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30.6.18

SINTRA - A CAPITAL DO ROMANTISMO


Diz-nos a História que na Serra de Sintra se encontram vestígios de todas as épocas desde o neolítico até à actualidade. 

A história de Sintra é tão grande e variada, que não caberia neste espaço, pelo que vos remeto para este site e assim quem estiver interessado, poderá conhecê-la a fundo.




Depois da conquista de Lisboa em 1147 por D. Afonso Henriques, Sintra é definitivamente integrada no espaço cristão. Logo após a tomada do Castelo, D. Afonso Henriques funda a igreja de São Pedro de Canaferrim, outorgando Carta de Foral à Vila de Sintra em 1154. 

Nos séculos  XI e XII estabeleceram-se na zona vários conventos e ordens militares, que possuíam casas e vinhas e que fizeram prosperar a vila.Porém no século XIV, a epidemia de peste negra, chegou a Sintra, onde se propagou rapidamente devido ao clima frio e húmido da Vila, tendo dizimado uma boa parte da população. 





Conheceu um período de menos brilho, durante o domínio espanhol, quando os duques de Bragança se transferem para Vila Viçosa. Mais tarde o terramoto de 1755 causou em Sintra, como aliás em quase todo o país, avultados prejuízos e grande número de vítimas. Mas esta não foi a única tragédia que assolou Sintra. O grande ciclone de Fevereiro de 1941, provocou em Sintra uma enorme destruição. Seis anos depois, cai na serra, o bimotor Dakota, proveniente de França, em que morrem carbonizadas 16 pessoas. 
Mais recente ainda, muitos de nós lembramos o grande incêndio de Setembro de 1966, que incontrolável durante seis dias destruiu quase a totalidade da Serra. Nele morreram carbonizados, 25 militares que operavam no combate e que sem preparação conveniente, se deixaram cercar pelas chamas.
Em Sintra viveram grandes escritores nacionais e estrangeiros, como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Ferreira de Castro, o poeta inglês Robert Southey, Lord Byron, que a imortalizou num dos seus poemas como "Cintra's glorious Eden" entre muitos outros, que a glorificaram e lhe deram fama de "A capital do Romantismo"


Para se encantar em Sintra, não pode deixar de visitar,  o Palácio Nacional de Sintra, também chamado Palácio da Vila, o Palácio da Pena, e o Castelo dos Mouros.



 Ainda o palácio da Regaleira, na quinta do mesmo nome, mandado construir por Monteiro de Carvalho o "Monteiro dos Milhões", em cujo espaço se encontram verdadeiras maravilhas arquitectónicas e botanicas,
o Palácio de Seteais, e o Palácio de Monserrate, o Convento dos Capuchos, a fonte da Pipa, com seus painéis de Azulejos.  As várias igrejas e capelas das quais destaco a de S. Pedro,cuja construção remonta ao século XVI.
O Museu de História Natural,


 o Museu do Ar, e a casa-museu Leal da Câmara, o Centro de Ciência Viva, o Museu das Artes de Sintra, o Museu Ferreira de Castro,


 e o recentemente inaugurado News Museu, dedicado à Comunicação Social, que ocupa as instalações do antigo Museu do Brinquedo, são outros espaços a não perder.
Bom, e praias?- Pergunta-me, quem não as dispensa.no Verão. Pois ali bem perto integrado no Parque Natural de Sintra-Cascais, existem várias e boas praias, como a das Maçãs (que deve o seu nome às maçãs que o rio que ali desagua, trazia, nos tempos em que Sintra era rodeada de extensos pomares de macieiras) Praia Grande, muito procurada pelos amantes de surf, praia da Ursa,a mais ocidental de Portugal, entre outras bem conhecidas como S. Julião, Magoito e Adraga.



                                Praia das Maçãs


                                 Praia Grande

                                       Praia da Ursa

Na Gastronomia, Sintra apresenta vários pratos deliciosos, entre os quais destaco a Vitela à Sintrense, o Leitão de Negrais, as Migas à Pescador e  Açorda de Bacalhau, e os Mexilhões de cebolada.
Na doçaria, destacam-se os famosos Travesseiros, e as Queijadas de Sintra, entre muitos outros igualmente deliciosos.






E então, vamos de férias para Sintra?


Fontes 
Cm de Sintra, e apontamentos das minhas visitas.

