Casaram três semanas depois, numa cerimónia íntima, no átrio da sua casa, tal como João propusera. À, já de si bela decoração do átrio, que se assemelhava a uma sala, no meio da natureza, um decorador, juntou uma pequena gruta e uma cascata além da mesa da cerimónia.
Dos vestidos de noiva, que uma conhecida casa de modas levara até Teresa, ela escolhera um modelo, comprido em cetim e renda, cortado sob o peito e caindo a direito pois disfarçava a sua notável barriga, apesar de contar apenas quinze semanas.
Foram padrinhos do noivo, Olga e David e da noiva Inês e seu pai, Mário.
Além destes e do Conservador que ia realizar a cerimónia, estavam apenas, meia dúzia de pessoas mais, pessoas por quem os noivos tinham consideração. Helena, a noiva de David, o advogado, Afonso Cardoso e esposa, dada a relação de amizade que os ligava ao noivo, Gustavo, o marido de Inês, o filho Martim, muito compenetrado no seu papel de levar à madrinha as alianças e Sofia, a mãe de Inês, e mulher de Mário, além claro de Sandra, a enfermeira.
Eram poucas pessoas, sim, mas eram aquelas com quem tinham uma verdadeira ligação de amizade e com quem eles queriam partilhar aquela mudança nas suas vidas. E todos puderam testemunhar a genuína emoção dos noivos, quando pronunciaram os votos.
No final da cerimónia houve uma pequena comemoração, e pouco depois a noiva agradeceu a presença de todos e retirou-se acompanhada pela enfermeira e pela madrinha, que a ajudaram a despir-se e a deitar-se.
E Outubro chegou ao fim com o início do outono apresentando-se nubloso, mas não frio. Nos dias em que o sol se dignava aparecer, Teresa, sempre acompanhada por Sandra, passeava um pouco pelo terraço, admirando as cores vibrantes, com que a natureza ia pintando as árvores no parque lá em baixo. Por vezes sentavam-se num cadeirão conversando como se em vez de paciente e enfermeira, fossem duas amigas. E na verdade era assim que Teresa, considerava a simpática enfermeira. Das três, aquela com quem ela menos se ligara, fora com Gabriela, a que ficava com ela de noite. Não porque não fosse carinhosa e competente, mas porque passava quase todo o tempo a dormir.
No que
se referia à sua rotina, o casamento não viera alterar grande coisa. Os dois faziam juntos as refeições, conversavam, faziam planos para o futuro, como qualquer
outro casal. Escolheram o quarto mais perto do principal, para os bebés, e já
o estavam a decorar, ou melhor, Teresa escolheu os móveis em revistas de
decoração e o marido encomendou-os, depois de ter contratado uma empresa que esvaziou o aposento e o pintou como motivos infantis.
João, estava decidido a ser para os seus filhos, um pai bem
diferente do que tinha sido o seu. Por isso investigou na Internet tudo sobre bebés e
a interação dos pais com eles. E ao ler num desses sites que os pais deviam estabelecer
contacto com os bebés, cantando-lhes, ou contando-lhe histórias antes de nascerem, para que se fossem habituando à sua voz, decidiu fazê-lo. Comprou alguns livros com histórias infantis, e todas as noites, depois do jantar, levava
Teresa para o escritório, sentava-a no sofá, sentava-se a seu lado e pegando
num dos livros, lia em voz alta uma história para os bebés. Por vezes
interrompia-se para acariciar o ventre dela, e dizer aos filhos que gostava
muito deles, que os esperava com ansiedade, coisas que ela não sabia se os
filhos ouviam, ou entendiam, mas que a ela a emocionavam, e faziam com que cada dia se sentisse mais apaixonada pelo marido.
E aos dias, cada vez mais pequenos, sucediam-se as noites, o
tempo corria inexoravelmente, o ano aproximava-se do fim. Na semana seguinte iniciava-se
Dezembro, o mês do Natal, e do casamento do seu cunhado. David
queria que eles fossem os seus padrinhos, mas embora ela tivesse desenvolvido,
uma relação de amizade com o cunhado e gostasse bastante dele e da sua noiva, não se
sentia com coragem para enfrentar uma cerimónia na igreja, antecedida por uma missa. Completara vinte semanas de gravidez, mas o
ventre estava tão dilatado, que parecia ter pelo menos mais dez, e pesava mais catorze quilos.
Bom, - suspirou naquela noite antes de adormecer. Vamos ver
qual a opinião da doutora Laura, amanhã na consulta.