No
seu quarto, Mariana acabara de se arranjar, disfarçando com o corrector os círculos
arroxeados que lhe circundavam os olhos e davam conta da noite mal dormida. Escolheu umas calças de fazenda preta, e uma camisola de gola alta da mesma cor. Completava a
indumentária com umas botas também pretas. O cabelo estava de novo entrançado. Parecia mais alta, mais estilizada a figura.
E Miguel? Por onde andaria? - Interrogava-se.
Quando
meia hora antes se levantara, ele já não estava em casa.
“Volto
logo” era tudo o que estava escrito no bilhete preso na porta do frigorífico.
Arrumou
o quarto, apanhou do chão o belo vestido preto, que levou para o cesto da roupa
suja, e dirigiu-se à sala, onde deu início à tarefa de arrumação da mesma, pois
se encontrava com loiças, frutos e restos de velas, testemunho da noite
anterior.
Pouco
depois ele chegou.
-
Bom dia. Vim buscar-te, para almoçar.
Assim,
tranquilamente, como se não tivesse acontecido nada na noite anterior. Sentiu-se
frustrada, enraivecida, com vontade de o arranhar. Mas era preciso que ele não
percebesse.
-Bom
dia Miguel. Faz muito frio lá fora?- Perguntou aparentando uma naturalidade que não sentia.
-
Bastante. É melhor ires bem agasalhada.
-
Está bem. Não me demoro.
Entrou
no quarto, deixando o homem perplexo. Estava tão diferente da mulher apaixonada
da noite anterior. Decerto nem se lembrava do que tinha dito horas antes ali mesmo. O que provava, que ele estava certo. Tinha que sufocar aquela lembrança e fazer por esquecer.
-
Estou pronta. Podemos ir.
Tinha
vestido um grosso casaco de fazenda e na cabeça, um gorro de lã, dava maior
graciosidade ao seu rosto.
Já
na rua, seguiram em direcção ao carro.
-
Pensei que almoçávamos aqui mesmo no bairro.
-
Neste dia há poucos restaurantes a funcionar. Vamos almoçar a Cascais, já fiz a
reserva há dias. Depois damos uma volta até Sintra. Toda aquela zona é muito
bonita e o sol convida.
Não
respondeu.
-
Não dizes nada? Não te agrada?
-
Sim claro, - respondeu sem entusiasmo.
O
silêncio instalou-se entre eles, acompanhando-os na viagem o resto do trajecto.
15 comentários:
Cada vez estou mais curiosa.
Já joguei ao jogo de faz-de-conta
Nenhum casal escapa a essa coisa tonta
do "como-se-não-tivesse-passado-nada"
e... já sabemos como acaba
Espero com curiosidade as "cenas" dos próximos capitulos!
BJs
A incerteza a apoquenta?
Mariana, com a sua linda graça
Miguel, não ata nem desata,
é caso para dizer, tal tá a moenga!
Tenha amiga Elvira, uma boa noite, um abraço,
Eduardo.
Esperando os próximos capítulos!
Bjo, amiga :)
Esse silêncio fala mais que mil palavras...
Olá Elvira! Estive afastado por uns dias devido a um problema no meu PC e só agora estou retornando. Depois, com mais tempo, vou ler e comentar desde quando parei.
Abraços,
Furtado.
A tensão aumenta...
Vai acabar na alcofa!
Que situação constrangedora se estabeleceu entre Miguel e Mariana!
Entendo a frustração de Mariana. Miguel, por sua vez, está inseguro demais para um homem vivido e experiente. A juventude de Mariana não é justificativa para a retração dele, embora os motivos dele sejam palpáveis. Logo ele irá perceber que o amor dela é real e não fruto de carência ou fragilidade.
Muito bom, Elvira. Continuo gostando bastante de acompanhar a história de Miguel e Mariana.
Beijo.
As pessoas não se deixam guiar pelo coração, depois é só dúvidas e mal-entendidos!
xx
Oi Elvira!
Realmente é uma situação difícil...
Mas vai passar.
E eu espero...
Um grande abraço,
Mariangela
Gostaria de ver o final , mas se passar atrasada verei voltando a postagem.
Com certeza aqui terá um final inesperado...
Um carinhoso abraço.
Evanir.
Impasse! E até um deles resolver romper com essa teimosia...
Bj
Oi Elvira
O silêncio e o desdém de Mariana vai machucar Miguel, pois é a única arma que Mariana tem para agarrar o seu homem. Se ela não o amassa iria embora deixando um bilhetinho para ele na geladeira: Adeus, obrigado - sem endereço.
Beijos
Lua Singular
O Miguel insinuou que Mariana o assediou devido a bebida que havia ingerido. Quem sabe, ele também vai passar da conta, beber um pouco mais e criar coragem para assediar a pobre Mariana?
Abraços,
Furtado.
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