29.6.18

SANTOS POPULARES S. PEDRO

Festeja-se hoje o dia de S. Pedro, o último dos Santos populares que animam o mês de Junho. É o padroeiro de quase todas as vilas e cidades piscatórias, o que não é de admirar se pensarmos que Pedro era pescador.
Discípulo de Jesus nascido em Betsaida, Galileia, conhecido como o Príncipe dos Apóstolos e tido como fundador da Igreja Cristã em Roma é considerado pela Igreja Católica como seu primeiro Papa. As principais fontes de informação sobre sua vida são os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), onde aparece com destaque em todas as narrativas evangélicas, os Atos dos Apóstolos, as epístolas de Paulo e as duas epístolas do próprio apóstolo.
 Filho de Jonas e irmão do apóstolo André,  ( padroeiro aqui de Santo André) seu nome original era Simão e na época de seu encontro com Cristo morava em Cafarnaum, com a família da mulher (Lc 4,38-39). Pescador, tal como os apóstolos Tiago e João, trabalhava com o irmão e o pai e foi apresentado a Jesus por seu irmão, em Betânia, onde tinha ido conhecer o Cristo, por indicação de João Batista. No primeiro encontro Jesus o chamou de Cefas, que significava pedra, em aramaico, determinando, assim, ser ele o apóstolo escolhido para liderar os primeiros propagadores da fé cristã pelo mundo. Jesus, além de mudar-lhe o nome, escolheu-o como chefe da cristandade aqui na terra: "E eu te digo: Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus" (Mt. 16: 18-19). Convertido, despontou como líder dos doze apóstolos, foi o primeiro a perceber em Jesus o filho de Deus. Junto com seu irmão André, e os irmãos Tiago e João Evangelista, fez parte do círculo íntimo de Jesus entre os doze, participando dos mais importante milagres do Mestre sobre a terra. Teve, também, seus momentos controversos, como quando usou a espada para defender Jesus e na passagem da tripla negação, e de consagração, mas foi a ele que Cristo apareceu pela primeira vez depois de ressuscitar. Após a Ascensão, presidiu a assembleia dos apóstolos que escolheu Matias para substituir Judas Iscariotes, fez seu primeiro sermão no dia de Pentecostes e peregrinou por várias cidades. Fundou as linhas apostólicas de Antióquia e Síria, as mais antigas sucessões do Cristianismo, precedendo as de Roma em vários anos, que sobrevivem em várias ortodoxias Sírias. Encontrou-se com São Paulo, ou Paulo de Tarso, em Jerusalém, e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica. Após esse encontro, foi preso por ordem do rei Agripa I, encaminhado a Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver. Ali fundou e presidiu à comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana e, por isso, segundo a tradição, foi executado por ordem do imperador, no mesmo ano de Paulo e pelo mesmo motivo, mas em ocasiões diferentes. Conta-se, também, que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo. Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores.
Segundo a Bíblia, Cristo terá dito a Pedro que ele teria as chaves do céu, e por isso sempre aparece representado com as chaves. Diz uma lenda que um dia S. Pedro perdeu as chaves do Céu. Do lado de fora onde se encontrava a receber as almas eleitas. Passou-se um tempo, a fila de almas, era cada vez  maior, e S. Pedro sem conseguir abrir a porta. Então uma velhinha, meteu a mão no bolso da bata e retirando um terço, pegou na Cruz e dando a S. Pedro disse-lhe: "Senhor experimentai com esta chave". S. Pedro meteu o crucifixo na fechadura e a porta abriu-se. Na verdade para os cristãos, a Cruz é a chave que abre todas as portas  


S. PAULO

Paulo, que tinha como nome antes da conversão, Saulo ou Saul, era natural de Tarso. Recebeu educação esmerada "aos pés de Gamaliel", um dos grandes Mestres da Lei da época. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte de muitos deles.

Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o Batismo do Espírito Santo e preparou-se para o ministério. Tornou-se um grande missionário e doutrinador, fundando muitas comunidades. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação.

Escreveu treze Epístolas e ficou conhecido como o "Apóstolo dos gentios".

Embora ninguém fale nele, S. Paulo é festejado pela Igreja no mesmo dia de S. Pedro, por serem considerados os dois maiores pilares da fundação da Igreja Cristã. Eram grandes amigos, e foram mortos no mesmo ano e na mesma cidade. Do mesmo modo a 25 de Janeiro se comemora S. Paulo e S. Pedro.  A sua celebração a 29 de Junho foi mais uma vez uma manobra da igreja para substituir as festas pagãs dos Romanos em honra de Rómulo e Remo.
Com S. Pedro encerram as festas dos Santos populares que todos os anos nos chegam no mês de Junho



28.6.18

ANIVERSÁRIO DO FILHO

Foi há trinta e oito anos. Eras tão pequenino. Uma miniatura de gente 
 A  primeira ida à praia....

