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15.6.17

NA HORA EM QUE O GALO CANTOU - PARTE I

                           





Três horas da madrugada. No quarto às escuras um homem está sentado na cama com a cabeça entre as mãos. De vez em quando um ronco surdo quebra o silêncio em que a casa está mergulhada. Bruno sabe que é o pai no quarto ao lado. Desde menino habituou-se a ouvir aquele ronco. É-lhe tão familiar que há muito deixou de o ouvir. Ou pelo menos, não chega para lhe perturbar os pensamentos. Que diga-se em abono da verdade, são bem perturbadores. Bruno é um homem jovem. Completou à pouco vinte e sete anos. Baixo, faltam-lhe alguns centímetros para o metro e sessenta, e isso, sempre foi um pesadelo para ele. Porque apesar do rosto perfeito, ele sempre estivera abaixo da média em altura. Desde a escola, onde os outros meninos, lhe chamavam, anão, ou meia-leca. Ou mesmo quando rejeitavam a sua presença nos jogos do recreio, como se ele tivesse peste, apenas porque era mais pequeno do que devia. As crianças podem ser extremamente cruéis sem se darem conta, nem deixarem cair o sorriso.
Bruno foi crescendo, sentindo-se rejeitado por uma sociedade que avalia os homens em centímetros, beleza, ou poder material, mas nunca pelo carácter. Aos dezassete anos, apaixonou-se por uma colega de escola. Levou todo um período a ensaiar as palavras para se declarar.
“Cresce e aparece”- disse ela, rindo-se dele.
 Desde esse dia a revolta instalou-se-lhe no peito, e como erva daninha foi devorando tudo de bom que havia nele. Um ano depois, abandonou a escola. Era bom aluno mas perdera todo o interesse pelos estudos. Mais tarde, foi considerado inapto para a tropa.
Por essa altura o irmão mais velho casou-se e o pai emigrou para a Alemanha. Tinha uma boa profissão, arranjara um bom contrato, e seria a hipótese de conseguir ganhar algum dinheiro e construir a casinha com que sonhava, já que o terreno lhe deixara um tio em testamento.




Aviso ao leitor. Esta história tem apenas três capítulos. Não é real, mas podia ser. Escrevi-a como um alerta, a certas atitudes. 


20 comentários:

chica disse...

Iniciou muito bem e o tema vale sempre alertar... Não se mede por centímetros as pessoas...Há muito mais! Está prometendo!! beijos,chica

Edum@nes disse...

Essa do cresce e aparece,
mas que falta de compreensão
se cada um tem o que merece
essa tipa não tinha coração!

Tenha uma boa tarde de feriado amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

António Querido disse...

Boa escolha, vou acompanhar os próximos capítulos!
Com a ajuda da filha nas lides domésticas vou dispor de mais tempo livre! Com o meu abraço.

Janita disse...

Escolheu um excelente tema por ser, efectivamente, uma realidade. Digam o que disserem, a sociedade avalia tudo e todos pela aparência. Felizmente, existem muitas excepções, porém, ao primeiro olhar, o que se vê é o que está visível aos olhos...E há quem saiba atingir o alvo, bem no centro da ferida, na parte onde mais dói. Seja a altura ou outra qualquer 'inferioridade'.
Aguardo, amiga Elvira.
Um abraço

redonda disse...

Antes de começar a ler a nova história vim responder também aqui ao comentário lá no dona-redonda - tento divulgar no meu blogue os concursos de escrita de que tenho conhecimento, sobre este escrevi um post, vou deixar aqui o link, o prazo terminou dia 12, mas talvez enviando um até amanhã ainda o possam admitir

http://dona-redonda.blogspot.pt/2017/05/post-6232-concurso-de-escrita.html

(neste post, está o endereço para enviar e as regras, tendo alguma dúvida posso responder por email: escritaredonda@gmail.com

Agora vou ler a nova história e já volto...

redonda disse...

Estou a simpatizar com o Bruno e um pouco preocupada por a história só ter três capítulos, será que vai dar para acabar bem? (gosto de finais felizes)

um beijinho e depois volto

Gábi

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Já me prendeu, vou seguir.
um beijinho
:)

Joaquim Rosario disse...

Boas
grande principio .
promete !!
vamos aguardar.

Manu disse...

Pela primeira vez venho aqui e em boa hora o fiz, porque li com muito interesse o primeiro capítulo de uma história que já me prendeu.

Beijos Elvira

Zé Povinho disse...

Não se julgue a mercadoria pela embalagem...
Abraço do Zé

maria disse...

Mais um tema da actualidade, bem pertinente e com consequências por vezes devastadoras...!

Anete disse...

Boa noite, Elvira!
Nesta noite de feriado venho ver o 1o capítulo do seu novo conto...
Gostei! O valor das pessoas vem de dentro, mas como a aparência/imagem representa num mundo como o nosso! Puxa!...
Bjs

Tintinaine disse...

Estou pronto para tudo. Venha daí a segunda parte.

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
A discriminação em todos os sentidos é inadmissível e sujeito a pena no judiciário.
Quando estava no antigo ginásio, era morena clara e muito bonita, uma amiga minha me xingou de preta. Meti o coro nela dentro da classe. Tinha uma professora que discriminava os morenos e negros e separava os alunos por cor, até aí nem ligava, mas um dia respondi para ela, então pegou sua régua ia rachar meu rosto abaixei e pulei o muro da escola e fui buscar meu pai que queria bater nela. Eu abraçada a ele disse a papai: não bata pai pois vou jogar uma praga nela, era haverá de viver mais de 100 anos, morreu aos 103 anos.
São tantas coisas que tirei de letra, isso porque era morena clara.kkk
Beijos
Lua Singular

Rosemildo Sales Furtado disse...

As melhores essências estão sempre nos menores vidros. Se o Bruno ganhar na loteria, o cresce e aparece desaparecerá.

Abraços,

Furtado

Andre Mansim disse...

Oi Elvirinha!
Puxa... Faz tempo que não apareço na blogosféra!

Gostei do inicio da história. Promete!

Os olhares da Gracinha! disse...

Espero que consiga dar a volta à sua vida pois esse testamento pode facilitar ou encaminhar!
Bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Espero que consiga dar a volta à sua vida pois esse testamento pode facilitar ou encaminhar!
Bj

Prata da casa disse...

Oh, que pena ter só 3 capítulos! É que o tema é muito interessante e o primeiro capítulo já me conseguiu cativar.
Bjn
Márcia

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Uma história que promete.
Beijinhos,
Ailime