Depois de ter deixado, Helena no hotel, Cláudio voltou ao hospital. Não estava preocupado, sabia que a cirurgia da mãe, tinha corrido bem, ela estava cada dia melhor, e embora nesse dia ainda não a tivesse visto, sabia que o pai estava com ela desde o meio-dia, e se houvesse alguma alteração, ele tinha-lhe telefonado. Desde que a mãe fora internada, que o pai não saía da cabeceira da sua cama, durante todo o tempo que as normas do hospital permitiam que a pessoa significativa do doente estivesse com ele. Assim, eles vinham logo de manhã para a cidade, ( o pai nunca mais conduzira desde que há seis anos tivera um grave acidente), e só voltavam a casa já de noite.
Entrou no quarto e viu o pai sentado ao lado da cama com
a mão da mãe entre as suas. Enterneceu-se. Era tão bonito o amor daqueles dois.
Beijou a mãe, e ela levantou a mão para lhe acariciar o rosto. Sempre foi
assim. Cada vez que a beijava, ela nunca retribuía só com um beijo. A sua mão
sempre lhe proporcionava uma carícia.
-Como te sentes hoje, mãe?
- Se não tivesse dores, no céu. Nunca me senti tão
apaparicada. E tu? Aconteceu alguma coisa? Vieste atrasado.
- Atropelei uma jovem, e passei uma parte da tarde com
ela nas urgências. Mas não foi nada demais. Ela só ficou pisada da pancada, não
partiu nada. E não comeces já a dizer que devo ter cuidado, porque foi ela que
se atirou para a frente do carro. Não podia fazer nada.
Deu a volta à cama e juntou-se ao pai. Pôs-lhe a mão no seu ombro e apertou suavemente, num gesto carinhoso. O pai levantou uma mão, e pousou-a sobre a sua, retribuindo o carinho.
- Conhecia-la?- Perguntou a mãe.
Os dois homens trocaram
um olhar e riram.
- A tua mãe já está fazer um filme. Aposto que já está a
pensar nalguma Julieta desprezada, a tentar acabar com a vida, para deixar-te
cheio de remorsos.
-É bem capaz disso, -disse sorrindo. Foi uma distração que podia ter sido fatal mas acabou não passando do susto.Uma jovem, atravessou a passadeira sem reparar que o sinal dos peões estava
vermelho. Eu travei a fundo, mas não consegui evitar o embate, estava demasiado
perto. Foi uma distração que podia ter sido fatal mas acabou não passando do susto.
- Era bonita? – Perguntou a doente
- Toma cuidado filho. Com a vontade que a tua mãe tem de
te ver casado, daqui a pouco está a pôr-te no altar com essa mulher.
- Não há esse perigo, pai. Segundo me disse, está de passagem,
chegou hoje e parte depois de amanhã.
-Hum. Porque será que tenho a impressão de que isso te
aborreceu?
- Mau, não vais começar tu também. Já me basta a mãe. É
verdade que a jovem é bonita, que me pareceu diferente das raparigas da sua idade,
e de que gostaria mais que ela vivesse na cidade. Sempre podia ser uma companhia
enquanto a mãe está no hospital. Mas não é, depois de amanhã vai-se embora e
provavelmente, nunca mais a vejo. E é tudo.
A auxiliar entrou com o carrinho do jantar, e sorrindo
disse.
-Ora aqui está o jantar da nossa doentinha. E que é que
vai dar-lhe o jantar hoje, – perguntou levantando a cama.
- Eu, - disse o marido desdobrando o resguardo para
colocar em cima da cama e no peito da doente.
-E eu dou-te apoio moral, - disse Cláudio sorrindo.
A auxiliar riu.
-A sua vida ao lado destes dois deve ser uma diversão,- comentou.
A doente limitou-se a sorrir.
A doente limitou-se a sorrir.
17 comentários:
Loool, até já os pais lhe querem fazer o casamento!! Muito bom !
Beijinhos- Boa noite.
Eu, como a mãe dele, já estou fazendo novela,es Lindo te ler sempre.Muito bom! bjs, chica
Ando com os horários todos baralhados, mas juro que tenho lido tudo eheheheh.
Boa noite, tudo bem consigo?
A história está a compor-se. Eles engraçaram um com o outro e talvez o destino (ou a autora) decida mantê-los perto um do outro. Depois o Cupido trata do resto.
O conto promete em lindo romance! De um acidente, surgirá então uma “mudança feliz” em dois corações...
Uma boa quarta-feira... Abçs
Bom dia
este conto está a trazer-me muitas recordações ,e muita emoção !!
JAFR
Um momento envolto em emoção!!!bj
Está a ficar emocionante.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A passar por cá p+ara acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Há casamentos que começam com um pequeno acidente de rua! Este pode ser um deles.
Abraço
Um extrato de vida com as nuances de uma escritora lúcida e positiva. Um texto que prepara a retirada de forma positiva.
Parabéns, Elvira.
Beijinhos.
Por vezes existem acontecimentos tristes que acabam muito bem :))
Estou muito curiosa.
:))
Bjos
Votos de uma óptima Quarta-Feira
Muita coisa tem acontecido por aqui desde a minha última visita, mas já estive a ler tudo, a história e os lugares que descreves como um bom destino de férias; alguns conheço bem, como S Pedro doSul, Gerês e outros só de passagem. Cheguei ontem a vila Moura para passar uma semanacom o meu filho e netos. A minha filhaficou, pois está gtavidade 6 meses e foi--lhe recomendado repouso. Vai ser mãe pela primeira vez, de uma menina. Elvira, continuarei a acompanhar a história que, como sempre, está muito boa. Um beijinho, " fazedora de contos" e parabéns.
Emilia
Desta vez não vou tecer considerações.
Quem escreve gosta de ser lido e, só por isso, deixo este sinal da minha passagem! :)
(Cá por mim, a procissão ainda agora vai no adro.)
Boa noite Elvira,
Diálogos e carinhos entre os três muito bonitos.
Sobre Cláudio e a jovem o coração da mãe a pressentir algo...
Beijinhos,
Ailime
O cupido já acertou o coração dele, com certeza!
Abraços!
Fiquei até perdida onde tinha parado, agora estou no capitulo certo quando saio eu sempre marco onde parei pra voltar e não me perder. Na vez passada esqueci de marcar. Estou bem atrasada na leitura. Vou ler uns cinco capitulos por vez e comento.
Mãe sente observa e sente quando algo esta acontecendo com o filho.
Gostei do capitulo.
Bjs e boa semana Elvira.
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