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25.11.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXIII




Casaram três semanas depois, numa cerimónia íntima, no átrio da sua casa, tal como João propusera. À, já de si bela decoração do átrio, que se assemelhava a uma sala, no meio da natureza, um decorador, juntou uma pequena gruta e uma cascata além da mesa da cerimónia. 

 Dos vestidos de noiva, que uma conhecida casa de modas levara até Teresa, ela escolhera um modelo, comprido em cetim e renda, cortado sob o peito e caindo a direito pois disfarçava a sua notável barriga, apesar de contar apenas quinze semanas.


Foram padrinhos do noivo, Olga e David e da noiva Inês e seu pai, Mário.

Além destes e do Conservador que ia realizar a cerimónia, estavam apenas, meia dúzia de pessoas mais, pessoas por quem os noivos tinham consideração. Helena, a noiva de David, o advogado, Afonso Cardoso e esposa, dada a relação de amizade que os ligava ao noivo, Gustavo, o marido de Inês, o filho Martim, muito compenetrado no seu papel de levar à madrinha  as alianças e Sofia, a mãe de Inês, e mulher de Mário, além claro de Sandra, a enfermeira.

 Eram poucas pessoas, sim, mas eram aquelas com  quem tinham uma verdadeira ligação de amizade e com quem eles queriam partilhar aquela mudança nas suas vidas. E todos puderam testemunhar a genuína emoção dos noivos, quando pronunciaram os votos. 

 No final da cerimónia houve uma pequena comemoração, e pouco depois a noiva agradeceu a presença de todos e retirou-se acompanhada pela enfermeira e pela madrinha, que a ajudaram a despir-se e a deitar-se. 

 E Outubro chegou ao fim  com o início do outono apresentando-se nubloso, mas não frio. Nos dias em que o sol se dignava aparecer, Teresa, sempre acompanhada por Sandra, passeava um pouco pelo terraço, admirando as cores vibrantes, com que a natureza ia pintando as árvores no parque lá em baixo. Por vezes sentavam-se num cadeirão conversando como se em vez de paciente e enfermeira, fossem duas amigas. E na verdade era assim que  Teresa, considerava a simpática enfermeira. Das três,  aquela com quem ela menos se ligara, fora com Gabriela, a que ficava com ela de noite.  Não porque não fosse  carinhosa e competente, mas porque passava quase todo o tempo a dormir.

No que se referia à sua rotina, o casamento não viera alterar grande coisa. Os dois faziam juntos as refeições, conversavam, faziam planos para o futuro, como qualquer outro casal. Escolheram o quarto mais perto do principal, para os bebés, e já o estavam a decorar, ou melhor, Teresa escolheu os móveis em revistas de decoração e o marido encomendou-os, depois de ter contratado uma empresa que esvaziou o aposento e o pintou como motivos infantis. 

João, estava decidido a ser para os seus filhos, um pai bem diferente do que tinha sido o seu. Por isso investigou na Internet tudo sobre bebés e a interação dos pais com eles. E ao ler num desses sites que os pais deviam estabelecer contacto com os bebés, cantando-lhes, ou contando-lhe histórias antes de nascerem, para que se fossem habituando à sua voz, decidiu fazê-lo. Comprou alguns livros com histórias infantis, e todas as noites, depois do jantar, levava Teresa para o escritório, sentava-a no sofá, sentava-se a seu lado e pegando num dos livros, lia em voz alta uma história para os bebés. Por vezes interrompia-se para acariciar o ventre dela, e dizer aos filhos que gostava muito deles, que os esperava com ansiedade, coisas que ela não sabia se os filhos ouviam, ou entendiam, mas que a ela a emocionavam, e faziam com que cada dia se sentisse mais apaixonada pelo marido.

E aos dias, cada vez mais pequenos, sucediam-se as noites, o tempo corria inexoravelmente, o ano aproximava-se do fim. Na semana seguinte iniciava-se Dezembro, o mês do Natal, e do casamento do seu cunhado. David queria que eles fossem os seus padrinhos, mas embora ela tivesse desenvolvido, uma relação de amizade com o cunhado e gostasse bastante dele e da sua noiva, não se sentia com coragem para enfrentar uma cerimónia na igreja, antecedida por uma missa. Completara vinte semanas de gravidez, mas o ventre estava tão dilatado, que parecia ter pelo menos mais dez, e pesava mais catorze quilos.  

Bom, - suspirou naquela noite antes de adormecer. Vamos ver qual a opinião da doutora Laura, amanhã na consulta.

