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10.11.15

FOLHA EM BRANCO - PARTE XXIII


foto do google



Mal saíram dali, Miguel levou a jovem directamente para a clínica.
O médico já não estava, mas a empregada ao ouvir o relato do que tinha acontecido, disse;
- O que relata, são sintomas de um ataque de pânico. Vou ligar ao Doutor, explicar a situação, e vamos ver se ele autoriza a marcação para amanhã, uma vez que já tem a agenda preenchida.
 Fez a ligação e depois…
- O doutor disse para virem amanhã às duas. As consultas começam às três, ele vai atendê-los antes.
- Muitíssimo obrigado. Até amanhã.
O resto do dia foi tão sombrio, como noite sem lua. Miguel estava muito preocupado. Questionava-se, sobre como devia agir. Denunciar a situação da jovem à polícia e esperar que eles tomassem uma decisão, quanto ao destino da jovem? Era o mais razoável. Mas, como explicar a demora na denúncia do caso,  e os mais 15 dias que levavam juntos? E como arrancar do peito, aquele sentimento, mistura de carinho e pena que a jovem despertara nele? Desde que os pais tinham morrido, que vivia sozinho. Aventuras amorosas, tivera muitas. Fugazes, sem consequências. Gostava da sua vida de boémio, de partir para qualquer lado quando lhe apetecia, sem se preocupar com nada, nem ninguém. Tinha vários amigos, ali, na cidade, como tinha em Lisboa. Pintores, escritores, escultores. Gente ligada às artes como ele. Alguns tinham ao longo dos tempos, encontrado alguém com quem dividiam a vida e os sonhos. Ele não. Nunca sentira nada tão avassalador por alguém que o levasse a ponderar deixar o celibato. E aos 46 anos, já não acreditava  possível, que tal viesse a acontecer.
Quando viu a jovem tão nova, tão frágil, completamente perdida, sentiu que tinha que ajudá-la. Era como se o céu lhe enviasse uma filha. Claro que pôs a hipótese de que em algum local, alguém podia estar em sofrimento por causa do seu desaparecimento. Mas todos os dias comprava o jornal, ouvia as notícias na rádio e não havia nenhum apelo, nenhuma foto, nenhuma notícia na rádio, nada que se relacionasse com ela. Mas aquele episódio à tarde, deixou-o em sobressalto. E se ela sofria  de algum grave transtorno psiquiátrico? E se tinha fugido de alguma clínica do género? Atormentava-se sem saber  o que fazer e como  fazê-lo. Ir-se embora, deixando-a na casa, mesmo pagando todas as despesas, e contando com a ajuda de  Adélia, que entretanto  se fora também afeiçoando a ela, não era viável.
Pedir ao médico que lhe aconselhasse uma boa clínica, para a internar, era o mais razoável, mas a ideia de a deixar num ambiente hostil, repugnava-lhe. Estava, como a avó Ermelinda costumava dizer, entre a Cruz e a Caldeirinha.






14 comentários:

chica disse...

Que situação! Vamos esperar que com a consulta,m algo possa ser descoberto que ajude essa moça a "voltar" à sua vida! bjs,chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Como diz a Chica vamos esperar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Isa Sá disse...

E a história continua e muito bem!

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Anete disse...

Elvira, obrigada pela visita no Fragmentos Poéticos...

É muito bom retornar aqui e ler mais um capítulo do seu suspense... Você é muito criativa!

(Gostaria que conhecesse o meu outro blog, Vida & Plenitude/ou o Ciranda de Frases...)

Muita paz e o meu abração...

Janita disse...

Entre dúvidas e angustiantes cogitações debate-se o Miguel sem saber o que fazer! Situação que se pode agravar com o decorrer do tempo ou não!
Continuemos a esperar. Saber esperar é uma grande virtude...Não há nada que comece e não acabe!!

Um abraço, Elvira! :)

Bell disse...

Que mistério hein?

bjokas=)

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, que situação desagradável, talvez a consulta tenha a solução.
AG

Vera Lúcia disse...


Olá Elvira.

Acredito que, a esta altura, a vida de Miguel já está atrelada à da jovem. Não há mais como fugir da situação. Resta a ele ajudá-la a se reencontrar.

Beijo.

Edum@nes disse...

Entre a cruz e a caldeirinha,
está à espera a paciente ansiedade
ansiosa por saber quando e como termina
que bem espero seja com amor e felicidade!

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Situação difícil pro Miguel e pra jovem...
Vamos esperar...
Abraços!
Mariangela

Laura Santos disse...

Pois, cá está, já muitos dias passaram, e a situação complica-se!
xx

Socorro Melo disse...


Pobre, Miguel! Como dizemos por aqui: está segurando uma batata quente.

Zilani Célia disse...

CONTINUO LENDO.

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Rosemildo Sales Furtado disse...

Também concordo que o melhor é esperar.

Abraços,

Furtado.