As  primeiras férias no Algarve
Um pouco mais velho com o pai

aos sete anos
Na adolescência, A fase do cabelo comprido...

Quando terminou o secundário...
Antes da ida para a marinha... Que pena não tenho nenhuma foto fardado.
A fase de galã...
Com a namorada...
Ainda no hospital, com a  sogra, quando veio mostrar-nos a  filha acabada de nascer.

Com a mulher...

Na casa do seu clube do coração
Numa foto recente com a mulher e a filha.



E aqui está o bolo que a minha neta me pediu para fazer para os seus anos.

Parabéns filho. Que sejas sempre muito feliz.

27.6.18

O DIREITO À VERDADE - X





Lena pensara visitar alguns monumentos nessa mesma tarde. Perguntou ao empregado que lhe serviu o almoço, se estava muito longe do Convento e Igreja de Santa Cruz.  Ele respondeu-lhe que atravessava a rua e cortava na próxima rua à esquerda ao fundo dessa rua, ficava a Praça 8 de Maio onde ficava o Monumento.
Acabou de almoçar, pagou e saiu para a rua. Distraída, viu a passadeira à sua frente, e sem reparar que o sinal estava vermelho, atravessou a estrada. Ouviu o chiar dos travões que no entanto não evitaram que o carro lhe batesse e a fizesse cair um pouco mais à frente. Meio zonza, ouviu a porta do carro bater e viu um longo par de pernas que se aproximava, enquanto dois jovens saiam do passeio para a ajudar a levantar-se.
- Está doida? – Perguntou uma voz furiosa. Quer matar-se, faça-o, mas onde não meta os seus semelhantes em trabalhos.
Não o olhou. Tão pouco lhe respondeu. Agradeceu aos dois jovens que a ajudaram e tentou atravessar a passadeira, agora já com o sinal verde para os peões.  Uma mão forte cerrou-se no seu braço, como se fora uma argola de aço.
- Onde é que pensa que vai?
- Seguir o meu caminho, - disse levantando o rosto para se encontrar com os olhos cinzentos mais extraordinários que tinha visto na sua curta existência.
- Não vai, não. Vai entrar no carro e vou levá-la ao hospital, fazer exames ver se está bem. Não quero ter nenhuma surpresa desagradável daqui a algum tempo, - disse levando-a para a porta do carro que abriu.
- Entre, o sinal vai abrir e os carros que estão aí atrás vão fazer uma serenata, que não lhe vai agradar.
Esperou que ela entrasse, fechou a porta, e foi sentar-se ao volante no momento em que o sinal abria de novo e os carros atrás de si, começavam a apitar.
O homem conduziu em silêncio durante uns minutos. A jovem sentia o corpo dorido, mas não acreditava que tivesse algum osso partido. Não se atrevia a olhar o homem a seu lado, que lhe parecera bastante rude, embora ela reconhecesse que ele tinha razão. Ela atravessara a estrada sem olhar ao sinal e  podia dar graças a Deus e à perícia masculina se o choque não foi bem mais grave. Ainda assim doía-lhe bastante a anca do lado esquerdo.
-Tem muitas dores? Já estamos a chegar ao hospital.
Surpreendeu-se com o tom amável, quase amistoso do homem, tão diferente do anterior.
- Um pouco. Peço desculpa pelo transtorno. Ia completamente distraída.
- Eu também lhe peço desculpa. Fui demasiado rude consigo. Ainda não sei o seu nome. O meu é Cláudio.
-Helena.
- Muito bem Helena, Chegámos, - disse estacionando o automóvel.



Coitada da Helena. Vai ficar quatro dias no hospital :)))
Esta história volta segunda feira





