O
médico já não estava, mas a empregada ao ouvir o relato do que tinha
acontecido, disse;
-
O que relata, são sintomas de um ataque de pânico. Vou ligar ao Doutor, explicar
a situação, e vamos ver se ele autoriza a marcação para amanhã, uma vez que já
tem a agenda preenchida.
Fez a ligação e depois…
-
O doutor disse para virem amanhã às duas. As consultas começam às três, ele vai
atendê-los antes.
-
Muitíssimo obrigado. Até amanhã.
O
resto do dia foi tão sombrio, como noite sem lua. Miguel estava muito
preocupado. Questionava-se, sobre como devia agir. Denunciar a situação da
jovem à polícia e esperar que eles tomassem uma decisão, quanto ao destino da
jovem? Era o mais razoável. Mas, como explicar a demora na denúncia do caso, e os mais 15 dias que
levavam juntos? E como arrancar do peito, aquele sentimento, mistura de carinho
e pena que a jovem despertara nele? Desde que os pais tinham morrido, que vivia
sozinho. Aventuras amorosas, tivera muitas. Fugazes, sem consequências. Gostava
da sua vida de boémio, de partir para qualquer lado quando lhe apetecia, sem se
preocupar com nada, nem ninguém. Tinha vários amigos, ali, na cidade, como tinha em
Lisboa. Pintores, escritores, escultores. Gente ligada às artes como ele. Alguns tinham
ao longo dos tempos, encontrado alguém com quem dividiam a vida e os sonhos.
Ele não. Nunca sentira nada tão avassalador por alguém que o levasse a ponderar
deixar o celibato. E aos 46 anos, já não acreditava possível, que tal viesse a
acontecer.
Quando
viu a jovem tão nova, tão frágil, completamente perdida, sentiu que tinha que
ajudá-la. Era como se o céu lhe enviasse uma filha. Claro que pôs a hipótese de
que em algum local, alguém podia estar em sofrimento por causa do seu
desaparecimento. Mas todos os dias comprava o jornal, ouvia as notícias na rádio e não havia nenhum apelo,
nenhuma foto, nenhuma notícia na rádio, nada que se relacionasse com ela. Mas aquele episódio à tarde,
deixou-o em sobressalto. E se ela sofria de algum grave transtorno psiquiátrico? E
se tinha fugido de alguma clínica do género? Atormentava-se sem saber o que fazer
e como fazê-lo. Ir-se embora, deixando-a na casa, mesmo pagando todas as
despesas, e contando com a ajuda de Adélia, que entretanto se fora também afeiçoando a ela, não era viável.
Pedir
ao médico que lhe aconselhasse uma boa clínica, para a internar, era o mais
razoável, mas a ideia de a deixar num ambiente hostil, repugnava-lhe. Estava, como a avó Ermelinda costumava dizer, entre a Cruz e a Caldeirinha.
14 comentários:
Que situação! Vamos esperar que com a consulta,m algo possa ser descoberto que ajude essa moça a "voltar" à sua vida! bjs,chica
Como diz a Chica vamos esperar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
E a história continua e muito bem!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Elvira, obrigada pela visita no Fragmentos Poéticos...
É muito bom retornar aqui e ler mais um capítulo do seu suspense... Você é muito criativa!
(Gostaria que conhecesse o meu outro blog, Vida & Plenitude/ou o Ciranda de Frases...)
Muita paz e o meu abração...
Entre dúvidas e angustiantes cogitações debate-se o Miguel sem saber o que fazer! Situação que se pode agravar com o decorrer do tempo ou não!
Continuemos a esperar. Saber esperar é uma grande virtude...Não há nada que comece e não acabe!!
Um abraço, Elvira! :)
Que mistério hein?
bjokas=)
Boa tarde, que situação desagradável, talvez a consulta tenha a solução.
AG
Olá Elvira.
Acredito que, a esta altura, a vida de Miguel já está atrelada à da jovem. Não há mais como fugir da situação. Resta a ele ajudá-la a se reencontrar.
Beijo.
Entre a cruz e a caldeirinha,
está à espera a paciente ansiedade
ansiosa por saber quando e como termina
que bem espero seja com amor e felicidade!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Situação difícil pro Miguel e pra jovem...
Vamos esperar...
Abraços!
Mariangela
Pois, cá está, já muitos dias passaram, e a situação complica-se!
xx
Pobre, Miguel! Como dizemos por aqui: está segurando uma batata quente.
CONTINUO LENDO.
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Também concordo que o melhor é esperar.
Abraços,
Furtado.
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