 

 

22.6.20

ISABEL - PARTE XXIX


                                                        foto do google
Os quatro dias que Isabel passou em Munique, foram de autêntica loucura.
Foi recebida no aeroporto por Hans, que a transportou para sua casa onde Anne os esperava para jantar. Contrariamente ao que o telefonema de Hans fizera supor, a mulher estava no quarto mês de gravidez e quase não se notava ainda a barriga. De resto estavam muito felizes e notava-se-lhes um brilho diferente no olhar.
- Mas como é isso de casarem assim de repente? – perguntou Isabel enquanto jantavam
- Não foi assim tão de repente – disse Hans. Na verdade desde o princípio do ano que tínhamos programado o casamento para este ano. A gravidez só veio alterar um pouco a data, já que pensámos no fim do ano como data, mas Anne diz que nessa altura já estará com um grande barrigão e não terá graça nenhuma.
- Nós, mulheres, - explicou Anne - sonhamos com o casamento,  desde que ainda meninas, começamos a perceber o que se passa à nossa volta.  Depois quando acontece, é algo que vamos recordar toda a vida. No fim do ano estarei com oito meses, uma barriga enorme, provavelmente com dificuldade em calçar uns sapatos decentes, por causa dos pés inchados. Decerto ia sentir-me cansada, com dores nas pernas e nos rins, sem conseguir dançar,  e sem vontade para nada. Não quero um casamento assim.
E Anne tinha razão, pensou Isabel. Mulher nenhuma desejaria um casamento assim.
Depois, bem depois, o tempo passou a correr entre a ida ao cabeleireiro, os ensaios da cerimónia, o ajudar a noiva a vestir-se, a cerimónia, e a festa que se lhe seguiu. Por sorte Isabel conseguiu passar na véspera do casamento às cinco da tarde, pela Marienplatz uma das praças mais movimentadas de Munique, e, pode ver e ouvir Glockenspiel o famoso carrilhão composto por quarenta e três sinos, e a dança dos bonecos de madeira que ao som musical vão representando cenas históricas da Alemanha, na torre do Neues Rathaus.
No dia da cerimónia, ao colocar-se no altar, ao lado do padrinho, Isabel não pôde deixar de sorrir divertida, ao lembrar as considerações de Amélia sobre o padrinho. É que este, era o avô do noivo, um empertigado octogenário.
Depois da cerimónia, a sessão de fotos no Jardim Inglês, e por fim a festa onde não faltou muita alegria e cerveja.
Depois da partida dos noivos para a lua-de-mel, Isabel recolheu ao hotel extremamente cansada.
No dia seguinte antes de seguir para o aeroporto, ainda conseguiu visitar a Catedral de Frauenkirche, em honra de Nossa Senhora Bendita. Aí, quando depois da visita, que incluiu uma subida à torre sul, onde pode apreciar uma maravilhosa vista da cidade, se recolheu em oração, reconheceu perante Deus, aquilo que nunca tinha deixado ninguém adivinhar. Nunca seria uma mulher realizada, se não conseguisse ter uma família. E orou com fervor, pedindo à Virgem, para  encontrar um homem bom, capaz de a amar e de formar com ela uma família, concedendo-lhe a graça de ser mãe, antes que a idade a impossibilitasse disso.



19.6.20

ISABEL - PARTE XXVIII



foto do google

Isabel não saiu nesse fim de semana. Perdeu-se nas lides domésticas,  tentando esquecer o seu desassossego. E na semana seguinte tinha uma campanha para produzir e entregar o que tornou o trabalho tão intenso, que esqueceu por completo outros pensamentos que não os da campanha publicitária em curso. Foi uma semana de loucos, com o cliente a rejeitar as suas ideias iniciais, o que a fez temer não conseguir cumprir o prazo, mas felizmente conseguiu.
No início da semana seguinte quando Amélia e Luísa chegaram, já a encontraram à secretária embrenhada no trabalho. Ainda não ganhara coragem de contar à amiga, o que se tinha passado naquela Sexta-Feira quando se dirigia para os correios. Por sorte, nessa manhã, Hans telefonou-lhe da Alemanha. Tinha um novo trabalho para ela, desta vez uma coisa diferente e muito especial. Ele e Anne iam casar e queriam a sua presença na cerimónia,  como madrinha. Hans era um grande amigo. Fora ele que a recebera quando ela ganhara, quase em início de carreira, o concurso para novos talentos e fora ele quem já lhe arranjara alguns contratos vantajosos para a Alemanha. Vivia com Anne há alguns anos, mas agora queriam oficializar a relação.

-Não queremos que o Peter nasça antes do casamento.

