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10.7.18

O DIREITO À VERDADE - XXI





Acabou a refeição, pagou e dirigiu-se ao hospital Eram duas horas, a mãe em princípio só sairia às três, mas se saísse mais cedo melhor. Ele já lá estaria para seguir com os pais para casa. O trabalho tinha estado meio abandonado por causa da situação familiar, o que tinha que fazer era voltar a embrenhar-se nele e esquecer Helena. Um dia, mais tarde, ia recordar aqueles dois dias como um sonho.
Encontrou o pai à saída do bar do hospital, onde fora comprar uma garrafa de água.
- A mãe sempre sai às três?
- Sim. Ela já está pronta e ansiosa por voltar a casa. Está só a aguardar que o médico venha do almoço e assine a alta. Mas… e a rapariga que disseste nos ias apresentar?
- Foi-se embora.
-Como assim? Sem te dizer nada?
- Ela despediu-se ontem. Disse que partia logo de manhã. E eu que sou um idiota romântico, não acreditei, e disse-lhe que a ia buscar para almoçar e vos ia apresentar. Pensei que ela estava tão interessada por mim como eu por ela. E quando cheguei ao hotel, tinha partido.
-Lamento filho. Mas se ela não se interessou por ti, é melhor que esqueças. Mulheres interessantes e solteiras não faltam neste país.
- O que me dá mais raiva, é que foi a única mulher até agora, com a qual pus a hipótese de uma vida em comum.  Tu sabes, que desde que a Olga morreu há doze anos eu nunca pensei numa mulher como companheira de vida. A Olga foi o meu grande amor de adolescente, era a minha princesa, começámos andar juntos, desde a minha festa dos treze anos, ela tinha onze. Depois aos quinze surgiu a maldita leucemia, que a levou menos de um ano decorrido. Eu tinha dezoito anos, e ela era a minha primeira paixão. Sofri tanto que nunca mais pensei em me dar, assim de peito aberto, a outra mulher. E a primeira vez que volto a interessar-me, olha o que aconteceu.
Tirou da carteira a folha de papel enrugado e estendeu-a ao pai. Ele leu-a e devolveu-a.
-Eu diria que é uma mulher sofrida. Não deve ter tido uma vida fácil, talvez tenha fugido por medo. Não tens como encontrá-la? Ela não deu morada no hospital para fazer a ficha?
- Ela estava magoada. Fui eu que fiz a ficha. Dei a morada do Hotel Ibis.
-E aceitaram? Não pediram a morada habitual?
- Na verdade, não.
- Aposto que a funcionária é solteira e tu fizeste um dos teus sorrisos encantadores.
- Nada disso. Apenas pedi para falar com o Dr. Ricardo Souto que como sabes é meu amigo.
- Então foi isso. É pena que não lhe tenhas ido pedir a morada. Terias como encontrá-la. Vamos para a enfermaria, o médico já deve ter assinado a alta e a tua mãe pode enervar-se com a espera.
Efetivamente o médico já tinha assinado a alta e feito as últimas recomendações à paciente, e ela encontrava-se pronta para partir. Porém a enfermeira informou Cláudio que a doente teria de ir de ambulância, ela não podia viajar tanto tempo sentada, muito menos por um cinto de segurança. Não podiam esquecer que ela tinha sofrido uma cirurgia de peito aberto. Telefonaram então para os bombeiros a solicitar uma ambulância, mas por falta de pessoal, uma vez que havia vários incêndios ativos, e as corporações deslocavam-se para onde eram mais precisos, só cerca das dezassete horas a ambulância chegou. A doente foi então transportada em maca, tendo o marido seguido com ela na ambulância.
Cláudio seguiu-os no seu carro.

12 comentários:

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
o destino vai fazer com que se voltem a encontrar, e se calhar da forma menos esperada.
vamos esperar para ver !!
JAFR

Larissa Santos disse...

No Hotel devem ter a ficha, mas não dão dados pessoais. Adorei

Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a acompanhar com interesse.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Fá menor disse...

Eheh! Bem, a ambulância é do meu concelho! Mas espero que vá levá-la a Viseu. :)

Beijinho.

chica disse...

Acompanhando cada detalhe e torcendo...beijos, lindo dia! chica

O meu pensamento viaja disse...

Boa semana, Elvira.
Beijinhos

Cidália Ferreira disse...

Confesso que também fiquei triste pelo Cláudio ter ficado sem solução!! Siga... Lool

Beijo e um excelente dia!

noname disse...

O que tiver que ser, será. Não adianta fugir, nem correr atrás, é fatal como o destino :-)

Edum@nes disse...

Enquanto o Cláudio pensa em Helena os dias vão passado. Será que Helena vai ficar lá por Viseu, sem dar notícias suas ao Cláudio?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

Gaja Maria disse...

Hão-de voltar a encontrar-se. O destino é tramado :)

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Vou correndo para os próximos capítulos doida para o reencontro!!!
Beijos!

Cantinho da Gaiata disse...

O hotel era uma boa opção para saber a morada, mas .... Proteção de dados, agora tanto falado não vai dar, talvez a Amiga Elvira arranje uma cunha😂.
Bjs e passando para o capítulo seguinte.