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28.5.20

ISABEL - PARTE XII




Foto minha


Terminada a chamada dirigiu-se à casa de banho com uma pequena bolsa, na qual guardou os seus objectos de higiene pessoal.
Depois de transportar tudo para o carro, percorreu a casa a ver se tinha esquecido alguma coisa,  colocou os óculos escuros, guardou o telemóvel na bolsa que colocou a tiracolo, pegou  nas chaves e saiu. Tocou a campainha do lado e entregou à senhora as chaves da casa. Esta desejou-lhe boa viagem e deu-lhe um cartão com o número do telefone. “ Pode precisar quando voltar para estes lados” disse.
Isabel agradeceu e finalmente meteu-se no carro e subiu a rua em direcção à parte alta da cidade. Aí poderia seguir para a A 22 a chamada “via do Infante”, mas Isabel pretendia tomar o rumo contrário e seguir em direcção à Avenida dos Descobrimentos, vulgo marginal. Queria olhar a baixa e o mar pela última vez. Sairia da cidade no final da avenida em direcção do Chinicato, e aí entraria na "via do Infante".
E foi o que fez. Passou pelo parque de campismo, viu a estátua de S. Gonçalo, o beato lacobrigense, padroeiro da cidade, situada por cima da praia da Batata, passou pelo forte Pau da Bandeira, pelo Castelo dos Governadores, lançou um último olhar ao arco sob as muralhas do Castelo, onde segundo a lenda, nasceu São Gonçalo passou pela praça do Infante D. Henrique, procurando um local onde pudesse estacionar. Conseguiu o tão precioso lugar bem em frente do mercado municipal quase por trás do banco onde estivera sentada no dia anterior.




Foi até à muralha, e admirou mais uma vez o movimento na ria. Depois e antes de atravessar a avenida, fotografou o monumento aos navegadores aí colocado a meio da avenida. Era uma estátua composta por três peças em caracol, com uma pequena bola vermelha na peça do meio. Isabel esboçou um sorriso, ao lembrar quando chegou e perguntou a uma idosa local o significado do monumento.
- "Sinceramente não sei, menina. Há quem diga que é  um monumento de homenagem aos homens do mar. Que significa  as ondas e uma bóia. Coisas de artista sabe? A mim parecem-me três fatias de torta com uma cereja."
Atravessou a avenida, e dirigiu-se a uma pastelaria. Pediu uma sandes e um sumo. Por fim bebeu um café, pagou e saiu. Dirigiu um último olhar para a Praça Gil Eanes e decidida rumou ao carro e iniciou a viagem de regresso.

Mais de duas horas depois, estacionava o carro na área de serviço de Palmela. 

Não se vê nesta minha imagem, mas aquele elemento do meio tem no lado contrário uma pequena bola vermelha. 

5.1.19

PORQUE HOJE É SÁBADO


O Meu cavalinho




Num cavalo de cartão
Eu corria à desfilada
Nos campos sem fim
Do sonho
Entre rios de alegria
E montanhas de inocência.

Nas asas da imaginação
Via desfilar
Perante os meus olhos
De criança
Searas de carinho
Pão de liberdade.

E o mundo corria
Pintado de esperança.

Hoje
O meu cavalinho
Jaz morto
Num velho armário
Sepultado
Como velho traste
Sem préstimo.
E diante de mim
Não desfilam mais
Sonhos de esperança
Pão de liberdade
Diluída a alegria
Em dor
Perdida a inocência
De criança
Em verdades de adulto.


Elvira Carvalho



Ontem, com o comentário da Maria João de Brito de Sousa, chegámos aos 38.000 comentários. Muito Obrigada a todos que contribuíram para este número. 



E já agora uma pergunta. Quem de vós vive em Angra do Heroísmo?

2.7.18

O DIREITO À VERDADE - XI




Ajudou-a a sair do carro, e entraram no hospital. Acompanhou-a até uma cadeira e pediu.
-Tem o cartão de cidadão? Vou precisar dele para fazer a inscrição.
Abriu a mala e tirando o cartão estendeu-lho.
O homem afastou-se em direção do guichê. Ouviu-o conversar com a rececionista e só então arriscou olhá-lo
Deveria andar pelos trinta anos, era bastante alto, o cabelo castanho, e os olhos… bom, os olhos eram os olhos mais bonitos que ela já vira. Cinzentos, tão brilhantes que pareciam transparentes. E expressivos. Ela notara-o, na ira que espelhavam, quando ele chegou junto dela depois de a ter atropelado.  
Era um homem muito interessante. Um perigo para a sua alma tão carente de afetos. A sua visita à cidade de Coimbra, teria que ficar para outra altura. Não podia correr o risco de voltar a encontrar-se com aquele homem. O que menos precisava na vida, era uma paixão não correspondida.
Viu o homem sorrir para a rececionista, enquanto pegava de volta o seu cartão. Desviou o olhar, ao ver que ele regressava para junto de si. Estendeu-lhe o cartão, dizendo.
-Estamos com sorte. Está de plantão um amigo meu. Já lhe foram dizer que estamos aqui. Vai ser chamada de seguida.
- Obrigado.
Ela já tinha notado o à-vontade com que ele se movia. Seria médico? Não se conteve.
- É médico?
- Pareço médico, - perguntou por sua vez sorrindo.
-Não sei se um médico tem algum ar especial, mas pareceu-me estar familiarizado com o ambiente.
-Não. Não sou médico, nem é necessário que o seja, para ser amigo de um. Infelizmente nos últimos tempos, tenho vindo aqui várias vezes com a minha mãe, que agora, está internada. Foi submetida a uma cirurgia ao coração.
- Helena Trindade, à sala de triagem, - ouviu-se no altifalante.
A jovem pôs-se de pé, e seguiu acompanhada de Cláudio, para a sala, onde além da enfermeira, já se encontrava o médico amigo dele.
Os dois homens trocaram um forte abraço, que denunciava uma boa amizade, enquanto ela respondia a algumas perguntas da enfermeira.
Helena não ouvia o que os dois falavam em voz baixa e um pouco afastados do sítio onde se encontravam, mas quando a enfermeira acabou de falar com ela, entregou a papeleta ao médico que lhe pediu para os seguir, não sem antes lhe perguntar se andava bem, ou se precisava de uma cadeira de rodas. Depois de ela ter dito que embora com dores caminhava bem, encaminharam-se os três para o gabinete médico, onde ele a mandou deitar, e lhe movimentou os braços e pernas, e lhe apalpou a zona do baço. Depois examinou-lhe os olhos, fez-lhe várias perguntas e por fim disse:
- Não me parece que haja hemorragia interna, nem fraturas ósseas. Mas como em medicina temos que ter certezas, vai fazer uns RX, que eu volto a chamá-la logo que tenha aqui os resultados.
Com as requisições na mão, abandonaram  o gabinete, rumo à zona de radiologia.