Fachada em Sevilha. Foto minha
-
Não… não, Miguel.- Soluçava a jovem. - É verdade. Eu lembrei, eu lembrei...
-
Lembraste o quê?
-Tudo.
Lembrei de tudo.
Continuava
chorando com intensidade abraçada a ele.
O
homem sentiu-se perturbado. Não sabia, se pela revelação que a jovem acabava de
fazer, se pelo calor emanado do corpo que continuava abraçado ao seu.
-Tens
a certeza de que não tiveste um pesadelo?
-Não
é pesadelo Miguel. Antes fosse.
Afastou-a de si. Sem brusquidão, mas com
firmeza. Levantou-lhe o queixo obrigando-a a olhar para ele.
-
Não acredito no que disseste. Tem de haver uma explicação. Por favor,
acalma-te. E conta-me tudo o que te lembres.
Afastou-lhe
o cabelo da cara, roçando as costas da mão pela face da jovem, numa leve caricia, que
teve o condão de a acalmar um pouco.
– Nunca conheci a minha mãe. Morreu de parto, quando eu nasci.
– Nunca conheci a minha mãe. Morreu de parto, quando eu nasci.
Meu
pai era muito apaixonado e nunca a esqueceu. Por isso não voltou a casar. Emigrou para Inglaterra, e eu fiquei com os meus avós, os pais da minha mãe. Os avós paternos viviam longe, numa aldeia no norte, e nunca cheguei a conhecê-los. Vivi com meus avós até aos sete anos. Por essa altura, minha avó sofreu um AVC e partiu pouco depois. O
avô não sabia cuidar dele, muito menos de mim. Foi nessa época que o pai regressou.
Gastou todas as suas economias na compra da casa, para onde fomos viver os
dois. Ele sempre se esforçou para que não me faltasse nada. Era como se quisesse
suprir a falta da minha mãe, assumindo ele mesmo o papel dos dois. - Ó
Miguel, eu amava-o tanto!
Ele,
não disse nada. Limitou-se a apertar-lhe suavemente o ombro, num gesto de apoio.
A jovem continuou:
A jovem continuou:
-Eu
era feliz. Fiz o secundário, e entrei para a Universidade. Escolhi comunicação e jornalismo. Estava no segundo ano.
Este
ano pela Páscoa, meu pai que estava de férias, convidou-me para ir com ele a
Andaluzia, assistir às cerimónias da Semana Santa. Era a primeira viagem que fazíamos juntos, depois que me tornei adulta, e era também uma espécie de prenda de anos pois tinha acabado de fazer vinte anos.
Calou-se
por momentos. Respirou fundo, e continuou:
-
Foi uma semana maravilhosa. Andámos por Málaga, Marbella, Sevilha, Granada, Visitámos museus,e catedrais, e assistimos a procissões grandiosas.
Calou-se. As recordações eram cada vez mais dolorosas.
Calou-se. As recordações eram cada vez mais dolorosas.
Eu
tenho a carta de condução, desde os dezoito anos, mas não tenho carro.
Apesar disso, e sempre que o desejava, o pai emprestava-me o carro dele, e estava habituada a conduzi-lo.
Apesar disso, e sempre que o desejava, o pai emprestava-me o carro dele, e estava habituada a conduzi-lo.
16 comentários:
Memórias dolorosas, mas agora vamos saber o que aconteceu de tão grave com a desditosa jovem.
O fim aproxima-se a passos largos, esperemos que Miguel e Mariana consigam encontrar a felicidade que merecem.
Para tristezas já basta a vida real! Acho esta personagem do Miguel muito atraente, carinhosa e encantadora.
Veremos o que se segue!
Um abraço e boa noite, Elvira
Oi Elvira, que história linda!
Tomara que tudo se acerta!
Abraços, e uma boa noite amiga!
Mariangela
Um sentimento de culpa não é prova de patricídio
Miguel saberá disso...
Olá Elvira,
Vim do capítulo anterior super curiosa diante da afirmativa de Mariana. O suspense continua por aqui, mas prevejo que a morte do pai de Mariana foi apenas resultado de um acidente de carro dirigido por ela. Daí a culpa. Será que acertei???-rs.
Beijo.
Agora já se começa a ver algo atrás dos panos.
Até amanhã
Um despertar muito doloroso.
À espera dos próximos capítulos!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
A coisa está-se a compor e pelo andamento não vem aí coisa boa.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
O que terá acontecido? Um acidente?
Não sei, não. Prefiro aguardar para
ver, aliás, para ler...
Bj
Olinda
P.S.
Elvira
Muito obrigada pelo texto que me enviou. Parece-me muito interessante
e muito actual. Ainda não o li todo.
Bjinho
Olinda
Já estou a imaginar de que a morte do pai terá sido num acidente de transito. Infelizmente, acontecem todos os dias. Quanto à morte da mãe, fez-me lembrar do que nunca na minha vida me esquecerei, também a minha mãe morreu de parto, não de mim, mas de outro filho que também não sobreviveu!
Tenha uma boa tarde de quinta-feira, amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Tem lembranças boas outras não.
bjokas =)
MUITO BOM, ELVIRA!
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
OI Elvira
Só posso acreditar se foi algum acidente
Beijos
Lua Singular
Um acidente é capaz de deixar sequelas tão fortes que não conseguimos imaginar...
Ah, talvez tenha acontecido um acidente que causou a morte do pai, por isso aquela reacção de pânico ao ouvir as sirenes da ambulância!...
xx
Continuo acreditando num acidente, conforme afirmei no comentário anterior, e ela tomando a culpa para si.
Abraços,
Furtado.
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