Isabel ficou maravilhada. Então eles iam ser pais. Apesar de Hans ter feito o convite quase em cima da hora, (faltavam cinco dias para o casamento), aceitou sem hesitar.
 Desligou.
- O Hans vai casar e convidou-me para madrinha, disse com a alegria duma criança a quem prometem um brinquedo novo.
Embora não o conhecesse pessoalmente, Amélia, já tinha ouvido falar muito daquele alemão. Levantou-se e foi até à secretária de Isabel.
-Quer dizer que te vais ausentar de novo? E para quando é o casório?
- Sábado.
- Este sábado?- espantou-se Amélia. - Como é possível? Desculpa mas o teu amigo é doido.
Isabel riu.
- Luísa, liga para o aeroporto e vê se consegues marcar voo para amanhã à tarde ou para Quarta-feira. Amélia, preciso de ti, esta tarde para me ajudares na compra da “fatiota”
- Retiro o que disse. O teu amigo não é doido. Vocês são doidos!
Isabel não respondeu. Afinal aquele convite era como uma bênção divina. Seria maravilhoso rever os amigos e sobretudo sair à rua sem recear encontrar Luís.
Não sabia ao certo se temia o homem ou as emoções que ele lhe despertava. Mas sabia que temia encontrá-lo de novo.
Nessa mesma tarde depois de despachar as coisas mais urgentes saiu com Amélia para escolherem a "toilette" para a cerimónia. Escolheu um vestido longo em crepe cor de vinho,  que punha em destaque a beleza do seu colo, e ombros. Sapatos de salto alto em cetim bordado e uma pequena bolsa a condizer. A empregada da loja disse-lhe que não era necessário ser tudo a condizer, a moda actual permitia jogar com as cores, mas Isabel não estava muito convencida disso, e sentia-se mais confortável assim. Como o clima na Alemanha era diferente, comprou também um bolero em veludo, cor de marfim para o caso de precisar.
Ao vê-la, enquanto se mirava no espelho do gabinete de provas, para ver se o
agasalho ficava bem com o vestido, a amiga disse:
- Se o homem dos olhos cinzentos te visse assim, nunca mais te largava. E se ele for o padrinho?
Estremeceu
- Não sejas tonta Amélia.
- Eu? Já pensaste nas voltas que a vida dá e nas coisas estranhas que nos acontecem?
 -Não tenho pensado noutra coisa nos últimos tempos.
 Quando dois dias depois se despediam no aeroporto Amélia disse-lhe:
 - Um casamento é sempre uma óptima ocasião para se arranjar namorado. Oxalá o padrinho seja interessante.
 Não pode deixar de rir. E retorquiu:
 - Não estou à procura de namorado, muito menos vou lá com essa intenção. Vou porque adoro aqueles dois e estou muito feliz por eles.
 - Pois era bem melhor que estivesses feliz por ti,- resmungou Amélia.


                                             


3.7.19

UM PRESENTE INESPERADO - PARTE XXXIX


Mais tarde, quando  Natália e Artur chegaram, tornou-se evidente, a sua cumplicidade, um novo brilho no olhar de ambos e  antes que o casal fizesse alguma pergunta, eles deram a notícia com toda a naturalidade. Tinham decidido casar, mas não iam esperar pela cerimónia para assumir a relação. Já estavam juntos, desde aquela noite. O casal felicitou-os e depois separaram-se. Isabel e Natália foram para a cozinha, os homens ficaram na sala com a pequenita.
-Parece que a notícia não lhe agradou muito, Isabel - disse a amiga logo que se encontraram sozinhas.
- Se a Natália está feliz, eu também estou. Talvez tenha ficado um pouco preocupada, vocês mal se conhecem, e tenho receio de que venha a sofrer.
- Não é bem assim. Conheci o Artur no início de Outubro. Eu ia a sair com a  a Matilde, e ele perguntou-me se as conhecia, a si e à sua irmã. Disse-me que trabalhava para um empresário e eu pensei que seria algum daqueles onde a Isabel tinha ido à entrevista de emprego. Falei-lhe de si e da Susana. Só muito mais tarde ele me confessou que estava a investigá-las a pedido do Ricardo. Mas naquela altura simpatizámos logo um com o outro e desde aí ele passou a aparecer no parque sempre que eu lá estava com a Matilde.
-Nunca me disse nada. Pensei que só se tinham conhecido no meu casamento.
-A Isabel andava preocupada com os seus problemas, e eu não sabia as intenções do Artur.
Como sabe, fui casada durante trinta anos, e Deus sabe como gostava do meu marido, e como sofri quando ele morreu. Estou viúva há oito anos, acho  que não se pode dizer que não respeitei a sua  memória. Agora, penso que tenho direito, a aproveitar da melhor maneira possível, o tempo que me resta de vida. A solidão é uma companhia indesejável. É que apesar do meu corpo já não ter as formas bonitas de outrora, dos meus cabelos serem cada vez mais brancos, e das rugas que ao longo dos anos se foram instalando no meu rosto, o meu corpo continua a gostar de sentir o calor de outro corpo junto ao seu, e o meu coração gosta de ter alguém que me dê um abraço, ou simplesmente se sente junto a mim no sofá, para ver um filme, ou ouvir uma música.
 Os mais jovens, pensam que a gente da nossa idade, está velha, já nada nos interessa. Não é verdade. O corpo pode não ter o vigor da mocidade, não ser capaz de paixões intensas, mas o nosso coração é tão capaz de amar ou odiar como qualquer outro.
 E depois, como sabe, nem eu, nem o Artur, temos filhos a quem dar satisfações. Estou quase a  fazer sessenta anos, ele tem sessenta e três. Sabemos bem o que fazemos e o que queremos. E o que queremos, é viver juntos os poucos anos que nos restam, e é isso que estamos a fazer. O casamento será logo que a burocracia o permita, mas até lá não vamos perder tempo. A vida é demasiado curta para que a deixamos desperdiçar, por receio daquilo que os outros possam pensar de nós.
- A Natália tem razão, - disse a jovem abraçando-a. – Desejo-lhe a maior felicidade do mundo. A amiga merece-o.
- Tinha a certeza, que ia entender  - retorquiu retribuindo o abraço. E acrescentou tentando esconder a emoção.
-E agora que já nos entendemos que tal tratar do almoço?
- Já tenho o cabrito com as batatas no forno. Falta cozer os ovos, e preparar o Bacalhau que sobrou ontem para a  “Roupa Velha.”
- Então ponha lá os ovos a cozer e dê-me o Bacalhau que eu vou já prepará-lo.
Pouco depois enquanto os ovos coziam, e Natália tirava as espinhas e a pele ao Bacalhau, Isabel cortava as couves e as batatas conversando sobre as últimas novidades.
-Sabe que a Matilde já chama o Ricardo de pai? Foi ontem à noite pela primeira vez e ele ficou muito emocionado.
- Calculo que sim. Vê-se que gosta muito dela.

