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9.7.18

O DIREITO À VERDADE.- XX




Cláudio chegou ao hotel às onze e cinquenta. A mãe ia ter alta às quinze, e ele tinha prometido ao pai que estaria no hospital a essa hora, para regressarem a casa. Também lhe tinha dito que iria almoçar com a jovem e a levaria ao hospital para a apresentar aos pais. Depois no caminho para casa deixá-la-iam no hotel. Ele ainda não tinha analisado os seus sentimentos, nunca acreditara em amor à primeira vista, nem sabia se o que sentia era amor. O que sabia é que nunca nenhuma outra mulher o interessara tanto. Não era pela beleza. Helena era uma mulher bonita, mas ele tinha visto centenas de mulheres tão bonitas ou mais que a jovem. Mas havia qualquer coisa nela que mexia com ele, despertando-lhe sentimentos nunca antes experimentados, ou talvez já esquecidos. E ele tinha trinta anos e nunca tivera hábitos de frade. Olhou o relógio. Já passavam três minutos do meio-dia. Não era atraso significativo, as mulheres costumavam atrasar-se, mas algo lhe dizia que não era o caso. Dirigiu-se à receção.
- Boa tarde. Tenho um encontro marcado com a menina Helena Trindade. Por favor podia avisá-la que já cheguei?
- Boa tarde. Lamento senhor, mas a menina Helena Trindade abandonou o hotel esta manhã às dez. Deixou esta carta para lhe entregarmos quando viesse procurar por ela, -disse estendendo-lhe um envelope.
-Muito obrigado.
Aceitou o envelope e virou costas dirigindo-se para o seu automóvel. Aí chegado, rasgou o subscrito e leu.

Bom dia, Cláudio.
Como te disse ontem, parti esta manhã.
Lamento sinceramente se esperavas encontrar-me e te dececionei. Não posso nem devo, ficar. Nunca estaria à tua altura, não podia criar ilusões, que me iam fazer sofrer depois. Posso parecer-te cobarde, mas não quero mais sofrimento na minha vida.
Agradeço-te as horas e o carinho que me dedicaste. Conhecer-te foi uma das  coisas mais bonitas que me aconteceu. Parto agora, para que possa recordar-te sempre com a mesma emoção que me fizeste sentir.
Do coração, desejo que sejas muito feliz.
Helena.

Amarfanhou o papel entre os dedos. Ela tinha-se ido embora sem deixar um endereço, número de telefone, ou qualquer outra pista que permitisse, encontrá-la. Sentia-se frustrado. Voltou a alisar a folha, dobrou-a e guardou-a na carteira. Apertou o cinto de segurança e ligou o motor. Arrancou sem destino. Tinha que parar num sítio qualquer para almoçar. Não lhe interessava onde, naquele momento a única coisa em que conseguia pensar, era em Helena, nas horas que tinham passado juntos no dia anterior, no beijo que trocaram na despedida. Ele tinha a certeza de que a emoção que sentira fora recíproca. Acabou por almoçar num restaurante perto do hospital, enquanto a TV mostrava imagens da tragédia Síria, e dos refugiados. Não percebia a ideia de alguns restaurantes terem televisões ligadas enquanto os clientes comiam. Os noticiários só transmitiam tragédias, o dia todo, as pessoas teriam tempo de as ver sem ser à hora da refeição.
Estava-se no último dia do mês de Agosto, num dos anos mais quentes e secos do último século. E as televisões levavam os dias a mostrar os incêndios, E quando chegava a hora das notícias, aos incêndios nacionais somava-se a tragédia do povo sírio, forçado a fugir muitas vezes para acabar por morrer no mar.


Gente, fiz hoje o meu EEG . Na verdade segundo a médica que mo fez, foram dois exames um enquanto desperta, o outro a dormir, Não sei só sei que demorou uma hora e quarenta minutos. E que vou levantar dia 23. Entretanto comecei esta tarde a fisioterapia. Depois de uma noite sem dormir, e do ginásio, estou mais morta que viva. É mais fácil subir às árvores quando a neta manda.
Rsrsrs




18 comentários:

Larissa Santos disse...

