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30.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXIX



Eram exatamente três da tarde quando Olga introduziu o advogado David Varanda no gabinete do seu chefe.

David era um homem alto, moreno, de cabelos castanho-claro e olhos cinzentos.

-Boa tarde, -saudou o visitante estendendo-lhe a sua mão direita.

João apertou a mão que ele lhe estendia com alguma curiosidade, tanto mais que lhe pareceu detetar uma certa emoção no olhar do advogado. Então disse:

- Boa tarde, doutor Varanda. Por favor sente-se, e diga-me o que o trouxe cá. Confesso que estou curioso. A minha empresa tem um gabinete jurídico, e é com os meus advogados que todos os assuntos de lei são tratados.

-Eu sei. Mas o assunto que me trás aqui é pessoal, e nada tem a ver com as leis. Confesso que antes de tentar esta entrevista, investiguei o seu historial. Sei que é um empresário de sucesso, a propósito, deixe-me cumprimentá-lo pelo recente lançamento do Survive 2. Sei também que é um homem rico, mas nenhuma destas coisas me fariam visitá-lo, pois me preocupo mais com o carater de um homem do que com o peso da sua carteira.  O que me trouxe aqui, foi a informação de que é um homem que subiu na vida à custa do seu esforço, mas é considerado por todos, clientes e empregados um homem honesto.

Enquanto o advogado falava, João tentava descobrir onde é, que ele queria chegar.

-O nome Braizinha diz-lhe alguma coisa? -perguntou David após uma curta pausa.

João fez um esforço de memória, mas não recordou ninguém com aquele nome.

-Não, nada. Porquê?

-Porque era o apelido de solteira da sua mãe, e pensei que embora não o usasse faria parte do seu nome.

- Mãe? Que mãe? - disse o empresário pondo-se de pé. Eu não tive mãe. Uma mulher que dá à luz uma criança e a abandona para seguir um qualquer macho que lhe aparece na frente, não pode ser considerada mãe de ninguém. Não é mais do que uma…

-Não o digas, - interrompeu David, levantando-se o rosto vermelho e o punho cerrado. Não quero ter de te partir a cara.
Os dois tinham levantado tanto a voz, que Olga se assustou e após uma leve batida entrou no gabinete, onde os dois homens se olhavam numa atitude tão agressiva que ela temeu começassem a lutar como dois miúdos de rua.

-Vinha perguntar se desejam alguma coisa – disse tentando amenizar o ambiente. Um café, uma bebida?

João foi o primeiro a reagir. Virou costas ao advogado e foi sentar-se. Acabara de perceber que só um filho, ou um marido, defenderia assim uma mulher. David era demasiado novo para ser casado com aquela mulher – não conseguia pensar na progenitora como mãe, - logo aquele advogado, que até ao momento nunca vira, só podia ser, seu meio irmão.

- Eu preciso de uma bebida forte. E tu David, queres alguma coisa? Mas por favor senta-te, - disse ao ver que o outro continuava de pé.

- Nunca bebo álcool em horário de trabalho. Aceito um café.

- Então traz-nos dois cafés bem fortes, por favor.

Olga saiu para executar o pedido, completamente atónita. Como era possível que o seu chefe estivesse quase a iniciar uma luta com um homem que lhe dissera não conhecer, e de repente mudasse totalmente de atitude? Que se estava a passar lá dentro? Deveria chamar a segurança para ficar ali de prevenção?

 

28.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXVIII



 Teresa encontrava-se sentada à mesa na cozinha. Tinha vestido um leve robe de cor salmão, que deixava ver por baixo uma fina camisa de dormir branca. Tinha na sua frente um copo de leite quase vazio, única coisa que tinha conseguido segurar no estômago,  desde há quase quinze minutos. Toda a manhã tivera vómitos constantes, sentia-se extremamente cansada, sem forças, nem vontade de fazer o almoço. Sabia que algumas mulheres se queixavam daqueles sintomas, o livro também falava neles, mas ninguém a alertara para a violência que vinha sofrendo há quatro dias.

Não sabia se devia recorrer ao médico no Centro Clínico, não desejava fazê-lo, mas telefonara nessa manhã para o consultório da sua ginecologista, e informaram-na que estava de férias só regressaria na semana seguinte, e a continuar assim ela não acreditava que conseguisse resistir até lá. Tinha já emagrecido, pois ao pesar-se nessa manhã, a balança marcava menos quilo e meio do que na semana anterior. As grávidas devem ganhar peso, não perdê-lo.  

Terminou de beber o resto do leite e a custo levantou-se. Levou o copo para o lava loiça e encaminhou-se para a casa de banho. Precisava tomar um duche, tinha transpirado imenso, sentia-se imunda. Depois do banho, apenas tinha vontade de se deitar e dormir, mas obrigou-se a reagir. Vestiu-se, escovou os cabelos que prendeu num rabo-de-cavalo evitando olhar para o espelho, por recear o seu próprio aspeto.

