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16.6.17

NA HORA EM QUE O GALO CANTOU - PARTE II




Bruno ficou com a irmã e a mãe. A ausência em simultâneo do pai e do irmão mais velho, foram um rude golpe para ele. Sentiu-se como o deficiente que necessita de muletas para andar, e alguém lhas rouba. E era ele quem devia apoiar a mãe e a irmã?
 Ia de casa para o trabalho e vice-versa. Não falava com ninguém, a não ser no trabalho nos assuntos que precisava tratar com os colegas. Não gostava de ler. Os livros retratavam personagens completamente opostos ao que ele era. Neles, os personagens eram todos altos, atléticos e perfeitos. Homens que faziam as mulheres suspirarem, e sonharem. Por ele nunca nenhuma mulher ia suspirar. Que importava se o seu rosto era perfeito, se os seus olhos viam o mesmo que os dos demais, se o seu coração era tão capaz de amar como o do ser mais belo da sua espécie? Nenhuma mulher no mundo se ia sentir protegida com um homem que lhes dava pelo ombro. Ao cinema também não ia. Os filmes eram como os livros. Além de que no cinema havia sempre uns parezinhos mais interessados em trocar carinhos, do que em seguir a trama no ecrã. De futebol não gostava. Até nisso ele tinha que ser diferente? Não entendia o entusiasmo dos colegas com o futebol. Que graça tinha, ver um grupo de homens em calções, a correr de um lado para o outro atrás de uma bola, como se não houvesse amanhã? E milhares a gritarem, a rirem e a chorarem, como se não houvesse tanta gente no mundo a sofrer de verdade, a morrer vítimas da fome, da guerra, da poluição, até da violência doméstica.  
Com a mãe, Bruno falava o indispensável. Não que não a amasse. Ou que ela não se preocupasse com ele. Mas como podia falar com a mãe, do que o atormentava, se ela sempre lhe respondia: 
" Os homens não se medem aos palmos, filho"  Era boa pessoa, mas era também mãe, e para as mães os filhos sempre são perfeitos. Às vezes dizia-lhe para sair, se divertir, que parecia um velho. Ele encolhia os ombros e nem respondia.

15 comentários:

chica disse...

Triste a sensação dele..Se via meio perdido e bem isolado... Vamos ver como fica! bjs, chica

Rosemildo Sales Furtado disse...

O Bruno deve partir para uma autovalorização e reagir, pois tudo depende dele mesmo. O amor próprio deve estar acima de tudo.

Abraços,

Furtado.

PS: Amiga Elvira! Guagirus era uma tribo indígena que habitava o Vale do Ceará Mirim aqui próximo a Natal, Rio grande do Norte, Brasil.

Andre Mansim disse...

Deve ser triste a pessoa se sentir inferior.
A história continua boa, mas isso é normal quando a gente sabe quem escreveu né?

Pedro Coimbra disse...

Um Bruno que teve muitas responsabilidades muito novo?
Conheço um Coimbra, o meu pais, que teve a responsabilidade de cuidar da família (pai, mãe e quatro irmãs) a partir dos 14 anos (começou a trabalhar no dia 1 de Outubro, fez 15 anos no dia 25).
Outros tempos que ainda bem que já não voltam.
Bfds

Joaquim Rosario disse...

bom dia
não sei mesmo que dizer perante esta frustração de um jovem que se vai tornar um homem e não sabe bem como vai ser o futuro só porque é um pouco mais baixo que um metro e sessenta .
quero acreditar que como muitos na situação dele vai dar a volta por cima e virá a ser um homem com H grande.
até amanhã para saber o fim da historia .
JAFR

Tintinaine disse...

Não consigo adivinhar nada! É como jogar à sueca sem trunfos, só no fim se sabe quem ganha!

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma baixa autoestima não ajuda nada!
Bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma baixa autoestima não ajuda nada!
Bj

António Querido disse...

Na minha escola o mais pequeno da turma,(sem ser anão), era o mais inteligente!
Lembram-se do nosso Parlamentar Europeu,Pimentinha,( o mais pequeno da nossa bancada)? Foi quem teve a coragem de dar o murro na mesa!
É verdade, um HOMEM para ser GRANDE, não precisa ser o mais alto!

Cá de cima, aí para baixo vai o meu abraço.

Anete disse...

Difíceis experiências as dele. Não é fácil conviver com "diferenças", mas quando a pessoa encontra o seu verdadeiro valor (desenvolve a autoestima), aí a coisa muda.
Surpresas teremos no próximo capítulo!
Bjs e bom fim de semana...

Prata da casa disse...

Se bem que na infância ou adolescência o aspeto exterior possa ter um grande peso, a verdade é que a nossa personagem se está a afundar em autocomiseração, o que é uma pena.
Pena também é a estória acabar tão cedo.
Bjn
Márcia

Edum@nes disse...

Quando uma pessoas não se sente bem consigo mesma. Nada a fará ser feliz. Seja grande ou seja pequena. Mas tem de se contentar. Não importa qual é seu tamanho. O mais importante é olhar para o espelho e nele ver o seu nariz!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

redonda disse...

Mas há tantos homens baixinhos que são giros!
E há casais em que vemos que elas são bem mais altas!
Será que não pode aparecer uma baixinha ou uma altinha para gostar dele?

um beijinho e depois volto

Lua Singular disse...

Elvira,
Não se mede uma pessoa pela sua estatura , mas sim sua capacidade de discernimento intrínseco.
Por ex: numa cabeça pequena cabe mais neurônios ativos do que numa cabeça de uma pessoa de estatura normal.
Vamos acabar com essa discriminação, eu fui muito discriminada na escola, pois era baixa, na hora da saída eu metia o coro na pessoa e dizia sempre: baixa mais bonita melhor e a melhor aluna na classe da classe.
Todos riam.kkk Eu botei pra quebrar a vida inteira.
Beijos
Lua Singular

Ailime disse...

Um caso para reflectir.
Estou a gostar imenso.
Beijinhos,
Ailime