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22.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXVIII




-E pronto, agora que já sabes o que se passa o que te parece?
- Tens a certeza que ele desistiu de arruinar o teu pai?
-Quando soube que ele tinha recebido os documentos da “Casa Nova”, pensei que me tinha enganado  e sabes como sou. Procurei-o e disse-lhe que ele não tinha palavra, que não era confiável. E então ele entregou-me todos os documentos que restituem ao meu pai a “Casa Nova” pedindo-me apenas que não lhos entregasse até ao fim do mês.
-Mas então os documentos já estão contigo?
- Não. Eu devolvi-lhos. Entendi que se ele confiava em mim, também devia confiar nele.
- Bom, espero que não te tenhas enganado. Se o homem está a ser sincero e vai mesmo desistir da vingança, só pode estar apaixonado por ti.
- Ou quer fazer de mim o instrumento de vingança, contra o meu pai, por pensar que isso é maior vingança do que arruiná-lo. Mas isso não importa. O importante, é que faça uma festa de sonho para a irmã dele, de modo a que cumpra o nosso contrato, e me entregue os documentos. Depois com um pouco de sorte nunca mais o vejo.
- Não acredito. Mas como não o conheço, não me quero aventurar em palpites. Por isso é melhor dedicar-mo-nos ao trabalho. Enquanto eu analiso as fotos, vai-me dizendo qual a tua ideia.
- Bom, eu pensei fazer a cerimónia de renovação de votos aqui na parte da frente da casa. Ao fundo junto ao muro ficará o altar. Dos dois lados as cadeiras para os convidados. Como estamos a entrar no Verão as temperaturas estão altas, pensei num cenário tropical, com tendas brancas abertas, ladeadas por vasos com palmeiras.
-Quantos convidados?
-Oitenta.  
Durante duas horas as duas amigas mergulharam no trabalho. Enquanto Paula ia expondo a sua ideia, Margarida ia fazendo o plano, tomando nota do que precisavam fazer, do material que iam necessitar e anotando os números do telefone das empresas onde adquiri-los. Depois passaram à parte de trás da casa onde decorreria a festa propriamente dita, com muita música e comida.
 - Aqui temos um bom espaço. Colocamos as mesas perto da casa numa só tenda. O grupo musical pode ficar debaixo do alpendre e a pista de dança ao fundo junto à piscina.
- Eu poria as mesas junto à piscina, protegidos por chapéus de sol, com uma única tenda atrás, onde seriam colocados os menus a serem servidos 
-Boa ideia. Eu tinha pensado deixar os menus na cozinha, mas assim ficariam mais perto. E a música?  
- O ideal seria conseguirmos a colaboração do Inácio Assis. É um músico fantástico, tem uma bela voz, e está na moda. Estaria mais de acordo com o tipo de festa que estamos a pensar do que o grupo musical que costumas contratar, -disse Margarida.
- É verdade, mas nunca trabalhei com ele nem sei se está livre nesse dia, ou mesmo se faz este tipo de trabalho.
-Falo com ele amanhã. É amigo nosso. Se não tiver nada marcado para esse dia, decerto aceita. Convém-lhe conhecer um empresário como o António Ferreira, com tantos restaurantes onde se realizam muitas festas ao longo do ano.
- Depois me dirás, se aceita ou não. Vamos jantar agora e acabamos depois?
-Vamos, -respondeu a decoradora.


21.7.18

O DIREITO À VERDADE - XLI


- E tens a certeza de que não existe? Porque da minha parte, eu tenho a certeza do contrário. Para amar não são precisos anos. Por vezes basta um olhar, um sorriso, uma frase para nos cativar o coração. E entre nós, assim foi, não há como negá-lo. Se os dois aceitamos esse amor, e fazemos por mantê-lo vivo, ou se o negamos e o deixamos morrer já é outra história. Em Coimbra fui sincero contigo. Na altura ainda não sabia se te amava mas sabia que algo muito forte já nos ligava. Queria conhecer-te melhor, sabia que alguma coisa muita bonita estava a nascer entre nós. Em compensação tu não usaste de igual sinceridade e fugiste. O pai falou-me da tua mãe, da sua insegurança e de como isso destruiu a relação dos dois. Quero acreditar que não tenhas herdado dela essa insegurança. Quando me deixaste, fiquei desesperado, e revoltado, contra ti e contra o próprio destino, que me tinha permitido conhecer-te para logo te afastar. Sentia-me como uma criança a quem dão um doce e quando ela se prepara para o saborear, lho arrancam das mãos. Para tentar esquecer-te, entreguei-me de corpo e alma ao trabalho que nesta época do ano é sempre muito intenso. Como sabes o pai é produtor de vinhos e eu sou o enólogo responsável por toda a produção até ao momento de engarrafamento, muito embora uma boa parte da nossa uva seja entregue à vinícola de que somos sócios, e seja comercializada através dela. Mas por mais cansado que estivesse, não conseguia esquecer a jovem sensível que se emocionou na fonte das lágrimas, nem a menina radiante que percorreu como uma criança o Portugal dos Pequenitos. Muito menos a mulher que tremeu nos meus braços quando nos beijamos na despedida. Incendiaste-me o sangue e a alma. Desesperava, por não saber como te encontrar. 
Por essa altura, o pai começou a ter um comportamento estranho. Ele não conduz desde que teve um acidente e quando se desloca, sempre sou eu que o levo. Então ele começou a ir a Viseu de camioneta. E a falar ao telefone, desligando quando eu me aproximava. Comecei a pensar que ele teria alguma aventura na cidade. Afinal ainda é um homem jovem e a mãe levou o último ano até ser operada, muito doente. Só para teres uma ideia, ela não conseguia caminhar dez metros, sem ter que parar, sem forças.
Questionei-o e ele jurou que amava a minha mãe e que nunca seria capaz de a trair. Acreditei, mas passados uns dias, ele voltou a Viseu. Por uma dessas coincidências com que o destino nos brinda, nesse dia telefonaram-me da empresa onde tinha encomendado uma nova bomba de trasfega, dizendo que já tinha chegado, podia ir buscá-la. Acabava de acondicioná-la no porta-bagagem, quando vos vi sair de um prédio no outro lado da rua. O pai enlaçava-te os ombros e os dois seguiram pelo passeio até ao hotel.  Não será difícil imaginares o que eu pensei. Um homem não vai para um hotel com uma mulher que não é de sua família, se não for para irem para a cama, não é verdade?


Atenção amigos. Acabei ontem de escrever esta história. Não tenho mais nenhuma escrita e com os tratamentos que ando a fazer e o tempo de espera que levo na clínica não tenho tempo para elaborar outra, e nas férias só tenho 
Internet no telemóvel. Não sei se fecho o "estaminé" se deixo agendada uma das minhas primeiras histórias, Sei que alguns já a leram, mas muitos dos meus leitores atuais chegaram em 2016/2017. Posso re-editar uma história mais antiga. Que pensam vocês? Por favor deixem alguma resposta nos comentários. Obrigada