Já na cozinha, ficou indecisa sem saber que fazer para o almoço. “Não há nada pior do que ter que cozinhar quando nada apetece comer” pensou.

Pôs a cozer dois ovos, e água a ferver para cozer esparguete, salteou em azeite e alho, espinafres, tomates, e rodelas de curgete. Com todos os ingredientes fez uma salada, e sentou-se à mesa. Pensando no bebé, forçou-se a comer mesmo sem ter vontade.

Porém pouco comeu, pois logo começaram as náuseas, pelo que guardou a comida no frigorífico, passou a loiça por água e meteu-a na máquina, seguindo depois para a sala, a fim de se estender no sofá.

Sobre a pequena mesa da sala uma jarra com rosas brancas, trouxe-lhe à memória o dia de sábado passado na companhia do empresário.

Passou a mão sobre as pétalas aveludadas das rosas, pegou no comando da televisão, ligou o aparelho e estendeu-se no sofá a ouvir as notícias. Cinco minutos mais tarde, a campainha da porta tocou. Levantou-se e foi atá à porta que abriu depois de ver que se tratava da sua amiga Inês. Cumprimentaram-se com um beijo, e seguiram para a sala.

Inês estava impressionada com o aspeto da amiga, e comadre. Disse assim que se sentaram:

-Aproveitei a hora do almoço para te vir ver. Todos estamos muito preocupados contigo, já que nunca mais apareceste na pastelaria. Por outro lado, sempre que te convido para ires almoçar ou jantar lá a casa, como ontem dás sempre uma desculpa. Agora olhando para ti, vejo que deves estar a passar mal e estás aqui fechada sozinha. Porque não me disseste?

- Não estive assim até à semana passada. Levei um mês praticamente a comer e a  dormir.

-Não me digas, por isso estás tão gorda – disse com ironia.

- É que os últimos dias têm sido muito difíceis. Não aguento nada no estômago. Agora mesmo não sei se conseguirei aguentar o pouco que comi ao almoço. 

Vómitos matinais após o primeiro mês, são normais em muitas grávidas,  mas se acontece após almoço e jantar deves ir ao médico. Vais começar a perder peso e não é bom para o bebé. Se quiseres vou contigo.

- O problema é que só tenho consulta no Centro Clínico dentro de duas semanas. Telefonei para o consultório da minha ginecologista e informaram-me que está de férias. E não acho que seja coisa para ir ao hospital.

-Mas não podes estar assim. Quando chegar à pastelaria, vou telefonar à minha ginecologista. Tenho a certeza de que se não hoje, amanhã ela atende-te. Não te preocupes eu levo-te lá, não te quero a conduzir como estás. Agora vou-me embora. Daqui a pouco já te telefono.  O pessoal manda-te um abraço e diz que tem saudades tuas. E os clientes perguntam por ti todos os dias. Estranham que de um momento para o outro tivesses deixado de aparecer, perguntam-me se comprei a pastelaria.

-Não lhes digas o que se passa. Diz que estou de férias, que fui para a aldeia, qualquer coisa, mas não lhes digas nada da gravidez, até que passem os três meses.

Inês levantou-se, deu-lhe um beijo, e disse:

- Não te levantes, eu sei o caminho.

 


27.9.20

DOMINGO COM HUMOR...



 Dois casais amigos jogam cartas a seguir ao jantar. Às tantas, o Manuel, o homem da casa, deixa cair acidentalmente o baralho ao chão.

Ao baixar-se por baixo da mesa para as apanhar, verifica que a Rita, a amiga visitante, não tem nada por baixo da saia e fica perturbado pela visão…

Um pouco depois, o Manuel vai à cozinha para buscar mais umas bebidas e a Rita acompanha-o para o ajudar…

De repente a Rita pergunta ao Manuel: “Notei que deves ter gostado do que viste quando estiveste debaixo da mesa. Por acaso estás interessado em experimentar? Basta que me dês 250 Euros e eu sou toda tua por uma tarde…

Manuel nem pensou duas vezes: “Claro que quero! Pode ser 6ª feira à tarde? Pode ser em tua casa?” (…)

6ª à tarde, o Manuel lá foi ter a casa da Rita, deu-lhe os 250 Euros como combinado, e seguiram-se duas horas de amor escaldante….

Despediram-se visivelmente satisfeitos e uma hora depois chegou o Carlos, melhor amigo do Manuel e marido da Rita.
Beijam-se como sempre, e o Carlos pergunta a Rita: “O Manuel veio cá?”

A Rita ficou um pouco comprometida, com medo que ele desconfiasse de alguma coisa, mas respondeu “Sim”.

Carlos: “E deixou o dinheiro?”

Ela (ainda mais preocupada): “Sim, 250 Euros…..”

Carlos: “Vês como ainda se pode confiar nos amigos! Passou lá esta manhã no emprego e pediu-me os 250 Euros emprestados, prometeu que os pagaria sem falta ainda esta tarde… e cumpriu!”