O DIREITO À VERDADE - IX






Quinze dias mais tarde, Lena despedia-se do tio em Santa Apolónia, onde ia apanhar o comboio para Coimbra. De lá seguiria de camioneta até Viseu. Tinha programado ficar dois dias em Coimbra para conhecer a cidade, já que tendo nascido e vivido sempre em Lisboa, o resto do país só conhecia por fotos ou documentários televisivos. Já na estação, o tio entregou-lhe um envelope, com a condição de só o abrir no comboio. Convencida que se tratava de alguma informação sobre Jorge Noronha, a jovem guardou-o na mala, e depois de um último abraço ao tio entrou no comboio.
A viagem até Coimbra não chegava a duas horas, mas ainda assim tornava-se aborrecida, e por isso a jovem levara um livro, cuja leitura lhe serviria de companhia, não só na viagem, mas também à noite antes de adormecer. “A tentação do Milagre” de Michael Cordy. Nunca tinha lido nada daquele autor, mas tinham-lho oferecido pelos seus anos e ainda não tivera oportunidade de o ler.
De tal modo se embrenhou na leitura, que se surpreendeu ao ouvir anunciar que o comboio ia entrar na estação de Coimbra. Guardou o livro, pegou na mala de viagem, e encaminhou-se para a porta, junto da qual já se encontravam algumas pessoas.
Apanhou um táxi para a levar ao hotel, onde tinha marcado alojamento, para os próximos dois dias. Precisava desses dias para tentar recuperar energias do desgaste que sofrera com os últimos três meses da vida da mãe, e para ganhar forças para a tarefa que se propunha.
Os quinze dias passados depois da morte da mãe, não tinham sido menos desgastante. Nunca pensou que a morte de alguém trouxesse tantos problemas burocráticos aos seus herdeiros. Ir às finanças, para fazer a habilitação de herdeiros, mudar o nome nas empresas de água, gás e eletricidade, cancelar o seguro da casa, e negociar outro, enfim uma parafernália de papéis para preencher, uma burocracia infernal, que não lhe deixou tempo para pensar num plano para encontrar o pai, tentar conhecê-lo, e saber se ia ou não contar-lhe quem era.
Deu entrada no hotel era meio-dia e quarenta e cinco. Aquele dia de final de mês de Agosto, apresentava-se extraordinariamente quente.
No quarto, guardou a roupa no armário, foi à casa de banho, molhou as mãos e refrescou o rosto e o pescoço. Escovou os cabelos, e saiu para ir à procura de um sítio onde pudesse almoçar, de forma mais acessível que no hotel.



Gente, tal como expliquei ontem, logo à tarde publicarei um novo capítulo desta história que só voltará depois na Segunda- Feira.

26.6.18

O DIREITO À VERDADE - VIII





-Então, não sabes onde mora?
-Bom o Jorge é um dos viticultores da região demarcada do Dão. Tem uma quinta numa terra ali para os lados de Viseu. Porquê? Não estás a pensar procurá-lo pois não?
- Claro que estou. É meu pai, quero conhecê-lo.
-Tens noção que ele pode não acreditar em ti, e rejeitar-te? Estás quase a fazer vinte e três anos e ele nunca soube que tu existias. Por outro lado, quando o encontrei, estava acompanhado pelo enteado que ele criou como um filho. O menino que era quando ele casou, é hoje um homem de quase trinta anos.
- Não lhe vou bater à porta, e dizer, “Olá boa tarde, eu sou tua filha.” Mas vou tentar vê-lo, saber que tipo de pessoa é. Talvez nem lhe diga que sou sua filha, mas quero conhecê-lo. E se depois resolver que devo dizer-lhe, ele tem como tirar as dúvidas rapidamente. Hoje em dia com o exame de ADN, fica-se logo a saber a verdade. Preciso de arranjar trabalho. Pode ser que tenha mais facilidade lá que em Lisboa. Pelo menos por um tempo. Depois regresso.
-Vejo que estás decidida. Quando partes?
-Para a semana. Logo que tenha tratado de tudo por aqui. Depois ficas-me com a chave do correio e passas por cá, de vez em quando, por causa das faturas?
-Claro. E queres que as pague?
- Não. Mandas-me uma mensagem com os dados para pagar no multibanco.
- Bom, então penso que está tudo dito. Telefona-me antes de ires para que venha buscar as chaves.
Pôs-se de pé, e estendendo os braços acolheu neles a sobrinha. Deu-lhe um beijo na testa e afastando-a um pouco disse fitando-a:
-Cuida de ti, Lena. Lembra-te. Aconteça o que acontecer, estarei sempre aqui para ti.
-Obrigado, tio. Julgo que sabes que gosto muito de ti. Telefonar-te-ei para te contar o que acontecer.
Fechou a porta quando o tio saiu e regressou à sala Guardou cuidadosamente os documentos no envelope, e voltou a colocá-lo na caixa que levou para o seu quarto.
Sobre a cómoda, numa moldura, uma senhora ainda jovem e bonita, sorria-lhe. A jovem pegou na moldura e ficou olhando-a com tristeza durante alguns minutos. Na sua cabeça havia uma interrogação contínua desde que fizera aquela descoberta.
“Como é que foste capaz, de me fazer isto, mãe? Como foste capaz de me roubar o direito a ter um pai?”
Aproximou-se do espelho e olhou-se. Depois olhou o retrato. Não havia dúvida, as duas eram bastante parecidas. O mesmo rosto redondo, os mesmos olhos e cabelos negros.O formato do nariz. Porém ela era bastante mais alta do que a mãe, e o queixo e boca não tinham qualquer semelhança. A sua boca era maior, os lábios mais carnudos. Seriam esses os traços do seu pai? Recolocou a moldura sobre a cómoda.
A casa sem a presença da mãe, parecia-lhe enorme, fria e vazia. Abraçou-se a si mesma, na tentativa de minimizar a solidão e tristeza que sentia. Que não era só pela ausência física da mãe, mas pela mágoa que lhe causara descobrir, que a mulher que ela considerava cheia de garra, uma mãe coragem, a quem sempre adorou, era afinal uma santa com pés de barro, uma mulher capaz de por vingança, sonegar à própria filha o direito a conhecer o pai.


