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18.7.18

O DIREITO À VERDADE - XXXV





De volta a Lisboa, Helena começou a procurar trabalho. Naquele tempo que estivera fora, gastara a maior parte das suas economias.
Certo que a generosidade, do tio, fazia com que tivesse como se bastar durante um tempo, já que não tinha que pagar a habitação, mas era urgente que arranjasse outra fonte de economia. Ela bem sabia que o dinheiro é como papel caído em dia de vendaval. Voa rápido. Enviou vários currículos, em resposta a anúncios que figuravam na Internet, inscreveu-se no centro de emprego da sua zona, colocou um anúncio no placar do supermercado. Sabia que é sempre difícil o primeiro emprego. Todos os empregadores pedem alguém com experiência. E isso é coisa, que quem quer entrar no mercado de trabalho pela primeira vez, não tem. Ainda assim não desanimou. Sabia alguma coisa de costura, que a mãe lhe tinha ensinado. Não muito, Mas subir bainhas ou fazer um aperto sabia, e também mudar um fecho. Às vezes, quando a mãe tinha mais trabalho ajudava-a. Fez saber às vizinhas que aceitaria trabalhos do género, quando precisassem. Sabia que o boca-a-boca entre vizinhos é o maior meio de espalhar uma notícia.
Assim cinco dias depois, recebeu os dois primeiros pares de calças para subir bainhas. Atrás desses trabalhos viriam outros, tinha a certeza. Entretanto a ansiedade pelo resultado do exame, ia crescendo dia a dia.  Desde que chegara a casa, Jorge telefonara-lhe várias vezes. Primeiro para saber se tinha chegado bem, depois zangado por ter recebido o cheque do hotel, e depois  simplesmente para saber como estava, se precisava de alguma coisa, enfim preocupações de pai. Em todas as chamadas ela lhe perguntava como estava a saúde da esposa e notava que nesse aspeto ele estava cada dia mais otimista. Na véspera contara-lhe que tinham começado as vindimas, falara-lhe do processo, do vinho que produziam, através da Vinícola da qual eram sócios. E daquele que eles fabricavam no seu lagar como produtores independentes, um vinho de reserva que maturava três anos em barris de carvalho antes de ser engarrafado. Ela não entendia nada de vinhos, habitualmente nem bebia, mas o entusiasmo de Jorge quase a contagiou. Demais, ao contar-lhe aquelas coisas, ele estava a fazê-la participar da sua vida, e isso emocionava-a.
O tio Alberto, também não se esquecia dela. Ou passava lá por casa e durante uma hora conversavam de tudo e de nada, ou lhe telefonava para saber como estava, e se precisava de alguma coisa. Naquela manhã, quando regressou do cemitério, onde visitara as campas da mãe e do primo, abriu a caixa do correio e entre folhetos publicitários, estava uma carta da Segurança Social. Pensou nalguma convocatória para entrevista de trabalho, mas dentro do envelope, havia um cheque. Tratava-se do subsídio de funeral, que o agente funerário lhe dissera que havia de receber e que com tudo o que acontecera na sua vida, após a morte da mãe, acabara esquecendo.
Foi uma boa surpresa, mas apesar disso, ela ficou triste. Já tinham passado  dez dias, depois de ter feito o teste de paternidade, e esperava ansiosa pela carta do laboratório, que não chegava.



14 comentários:

Edum@nes disse...

Helena, com a folha de papel na mão deve estar pensando no Cláudio, e ele estará pensando nela?

Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.

noname disse...

Mas, há-de chegar e provar a paternidade de Jorge. Aguardo com expectativa a cara de tacho de Cláudio, quando souber, isto quando o enredo da história determinar que ele saiba.

Continuação de melhoras


Cidália Ferreira disse...

Agora começa a ansiedade a trabalhar! O teste de paternidade! O Emprego...Vamos a ver como se vai safar...Eu acho que, muito bem.
Amei!

Boa noite minha amiga. Desejo que esteja bem.

Beijinhos

Janita disse...

Com tanto teclar a Elvira já deve ter calo nos dedos!! Dois capítulos por dia é dose...Tudo muito bem, mas sabermos como vai a relação entre pai e filho, depois que o Cláudio se pôs a inventar desatinos...nada!
Esperemos, então.

:)

Kique disse...

Volta amanhã a ver os desenvolvimentos desta empolgante historia
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - CORAÇÃO PARTIDO

chica disse...

Acompanhando e gostando demais! Bjs praianos,chica

lourdes disse...

Ai ai ai que estes dois nunca mais se reencontram!
E no dia em que isso acontecer vai ser giro vai, a cara com que eles vão ficar!
Bjs.

Pedro Coimbra disse...

E nós vamos esperando também por esses resultados.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
A ansiedade de Helena faz com que os leitores também fiquem ansiosos .
Mas quem acompanha estas historias já está habituado .
JAFR

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Vamos ver o que vai dar os resultados.
Um abraço e continuação de boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

silvioafonso disse...

Oito dias é muito tempo.
Haja coração para aguentar...

Bom dia, gente. Bom dia
Elvira, querida.

.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

A ansiedade sobre qualquer resultado ou qualquer coisa nos deixa tensa e maltrata o coração!
Beijos e abraços!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Espero que o resultado do teste seja positivo, até porque a Helena necessita do apoio paterno, mas, como ficará o amor do Cláudio com Helena se forem irmãos? Apesar do Jorge ser Noronha e o Cláudio ser Guerreiro, que deixa transparecer não existir nenhum parentesco, o Cláudio, além do Guerreiro, pode ter o Noronha. Acho que o melhor é esperar pelos futuros acontecimentos. Continuo gostando.

Abraços,

Furtado