                                                      ************


Uma engenheira de informática estava a ajudar um colega da empresa a configurar o computador e perguntou-lhe que password ele queria utilizar.
O homem, tentando atrapalhá-la, disse:

– Minhapila.

Ela, sem dizer uma palavra, sem se rir ou dar parte de fraca, introduziu a password.

Mas não conseguiu resistir e quase que morria de riso quando o computador deu a resposta:
‘PASSWORD REJEITADA: NÃO TEM TAMANHO SUFICIENTE”


                                               *************


Um bêbado é abordado às 3 da manhã pela polícia: O policia pergunta:
– Para onde vai nesse estado, a esta hora?

O bêbado responde:
– Vou a uma palestra sobre o abuso do álcool e seus efeitos letais para o organismo, o mau exemplo, as consequências nefastas para a família, bem como o problema que causa na economia familiar e a irresponsabilidade absoluta.

O policia olha sem acreditar e diz?
– A sério? E quem vai dar uma palestra a esta hora da madrugada?

– E quem pode ser? … A minha mulher… logo que eu chegar a casa.


                                                ***************


O jovem empregado vai à sala do patrão:
– Senhor director, vim aqui para lhe pedir um aumento. E adianto já que há quatro empresas atrás de mim.

O patrão, com medo de perder o talento promissor, dobra-lhe o salário. As empresas só valorizam os funcionários quando eles recebem outras propostas…
– Mas mate-me uma curiosidade, meu rapaz. Pode dizer-me quais são essas quatro empresas?

– Sim, senhor. A de luz, água, telefone e o meu banco.


                                               *************


Um septuagenário veste o casaco e, ao preparar-se para sair de casa, a mulher pergunta-lhe: - Onde é que vais?
- Vou ao médico – responde ele.

- Porquê? Estás doente? – pergunta a mulher.

Diz o velho:
- Não. Vou ver se ele me receita Viagra…

A mulher, levanta-se da cadeira de baloiço, e vai também buscar o casaco. Ele pergunta-lhe:
- E tu onde é que vais?

Diz ela muito apressadamente:
- Vou também ao médico.

- Porquê? – pergunta o velho.

Explica a mulher:
- Se vais começar a usar uma coisa enferrujada, acho melhor ir vacinar-me contra o tétano…

26.9.20

PORQUE HOJE É SÁBADO





André Rieu - Figaro Cavatina


Bom fim de semana


Hoje sábado vou buscar o computador, telefonaram-me ontem ao fim do dia. Parece que finalmente descobriram o problema. Vamos lá a ver, já que depois de dez dias o entregaram dizendo que lá nunca tinha encerrado e que os testes que lhe fizeram não tinham detetado nada. Liguei-o em casa e meia hora depois estava na mesma. No dia seguinte voltou para a loja. Espero que desta vez venha bom.  O filho emprestou-me o dele mas só dois dias, depois a filha precisou dele por causa da escola, e veio buscá-lo. E escrever qualquer coisa no Smartphone com a minha visão é tarefa quase impossível.

25.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXVII

                                                       



Cerca das onze horas, na segunda feira seguinte, Olga entrou no Gabinete de João, que se encontrava embrenhado no trabalho com o seu computador.

Levantou a cabeça e olhou-a arqueando uma sobrancelha.

- Precisas de algo? – perguntou

- Acaba de telefonar o advogado um tal David Varanda, que diz ser advogado. Quer que lhe marque uma entrevista contigo, mas em relação ao assunto, diz que é pessoal e confidencial. É o terceiro dia que telefona, a semana passada,  apresentou-se apenas como David Varanda, eu pensei que era alguém a querer um convite pessoal para a festa. Mas hoje diz-me ser advogado. Insiste em que tem que falar contigo, que é urgente, e que se trata de um assunto pessoal e confidencial.

-O que lhe disseste?

- Que tens a agenda completamente cheia, que ia falar contigo e ver o que podia fazer. Pedi-lhe para voltar a ligar ao fim do dia.

- Muito bem. Telefona para o gabinete jurídico, pergunta ao Afonso se conhece algum advogado com esse nome. E se não conhecer que investigue na Ordem, se ele existe.

- Pensas que pode ter mentido quanto à profissão?

- Sabes como são os jornalistas? Sabem que não recebo nenhum podem ter inventado uma profissão diferente, e um assunto confidencial, a fim de chegarem até mim.

-O que receias?

-Não sei. Não tenho quaisquer assuntos que possam ser tratados por advogados, fora do gabinete jurídico. O Afonso é o meu homem de confiança para todos os assuntos legais. Portanto só pode vir em representação de outro alguém e o assunto não terá nada a ver com a empresa. Mas não consigo descortinar nada.

- Virá da parte da Teresa Sobral?

-Não. A Teresa tem receio de que alguém descubra o que se passa, não quer saber de jornalistas e não teria lógica contratar um advogado, se não deseja que o nosso caso se resolva nos tribunais. 

-E da Glória? Como terminou a vossa relação.

