Seguidores

Mostrar mensagens com a etiqueta apartamentos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta apartamentos. Mostrar todas as mensagens

2.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE I

 


 

O sol já desaparecera no horizonte, e as luzes iam iluminando a cidade, todavia era verão a noite estava quente e a praia que durante o dia fervilhava de banhistas estava quase deserta.

No início do areal quase junto às dunas, encontrava-se sentada uma mulher. Tinha as pernas abraçadas pelos tornozelos e os joelhos dobrados. As costas inclinadas para a frente e o rosto escondido pelo cabelo, apoiava-se nos joelhos.

Parecia perdida sabe-se lá em que pensamentos e nem se dava conta dos pares de namorados que procuravam a solidão e também a pouca luz do areal para trocarem carícias mais ou menos apaixonadas.

De súbito dois jovens solitários, pensando talvez que ela podia ser a companhia feminina que lhes faltava para tornar a noite mais divertida, sentaram-se junto dela e começaram a trocar gracejos sobre ela entre si. Inicialmente ela não reagiu, pensando que eles em breve desistiriam e iriam embora.

Porém, como tal não aconteceu, levantou-se, olhou-os com dureza, voltou-lhes as costas e deixando-os a falar sozinhos, caminhou até à passadeira de tábuas que atravessava as dunas, passou pelo restaurante, aquela hora completamente cheio e dirigiu-se ao seu automóvel estacionado no largo existente por trás do restaurante.

Entrou no veículo, pôs o motor a trabalhar, e arrancou em direção à cidade, onde vivia temporariamente na casa que os compadres ali tinham para passar férias e que Paula, a sua comadre e amiga lhe emprestara, para que, longe da sua residência, se recompusesse da volta que a sua vida de aparente felicidade dera.

Estacionou junto de casa, pensando na sorte que tinha, de que o prédio de apartamentos estivesse situado fora das muralhas históricas, na parte nova da cidade, onde podia estacionar junto à porta sem problemas. Na baixa, as ruas estreitinhas, não permitiam estacionamentos e na maioria estavam mesmo destinadas apenas à circulação de peões.

Entrou em casa, acendeu a luz e dirigiu-se para a casa de banho, onde se despiu e meteu-se debaixo do duche.

Depois enrolou o corpo numa toalha, e dedicou alguns minutos a secar o seu longo e belo cabelo negro.

Seco e escovado o cabelo, retirou a toalha do corpo húmido e substituiu-a pelo fino robe de algodão que tinha pendurado atrás da porta.

Pegou a roupa suja que deixara no chão e dirigiu-se à cozinha onde estava instalada a máquina de lavar roupa, e juntou-a a outras peças que já aguardavam lá dentro, a lavagem.

Fechou a porta, colocou nos respetivos compartimentos o detergente e o amaciador e depois de escolher o programa carregou no botão e em seguida apagou a luz e saiu da cozinha.


25.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE X




Na rua o homem parou, piscou os olhos por causa da luz daquele bonito dia de sol, e respirou fundo. Depois retomou a marcha, seguindo Helena em direção ao carro. Quando o veiculo começou a rodar, ela comentou:

-Amanhã, vamos ao centro comercial. Precisa de comprar algumas roupas.
- Mas como? Não tenho dinheiro!
- Eu sei. Mas posso emprestar-lhe o suficiente para que compre o necessário. Pagar-me-á quando recuperar a sua vida.
- E se isso nunca acontecer, doutora? Não posso viver às custas da sua generosidade.
- Não se preocupe. Quando menos esperar, recupera a memória. Foi pena que não se deixasse hipnotizar. Podia ser que o psiquiatra tivesse descoberto algo.
- Mas não foi culpa minha, juro.
- Chegamos, - disse ela estacionando o carro junto de um prédio de apartamentos. Moro no segundo andar. Vamos?

Acionou o mecanismo da chave para fechar o automóvel, ao mesmo tempo que se dirigia para a entrada do prédio seguida pelo homem. Se a porteira a visse, decerto ia estranhar. Morava ali há três anos, e nunca entrara ninguém na sua casa, a não ser a empregada, e os seus pais, quando vinham passar uns dias com ela. 

Não utilizaram o elevador. Ela nunca o usava, preferindo subir os dois lances de escadas, e naquele dia não foi diferente, até porque pensou, que depois de tantos dias, na cama, ele precisaria de exercício. Abriu a porta, acendeu a luz, pendurou a mala num cabide à entrada e voltando-se para ele que se mantinha em silêncio, disse:
- Venha, vou mostrar-lhe a casa. Aqui é a sala, digamos de recreio. Aqui pode ler, ouvir música, ou ver TV. Aqui é a sala de refeições. É pouco utilizada, como vivo sozinha com o filho, comemos sempre na cozinha. É mais aconchegante. O quarto principal, o quarto do Diogo, e o quarto dos meus pais, que será o seu, enquanto aqui estiver. No armário, estão algumas roupas, para dormir confortável hoje. Espero ter acertado com o tamanho. Aqui  são as casas de banho. Esta é a que uso com o Diogo. 
A porta ao lado, é de outra casa de banho cuja diferença consiste, em que esta tem banheira, e a outra apenas duche. No resto são iguais. Poderá usá-la.
E finalmente a cozinha. 
Voltou-lhe as costas, mas ele pôs-lhe uma mão no ombro e forçou-a a voltar-se. Segurou as mãos dela entre as suas, e perguntou olhando-a com intensidade: