-Tem o cartão de cidadão? Vou precisar dele para fazer a inscrição.
Abriu a mala e tirando o cartão estendeu-lho.
O homem afastou-se em direção do guichê. Ouviu-o
conversar com a rececionista e só então arriscou olhá-lo
Deveria andar pelos trinta anos, era bastante alto, o
cabelo castanho, e os olhos… bom, os olhos eram os olhos mais bonitos que ela
já vira. Cinzentos, tão brilhantes que pareciam transparentes. E expressivos.
Ela notara-o, na ira que espelhavam, quando ele chegou junto dela depois de a
ter atropelado.
Era um homem muito interessante. Um perigo para a sua
alma tão carente de afetos. A sua visita à cidade de Coimbra, teria que
ficar para outra altura. Não podia correr o risco de voltar a encontrar-se com
aquele homem. O que menos precisava na vida, era uma paixão não correspondida.
Viu o homem sorrir para a rececionista, enquanto pegava
de volta o seu cartão. Desviou o olhar, ao ver que ele regressava para junto de
si. Estendeu-lhe o cartão, dizendo.
-Estamos com sorte. Está de plantão um amigo meu. Já lhe
foram dizer que estamos aqui. Vai ser chamada de seguida.
- Obrigado.
Ela já tinha notado o à-vontade com que ele se movia.
Seria médico? Não se conteve.
- É médico?
- Pareço médico, - perguntou por sua vez sorrindo.
-Não sei se um médico tem algum ar especial, mas
pareceu-me estar familiarizado com o ambiente.
-Não. Não sou médico, nem é necessário que o seja, para ser
amigo de um. Infelizmente nos últimos tempos, tenho vindo aqui várias vezes com
a minha mãe, que agora, está internada. Foi submetida a uma cirurgia ao
coração.
- Helena Trindade, à sala de triagem, - ouviu-se no
altifalante.
A jovem pôs-se de pé, e seguiu acompanhada de Cláudio,
para a sala, onde além da enfermeira, já se encontrava o médico amigo dele.
Os dois homens trocaram um forte abraço, que denunciava
uma boa amizade, enquanto ela respondia a algumas perguntas da enfermeira.
Helena não ouvia o que os dois falavam em voz baixa e um
pouco afastados do sítio onde se encontravam, mas quando a enfermeira acabou de
falar com ela, entregou a papeleta ao médico que lhe pediu para os seguir, não
sem antes lhe perguntar se andava bem, ou se precisava de uma cadeira de rodas.
Depois de ela ter dito que embora com dores caminhava bem, encaminharam-se os
três para o gabinete médico, onde ele a mandou deitar, e lhe movimentou os
braços e pernas, e lhe apalpou a zona do baço. Depois examinou-lhe os olhos,
fez-lhe várias perguntas e por fim disse:
- Não me parece que haja hemorragia interna, nem fraturas
ósseas. Mas como em medicina temos que ter certezas, vai fazer uns RX, que eu
volto a chamá-la logo que tenha aqui os resultados.
Com as requisições na mão, abandonaram o gabinete, rumo à zona de radiologia.
19 comentários:
Boa noite!
Ai, querem lá ver que o Cláudio é o enteado do suposto Pai? Loool. Bem, pelo menos, bem tratada vai ser! Amei o episódio!
Beijinhos
E lá vamos nós recomeçando a te acompanhar. Muito boa leitura! bjs, tudo de bom,chica
Estou a gostar está interessante.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Mais uma história que promete...
Como não posso vir todos os dias... quando venho leio os atrasados.
E às vezes venho, leio, mas por falta de tempo não comento.
Foi o que aconteceu com o final de "Casamento por conveniência", de que gostei muito.
Obrigada pelas suas palavras e apreço na minha "CASA".
Tenciono ir publicando capítulos intercalados com outros textos, de acordo com a disponibilidade para escrever. Estou com um problema de visão (fiz injecção intra-vítreo) e não posso (NÃO DEVO) estar muito tempo a teclar...
Votos de uma boa semana.
Um abraço
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Já tinha saudades do conto. Vamos lá ver como se vai safar a Helena . :))
Bjos
Votos de um bom dia.
Este é mais um exemplo de como funcionam os hospitais, ou tens um amigo médico, ou preparas-te para esperar duas horas para seres chamado ao médico! Isto foi um aparte, estou a gostar de ler.
Abraço.
Parece que a menina Helena já foi tirando ilações precipitadas.
Afastar-se da cidade para não correr o risco de uma paixão não correspondida? Valha-a Deus!!
Cá estou, para seguir a estória, como prometido! :)
Um abraço e boa semana
Boa tarde
dizem que Coimbra é uma cidade encantadora !!
JAFR
Vou tentar acompanhar a história que parece boa como tudo que escreve Elvira
Paixões não correspondidas sempre dá boas leituras rs
abraço e estou em pleno jogo do Brasil_ mas fico agitada e prefiro fazer algo pra só ouvir. Ja temos um gol _ muito bom mas falta ainda muito jogo.
Fiquei triste com a saida de Portugal _gostava de ver o jogo do Cristiano Ronaldo.
Confesso que não li direito,mas volto depois
beijo
Fiquei meio baralhado, não me lembrava que a miúda tinha ido ao hospital. Ok, já entrei de novo na onda.
Suspense... quem será Claudio?
Muito bom. Parabéns!
Temos um novo conto e gostaríamos que nos ajudassem na escolha do título. Convidamos-vos a ler e a votar.
https://contospartilhados.blogspot.com/2018/06/novo-conto-ainda-sem-titulo.html
Uma boa semana para todos.
Saudações literárias!
Boa tarde Elvira,
Recomeçando a leitura desta bela história.
Gosto da forma como descreve todos os pormenores.
Um beijinho.
Ailime
Hummm !... Parece que vai surgir amor de ambos os lados !
A Lena já o sente e é de prever que seja correspondida pelo Cláudio! ... Agora a dúvida é se haverá alguma relação entre este homem e o seu "possível" pai Jorge !?...
Aguardemos ! :)
Abraço
Será que Helena encontrou o seu príncipe encantado? Só se ficará sabendo disso nos próximos capítulos, a não perder!!!
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.
Ele já faz parte da história, vamos ver em que sentido :)
Abraço Elvira
Gosto do seu tipo de registo pois permite entrar na história!
Este encontro acidental ... promete!bj
Vamos ver se vai dar romance.
Bjs!
Coimbra dos amores, Coimbra dos doutores...
Sinto muito romance no ar!
Beijos!
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