-Com um cheque chorudo! Seria muito estúpida se o fosse gastar com um advogado, sabendo que não lhe tinha feito qualquer promessa. Não, o gato tem que estar noutro lugar. Bom, telefona ao Afonso, e quando tiveres a resposta, resolveremos o que fazer.

Olga saiu. Ele pensou em Teresa. Como estaria? Continuaria a passar mal?

No dia anterior fora a uma florista, comprara um ramo de rosas brancas, a que juntara um cartão, agradecendo o dia de sábado.

Duas horas depois, ela enviara uma mensagem de agradecimento. Ele teria gostado que tivesse telefonado, para poderem conversar um pouco, mas relevou. Sabia que se queria ter sucesso no que se propusera, não podia pressioná-la, teria que ir com calma para ganhar a sua confiança.

O regresso de Olga ao gabinete, desviou a sua atenção.

- O homem é mesmo advogado, o Afonso diz que já se cruzou com ele algumas vezes no tribunal. O que lhe digo quando ele voltar a ligar?

- Marca para amanhã às onze horas.

Olga consultou a agenda.

- A essa hora não dá. Tens uma reunião com o Gustavo Sequeira.

- Bom, é um cliente demasiado importante para desmarcar. E às quinze?

- Nada.

-Então marca para essa hora.

 

23.9.20

CILADAS DA VIDA - Parte XXXVI


Entrou em casa e foi direta à cozinha, onde abriu o frigorífico, encheu um copo com leite e bebeu-o em pequenos sorvos por medo de enjoar.

Passou o copo por água e meteu-o dentro da máquina de loiça já meio cheia, seguindo depois para o quarto. Tirou o telemóvel da mala e colocou-o em cima da mesa de cabeceira, guardou a mala e seguiu para a casa de banho, onde se despiu e entrou no duche.

Depois do banho, vestiu um curto robe sobre o corpo nu, lavou os dentes, secou o cabelo e estendeu-se na cama mesmo por cima da colcha. Sentia-se muito cansada. Pelo calor e pelas emoções experimentadas no almoço e depois em casa do empresário. Nunca esperou que a levasse para casa, pensava que queria apenas mostrar-lhe a empresa, nunca pensou que tivesse nela a sua casa. E que casa, santo Deus! O homem devia ser realmente muito rico para ter semelhante casa. O que estranhava, é que um homem jovem, bonito e rico, continuasse solteiro. E mais, parecia que nem sequer tinha um compromisso, pois ela não acreditava que mulher alguma deixasse o homem que amava livre para ir almoçar e passar a tarde com outra mulher.

E com este pensamento adormeceu. A sua intenção era descansar um pouco antes da hora do jantar, mas quando uma urgente e imperiosa vontade de ir à casa de banho a acordou já passavam vinte minutos das onze horas da noite.

Já na cozinha aqueceu uma taça de sopa de legumes e comeu-a acompanhada com um copo de leite frio. Não era uma refeição decente para uma grávida, sabia-o, mas a vontade que tinha era de voltar para a cama, não de se por a cozinhar àquela hora. Depois de comer, voltou à casa de banho, despiu o robe que pendurou atrás da porta, vestiu uma curta camisa de dormir, lavou os dentes e foi para a cama. Antes de se deitar, olhou o telemóvel e verificou que tinha duas chamadas e três mensagens da Inês, preocupada com o seu silêncio e pedindo para lhe ligar, logo que visse as mensagens. Como é que ela não tinha ouvido o toque das chamadas. De súbito lembrou-se que tinha tirado o som do aparelho antes do almoço e esquecera de voltar a ativá-lo quando o tirou da mala e o pôs em cima da mesa.

Olhou o relógio.  Meia noite e cinco. Não eram horas de ligar a ninguém. Telefonaria de manhã.

Voltou a pousar o aparelho sobre a mesa de cabeceira, e deitou-se.

Mas talvez por causa das quase seis horas que dormira antes o sono não veio logo. E quase sem dar por isso estava a pensar no pai do seu filho.

Pensar no empresário, dessa maneira, sugeria uma intimidade que não existia, e era muito estranho. Como o era, o olhar de desejo que duas ou três vezes lhe surpreendera. Ela não era como as mulheres com que decerto ele estaria habituado a sair. Era alta, tinha um corpo bem proporcionado, vistoso, como diziam na sua aldeia, e um bonito cabelo. Mas o seu rosto não era feio nem bonito. Era um rosto vulgar, embora Inês levasse a vida a dizer que com um pouco de maquilhagem ela ficaria linda.  Tinha que aprender a fazê-lo. E não era pelo empresário, claro que não. É porque a gravidez a trazia mal-encarada. E com esta convicção  adormeceu.

 

21.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXV




- E tens tempo para isso, dirigindo uma empresa como a tua?

- Não é um trabalho tão intenso como pode parecer, uma vez que as secções são autónomas. Cada uma tem o seu chefe que a dirige e a mim só me chegam os projetos já prontos, para aprovação ou não.

-Mas segundo ouvi na reportagem és tu o criador dos jogos.

