Um mês depois, tinha-se estabelecido uma grande amizade entre os dois. O livro estava quase pronto, e era frequente vê-los, passeando, ora até à praia, ora aventurando-se pelos caminhos da serra. Para Isabel era como se tivesse voltado dez anos atrás, quando inseparáveis percorriam aqueles mesmos caminhos, em longas conversas.
Raro era o dia, que a avó não
lhe chamava a atenção, preocupada que estava com a sua felicidade. Ela, fazia
ouvidos de mercador, empenhada em desfrutar ao máximo da companhia dele. Tinha
pedido férias sem vencimento, no escritório, e pensava todos os dias, que tinha
que procurar um espaço para montar o seu escritório, mas arranjava sempre uma
desculpa para adiar essa resolução.
Uma tarde, depois de terem
estado durante uma hora a rever o último capítulo, ela lendo o que estava
escrito, ele corrigindo frases, mudando palavras, deram enfim o livro por
terminado.
No dia seguinte sairia para a
editora.
Então, ele disse-lhe que ia
visitar a idosa, da casa ao lado, e pediu-lhe para o acompanhar. Ficou aflita,
não podia avisar a avó, e receava o que ela pudesse dizer.
Ele cumprimentou carinhosamente
a senhora, que o levou para a sala, onde conversaram sobre a sua ausência, e o
tempo que esperava ficar.
Depois a avó disse que ia fazer
um chá, e Isabel ofereceu-se para a ajudar, a fim de recomendar à avó, que não a desmascarasse.
A visita foi muito agradável, e
acabou por se prolongar. Na volta, ele rompeu o silêncio para dizer.
-É uma senhora muito agradável.
Tanto que me esqueci de lhe perguntar pela neta. Antigamente ela estava sempre cá, de férias, nesta altura do ano.
Isabel estremeceu. Ele
lembrava-se dela. Com voz tremente, perguntou:
-Eram amigos?
- Amigos? Não. Era muito mais
do que uma amiga. Era uma irmã.
Ela deu graças a Deus por ele
não a poder ver. Uma irmã. Foi assim que ele sempre a viu. Por isso ficou tão
zangado naquele dia. Com raiva, limpou as lágrimas que iam deixando um rasto
molhado no rosto pálido. Percorreram em silêncio, o resto do caminho. Depois
ele recolheu-se ao quarto, enquanto ela morta de dor, arrumou a secretária,
pegou na mala e foi para casa. Ficaria muito surpreendida, se tivesse visto o
sorriso enigmático do homem, quando meia hora depois regressou ao escritório.
15 comentários:
Continuo na minha: ele reconheceu, desde o início, a voz.
:)
A Odete Ferreira também sabe que as pessoas quando perdem um sentido aguçam outro(s).
Ele sabe quem ela é.
Boa semana
bom dia
um sorriso enigmático ???
haver vamos o que esse sorriso nos vai trazer !!!
uma boa se mana de trabalho para quem o tiver .
JAFR
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Está interessante.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Ele está se "fazendo de salame",rs...Sabe muiiiiito bem de tudo! Estou adorando! bjs, chica
Imaginación frondosa, amiga Elvira, asentada en la realidad y la fantasía.
Abrazo austral.
Hummm: bem me parecei que ele tinha reconhecido a voz dela e dois podem jogar o " faz de conta que não nos conhecemos".
Bjn
Márcia
Será que Hélder ainda a não descobriu pela voz, ou será que anda a fingir?
Costuma-se dizer quem tudo quer tudo perde. Parece-me que Daniela quer acender o fogo para nele se queimar?
Tenha um bom dia amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Mistério gostoso rs...
bjokas =)
Então, ele reconheceu-a...
Interessante,Elvira!
Estou a gostar.
Abraço
~~~
Mas afinal onde anda o sexto sentido? Desta vez está a falhar! Ou não. Veremos. Boa semana. Beijinhos.
Muito interessante.
A amiga além de escrever bem é muito imaginativa.
Parabéns, por isso.
Bjs.
Irene Alves
Ele tem a faca e o queijo na mão!!! Bj
Ele sabe, ele sabe, aposto que ele sabe!
Qual será a ideia dele?
Vamos lá ler o próximo capítulo, que sorte chegar aqui e ter dois para ler :)
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