3.5.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXXVI






-Suponho que ficarás para a festa - disse Gabi quando o almoço terminou
-Só até ver que tudo está a correr normalmente. Depois deixo-vos, que a festa é vossa, não minha.
- Eu gostaria de te pedir um favor especial. Podes ajudar a vestir-me?
-Claro que sim. Queres subir agora?
- Sim. Já passa da uma e meia, daqui a pouco estão aí os primeiros convidados.
-Vamos então. Mas espera, deixa-me ir ao carro buscar o meu vestido?. Posso vestir-me no teu quarto, não posso?
-Decerto que sim. Vai lá então buscá-lo.
Paula saiu e voltou pouco depois com o vestido e uma pequena bolsa. Subiram as escadas e entraram num dos quartos de hóspedes, em cuja cama se encontrava estendido o vestido de Gabi.
Paula pendurou o seu  no armário, e aproximou-se do leito para admirar o belo vestido.
-Não é lindo?- perguntou Gabriela.
- Maravilhoso.
-Era o mais belo da loja. Quando o Eduardo me pediu para escolher um vestido para uma cerimónia, que o Júlio queria oferecer à noiva, calculei logo o que ele e o meu irmão estavam a tramar. Os homens julgam-se muito inteligentes, mas não têm jeito nenhum para inventar uma história credível.
A jovem ia falando enquanto tirava as calças e a túnica que envergava, ficando apenas com umas minúsculas cuequinhas e o sutiã.  Paula pegou no vestido, uma maravilha de seda e renda em tom de champanhe, abriu o fecho e ajudou a jovem a vesti-lo. Tratava-se de um modelo comprido, sem mangas, de cintura vincada, a parte superior em renda e a longa saia em seda. O modelo apresentava um discreto decote em V na parte da frente, que se tornava muito mais generoso na parte de trás deixando as costas quase totalmente nuas, pelo que a jovem teve que tirar o sutiã.
-Estás linda, -elogiou Paula.
- Obrigada. Importas-te de me colocar a tiara? E diz-me uma coisa, há quanto tempo conheces o meu irmão?
- Há quinze dias, desde que foi à minha empresa contratar-me para realizar esta festa, - respondeu enquanto retirava da caixa uma bonita tiara de flores e pérolas e lha colocava na cabeça. Porque perguntas?
- Fiquei surpresa quando soube quem eras.
-Porque o teu irmão odeia o meu pai?
-O que sabes disso?
-Nada, a não ser isso. E tu?
Após uma breve hesitação Gabi respondeu:
-Era muito jovem quando tudo aconteceu e nem ele nem a minha mãe me quiseram dizer o que se passava. Só sei que foi por causa do teu pai que o meu irmão emigrou e esteve muitos anos longe de nós. Meu Deus são duas e meia. Onde estarão os meus sapatos?
Paula percebeu que estava a mentir. Ela sabia o que se tinha passado mas era evidente que não lho ia dizer. Por isso retirou os sapatos da caixa e passou-lhos dizendo:
-Se já não precisas de mim, vou-me arranjar. Preciso saber se o músico e o serviço de restaurante já cá estão e se está tudo em ordem.
-Claro. Adorei conhecer-te e espero que venhamos a ser boas amigas.