-E verdade, mas até nisso atualmente tenho dois colaboradores. Continuamos?

- Sim, claro.

A casa ocupava o mesmo espaço dos andares inferiores, com um comprido corredor de mármore branco. De ambos os lados, portas que ele foi abrindo para ela ver. A cozinha ficava situada em frente à sala e ao lado havia uma sala de jantar e uma sala de jogos com uma mesa de snooker no centro, em frente, uma casa de banho social, uma biblioteca-escritório, um ginásio com vários aparelhos, e por fim os cinco quartos.

-E este é o quarto principal - disse o empresário afastando-se e mostrando um quarto enorme em dois tons de bege, com enormes janelas e um terraço. – Todos os quartos estão equipados com casa de banho, mas apenas este tem jacuzzi e "closet"

Era a primeira vez nos seus trinta anos que Teresa se encontrava na porta de um quarto com um homem. Olhou a enorme cama de casal e sentiu-se corar.

Recuou e tropeçou no homem que estava atrás de si, desequilibrando-se. Ele segurou-a pela cintura, e o calor das suas mãos atravessando o fino tecido do top provocou-lhe um estremecimento como se tivesse sofrido uma descarga elétrica. Assustada olhou-o para tentar perceber se ele teria sentido o mesmo, e o que viu nos seus olhos assustou-a ainda mais. Desprendeu-se bruscamente e começou a percorrer o longo corredor em direção à saída dizendo:

- Meu Deus, são quase cinco horas. Podes levar-me a casa agora?

-Não queres ficar mais um pouco? Posso preparar um lanche para os dois.

- Fica para a outra vez, "se eu for tão doida que volte aqui" – pensou. - Estou cansada, e além disso tenho as vitaminas para o lanche em casa.

Ele não acreditou na desculpa, mas não o comentou. Pegou nas chaves do carro e no telemóvel que tinha poisado na entrada, abriu a porta e seguiu-a em direção ao elevador.

Teresa entrou e encostou-se a um canto, numa atitude de defesa que o fez sorrir. Parecia uma gazela assustada.

 Procurando afastar dela qualquer receio perguntou:

-Então gostaste da minha casa?

- Como não? Nunca tinha visto uma casa tão grande a não ser no cinema.  Como conseguiste?

- Bom a verdade é que tem estado em permanente construção desde há dez anos. Logo que comprei este edifício, e mudei para aqui a firma, decidi deixar o último andar para a minha casa. Mas para isso foi preciso derrubar paredes construir outras, fazer novas canalizações, enfim uma miríade de coisas.

Saíram do elevador e dirigiram-se à saída. Pouco depois já no automóvel, João continuou. Na verdade, ainda não está como a sonhei. Gostava de mandar construir uma piscina no terraço que fica para além do meu quarto.

Teresa não respondeu. E o resto da viagem, fez-se em silêncio.

Ele estacionou o carro em frente da porta da jovem e saindo acompanhou-a até à porta do prédio. Teresa estendeu a mão para se despedir, mas João com uma leve pressão, aproximou-a dele, colocou as mãos nos seus ombros e o seu olhar fixou-se na sua boca. Ela teve a nítida sensação de que ia beijá-la, todavia ele limitou-se a poisar os lábios na sua testa, num terno beijo.

-Espero que tenha sido, um dia tão feliz, para ti, como o foi para mim. Ligo-te em breve, - disse. Em seguida largou-a, virou-lhe as costas e afastou-se.


20.9.20

DOMINGO COM HUMOR




No primeiro dia de aulas a professora tentando por as crianças à vontade resolve contar-lhes a história dos três porquinhos. Foi contando até aquela parte em que os porquinhos procuram materiais para construir uma casa que os ponha a salvo do lobo.

Diz ela: “E então, o primeiro porquinho chegou-se ao pé do carroceiro que transportava fardos de palha e perguntou:
– O Sr. não se importa de me ceder um pouco da sua palha para que possa construir a minha nova casa?” – contou ela.

Depois, virando-se para os alunos, perguntou:
“E o que acham vocês que o homem disse?”

Respondeu logo o Joãozinho:
– O homem deve ter dito: “F***-se! Um porco que fala!!!”

                                               ***************

Durante a guerra do golfo um americano, um inglês e um alentejano encontram-se.

Diz o americano, mostrando uma cicatriz no braço:
– Isto foi, Kwait City!

Diz o inglês, mostrando uma cicatriz na perna:
– Isto foi, Bagdad City!

Diz o alentejano, mostrando uma cicatriz na barriga:
– Isto foi, ‘apendiciti’!

                                               ************

Um bêbado é abordado às 3 da manhã pela polícia: O policia pergunta:
– Para onde vai nesse estado, a esta hora?

O bêbado responde:
– Vou a uma palestra sobre o abuso do álcool e seus efeitos letais para o organismo, o mau exemplo, as consequências nefastas para a família, bem como o problema que causa na economia familiar e a irresponsabilidade absoluta.

