Além
do mais, se ela autorizasse, desejava, fazer uns esboços da jovem, como a
vira naquele dia. Para trabalhar quando voltasse ao seu estúdio em Lisboa.
Infelizmente
a jovem não teve qualquer reacção que suscitasse interesse. Manteve-se calma,
fez algumas perguntas, aceitou que ele fizesse vários esboços dela, cumprindo
as suas ordens relativamente à mobilidade e posição do corpo.
Quando finalmente deu por terminado o trabalho e lhe estendeu a mão para a ajudar a levantar, ela permitiu-se até brincar, dizendo que não conseguia levantar-se porque tinha
criado raízes.
Nos
dias que se seguiram, saíram várias vezes juntos, fizeram compras, foram ao
ginásio, visitaram o mercado e o museu. Influência ou não da medicação, a jovem não voltara às suas crises
de choro, nem de revolta, como se estivesse resignada, ou tivesse perdido o
interesse pelo seu passado.
Respondia
pelo nome de Mariana, com naturalidade, como se toda a vida o tivesse ouvido.
E
assim os dias foram correndo, Outubro chegava ao fim, Miguel tinha agendada uma
exposição para meados de Novembro, era altura de voltar para a sua casa de Lisboa,
e não sabia como fazer com a jovem. Se não lhe passava pela cabeça abandoná-la,
também considerava arriscado levá-la para Lisboa.
Na
véspera, tinham ido a Portimão, fazer a Ressonância Magnética, e agora tinham que
esperar uma semana, pelo resultado.
Naquela
tarde, estavam sentados numa esplanada na marginal quando se ouviu o silvar de
uma ambulância.
De súbito, Mariana ficou lívida, uma expressão de terror surgiu nos seus olhos, o
corpo começou a tremer, e foi escorregando na cadeira até ficar toda encolhida.
Grossas gotas de suor, surgiram na sua testa e deslizaram pela face como se
fossem lágrimas. Levantou as mãos, e apertou a cabeça entre elas. Miguel ficou assustado.
Que se estava a acontecer com ela? Porquê aquele desespero repentino? Não sabia o que podia fazer para a ajudar. A
atitude da jovem e a sua atrapalhação, chamaram a atenção das outras pessoas
que estavam na esplanada,e que se foram aglomerando à sua volta.
Alguns
minutos depois, que a Miguel pareceram horas, lentamente a jovem foi voltando
ao normal. Porém parecia não saber o que tinha acontecido e mostrava-se tão
envergonhada que só queria sair dali.
17 comentários:
Algo de muito grave se terá passado, para que a jovem se assustasse assim dessa maneira ao ouvir a sirene de uma ambulância. Mais um episódio e tudo na mesma, por isso mais depressa se deseja que cheque o próximo!
Tenha uma boa tarde de segunda-feira, amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Algum sinal está aparecendo..o que teria lembrado ao ouvir a ambulância? mais curiosidade! Está ótima! bjs,chica
Santo nome de Maria...E o Miguel que não toma atitude alguma, sujeito a que dê algum desmaio à jovem e se veja em apuros!! Uma ida ao hospital impunha-se, nesta situação!
Nem a ida à falésia despertou qualquer sobressalto na jovem, mas ela devia conhecer o local ou não?
Bem, pelo menos já sabemos que a sirene da ambulância trouxe alguma reacção à Mariana...Aguardemos!!
Um abraço, Elvira!
Sempre atento ao que por aqui se vai contando.
Tudo de bom.
Olá Elvira,
Li o capítulo anterior e vim direto para este.
Então, a jovem gostou do nome Mariana e se adaptou bem a ele. Quem sabe não é este mesmo o nome dela?
Tudo indica que a jovem perdeu a memória em vista de algum trágico acidente, provavelmente incluindo ela e a família.
Feliz semana.
Beijo.
Intensa a sua escrita.
Sublinho o "...porque tinha criado raizes...".
Parabens sinceros.
Oi,Elvira.Estou adorando seu conto,agora com mais mistérios sobre essa moça.
Preciso ler todos!
Estou sem computador de mesa que está no conserto e usando um lap top que vejo muito mal nele.Assim que o outro estiver consertado,voltarei,com certeza.
Obrigada pela visita,linda semana de paz profunda.
Beijos sabor carinho
Donetzka
Oi Elvira
Consegui ler os capítulos anteriores e parece-me uma boa história
A qualquer momento a memória virá a tona e saberemos o que temos pela frente.
É instigante,a leitura.
grande abraço.
Mais esta página e... sigo
Continuando a acompanhar... Agora com mais um ingrediente a abrir hipóteses!
Bjo, amiga :)
Se tiver tanto horror a ambulâncias como eu.....
Acontenceu alguma coisa para se assustar com o barulho da ambulância...
Vamos ver...
Abraços!
Mariangela
Algo de extremamente traumático lhe terá acontecido com uma ambulância...talvez um acidente?...
xx
Amiga Elvira, como tem passado?
Espero que tudo esteja bem.
Para mais, por ora, vimo-nos livres dos gangsters...
Beijinhos para si!
Nossa, até eu fiquei assustada. Não saberia fazer nada numa situação assim.
MUITO BOM.
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
A reação da Mariana ao ouvir a sirene da ambulância já é um grande passo. Aguardemos!
Abraços,
Furtado.
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