22.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXVIII




-E pronto, agora que já sabes o que se passa o que te parece?
- Tens a certeza que ele desistiu de arruinar o teu pai?
-Quando soube que ele tinha recebido os documentos da “Casa Nova”, pensei que me tinha enganado  e sabes como sou. Procurei-o e disse-lhe que ele não tinha palavra, que não era confiável. E então ele entregou-me todos os documentos que restituem ao meu pai a “Casa Nova” pedindo-me apenas que não lhos entregasse até ao fim do mês.
-Mas então os documentos já estão contigo?
- Não. Eu devolvi-lhos. Entendi que se ele confiava em mim, também devia confiar nele.
- Bom, espero que não te tenhas enganado. Se o homem está a ser sincero e vai mesmo desistir da vingança, só pode estar apaixonado por ti.
- Ou quer fazer de mim o instrumento de vingança, contra o meu pai, por pensar que isso é maior vingança do que arruiná-lo. Mas isso não importa. O importante, é que faça uma festa de sonho para a irmã dele, de modo a que cumpra o nosso contrato, e me entregue os documentos. Depois com um pouco de sorte nunca mais o vejo.
- Não acredito. Mas como não o conheço, não me quero aventurar em palpites. Por isso é melhor dedicar-mo-nos ao trabalho. Enquanto eu analiso as fotos, vai-me dizendo qual a tua ideia.
- Bom, eu pensei fazer a cerimónia de renovação de votos aqui na parte da frente da casa. Ao fundo junto ao muro ficará o altar. Dos dois lados as cadeiras para os convidados. Como estamos a entrar no Verão as temperaturas estão altas, pensei num cenário tropical, com tendas brancas abertas, ladeadas por vasos com palmeiras.
-Quantos convidados?
-Oitenta.  
Durante duas horas as duas amigas mergulharam no trabalho. Enquanto Paula ia expondo a sua ideia, Margarida ia fazendo o plano, tomando nota do que precisavam fazer, do material que iam necessitar e anotando os números do telefone das empresas onde adquiri-los. Depois passaram à parte de trás da casa onde decorreria a festa propriamente dita, com muita música e comida.
 - Aqui temos um bom espaço. Colocamos as mesas perto da casa numa só tenda. O grupo musical pode ficar debaixo do alpendre e a pista de dança ao fundo junto à piscina.
- Eu poria as mesas junto à piscina, protegidos por chapéus de sol, com uma única tenda atrás, onde seriam colocados os menus a serem servidos 
-Boa ideia. Eu tinha pensado deixar os menus na cozinha, mas assim ficariam mais perto. E a música?  
- O ideal seria conseguirmos a colaboração do Inácio Assis. É um músico fantástico, tem uma bela voz, e está na moda. Estaria mais de acordo com o tipo de festa que estamos a pensar do que o grupo musical que costumas contratar, -disse Margarida.
- É verdade, mas nunca trabalhei com ele nem sei se está livre nesse dia, ou mesmo se faz este tipo de trabalho.
-Falo com ele amanhã. É amigo nosso. Se não tiver nada marcado para esse dia, decerto aceita. Convém-lhe conhecer um empresário como o António Ferreira, com tantos restaurantes onde se realizam muitas festas ao longo do ano.
- Depois me dirás, se aceita ou não. Vamos jantar agora e acabamos depois?
-Vamos, -respondeu a decoradora.