O policia olha sem acreditar e diz?
– A sério? E quem vai dar uma palestra a esta hora da madrugada?

– E quem pode ser? … A minha mulher… logo que eu chegar a casa.

                                              **************

Um Alentejano vai à praia pra se bronzear. Deita-se na areia, adormece e quando acorda vê um preto ao lado dele a apanhar sol.

- Ó cumpadre, há quanto tempo é que está cá?
- Dois dias.
- Porra e eu que era pra ficar quinze dias.

                                              ****************

 Coincidentemente, dois juízes encontram-se no estacionamento de um motel e, constrangidos, reparam que cada um está com a mulher do outro.

Após alguns instantes de silêncio e de 'saia justa', mas mantendo-se compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso um diz ao outro:
- Nobre colega, não obstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido, crendo eu que o correto seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu.
Ao que o outro respondeu: 
Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o correto, sim... no entanto, não seria  justo, levando-se em consideração que vocês estão saindo e nós estamos entrando...


18.9.20

NOTÍCIAS




 Fui de manhã cedo para Lisboa, pois tinha uma consulta em Santa Maria às 8,45 com a médica que me fez o transplante . A consulta inicialmente fora marcada para 16 de Setembro mas ainda em Agosto recebi uma remarcação para o dia 18. Primeiro por email, e depois por carta. O marido não pode entrar no hospital, por causa do covid, só deixam entrar acompanhantes de crianças, ou deficientes físicos ou mentais. De modo que ele costuma ficar no parque mas hoje chovia a bom chover, teve que ficar sob o alpendre do hospital, enquanto eu ia à consulta que esperava ser breve, pois tinha feito imensos exames o mês passado não esperava mais nada hoje que a consulta. Quando vou marcar a consulta dizem-me que não tenho consulta hoje, a consulta foi no dia 16 e a médica registou que eu faltei à consulta. Mostro a mensagem e a carta e a funcionária, diz-me:  

-Mas quem lhe mandou isso? Não há aqui nenhum registo de alteração de consulta

-Pois não sei minha senhora, só sei que recebi, como pode comprovar. 

Ela olhou a carta que eu pus em cima do balcão e diz:

-Não sei como isto foi possível,  se a sua médica às Sextas dá consultas no Polido  Valente. Bom vou marcar-lhe uma consulta para quarta-feira-

-E não há nenhuma hipótese de eu ser consultada hoje por outro médico? Moro longe apanho uma série de transportes, para aqui chegar e é-me difícil a deslocação.  

 -Suba ao primeiro andar, fale com a doutora Carla que é a secretária do diretor, pode ser que lhe arranje outro médico eu não posso fazer nada.

-Subi, mas como não sabia quem era a doutora Carla falei com a funcionária que estava a chamar os doentes  e disse-lhe o que se passava. Uns 5 minutos depois ela vem com outra senhora que me perguntou o que se passava e eu convencida que fosse a tal secretária expus-lhe a situação. Ela levou a carta e 20 minutos depois disse-me para descer à secretaria  e pedir para entrarem em contacto com a médica que ela estava no hospital. 

-Mas, lá disseram-me que a doutora Ana Quintas  hoje ela está no Polido Valente! 

-A minha informação é de que está cá.  mas vou confirmar. 

Mais 20 minutos de espera e ela volta com a confirmação e manda-me para a secretaria.  volto a descer e lá a empregada extremamente antipática diz;  

-Eu já lhe disse que a médica está hoje de serviço no Polido Valente. E eu mandei-a falar com a doutora Carla, não com uma colega qualquer que não sabe o que diz. Volte lá e fale com a doutora se quiser ser atendida hoje, senão marco-lhe a consulta para outro dia. (Só faltou perguntar se eu queria que me fizesse um desenho)

-Mas eu não conheço a doutora Carla, pensei que tinha falado com ela.  

-Mas não falou e decida-se que eu estou aqui a trabalhar não a brincar! 

-E eu estou nesta situação por causa de um erro vosso. De qualquer modo obrigado pela sua gentileza.

 Voltei ao primeiro andar e falei com outra funcionária que me levou ao gabinete da doutora Carla que foi falar com o dr. Paulo Guerra chefe do serviço e o médico que me fez os exames e me inscreveu na lista de espera para o transplante que disse que me consultava no fim das consultas dele. Resultado saí  do hospital era quase meio dia, nervosa, cansada e zangada.


Duas informações:

Telefonaram-me à bocadinho da Worten , informando que o meu pc já está na loja. Vamos ver se consigo que o filho ou a nora o vão buscar amanhã ou domingo.

E o capítulo de hoje de Ciladas da Vida está aí logo abaixo.

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXIV




Saíram do elevador para um átrio, redondo, com amplas janelas por onde o sol entrava radioso. À volta das paredes, exceto na saída do ascensor,   inúmeros vasos com plantas, quebrado apenas por uma porta de carvalho. No centro maples de verga e uma pequena mesa também de verga com tampo de vidro, davam a ilusão de uma sala no meio da natureza.