Coitado do Claudio, ficou desiludido. Pode ser que se encontrem em Viseu, nunca se sabe. Adorei

As suas melhoras.

{B C- Poetizando } Como é longa esta saudade...

Bjos
Votos de uma boa noite.

Edum@nes disse...

Helena pelos vistos é mulher de palavra. Disse que partia e partiu mesmo. Só não se sabe por quanto tempo ela irá resistir, sem voltar a Coimbra?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Quanto à sua saúde que tudo corra pelo melhor.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Jasus, ficou tão furioso que até a TV o incomodou, pudera! Eu ficaria igual... E, agora?? Hummm

: Coração em desalento.

Beijos e uma excelente semana

Teresa Isabel Silva disse...

Estou a gostar da história!
Espero que tenhas conseguido descansar!

Bjxxx
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Janita disse...

Com essa carta/despedida, sem aparente razão de ser, creio bem que a Helena criou um fosso entre ambos.
Se se voltarem a encontrar - o que não duvido - o Cláudio vai estar ressentido, e com razão.

Veja lá se cai da árvore e complica tudo, Elvira. :)

Continuação de melhoras.

Boa semana.

chica disse...

Puxa, que pena que ela foi embora, faltou coragem...Mas ela terá que voltar, pois nem viu ainda a situação com o pai.Terão outra chance!


Descansa agora e adorei tua foto! bjs, chica

Rui disse...

Tremenda desilusão esta ! :((( ...
... mas creio bem que "o destino" criará condições para que se venham a reencontrar ! :((

...........

Certamente que esses exames vão "dar bons resultados" Elvira. Já basta a coluna não estar a funcionar tão bem como seria desejável !
E até por isso, cuidado com a subida às árvores ! eheheh
Deixe lá que a minha sogra subia assim aos 80 anos e veio a morrer aos 94 sem que isso tivesse nada a ver com árvores ! eheheh

Abraço

noname disse...

Tenho cá um feeling que vão voltar a ver-se e que têm mais em comum do que pensam :)
E, quanto a mim, o Carlinhos não tem que ficar ressentido, ela disse-lhe que partiria no dia seguinte, ele é que não respeitou e inventou o almoço.

As suas melhoras

Kique disse...

Esta história continua interessante, vamos ver como se desenvolve
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - Descoberto novas propriedades da cerveja

lourdes disse...

Ai ai ai, a marota da Helena agora foi-se embora. Só para dar trabalho ao Cláudio, que agora tem que a encontrar.
Mas tenho um palpite que tudo vai acabar em bem.
Bjs.

Tintinaine disse...

Não estava à espera de outro episódio, hoje!
Quase desligava a geringonça sem o ver e ler.
O exame não vai revelar nada de mau, pelo menos é isso que desejamos, pensamento positivo!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acredito ter sido providencial a partida de Helena, porque assim evitou que os acontecimentos fossem além do beijo, pois quem sabe, podem ser irmãos.

Abraços,

Furtado

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Roselia Bezerra disse...

Bom dia, querida amiga Elvira!
Que pena! Ainda espero mudanca.
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm muito carinhoso e fraterno de paz e bem

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Foi uma pena ela ter ido embora sem se dar chance de viver mais emoções e ser feliz. Mas, acredito que vai haver reencontro!
Beijos!

Cantinho da Gaiata disse...

Coisas mesmo de mulheres, casmurra😂.
O destino ainda os vai unir, não sei bem como a amiga vai dar volta à situação, pois não ficou contacto nem para onde ia, esperar como sempre para ver.
As melhoras amiga, isso com a fisioterapia vai melhorar, mas nada de abusos.
Beijinhos

Os olhares da Gracinha! disse...

Começo pela foto radical ... que mostra a sua força em superar o menos bom!
...
Quanto à história ... aguado a decisão do "rapaz" ... bj!

Smareis disse...

Que desilusão. Vamos ver adiante.

Adorei te ver na árvore, é um exercicio bom. Mas cuidado pra não cair.
Beijos!