22.11.18

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE VII





 Dirigiu-se ao sofá. Pegou na camisa anteriormente atirada para ali, sacudiu-a e pendurou-a no bengaleiro, Despiu as calças e fez o mesmo. Depois, encaminhou-se para a casa de banho.
Enquanto escovava os dentes lançou uma mirada rápida ao espelho. Tinha trinta e um anos e sentia-se velho. Nada na vida lhe interessava, a não ser a pintura. Ela era de momento o único sentido que encontrava para a sua existência. Desde que descobrira, a força do amor que trazia dentro do peito, sentia-se o maior dos canalhas.
Como é que aquilo tinha acontecido com ele? Desde menino sempre fora muito responsável. Inteligente e com muito gosto pelas artes. Por isso, na hora de escolher o seu futuro, escolhera Belas-Artes. Depois do curso acabado viera para Paris. Inicialmente, não pensava ficar mais de seis meses. Mas aí os seus irmãos João e Marta casaram. Os dois eram muito unidos. Quando eram crianças, estavam sempre juntos nas brincadeiras. Engraçado que começaram a namorar quase ao mesmo tempo e na hora de casar, tinham decidido fazer a cerimonia, juntos. 
Tudo aconteceu na festa desse duplo casamento, há cinco anos atrás. Ela estava linda. E apresentara-lhe o namorado. Depois, graciosamente abraçara-o e perguntara se não queria dançar com ela. Antes tivesse dito que não. Mas nessa altura, ele ainda não tinha descoberto que a amava. Descobriu-o com a reação do seu corpo enquanto ela confiante se deixava levar por ele, embalada pela música. 
Com a dor que sentiu no peito, quando pensou que nunca seria sua.
Depois daquela descoberta, procurou afastar-se dela. E nessa mesma noite decidiu que ia ficar a viver em Paris. Teve que lutar contra os argumentos do pai, e a ternura da mãe. No dia da partida, quando se despediam, e ele se dispunha a depositar no seu rosto um casto beijo de despedida, a mãe disse qualquer coisa, e ao tentar virar-se o beijo que ele  lhe ia depositar no rosto, aflorou a sua boca. Foi qualquer coisa tão leve como um suspiro, e tão suave como o roçar de uma pena. Ela mal o deve ter sentido, e não lhe ligou qualquer importância, mas ele carregava aquela memória, como um estigma.
Estendeu-se no sofá. Queria dormir. Esquecer tudo o que o atormentava. Mas a memória não lhe obedecia.
Tinham passado cinco anos e desde então, não voltara a casa. Agora tinha de ir. Os seus pais faziam vinte e cinco anos de casados. Eram as suas bodas de prata. Ele não podia faltar. Se o fizesse, eles sentir-se-iam rejeitados. A mãe, ficaria muito magoada. E Afonso, também não merecia. Ele fora para ele o mais amoroso, compreensivo e amigo, dos pais. Nunca em qualquer momento da sua vida, sentiu que ele não era o seu pai biológico. Com o seu irmão João fora igual. Era um homem admirável que sempre se preocupou não só com a felicidade da esposa, como com a dos seus filhos. Por tudo isso ele sabia que tinha de ir. Mas não sabia se teria forças para continuar a amordaçar o coração. Extenuado acabou por adormecer.

reedição


A maioria percebeu que se tratava de Simão.  Parabéns







8.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XI


Agora ali estava ela, assustada com a rapidez com que tudo acontecera, mas decidida a cumprir a sua tarefa, tal como se propusera. Acabara de tomar banho e preparava-se para trocar de roupa. Antes porém dirigiu-se à porta e fechou-a à chave. O quarto partilhado com o homem, tinha-a deixado surpresa e inibida. Não estava no contrato. Tinham acordado que ficariam em quartos separados. Aceitara aquele estúpido contrato, como quem aceita uma missão. Pelos filhos, e também pelas meninas. Tinha imensa pena das crianças que ficam sem mãe. Iria tratar delas o melhor que sabia, para que não lhe sentissem a falta. Mas não se sentia capaz de partilhar a sua intimidade com um desconhecido.
Porque no fundo, era isso que Afonso era. Um desconhecido, com quem falara meia dúzia de vezes naqueles três meses que antecederam a cerimónia, com quem assinara um contrato de trabalho. Ou aquele casamento podia ser considerado outra coisa que não um contrato de trabalho? E ela não se sentia capaz de prescindir da sua privacidade, nem era mulher capaz de a partilhar com o patrão, ainda que esse patrão lhe tivesse posto uma aliança no dedo.
Porém Afonso tinha razão. Era capaz de se tornar esquisito para as crianças, que ficassem em quartos separados.  
Olhou à sua volta. O quarto era amplo. Tinha a porta por onde entrara, a porta que dava para a casa de banho e… outra porta?
Vestida, mas ainda descalça, foi até lá e experimentou rodar o puxador. A porta abriu-se e Francisca encontrou-se num quarto mais pequeno,  com um berço de verga, um sofá, uma prateleira com alguns livros, e junto à janela uma escrivaninha e uma cadeira 
“Deve ser o quarto, onde dormiam as meninas nos primeiros meses de vida, para estarem mais perto da mãe” – pensou.
E nesse mesmo momento pensou que aquilo era a solução para o seu problema. Ela poderia ficar naquele quarto. É certo que teriam de partilhar a casa de banho, que teria de passar pelo quarto principal para sair e entrar, já que não havia outra porta, mas ainda assim ficava mais resguardada dos olhares masculinos, era menos constrangedor,   
Agora, só precisava coragem para falar com Afonso


reedição

Nota pode parecer que saltei um capitulo. mas não é assim. O que antecedeu este momento depois do episódio anterior será recordado pelo Afonso


1.3.17

CASAMENTO POR PROCURAÇÃO - PARTE I





A década de sessenta chegava ao fim. Estávamos em Setembro, e o dia apresentava-se radioso.
Daqueles dias de sol, quando o calor ainda é forte, mas já não tem o ardor dos meses anteriores. Quando ao cheiro a maresia, se sobrepõe o cheiro das uvas maduras, e as idas à praia se tornam mais raras, na azáfama do regresso às aulas, e aos empregos na cidade. Nos campos fazem-se as colheitas do milho, feijão e batata, que mais tarde, acompanhados de um naco de carne, se transformarão em saborosas refeições. Nos lagares procede-se à limpeza e preparação dos mesmos, que na vinha a uva já espera para ser colhida.
Naquele dia, quando ela abriu os olhos, já o sol iluminava o quarto, num luminoso grito.
 “Acorda. Hoje é o teu dia, Um grande dia!”