- O que é isto? -perguntou Teresa sem saber o que pensar.

- Já vais ver, - disse ele pegando-lhe suavemente no braço, e levando-a em direção à porta que abriu. – Sê bem-vinda à minha casa.

- Vives aqui? – perguntou olhando surpreendida para a sala que se podia observar da entrada.

- Sim. Mas anda, vem sentar-te um pouco para descansares, depois mostro-te o resto da casa, - disse encaminhando-a para a sala.

- Meu Deus, - disse ela ao ver o tamanho da sala, - só consigo pensar na dificuldade em manter limpa esta casa. Como consegues?

- A empresa tem uma equipa de limpeza, e é essa equipa que limpa também a minha casa. E não tenho razão de queixa.  Queres beber alguma coisa? Uma água, um chá…

-Uma água, está bem.

-Vou buscar, - disse saindo da sala.

Voltou pouco depois com um tabuleiro no qual trazia uma garrafa de água mineral, dois copos e uma garrafa de cerveja.

Sentou-se na sua frente e depois de beber um gole de cerveja, disse:

- Pudemos conversar um pouco sobre o teu estado, ou ainda não te sentes à vontade comigo?

- O que queres saber?

- Estás bem de saúde? Pergunto, porque te queixaste de te sentires cansada e com muito sono. Eu pensava que esses sintomas só apareciam lá para o fim da gravidez.

-Penso que é normal, pelo menos esses sintomas são referenciados no livro sobre gravidez que tenho andado a ler. De qualquer modo tenciono telefonar à minha médica na próxima semana. Quero que ela me siga, ou me aconselhe alguém da sua confiança para me seguir.  Estou a pensar deixar o médico do Centro Clínico do PMA.

-Acho bem. Depois do que fizeram é difícil confiar neles.

Acabou de beber a cerveja, poisou o copo no tabuleiro, levantou-se e perguntou:

-Estás pronta para conhecer o resto da casa?

Em respostas ela levantou-se. Ele pegou no tabuleiro e saiu em direção à cozinha, seguido por ela.

- Meu Deus, esta cozinha é o sonho de qualquer mulher! – Teresa estava espantada com o tamanho, a beleza e funcionalidade da cozinha

- É também o meu.

- O quê, tu sabes cozinhar?

- Qual é o espanto? Vivo sozinho há muitos anos, e embora conheça bons restaurantes, por sistema não gosto de comer fora. Então, restavam-me duas opções. Ou aprendia a cozinhar, ou passava fome. Optei pela primeira. De resto, atualmente a Internet está cheia de excelentes receitas, e eu gosto de cozinhar.

 

16.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXIII

Amigos continuo sem computador, pelo que vos  peço desculpa pela ausência. 



Estacionou o carro no parque junto da porta de entrada. Teresa continuava a dormir calmamente como se estivesse na cama. Esticou a mão e passou-lha suavemente no rosto. Abriu os olhos sobressaltada.

- Já chegámos? Isto não é …

- A tua casa? Não. Lembras que eu disse que gostaria de te mostrar a empresa?

- Sim, desculpa ter dormido o tempo todo, não sei o que se passa comigo, estou sempre a cair de sono. Até há bem pouco tempo, ia para a pastelaria todos os dias às cinco da manhã e andava o dia todo desperta.

- Então, entramos ou queres que te leve a casa?

Ela teve vontade de pedir que a levasse a casa, todavia, sentiu que para ele era importante que ela conhecesse a sua firma, e ele tinha sido tão correto com ela, que respondeu.

- Entramos.

Cumprimentaram o porteiro e ele levou-a junto de uma porta larga que se abriu automaticamente mostrando um corredor largo e longo que lembrou a Teresa um corredor de hospital. Assustou-se ao pensar que teria de percorrer todo o edifício.

- Todo este piso é a parte oficinal. É aqui que se fabricam todas as peças que possas imaginar, que depois dão origem aos computadores e telemóveis.

João pegou-lhe no braço e encaminharam-se para o elevador. Ela soltou um suspiro de alívio. Pararam no primeiro andar, e o empresário disse:  Aqui é o andar social. Aqui ficam o café, o refeitório, a creche para os filhos dos nossos empregados e a enfermaria. Um dia no futuro, quando estejas menos sonolenta, irei mostrar-te as instalações em pormenor.

Subiram mais um andar e ele disse:

-Neste piso e no seguinte, funciona a engenharia informática. Aqui estão os especializados em  hardware.  Há laboratórios onde os engenheiros criam e testam novas peças e materiais. Fazem protótipos, e por fim criam a matriz que é enviada para a oficina para que se façam novos modelos. No próximo andar, se trata do software. Lá trabalham os engenheiros de sistemas e microssistemas Aqueles que criam os mais diversos programas para empresas, e novas aplicações para computadores e telemóveis. É também no andar de cima que estão os que se dedicam ao estudo e experiências com a Inteligência Artificial.

Dois andares mais acima, voltaram a parar.

