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9.9.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE LI


Encostou-se mais a ele, o corpo tremendo, mais de ansiedade que de medo. Insistiu
- Não te atormentes mais, nem me tortures. Deixa de lutar contra fantasmas que só existem na tua cabeça.  Eu sou real, e o meu amor por ti, é tão real, quanto esta tempestade.
 Segurou-lhe o rosto entre as mãos, e aproximou o seu do rosto dele, até quase se tocarem. Insistiu:
- Beija-me. Agora. Ou não te perdoarei nunca.
Incapaz de resistir, por mais tempo, ele obedeceu.
E, tal como um rio, que no auge da tempestade, galga  margens e arrasta tudo à sua passagem, assim o beijo que os uniu, despoletou tal paixão, que destruiu  medos e inseguranças, deixando apenas um homem e uma mulher que se amavam, e se entregavam às primícias desse amor.
Lá fora chovia torrencialmente. Aos poucos a tempestade afastava-se, e a trovoada, ficava cada vez mais distante.
Mais tarde, quando a luz voltou, ela sussurrou:
Tens fome?
-Só de ti, - respondeu ele com paixão
Ela riu baixinho. E de novo as bocas se procuraram ansiosas, as mãos  se perderam nervosas, em carícias  delirantes,  e os corpos se envolveram na ancestral dança do amor.





************************************** - EPÍLOGO -******************************** 



Já se passaram mais de quatro anos, desde aquela noite de Dezembro.   Tempo em que muita coisa aconteceu na vida dos dois protagonistas desta história. 
Mariana recuperou os seus documentos, bem como a chave da sua casa.Continuou com as sessões de psicoterapia, durante algum tempo, até interiorizar que o sentimento de culpa, que quase a endoidecera, não tinha razão de ser.
 Casaram numa manhã de sol,no início da primavera. Numa cerimónia, simples e íntima, na presença de Luísa, da filha e do namorado desta, e de alguns amigos do noivo.
 Mariana, voltou à universidade e terminou o curso. Por seu lado, Miguel era cada dia mais respeitado por público, e críticos. O seu quadro,  " Folha em branco"., que retratava Mariana, naquele dia, entre a vegetação da falésia, tal como ele a vira, fizera o maior sucesso, e fora alvo de vários estudos, e muitas ofertas, mas Miguel não o vendeu. Tinha lugar de destaque na sua sala.  
Tinham vivido na casa dela, enquanto remodelavam aquele apartamento, e quando as 
acabaram voltaram para ali, e venderam a outra casa.
Mantinham Luísa como empregada. E Maria continuava a ser, a  sua melhor amiga, embora ela tivesse recuperado a antiga amizade de algumas colegas da Universidade.
Mariana estava cada dia mais bela, mais mulher, mais madura.
Irradiava felicidade.
Por vezes, ao olhá-la, voltava a insegurança de Miguel, o temor de a perder, o medo de que a jovem o trocasse por alguém da sua idade. Tinha esse medo enraizado no peito, muito embora lutasse contra isso todos os dias. Mas às vezes, era maior que as suas forças. Ensombrava-se-lhe o rosto, entristecia-se-lhe o olhar.
Atenta, Mariana afastava essa dúvida, com todo o amor que sentia pelo marido.
Ela sabe, que essa, é uma nuvem,  que ainda vai demorar a sair do horizonte de Miguel.
Mas  hoje é um dia especial. Miguel faz cinquenta e um anos. Daqui a pouco descerá do estúdio, sairão para jantar, e festejar com alguns amigos.  
Mariana acaba de se arranjar e espera ansiosa pelo marido. Ela tem uma prenda especial para ele.
Quando ele desce, ela enlaça-o e murmura-lhe  algo ao ouvido.
 -Verdade?- pergunta ansioso, mergulhando o olhar, naqueles olhos castanhos que tanto ama.
Acena afirmativamente  com a cabeça.
 Sentindo um nó na garganta, o coração batendo desenfreado no peito, ele aperta-a contra si, e murmura emocionado:
-Bendita sejas, Mulher!


FIM


 Elvira Carvalho.




21 comentários:

A Nossa Travessa disse...

Minha querida Elvirinhamiga

És mesmo uma especialista em «Happy ends» e este é mais um. Assim fosse sempre mas infelizmente a vida é madrasta e bastantes vezes - para não dizer muitas - as estórias acabam mal. Mas não é a altura para estragar um final realmente feliz, por isso peço-te desculpa do início deste mal alinhavado (mas não mal intencionado) comentário.