3.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XI


Agora ali estava ela, assustada com a rapidez com que tudo acontecera, mas decidida a cumprir a sua tarefa, tal como se propusera. Acabara de tomar banho e preparava-se para trocar de roupa. Antes porém dirigiu-se à porta e fechou-a à chave. O quarto partilhado com o homem, tinha-a deixado surpresa e inibida. Não estava no contrato. Tinham acordado que ficariam em quartos separados. Aceitara aquele estúpido contrato, como quem aceita uma missão. Pelos filhos, e também pelas meninas. Tinha imensa pena das crianças que ficam sem mãe. Iria tratar delas o melhor que sabia, para que não lhe sentissem a falta. Mas não se sentia capaz de partilhar a sua intimidade com um desconhecido.
Porque no fundo, era isso que Afonso era. Um desconhecido, com quem falara meia dúzia de vezes naqueles três meses que antecederam a cerimónia, com quem assinara um contrato de trabalho. Ou aquele casamento podia ser considerado outra coisa que não um contrato de trabalho? E ela não se sentia capaz de prescindir da sua privacidade, nem era mulher capaz de a partilhar com o patrão, ainda que esse patrão lhe tivesse posto uma aliança no dedo.
Porém Afonso tinha razão. Era capaz de se tornar esquisito para as crianças, que ficassem em quartos separados.  
Olhou à sua volta. O quarto era amplo. Tinha a porta por onde entrara, a porta que dava para a casa de banho e… outra porta?
Vestida, mas ainda descalça, foi até lá e experimentou rodar o puxador. A porta abriu-se e Francisca encontrou-se num quarto mais pequeno,  com um berço de verga, um sofá, uma prateleira com alguns livros, e junto à janela uma escrivaninha e uma cadeira 
“Deve ser o quarto, onde dormiam as meninas nos primeiros meses de vida, para estarem mais perto da mãe” – pensou.
E nesse mesmo momento pensou que aquilo era a solução para o seu problema. Ela poderia ficar naquele quarto. É certo que teriam de partilhar a casa de banho, que teria de passar pelo quarto principal para sair e entrar, já que não havia outra porta, mas ainda assim ficava mais resguardada dos olhares masculinos, era menos constrangedor,   
Agora, só precisava coragem para falar com Afonso






9.5.16

MANEL DA LENHA - PARTE LXVI




A 9 de Março, é decretado estado de prevenção rigorosa em Lisboa, que se estende por três dias. Enquanto isso as forças militares e políticas movimentam-se em sentido contrário, às decisões governamentais.
Dias depois reúne-se em S. Bento a "brigada do reumático". À cerimónia, faltam os chefes militares mais influentes, entre eles, Costa Gomes, Spínola e Silvério Marques. Em consequência, Marcelo demite Costa Gomes e Spínola, e faz mais uma remodelação do governo.
A 16 desse mesmo mês, dá-se o golpe das Caldas. O Regimento de Infantaria 5 subleva-se e sai para a rua, numa tentativa de fazer a revolução. Esperava que outros quartéis em todo o país o seguissem, mas isso não aconteceu. Sem hipótese acabam por se render ao brigadeiro Serrano, segundo comandante da região militar de Tomar. Duzentos militares foram presos, mas a revolução não fora debelada. Fora apenas adiada. Com o tradicional humor português, contava-se por todo o país,  dias depois.
"Lisboa ainda é virgem. O das Caldas não conseguiu entrar"
No final do mês, Marcelo vai ao estádio José Alvalade, assistir ao Sporting - Benfica, e numa impressionante orquestração é intensamente ovacionado. E nesse mesmo dia,  após os incidente no Instituto Superior de Economia, a escola é encerrada.
Na Seca, a safra já terminara. Apesar de haver cerca de metade do pessoal de outrora, ela acabara mais cedo. E isso devia-se a dois factos. O Inverno não fora tão rigoroso como em outros anos, e as máquinas introduzidas.  Na Seca estão agora além do Manel, o pessoal residente na Seca. O armazém está encerrado a maior parte do tempo, e o Manuel junta-se ao restante pessoal, na limpeza e pintura dos grandes armazéns, no roçar das ervas daninhas sob as mesas de arame, onde o bacalhau é estendido, na reparação dos arames partidos, e em tudo o que é necessário para que tudo esteja em ordem quando os navios voltarem. A pouca lenha que sobrou, já está toda transformada em cavacos, e Manuel vai ao armazém uma vez por semana carregar o carro de mão e abastecer as residências. Em Agosto virão as camionetas cheias de grossos troncos de árvores, cortados com aproximadamente um metro de comprimento, que ele terá de empilhar no armazém, para depois transformar em cavacos que alimentarão a seca durante a safra. Para esse trabalho, terá a ajuda da mulher, bem como das outras mulheres residentes na Seca. É uma autentica obra colocar toda a lenha em pilhas até ao tecto, que terão que ficar bem seguras, para não correr o risco de desabarem e ficar soterrado sob elas. Porque alguns dos troncos são bem retorcidos e de difícil encaixe, mas ele não consentia que mais ninguém os empilhasse, porque só confiava no seu trabalho. Assim ele fica no armazém, enquanto as mulheres transportam para dentro os troncos que ele empilha. Quando a pilha, atingia a sua altura, pouco mais de um metro e sessenta, começava outra. Quando a terceira atingia cerca de um metro, uma das mulheres ia para essa pilha, ele para a segunda, e começava a subir  a primeira da seguinte forma. As  mulheres que traziam os troncos para dentro,iam colocando-os na terceira pilha. A mulher que lá estava, ia apanhando-os e passando-os para a segunda pilha, onde o Manuel se encontrava. Este por sua vez, apanhava-os e colocava-os na primeira. Quando subia um bocado, mandava que fosse feita outra pilha, de modo a que os troncos fossem empilhados em escada, e que uma pilha nunca subisse muito sem o apoio da seguinte. 
Era trabalho moroso, e pesado, mas ele tinha que sentir segurança. E nunca teve qualquer acidente nos 44 anos que foi lenhador.