Amigos, entre hoje e amanhã, sairão três partes da história, ou seja mais duas para além desta. Dia 28 é um dia muito especial, é a festa de anos do filhote, dia 29 tenho cá a neta, e depois mete-se o fim de semana que desejo que gozem em paz, pelo que o capítulo XI só sairá segunda feira.

O DIREITO À VERDADE - VII




Terminaram a refeição com o café. Depois, Helena levantou a mesa, levou as loiças para cozinha e meteu-as na máquina. Voltou então para a sala, agarrou na caixa de cartão e sentou-se junto do tio. Sem uma palavra, retirou as certidões e estendeu-lhas.
Este leu-as em silêncio e devolveu-lhas.
- Eu sou filha deste Jorge Noronha, não é verdade?
-Sim.
-O meu pai morreu?
-Que eu saiba, não. Pelo menos, até há uns meses estava vivo. Encontrei-o na Feira Agrícola de Santarém.
- Ele sabe que eu existo?
-Não. A tua mãe não lho quis dizer antes de se divorciarem, e fez-nos jurar que nunca lho diríamos.
- A mim disse-me que não sabia quem era o meu pai.  Contou-me que tinha ido a uma festa com alguns amigos, bebeu de mais, e não se lembrava com quem tinha dormido. Sabias, disto?
-Não. O que nos disse foi que nunca te diria quem era o teu pai. E quando a tua tia lhe disse que não te podia esconder a verdade toda a vida, que ia chegar a hora em que começarias a fazer perguntas, ela respondeu que quando chegasse essa altura, inventaria qualquer coisa para te dizer. Quando a tua tia morreu há dez anos, eras ainda uma criança e depois disso, eu não ia fazer perguntas dessa índole, à tua mãe.
- Descubro com tristeza que não conhecia a minha mãe.  Que mulher esconde da filha, quem é o seu pai? Que mágoa pode desculpar tal facto? Que crime pode ter cometido este homem para que ela lhe ocultasse a minha existência? Ela contou-vos porque se divorciaram?
- A tua mãe disse-nos que foi traída, e que nunca mais queria vê-lo, sequer ouvir o seu nome. Foi ela quem pediu o divórcio. Parece que surpreendeu o marido abraçado a outra mulher. O teu pai não queria o divórcio. Jurou-me que a pessoa em questão era uma familiar, que estava a despedir-se dele porque ia partir nesse dia.  Disse que ia ligar para essa senhora e a tua mãe falaria com ela. A tua mãe não quis ouvi-lo. Eu sei que ela foi uma mulher de coragem, que trabalhou muito, que te amou acima de todas as coisas. Mas a verdade é que ela não tinha um feitio fácil, era muito teimosa e foi intransigente com o teu pai. Durante uns anos ele manteve contacto comigo, mas eu tinha jurado à tua mãe que nunca lhe falaria sobre ti. Tinhas três anos quando ele se casou, com uma viúva que tinha um filho com uns nove ou dez anos. Convidou-me para o casamento e tive que inventar uma viagem de trabalho para que a tua tia não soubesse e não fosse contar à irmã. Conversámos um pouco e ele disse-me que tinha conhecido aquela senhora há seis meses.  Penso que se a tua mãe tivesse acreditado nele, teriam os três, vivido uma vida completamente diferente, com menos dificuldades e decerto mais feliz. Dizem que Deus escreve direito por linhas tortas. Não sei se algum dia entenderei os seus desígnios.
- Ainda se escrevem?
- Não. Desde o seu casamento nunca mais soube nada dele até há três meses quando o encontrei na feira de Santarém.




