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11.6.17

JOGO PERIGOSO - PARTE XXVI


 
Missão de Marrere

                             
Pelo caminho o irmão foi-lhe mostrando quão difícil era ser médico num hospital africano, tantas vezes carecido de material básico, bem como medicamentos, para a saúde da população. Faltavam antibióticos, vitaminas e analgésicos. Por vezes ele mesmo, dava um salto à cidade, para comprar do seu bolso, um medicamento essencial para um doente mais grave. Era um trabalho cansativo, doloroso até, pelas histórias que encerrava, mas era ali que ele queria estar e assim que queria viver.
Parecia impossível que a Missão ficasse a tão curta distância da cidade em quilômetros e a tão grande, na forma de vida das pessoas. Na moderna cidade que Daniela percorrera, era difícil procurar alguma coisa e não encontrar, por mais supérflua que fosse. Ali, na Missão, era difícil encontrar o que se precisava, por muito essencial que fosse. Ali até a água era escassa. 

                 Escola Polivalente de S. João Batista - Marrere

Quando à noite regressaram à cidade, depois de ter visto a fila de doentes que ele atendeu, de ter visitado o hospital e ter falado com algumas enfermeiras, também elas voluntárias; depois de ter visitado a Escola Polivalente da Missão de S. João Batista, Marrere, de ter tomado conhecimento dos imensos problemas dela, na área da Saúde e Educação, Daniela compreendeu porque o irmão tinha vendido a parte dele na fábrica da família.
Depois do jantar, conversaram, sobre tudo o que ela tinha visto, e o irmão falou-lhe da iniciativa de apadrinhamento de uma criança. Ela quis saber do que se tratava, e ele explicou-lhe que tinha sido um recurso a que os Irmãos que dirigiam a Missão, deitaram mão para poderem ajudar mais crianças. Consistia em se tornar padrinho de uma criança, pela quantia de cem euros anuais. Com esse dinheiro uma criança teria alimentação e acesso ao ensino. Menos de dez euros mensais, era tudo o que era preciso para transformar a vida de uma criança e dar-lhe a possibilidade de um futuro.
Ficou muito sensibilizada, e ali mesmo decidiu que ia apadrinhar uma criança e falar na iniciativa às suas amigas.
Depois mudando de conversa, quis saber como conhecera David, e porque nunca lhe falara nele.
Daniel respondeu que eram amigos da faculdade, e que nunca falara nele, como não lhe falara de todos os amigos que teve no tempo de estudante.
E não conseguiu saber mais nada.
Vinte dias mais tarde regressava a casa.
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Aviso ao leitor.  O serviço de apadrinhamento de crianças, existe mesmo. Na Missão de S. João Batista de Marrere e em outras Missões espalhadas por Moçambique.  Se alguém estiver interessado em ajudar, informe-se.

16 comentários:

chica disse...

Ela tomou ciência do trabalho do irmão por lá, dos trabalhos que realizava, do que faltava ali e até das crianças para apadrinhar, gesto muito bonito! Estou gostando! bjs, chica

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar um bom domingo!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

Há tanta gente que gastas fortunas para manter um cão que fariam melhor em pensar nisso.
Atenção que não tenho nada contra os cães!

Joaquim Rosario disse...

bom dia
esta historia ainda vai dar muita volta.
penso eu !!!
continuação de um bom fim de semana.
JAFR

António Querido disse...

UM EXCELENTE DOMINGO!

Berço do Mundo disse...

O apadrinhamento é um gesto simples que transforma completamente a vida de uma criança. É um belo projecto.
Beijinho, Elvira, e bom domingo
Ruthia d'O Berço do Mundo

Prata da casa disse...

Muito bom saber aproveitar a estória para divulgar o apadrinhamento.
Bjn
Márcoa

Janita disse...

Lido este e o episódio anterior - o que me faltava para não perder pitada da narrativa - e digo-lhe, amiga Elvira, o quanto estou encantada com o altruísmo do jovem médico.
Tomara que esta viagem de Daniela a Moçambique, tenha a vantagem de, num futuro da história, ter uma dupla contribuição para a felicidade de algumas pessoas. E mais não digo.
Um abraço, bom Domingo.

Anete disse...

Bem bonito e empolgante este capítulo.
Amizade entre irmãos é uma coisa preciosa...
Um trabalho bem dedicado o do Daniel...

Bom domingo... Abç

Edum@nes disse...

No tempo da administração portuguesa em África, nas missões não faltavam bons médicos, nem medicamentos. Porque é que depois da independência há tanta miséria? Eles que baixem as armas e trabalhem para o desenvolvimento do pais que é deles. O qual tem muitos recursos naturais por explorar! Os portugueses têm fama de os ter explorado, mas deixaram o caminho livre pelo qual devem seguir! E não ficarem à espera do que não têm caia do céu!...

Tenha uma boa tarde de domingo amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Cidália Ferreira disse...

Muito bem! Gostei de ler


Beijos e bom Domingo.

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma triste realidade escrita com muita pertinência!
Bj

redonda disse...

Já cheguei a pensar nisso uma vez, seria para ser uma espécie de madrinha e enviei um contributo mas para outra Missão, depois perdi o laço, talvez volte a tentar sê-lo. É uma boa sugestão para lembrar aqui.
um beijinho e bom final de Domingo

Gaja Maria disse...

Gostei da saber tanta coisa que desconhecia :)

Ailime disse...

Felizmente que há pessoas que se entregam a tão nobres causas. Apesar de ficção sabemos que acontece na realidade embora as ajudas ainda estejam muito longe de socorrer todos os que necessitam. O apadrinhamento das crianças é um acto a todos os tiros muito louvável.
Vamos sonhando com um mundo igual para todos. Enquanto isso não acontece vamos tentabdo fazer o nosso melhor na ajuda aos outros.
Beijinhos,
Ailime

Rosemildo Sales Furtado disse...

É! Parece que me enganei no comentário do capítulo anterior. Gostando e aguardando.

Abraços,

Furtado