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30.7.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE I

Re-edição

FOTO MINHA



 O homem que se encontrava por trás de uma tela, perto da falésia, era sem dúvida, além de pintor, um amante da natureza, já que a paisagem ao redor era de cortar a respiração. Era alto e magro, de cabelos compridos, e desalinhados, Vestia umas calças de ganga, que já tinham conhecido melhores dias, e uma camisa de xadrez. A julgar pelas pequenas rugas à volta dos olhos, e pelos fios de prata que iam salpicando o seu cabelo, andaria algures entre os quarenta e os quarenta e cinco anos.
Com vigorosos traços de espátula e cor, ia fazendo surgir na tela, a falésia altiva, com o mar a espraiar-se de mansinho a seus pés, numa suave carícia.
De repente ao levantar os olhos da tela a paisagem tinha-se alterado. Ali perto uma jovem contemplava o mar absorta.
Miguel, assim se chamava o pintor franziu o sobrolho. Tinha escolhido aquele ponto, mais distante da falésia, por ser aquele onde habitualmente os turistas não iam, nas suas incursões, naqueles belos dias de Outono, quando o sol aquece a terra de forma suave, e sem os calores ardentes do Estio.
Sentiu um arrepio. Largou a espátula e foi-se aproximando da jovem, que continuava sem dar pela sua presença. Mais perto percebeu pelo tremor do seu corpo que chorava, e frenético quase correu para ela, agarrando-a precisamente no momento em que decidida, ela se encaminhava para a beira da falésia, numa clara intenção de suicídio.
Contra a resistência da jovem, Miguel aprisionou-a nos seus braços fortes, retirando-a daquele local perigoso.
De repente, a jovem parou de resistir, e o homem sentiu que o corpo dela lhe deslizava entre os braços.
Percebeu que tinha desmaiado. Ergueu-a e ao colo levou-a até junto de onde se encontrava o seu material de pintura. Aí chegado estendeu-a suavemente no solo, e só então viu bem a mulher. Era muito jovem. Quase uma criança. Franziu o sobrolho numa expressão que lhe era característica, sempre que alguma coisa o incomodava. Começou a arrumar o material, enquanto pensava que raio poderia levar uma mulher tão jovem e tão bonita a querer acabar com a vida.  Sim porque a jovem era muito bonita. Um corpo esbelto, assentava numas pernas longas que a julgar pelas calças justas, eram bem torneadas. Um rosto oval, testa alta, nariz pequeno e bem feito, boca pequena de lábios bem delineados, e uma farta cabeleira de cabelos castanhos, levemente ondulados. Os olhos, bom, os olhos, teria que esperar que acordasse para ver a sua cor.







19 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

Para começo ... EXCELENTE!
bj

noname disse...

Olha que bom, eu a pensar que as histórias iam também de férias com a Elvira eheheheheh

Bom começo.
Boas férias

Meu Velho Baú disse...

Cheguei na hora certa pois penso que este é o 1º capítulo de mais um romance que promete.
Beijinhos
( com mais calma irei ler os anteriores )

Edum@nes disse...

Penso que Folha em Branco já li. No entanto vou por aqui passando para ter a certeza de que enganado não estou?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

chica disse...

Já li,mas vou acompanhando pra relembrar! bjs, chica

Joaquim Rosario disse...

Boa tarde
um inicio que dá logo para a gente se interessar.
JAFR

Larissa Santos disse...

Mais um que promete..

Hoje: O meu sentimento não morreu.

Bjos
Votos de um óptima Segunda- Feira

Cidália Ferreira disse...

Como este nunca o li, vou gostar de acompanhar!! Adorei o episódio!

Beijos e uma excelente semana!

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Acompanhando mais este conto com o maior prazer, pois sei que tudo que escreves nos prende e emociona. Por este primeiro capítulo já sentimos o sabor da excelência que vai ser.
Beijos!

António Querido disse...

Fazem-me lembrar as falésias da Arrábida, com o Portinho ali tão perto!

Velhos tempos que passam por um fuzileiro.

Com o meu abraço.

Portuguesinha disse...

Ai Elvira, que delícia!
A Elvira sabe escrever de forma que todos os escritores invejam: agarrando em poucas palavras o leitor e deixando-o sedento por mais. Está muito bom. Estou a ver que cheguei ao seu blogue mesmo no dia certo. Uma nova história, para acompanhar de início. Para compensar as que perdi querendo ter acompanhado.

Esta começa bem!
Mas porque razão um homem maduro nao sabe porque uma jovem atraente poderá querer suicidar-se é que não me parece muito maturo da parte dele. Com essa idade já devia saber que as pessoas e os seus problemas nao se avaliam pela aparência e que o sofrimento conduz qualquer um ao impulso desse desatino.

U forte abraço e venha daí essa história :)

esteban lob disse...

Prometedora historia Elvira. De las cercanías de la muerte, al amor más inesperado, podría haber nada más que un paso.

Un beso.

Tintinaine disse...

Para meu azar esta já conheço.
Mas é uma novela de truz, digo eu que sou um apreciador dos escritos da Elvira.
Boas férias!

Pedro Coimbra disse...

Acompanhei a primeira vez, vou acompanhar agora também.
Abraço

Cantinho da Gaiata disse...

Hum tão bom, voltar a ler esta história novamente.
Quando me foi oferecida, devorei.
Beijinho grande e passarei todos os dias para reler.

Rui disse...

Um belo início, já a "prometer" muito !

:))

lis disse...

Um bom suspense Elvira
Vamos seguindo, na leitura.
bj

Sandra May disse...

Entrei no capítulo recente e li por alto. Gostei do que li e fui verificando os outros...agora estou aqui, no primeiro capítulo e a simples menção do pintor já me atraiu para a história toda, Elvira.
Um abraço e obrigada por visitar e comentar em meu blog.
Ótimo fds, bjs!

Berço do Mundo disse...

Eu lembro-me desta história, mas não vou estragar a surpresa aos restantes leitores.
Votos de umas lindas férias, Elvira
Ruthia