21.1.16

AMANHECER TARDIO - PARTE XXXV


                                                        foto do google
Os quatro dias que Isabel passou em Munique, foram de autêntica loucura.
Foi recebida no aeroporto por Hans, que a transportou para sua casa onde Anne os esperava para jantar. Contrariamente ao que o telefonema de Hans fizera supor, a mulher estava no quarto mês de gravidez e quase não se notava ainda a barriga. De resto estavam muito felizes e notava-se-lhes um brilho diferente no olhar.
- Mas como foi isso de casarem assim de repente? – Perguntou Isabel enquanto jantavam
- Não foi assim tão de repente – disse Hans. Na verdade desde o princípio do ano que tínhamos programado o casamento para este ano. A gravidez só veio alterar um pouco a data, já que pensámos no fim do ano como data, mas Anne diz que nessa altura já estará com um grande barrigão e não terá graça nenhuma.
- Nós, mulheres, -explicou Anne - sonhamos com o casamento,  desde que ainda meninas, começamos a perceber o que se passa à nossa volta.  Depois quando acontece, é algo que vamos recordar toda a vida. No fim do ano estarei com 8 meses, uma barriga enorme, provavelmente com dificuldade em calçar uns sapatos decentes, por causa dos pés inchados. Decerto ia sentir-me cansada, com dores nas pernas e os rins, sem conseguir dançar,  e sem vontade para nada. Não quero um casamento assim.
Depois, bem depois, o tempo passou a correr entre a ida ao cabeleireiro, os ensaios da cerimónia, o ajudar a noiva a vestir-se, a cerimónia, e a festa que se lhe seguiu. Por sorte Isabel conseguiu passar na véspera do casamento às 17 horas pela Marienplatz uma das praças mais movimentadas de Munique e pode ver e ouvir Glockenspiel o famoso carrilhão composto por 43 sinos, e a dança dos bonecos de madeira que ao som musical vão representando cenas históricas da Alemanha, na torre do Neues Rathaus.
No dia da cerimónia, ao colocar-se no altar, ao lado do padrinho, Isabel não pôde deixar de sorrir divertida, ao lembrar as considerações de Amélia sobre o padrinho. É que este, era o avô do noivo, um empertigado octogenário.
Depois da cerimónia, a sessão de fotos no Jardim Inglês, e por fim a festa onde não faltou muita alegria e cerveja.
Depois da partida dos noivos para a lua-de-mel, Isabel recolheu ao hotel extremamente cansada.
No dia seguinte antes de seguir para o aeroporto, ainda conseguiu visitar a Catedral de Frauenkirche em honra de Nossa Senhora Bendita. Aí, quando depois da visita, que incluiu uma subida à torre sul, onde pode apreciar uma maravilhosa vista da cidade, se recolheu em oração, reconheceu perante Deus, aquilo que nunca tinha deixado ninguém adivinhar. Nunca seria uma mulher realizada, se não conseguisse ter uma família. Sonhava encontrar um homem, capaz de retribuir o imenso amor que lhe sufocava o peito, e sonhava ser mãe. Esse era no momento o seu maior anseio.