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8.7.18

O DIREITO À VERDADE - XIX




Despediram-se à porta do hotel.
- Venho buscar-te amanhã à mesma hora, - disse ele olhando-a nos olhos as mãos nos ombros dela.
-Não me encontrarás. Saio logo pela manhã.
- Porquê Lena? Porque vais fugir inviabilizando alguma coisa entre nós? Do que tens medo?
- Não é medo Cláudio. Tenho que ir. Não vai haver nada entre nós, somos dois estranhos que se conheceram, passaram momentos agradáveis juntos mas nada mais. Na minha vida não há tempo para romances, tenho outras prioridades. Estou-te muito grata, vou recordar-te com carinho mas é tudo.
De súbito ele desceu as mãos pelas suas costas atraindo-a a si e beijou-a. Não um beijinho terno como o daquela tarde, mas um beijo apaixonado, um beijo tão intenso que a jovem quase desmaiou nos seus braços.
- Por favor Lena, não insultes a minha inteligência, dizendo que não sentiste o mesmo que eu. A química que há entre nós, é por demais evidente. Não jogues fora, a oportunidade de podermos viver uma coisa especial. Venho buscar-te amanhã. Almoçamos juntos e depois levo-te a conhecer os meus pais.
Helena, não respondeu. Desprendeu-se dos seus braços e sem olhar para trás entrou no hotel. As lágrimas ofuscavam-lhe a visão, mas a razão mantinha-se teimosamente clara. Sairia logo pela manhã.
Entrou no quarto e atirou-se para cima da cama, onde deu livre curso às suas lágrimas. Amaldiçoou a hora em que pensou ficar em Coimbra. Se tivesse seguido no mesmo dia para Viseu não estava agora a sofrer. Sim, porque ela estava a sofrer. Não sabia se estava apaixonada por Cláudio, mas sabia que os seus beijos mexeram com ela. E se o primeiro a perturbou, o segundo, despertou nela o desejo pelo homem e por outras carícias, nunca antes experimentadas.
Porém ela não acredita que um homem como Cláudio, homem mais velho, bonito, que a julgar pelo carro que conduz e pelas suas maneiras pertence a um estrato social alto se possa interessar por uma mulher, que a única coisa que possui é a casa onde vive, não tem nenhuma experiência de vida, nem sequer terminou a faculdade. Helena não sabe que era exatamente assim que a mãe pensava. Na verdade Natália nunca se julgou merecedora do amor do marido. Por causa da sua insegurança, ela sempre esteve à espera do dia em que o marido a traísse. Por isso nunca quis ouvir as suas explicações. Ela tinha feito o filme e deu-lhe um fim. E a vida mostrou-lhe que estava certa. Pelo menos era nisso que ela acreditava, De forma inconsciente, Helena estava a percorrer o mesmo caminho.
Quando acalmou, foi à casa de banho lavar o rosto para apagar o vestígio das lágrimas e desceu. Estava quase na hora do jantar e ela ainda ia procurar uma papelaria para comprar uma carta. Depois do jantar, já no quarto, telefonou ao tio, contou-lhe do passeio, sem mencionar Cláudio, confirmou que ia sair no dia seguinte na camioneta da manhã. Já tinha marcado o hotel Avenida em Viseu. Depois de se despedir do tio sentou-se e começou a escrever.


17 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Boa noite!!

Ai ai, mas será que ela vai fazer o mesmo que a mãe? Pode ser que ele passe a noite à entrada do hotel, loool Amei:)!

Beijinhos

noname disse...

Não sei porquê, mas esta história não acaba aqui nem assim :-)

Ba noite, Elvira, continuação de melhoras


chica disse...

Curiosa, torço pra que ela aceite o amor que sente, se é que isso é possível...beijos,chica

Edum@nes disse...

Será que Helena vai para Viseu ou fica em Coimbra? Lá isso eu não sei mas acredito. Se nasceram um para o outro. Para sempre serem felizes o destino os juntará!

Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.

Tintinaine disse...

E eu acredito que ela vai para Viseu e vai dar de caras, de novo, com Cláudio. Ninguém consegue fugir do seu destino!

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
o que vai na cabeça da nossa autora ??
JAFR

Larissa Santos disse...

Concordo com o Tintinaine. Se não for ali, é noutro lado qualquer. O mundo é pequeno. :))


{B C- Poetizando } Como é longa esta saudade...

Bjos
Votos de uma óptimo Segunda - Feira.

Os olhares da Gracinha! disse...

Vamos ver o que lhes está reservado!!!
bj

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Ainda se vão cruzar novamente.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Janita disse...

Santos Deus!! As heroínas destes contos são todas teimosas como 'mulas', quando empancam.
Uma coisa não invalida a outra. Mas não...encasquetam uma coisa na cabeça e não arredam pé.
Vamos em frente, que atrás vem gente!!

Um abraço, boa semana.

Olinda Melo disse...


Uma história ainda com muitas voltas para dar.

Bj

Olinda

Anete disse...


Uma paixão inesperada, repentina! Torcendo para que os dois pisem “no chão com força” e amadureçam as emoções...
Parece um sonho, uma ilusão... Mas, há relacionamentos que são assim e viram uma realidade sólida e segura...
Uma boa semana, querida Elvira! Beijinho

Ailime disse...

Boa tarde Elvira!
Que lindo e romântico este episódio!
Creio que depois de alguns revezes eles vão ficar juntos para sempre.
Beijinhos e boa semana.
Ailime

silvioafonso disse...

Uma surpresa para Cláudio
e que não se assustem.

Ótimo texto, vamos conti-
nuar a leitura...

Beijos

.

Manu disse...

Penso que esta história ainda vai dar uma grande volta.

Abraça Elvira

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Ô história boa! Amando acompanhar!
Beijos!