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25.11.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXIII




Casaram três semanas depois, numa cerimónia íntima, no átrio da sua casa, tal como João propusera. À, já de si bela decoração do átrio, que se assemelhava a uma sala, no meio da natureza, um decorador, juntou uma pequena gruta e uma cascata além da mesa da cerimónia. 

 Dos vestidos de noiva, que uma conhecida casa de modas levara até Teresa, ela escolhera um modelo, comprido em cetim e renda, cortado sob o peito e caindo a direito pois disfarçava a sua notável barriga, apesar de contar apenas quinze semanas.


Foram padrinhos do noivo, Olga e David e da noiva Inês e seu pai, Mário.

Além destes e do Conservador que ia realizar a cerimónia, estavam apenas, meia dúzia de pessoas mais, pessoas por quem os noivos tinham consideração. Helena, a noiva de David, o advogado, Afonso Cardoso e esposa, dada a relação de amizade que os ligava ao noivo, Gustavo, o marido de Inês, o filho Martim, muito compenetrado no seu papel de levar à madrinha  as alianças e Sofia, a mãe de Inês, e mulher de Mário, além claro de Sandra, a enfermeira.

 Eram poucas pessoas, sim, mas eram aquelas com  quem tinham uma verdadeira ligação de amizade e com quem eles queriam partilhar aquela mudança nas suas vidas. E todos puderam testemunhar a genuína emoção dos noivos, quando pronunciaram os votos. 

 No final da cerimónia houve uma pequena comemoração, e pouco depois a noiva agradeceu a presença de todos e retirou-se acompanhada pela enfermeira e pela madrinha, que a ajudaram a despir-se e a deitar-se. 

 E Outubro chegou ao fim  com o início do outono apresentando-se nubloso, mas não frio. Nos dias em que o sol se dignava aparecer, Teresa, sempre acompanhada por Sandra, passeava um pouco pelo terraço, admirando as cores vibrantes, com que a natureza ia pintando as árvores no parque lá em baixo. Por vezes sentavam-se num cadeirão conversando como se em vez de paciente e enfermeira, fossem duas amigas. E na verdade era assim que  Teresa, considerava a simpática enfermeira. Das três,  aquela com quem ela menos se ligara, fora com Gabriela, a que ficava com ela de noite.  Não porque não fosse  carinhosa e competente, mas porque passava quase todo o tempo a dormir.

No que se referia à sua rotina, o casamento não viera alterar grande coisa. Os dois faziam juntos as refeições, conversavam, faziam planos para o futuro, como qualquer outro casal. Escolheram o quarto mais perto do principal, para os bebés, e já o estavam a decorar, ou melhor, Teresa escolheu os móveis em revistas de decoração e o marido encomendou-os, depois de ter contratado uma empresa que esvaziou o aposento e o pintou como motivos infantis. 

João, estava decidido a ser para os seus filhos, um pai bem diferente do que tinha sido o seu. Por isso investigou na Internet tudo sobre bebés e a interação dos pais com eles. E ao ler num desses sites que os pais deviam estabelecer contacto com os bebés, cantando-lhes, ou contando-lhe histórias antes de nascerem, para que se fossem habituando à sua voz, decidiu fazê-lo. Comprou alguns livros com histórias infantis, e todas as noites, depois do jantar, levava Teresa para o escritório, sentava-a no sofá, sentava-se a seu lado e pegando num dos livros, lia em voz alta uma história para os bebés. Por vezes interrompia-se para acariciar o ventre dela, e dizer aos filhos que gostava muito deles, que os esperava com ansiedade, coisas que ela não sabia se os filhos ouviam, ou entendiam, mas que a ela a emocionavam, e faziam com que cada dia se sentisse mais apaixonada pelo marido.

E aos dias, cada vez mais pequenos, sucediam-se as noites, o tempo corria inexoravelmente, o ano aproximava-se do fim. Na semana seguinte iniciava-se Dezembro, o mês do Natal, e do casamento do seu cunhado. David queria que eles fossem os seus padrinhos, mas embora ela tivesse desenvolvido, uma relação de amizade com o cunhado e gostasse bastante dele e da sua noiva, não se sentia com coragem para enfrentar uma cerimónia na igreja, antecedida por uma missa. Completara vinte semanas de gravidez, mas o ventre estava tão dilatado, que parecia ter pelo menos mais dez, e pesava mais catorze quilos.  

Bom, - suspirou naquela noite antes de adormecer. Vamos ver qual a opinião da doutora Laura, amanhã na consulta.

 

 

15 comentários:

chica disse...

Tudo andando muiito bem no casamento, cumplicidadem companhia e ela emgordando...Vamos esperar mais! beijos, chica

Tintinaine disse...

Um saltinho no tempo! Por este andar teremos um final a breve trecho.
Bom dia com o regresso da chuva.

Maria João Brito de Sousa disse...

Não tarde teremos aí três bebés. Os gémeos triplos nunca chegam ao final do tempo de gestação, adiantam-se sempre umas três ou quatro semanas...:)

Forte abraço, Elvira!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Gostei muito deste episódio muito ternurento e escrito de forma sublime como só
a Elvira sabe.
Um beijinho,
Ailime

Fá menor disse...

Delicio-me sempre com estes seus romances. Estou a gostar muito.

Beijinhos e tudo de bom!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Aguardemos
mas está bonito.
:)

noname disse...

O tempo passa e cozinha a vida em forno morno, por agora, vamos ver o que a escritora ainda nos reserva :-)

Beijinho, Elvira

João Santana Pinto disse...

Um romance com mais um dos seus grandes momentos, pelo menos, um patamar já foi atingido, penso que a parte mais "penosa" estará a chegar com o aproximar do parto... (sorrisos)

Um casal que no fundo já tem uma "família", entre amigos e parentes e com quem partilharam um momento muito especial.

Ficamos a aguardar pela opinião da médica...

Abraço e bom resto de dia

Janita disse...

...e os dias vão passando na sua doce mansidão, indiferentes à ansiedade dos que desejam ver o coroar desse romance, numa linda noite de amor...

Boa noite, Elvira.

Teresa Isabel Silva disse...

Agora estou curiosa com a opinião da Dra!

Bjxxx
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aluap disse...

Já estão casados! Gostei, mas teria gostado ainda muito mais, ver uma foto da bela decoração do átrio.
Abraço e saúde.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Que lindo e emocionante o matrimônio, selando uma nova vida para eles e os bebês.
Abraços fraternos!

Edum@nes disse...

Do que muitos, mais vale poucos e bons. Um casamento com poucos convidados.

Tenha um bom dia amiga Elvira. Um abraço.

teresa dias disse...

Elvira, não faltou um pormenor da cerimónia, e eu gostei muito de ler.
Beijo.

AC disse...

Uma história bem construída, sem qualquer dúvida.
Os meus parabéns, Elvira (apesar do eterno problema da correcta utilização das vírgulas)!

Um abraço com os desejos duma excelente saúde :)