer do dia seguinte, a fim de saber, se as suas esperanças se tinham ou não concretizado.
Preparava o almoço, quando o telemóvel tocou. Atendeu
- Olá aldeã, já tens notícias? - perguntou Inês.
- Bom dia, Inês. Só
amanhã farei os dez dias e os testes. Até lá continuo convencida de que estou grávida. E vocês como estão? E o meu afilhado?
- O Martim está cada dia mais rabugento. Agora deu em acordar de noite, a
chorar. Tem dois dentinhos a nascer, a minha mãe diz que é disso, não sei. E de resto estamos tão bem quanto possível.
- O que queres dizer com isso? Brigaram?
- De modo algum. Mas o Gustavo tem cada dia mais trabalho, tem dias que pede à secretária que lhe vá buscar qualquer coisa ao restaurante que fica perto do escritório, e nem vem almoçar a casa. E eu não nasci para fada do lar. Sinto falta de um emprego. Afinal fartei-me de estudar para nada. Mas não te preocupes isto passa. Telefona-me logo que tenhas feito o teste. Estou ansiosa por saber o resultado.
- O que queres dizer com isso? Brigaram?
- De modo algum. Mas o Gustavo tem cada dia mais trabalho, tem dias que pede à secretária que lhe vá buscar qualquer coisa ao restaurante que fica perto do escritório, e nem vem almoçar a casa. E eu não nasci para fada do lar. Sinto falta de um emprego. Afinal fartei-me de estudar para nada. Mas não te preocupes isto passa. Telefona-me logo que tenhas feito o teste. Estou ansiosa por saber o resultado.
- Claro, mulher, a quem mais telefonaria? És a minha melhor
amiga!
-Sou? Olha que honra, nem sabia que tinhas outras. – disse
rindo Inês. Até amanhã então. Tenho que desligar, o teu afilhado já acordou.
Beijo
Desligou sem esperar resposta.
Teresa terminou a salada fria que estava a fazer, e
colocou-a na mesa, sentando-se em seguida para almoçar
Pensou na sua mãe, e no que ela pensaria, se fosse viva e
soubesse da sua decisão. Tinha a certeza que tentaria demovê-la da sua
ideia. Iria dizer-lhe que se queria uma criança, fizesse uma adoção. Afinal as instituições estavam cheias de crianças abandonadas, ansiosas por alguém que as amasse.
Esse tinha sido também o argumento do Mário e da esposa. E ela tê-lo-ia feito se o seu organismo fosse estéril. Mas não era o caso. Queria sentir a sensação de carregar um filho no ventre, amá-lo muito antes de sentir a alegria e a emoção de o apertar nos braços após o parto. Eram emoções que não conheceria numa adoção, embora tivesse a certeza de que iria amá-la muito. Depois ela também sabia que a menos que optasse por uma criança já com alguns anos, teria que entrar numa lista de espera e esperar talvez anos para ter um bebé por adoção.
Esse tinha sido também o argumento do Mário e da esposa. E ela tê-lo-ia feito se o seu organismo fosse estéril. Mas não era o caso. Queria sentir a sensação de carregar um filho no ventre, amá-lo muito antes de sentir a alegria e a emoção de o apertar nos braços após o parto. Eram emoções que não conheceria numa adoção, embora tivesse a certeza de que iria amá-la muito. Depois ela também sabia que a menos que optasse por uma criança já com alguns anos, teria que entrar numa lista de espera e esperar talvez anos para ter um bebé por adoção.
Depois do almoço. lavou a loiça e foi para a sala.
Sentou-se num sofá e abriu o livro que tinha em cima da mesa “O grande livro da
Grávida” e pouco depois adormecia com o livro no colo.