25.6.18

O DIREITO À VERDADE - VI





Alberto Fontes, chegou a casa da sobrinha, passavam exatamente vinte minutos do meio-dia.
Vestia umas calças de ganga e uma camisa preta, cor que nunca mais deixou de usar, desde que meses atrás perdera o seu único filho, num desastre de mota.
Lena que já tinha posto a mesa para os dois, abriu-lhe a porta, recebeu o beijo do tio, e os recipientes com a comida, e encaminhou-se para a cozinha, dizendo-lhe:
-Vai para sala. Vou empratar a comida e já lá vou ter. O vinho, podes levar para a mesa. Já levo o saca-rolhas.
Partiu o frango assado, em vários bocados.  Colocou numa travessa, o arroz de legumes, colocou o frango assado por cima, e temperou a salada de tomate e alface, que previamente fizera.
Com a travessa numa das mãos e a saladeira na outra, dirigiu-se à sala, onde o tio sentado num sofá, lia uma revista já com duas ou três semanas.
- Calculei que trouxesses frango, e fiz uma salada para acompanhar, - disse colocando os recipientes sobre a mesa.  E acrescentou:
- Vamos almoçar, conversaremos depois.
Esperou que o tio se sentasse à mesa e disse-lhe:
-Vai-te servindo, esqueci-me de trazer o saca-rolhas. Vou buscá-lo.
Almoçaram conversando sobre assuntos diversos sem contudo tocar no tema que os juntara ali naquele dia. A certa altura, o tio disse:
- Estive a pensar que é muito importante, que termines os estudos. Tenho algum dinheiro guardado, que fui juntando para dar ao teu primo quando ele se casasse. Posso pagar as tuas despesas até terminares o curso.
- De modo nenhum. Guarda o teu dinheiro, a idade avança e não podes prever o que ainda vais precisar. Voltarei ao Curso quando a vida me proporcionar meios para isso.
E mudando de assunto perguntou:
- Não comes mais?
-Não. Já comi mais do que habitualmente.
- Vou buscar a sobremesa, - disse levantando os pratos.
Foi à cozinha e regressou com duas taças de salada de fruta.
- Não sei se preferias um doce, mas sinceramente eu não sou muito apreciadora, prefiro a fruta, especialmente nesta altura do verão.
-Não te preocupes. Eu também prefiro fruta.
Comeram em silêncio, como se não tivessem assunto. A jovem preferia falar do que lhe interessava depois da refeição, o homem debatia-se com uma questão de ordem moral. Devia ele contar à sobrinha aquilo que tinha jurado à cunhada não contar? Por outro lado, se a cunhada não  destruíra as provas do seu passado, em todos aqueles anos, nem mesmo depois de estar doente, não seria porque ela queria que a filha soubesse a verdade, depois da sua morte?

24.6.18

A PROCISSÃO...



Eis a Igreja de Santo André. André era um pescador, irmão de Simão, e discípulo de S. João Batista. Estava com João Batista e João Evangelista, quando o primeiro disse que  não era digno de desapertar as sandálias de Cristo e os dois passaram a seguir Jesus. Foi André quem levou o seu irmão Simão até Jesus.
.

E vai sair a Procissão.

 As três crianças que representam os três pastorinhos.
 O andor dos dois pastorinhos santos. S Francisco e Santa Jacinta
 Segue-se o andor da Sagrada família,

 As crianças que a representam
 E a imagem no andor.
 O Evangelho

 E S. Paulo
 E aí vem S. Pedro

 E uma das bandas. Eram duas mas a fotografia da última ficou tremida.
 Aí vem a Nª Senhora de Fátima
 E o Pálio que encerra a procissão. Mas então e o Santo André? Calma vamos para outra rua e há mais fotos
 Eu não disse...

 Um momento de descanso

 Compenetrada da sua missão de Maria, a menina, arranja o manto do "seu" Filho
 O menino que representa S. Paulo


 A menina que representa, Nª Senhora de Fátima
 E cá temos o nosso Padroeiro
Santo André, com a sua cruz em forma de X


Termino deixando-vos o link do poema de A Procissão receitado pelo saudoso João Villaret.

https://youtu.be/ZCk4XLNLEDA