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16.7.18

O DIREITO À VERDADE - XXX


Depois do jantar que decorreu animado, Carmo ajudada pela enfermeira foi-se deitar. Como a empregada saíra logo depois de aprontar o jantar, pai e filho, levantaram a mesa, levaram a loiça para a cozinha e meteram-na na máquina.  
Cláudio meteu uma cápsula na máquina de café, e enquanto tirava o café, despejou num cálice, uma pequena dose de Capuchinha, uma aguardente velha, da zona da Bairrada. Com a chávena numa mão e o cálice na outra, foi sentar-se no alpendre onde o pai já se encontrava. Não lhe perguntou se queria café. Sabia que ele nunca o bebia à noite, dizia que lhe tirava o sono.
- Devias deixar de fumar, - disse ao ver o pai lançar para o ar uma baforada de fumo de cigarro. Só te faz mal.
- Não fumo desde a hora do almoço. Não saí um momento de junto da tua mãe. Como é domingo, a Rosa foi-se embora a meio da tarde, e a enfermeira chegou dez minutos antes de tu chegares. Não creio que dois ou três cigarros por dia me façam mal. E um homem tem que aliviar a tensão de algum modo.
- Calculo que esteja a ser muito difícil para ti, a doença da mãe, mas tens que ter paciência. Se adoeceres, só pioras a situação.
- Como é que estão as uvas? – Perguntou o pai mudando de assunto.
- Quase no ponto para a vindima. A maturação tecnológica está praticamente no ponto. Amanhã vou analisar a maturação fenólica. Já falaste com o pessoal e com e Vinícola?
-Já está tudo tratado. Amanhã vem o Manel Carreto para verificar os nossos barris e fazer a queima do enxofre de modo a estarem prontos para a nova maturação. Ainda não falamos da quantidade que vamos fazer, mas penso que não devíamos fazer mais do que nos outros anos. Que pensas sobre isso?
- Por mim o que decidires está bem. Há dois anos que fazemos a mesma quantidade, e tem sido suficiente. Este vinho é só para nós e para oferecer a amigos e aos melhores clientes. Quando conseguir o ponto que quero então sim, vamos lançá-lo no mercado. Vai ser um sucesso vais ver.  Capaz de competir com o melhor dos melhores.
-Acredito que sim. Amanhã tenho de ir a Viseu, - disse mudando de assunto. Podes dar uma assistência ao Manel, se ele precisar?
- Claro. Mas não queres que vá contigo?
- Não. Vou na camioneta das nove e meia. Não sei se regresso antes de almoço. Se almoçar por lá, olha pela tua mãe.
- Não te preocupes. Além de mim está cá a Rosa e a enfermeira. Vais encontrar-te com algum cliente?
- Não.
A resposta soou rápida e seca. Como se o pai não quisesse falar sobre o assunto, ou tivesse alguma coisa a esconder. Cláudio franziu o sobrolho.
- Não estás metido em nenhum sarilho, ou estás?
- Em que sarilho é que eu podia estar metido?
- Não sei. É só uma coisa que me passou pela cabeça. Ainda és um homem jovem, tens saúde, terás os teus desejos. E a mãe está doente há tanto tempo.
- Pensas que eu era capaz de trair a tua mãe? Não me conheces tão bem como eu pensava. Amo a Carmo, mais do que me amo a mim próprio. Seria incapaz de traí-la, - disse zangado.
-Desculpa. Não quis aborrecer-te.
- Mas aborreceste, - disse levantando-se. Vou-me deitar. Até amanhã.
-Até amanhã, pai. Dorme bem.



12 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com bastante interesse.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Larissa Santos disse...

Ai que a coisa está a aquecer :)) Gosto tanto deste conto.:))

Poema do Gil António que, está quase de regresso das suas merecidas férias. Esperamos que entendam. Obrigada. :))

Hoje:- Dentro do meu coração

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira

António Querido disse...

Sempre os cigarros para aliviar o stress! Fraco gosto.

Boa semana de férias se for o caso.

Cidália Ferreira disse...

Quando Claudio souber desta verdade, vai ser bonito vai. Mas penso que vai ser a cereja no topo do bolo...Ou não!! :)

Beijos e uma excelente semana!

Edum@nes disse...

O pai vai para Viseu. O filho é que deveria ir. Penso eu? Mas o que eu penso, para o assunto em referencia nada canta.

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Anete disse...


Veremos o que vem pela frente...
Certamente, tudo concorrerá para o bem do casal, que não demorará muito e se encontrará... (!!!)

Tenha uma feliz e maravilhosa semana...
Bj

noname disse...

Quanto mais tempo esconder a verdade, mais vai custar a contar :)

Boa tarde, Elvira
Como vai essa saúde?

Unknown disse...

Boa tarde

Estou a gostar muito , e aguardo por novo capitulo
Rosalina

Joaquim Rosario disse...

Boas
espera-se um final emocionante !!
JAFR

chica disse...

Estou azcompanhando...Muito interessante! Bjs praianos.chica

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Um conto maravilhoso, atiça a nossa ansiedade para ler as próximas emoções!
Beijos!

Rosemildo Sales Furtado disse...

A história/estória está cada vez mais interessante. Ou o Cláudio é adotivo, é enteado, ou a coisa vai pegar para ele e Helena. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado