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1.11.15

FOLHA EM BRANCO - PARTE XI


foto da net
Depois que Miguel saiu, a jovem apertou a cabeça entre as mãos, como se quisesse alcançar a memória perdida.
Quando ele mencionara o facto de poder ser seu pai, ela sentira como se uma corrente eléctrica, lhe percorresse o corpo. Era uma sensação estranha e dolorosa que ela desconhecia. Que se passava com ela? A ser verdade que tentara matar-se, como Miguel dissera, ( e não tinha razão para duvidar da palavra de um homem, que até ali se portara como um cavalheiro) que fizera ela de tão grave para desejar a morte? Ou quem lhe tinha feito tanto mal, ao ponto de a levar àquele desespero? Porque não conseguia lembrar-se  de nada? A sua cabeça era como uma folha em branco, que ela não conseguia preencher. Soltou um gemido e de novo deu livre curso às lágrimas. Mais tarde, preparou-se para dormir.
Antes de se deitar, hesitou. Fechava ou não a porta à chave? Miguel tinha mostrado ser um homem íntegro. Não podia imaginar que se aproveitasse da sua fragilidade. Não fechá-la era a prova de que confiava nele. Por outro lado ele mesmo lhe dissera para o fazer. Então decidida, deu a volta à chave e deitou-se.
Levou horas para adormecer. Por fim, cansada, entregou-se nos braços de Morfeu.
Acordou sobressaltada a meio da madrugada. Sentiu passos na sala ao lado. Depois os passos no corredor, uma porta que se abria.
Minutos depois, a porta fechava-se, os passos firmes voltaram a ouvir-se pelo corredor até à sala. Logo em seguida, apagou-se a luz e o silêncio reinou na casa.
Acordou cedo. Saltou da cama e num movimento mecânico, certamente efectuado ao longo de anos, fez dançar o pé direito debaixo da cama em busca de algo. De repente lembrou que não tinha visto nas coisas que Miguel lhe comprara, uns chinelos. Ia retirar o pé, quando encalhou em qualquer coisa. Eram os chinelos do dono da casa. Enfiou-os. Eram enormes, mas à falta de melhor serviam. Vestiu o robe, rodou a chave lentamente, e saiu procurando não acordar o homem que dormia vestido no sofá.
Coitado! Esquecera-se de retirar do quarto a roupa para dormir, e ela, presa à sua dor, nem pensara nisso.


16 comentários:

Lua Singular disse...

Oi Elvira
Acho que a coisa vai pegar fogo.
Mama mia, estou muito curiosa.kkk
Beijos
Lia Singular

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Elvira estou gostando tanto que queria que escresse mais um pouquinho!
Continuo aguardando.
Abraços, uma Boa noite!
Mariangela

Rogério G.V. Pereira disse...

Por dever de gratidão
devia partilhar... o colchão

(talvez mais tarde, pois assim
o conto acabaria aqui)

Unknown disse...

Querem lá ver que a cachopa ainda é filha dele ?
Bem o melhor será ver se arranja uma mãe.
O pormenor da porta fechada está com graça.

Ana disse...

Fechar ou não fechar: eis a questão. Na dúvida, é melhor fechar. Só para jogar pelo seguro.
Boa semana Elvira!

chica disse...

Ainda bem estás postando bem seguido, pois estou louca de curiosa! Muito legal! bjs, chica

Edum@nes disse...

Uma mulher bonita,
que se queria matar
por que razão o faria
de nada sem lembrar.

Parecia que dormia,
aquela mulher bela
até ao romper do dia
em lençóis de flanela.

Quando recuperar a memória,
o que é que irá acontecer
terei pelo final da história
esperar, para ficar a saber.

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

lourdes disse...

Estou curiosa. Quem será esta jovem e que lhe irá acontecer?
É difícil para mim imaginar um homem assim tão bom e desinteressado, mas se calhar existe!
Bjs

Vera Lúcia disse...


Olá Elvira,

Aguardo, curiosa, pela continuação.
Nada confortável a situação desta jovem. Ainda bem que ela foi amparada por um homem digno, como parece ser o Miguel.

Beijo.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou como a Vera aguardo curioso por novos desenvolvimentos.
Um abraço e boa semana.

Odete Ferreira disse...

Continuo presa à narrativa, Elvira.
Aguardando os próximos relatos, deixo um bjo.
(Gostei imenso do novo visual do blogue!)

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
ESTÁ BOM DEMAIS.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Rosemildo Sales Furtado disse...

Primeiro: tentar o suicídio; segundo: ao falar no pai, sente algo estranho. Será que vem coisa grave e absurda por aí? É melhor esperar para ver. Ainda gostando!

Abraços,

Furtado.

Laura Santos disse...

A história continua com imenso interesse!
xx

Berço do Mundo disse...

Voltei para ler os últimos desenvolvimentos desta novela.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo

P.S. É muito fácil ir até Barcelona ou Madrid, nos dias que correm. É só estar atenta às promoções das companhias low-cost. A Elvira ia adorar.

Socorro Melo disse...


A história é instigante, é leve... E a curiosidade vai aumentando.


Socorro Melo