Tenho, isso sim, de te dar s parabéns por mais este "folhetim" muito bem escrito como sempre e com um belo enredo - também como habitualmente - e fico à espera do próximo.

Muitos qjs deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão

Edum@nes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Edum@nes disse...

Mais um conto venha lá daí,
que eu não tenha comentado
enquanto estou pronto aqui
para o comentar com agrado!

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira.
Um abraço.

Teresa Isabel Silva disse...

Mais um final fabuloso!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

noname disse...

E pronto, mais um conto cede ao final.
Já sentada na primeira fila, para o próximo :-)

Boa noite, Elvira

Cantinho da Gaiata disse...

Esta história é linda e eu que o diga, pois fui presenteada e li quase num abrir e fechar de olhos.
Estes finais deixam-me sempre contente, embora na vida real nem sempre seja possível isto acontecer, por isso mesmo haja alguém que escreva história com finais felizes.
Beijinho grande e aguardo a próxima.

Cidália Ferreira disse...

Terminou muito bem, apesar das duvidas constantes de Miguel. Mais uma estória que amei ler!! Obrigada, Elvira! Venha outra!


Nossas vidas, filhas da pouca sorte. {Poetizando e Encantando}
Beijos e um bom fim de semana!

chica disse...

Que beleza! Foi muito bom acompanhar novamente contigo e reviver cada momento!Perfeito! beijos, obrigadão sempre pelos lindos momentos de leitura legal! chica

Larissa Santos disse...

Não imaginava que terminasse já. POrém, adorei a forma como terminou. Graças à trovoada :))
Siga para outra:))

Bjos
Votos de uma boa noite.

lis disse...

Oi Elvira
Maravilhoso esse final.
Li os três capítulos anteriores para sentir melhor como se deu aqueles momentos que separavam as longas noites de amor que já se prenunciava no ar ...rs
Ah e voce bem sabe que dias de tempestades o coração não resiste não é?
Excelente sua escrita,sua imaginação e muitas vivências interessantes que já li,nessa sexta-feira(as vezes alguma curiosidade desse dia da semana), que escolheu para dar nome ao seu blog.
Um abraço grande, um lindo domingo e vamos a outro conto de amor.
Ou não .rs
Abraços

Anete disse...


Um final lindo e muito bem concluído, Elvira! Parabéns por mais um bom conto/romance que tive oportunidade de acompanhar!... Edificante, merece aplausos carinhosos da amiga...

Bom domingo!!! Abçs

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Quem não gosta de um final feliz ?
Quando há felicidade dentro de nós , também queremos que os outros sejam felizes , e com certeza a nossa autora transmite toda a sua felicidade para os seus contos que nos prendem diariamente !!
JAFR

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo e previsível final minha amiga, gostei.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Até me arrepiei com o final desta história que poderia ser real.
Teve um final muito feliz e adorei.
Parabéns, Elvira, pela forma maravilhosa como escreve e pela sua criatividade que é imensa.
Tenha um bom domingo.
Beijinhos,
Ailime

Pedro Coimbra disse...

Hoje tenho que deixar aqui um comentário que tem como inspiração um comentário no mural de Facebook de um ilustre aqui de Macau.
Ele terá sessenta e tal anos e casou há anos com uma rapariga oriunda da Mongólia que tem no máximo metade dessa idade.
Mas não deve ter dito a toda a gente.
Porque ontem, no mural dela, um dos amigos comentava que ele tinha uma "filhota muito gira" (sic).
Grande barraca!!!

Gaja Maria disse...

Adorei esta história Elvira, que como eu gosto, acaba bem. Venha a próxima. Abraço

Meu Velho Baú disse...

Abençoada trovoada :))
Que bom que foi ler mais este romance ....com uma história fantástica e um final FELIZ
Obrigada
Beijinhos

Os olhares da Gracinha! disse...

Um final onde o amor venceu! Bj

Rosemildo Sales Furtado disse...

O amor está sempre acima de tudo. Belíssima história/estória Elvira! Parabéns! Que venha a próxima.

Abraços,

Furtado

Fá menor disse...

A amiga Elvira tem o dom de saber contar. Gostei muito desta história, tal como tenho gostado de todas as que nos dá a ler.
Parabéns!

Beijinhos.