-Neste andar funcionam os escritórios. Todo o sistema administrativo da empresa,  bem como o gabinete jurídico. Na atualidade temos dois advogados e três estagiários. Um deles juntar-se-á a nós no fim do estágio. São eles que tratam de todos os assuntos legais da firma.

Voltaram a subir.

- E finalmente o meu gabinete e o da Olga que tu já conheces. Não há mais gabinetes neste piso. Para além daquela porta fica o nosso armazém, ligado à oficina por um elevador de serviço. Agora vamos subir mais um andar para te mostrar outra coisa.

- Mas eu pensava que este era o último andar. Quando cá vim o porteiro disse-me que o teu gabinete era no último andar.

-E é. Daqui para cima é particular, não pertence à empresa. Anda, sei que deves estar cansada, mas lá em cima descansas.  

 

14.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXII


Mais tarde, Teresa recordaria aquela primeira saída com o empresário como um dia especial. O almoço decorrera em harmonia, como se efetivamente fossem velhos amigos. João falou do seu trabalho, dentro da firma que ele mesmo criara, do jogo que lançara na véspera, de como se sentia feliz e divertido enquanto criador de jogos, que iriam divertir muita gente em todo o mundo.

Teresa disse que era mais ou menos a mesma sensação que ela sentia, quando conseguiam um novo creme ou uma nova massa.

- És pasteleira? Foi o que cursaste?

- Não. Cheguei ao último ano de Economia.  Fui até há pouco tempo a gerente. Tenho um pasteleiro, um homem fantástico, que me ensinou muitos dos segredos de pastelaria e com quem gosto de experimentar novas criações. Mário é um homem incrível, sem ele não teria conseguido o sucesso que consegui. Foi ele que ao levar-me até ao seio da sua família, evitou a minha solidão, quando a minha tia-avó Julieta morreu.

João, remexeu-se na cadeira. Quem raio era aquele Mário, de quem ela falava com tanto entusiasmo. Sentiu-se incomodado. Ele não podia estar com ciúmes do pasteleiro, ou podia? Alheia aos pensamentos do empresário, Teresa continuou:

-Fui até há pouco tempo a gerente. Agora estou afastada. Contratei a filha do Mário como gerente. É minha amiga, tenho plena confiança nela, e sei que o pai a ajudará nalgum problema que possa surgir como me ajudou a mim, tantas vezes. Há cinco anos que trabalho de segunda a sábado mais de doze horas por dia. Resolvi fazer uma pausa durante um ano ou dois. Graças a Deus o negócio vai muito bem, posso dar-me a esse luxo.

Tinham acabado a refeição, e Teresa sentia-se feliz porque não se sentira enjoada, nem com vómitos como ao pequeno almoço.

O empregado retirou o serviço deixando a carta das sobremesas e eles escolheram “Ananás dos Açores confitado”

Depois do café que apenas João tomou, ele pediu e  pagou a conta. Saíram do restaurante e caminharam lado a lado, em direção ao Mercedes que os esperava no parque. Apesar do empresário não lhe ter tocado, Teresa estava por demais consciente do homem que seguia a seu lado. Já no automóvel, ele disse:

-Gostava de te mostrar a minha empresa. É sábado, não haverá ninguém lá senão o porteiro e os seguranças. Queres ir, ou sentes-te muito cansada?

-Estou um pouco cansada sim, mas o pior é o sono. Estou tão sonolenta que sou capaz de me deixar dormir no carro.

- Se assim é, faz a vontade ao corpo. Eu vou devagar, e quando chegarmos já estarás mais desperta.

Pôs o carro a trabalhar e fez a manobra para seguir em direção a Sintra. A volta era maior, mas se ela adormecesse dava-lhe um pouco mais de tempo para descansar. Sentia-se bem junto dela, não queria ir já levá-la a casa. Era a primeira vez que se sentia tão bem junto de uma mulher que não era sua amante.  Bom, também se sentia bem quando saía com Olga. Mas Olga não contava. Era como uma irmã mais velha. Naquele momento ouviu uma respiração diferente e olhou a sua companheira. Teresa tinha adormecido.

Tinha no rosto uma expressão suave, nada semelhante à tensão que demonstrava na ida para o almoço. Parece que a sua estratégia para ganhar a confiança dela, estava a resultar.


13.9.20

DOMINGO COM HUMOR




Um alentejano, numa visita a Lisboa, entrou num café e pediu uma cerveja em lata. O empregado entregou-lhe a cerveja e qual não foi a sua surpresa quando viu o alentejano sacar de uma abre-latas do bolso e começar a abrir a cerveja.

- O que estás a fazer?! – perguntou.  – Você não sabe para que serve essa argolinha em cima da lata?

E diz o alentejano:
- Ora pois, mas claro que sei! É para aqueles que esquecem de trazer o abre-latas…



                                                 *******************



Uma jovem e bela enfermeira vai ao psiquiatra de serviço do hospital onde trabalha:
- Doutor, tem de me ajudar! Não posso ver um médico sem que me entregue e desate a fazer sexo com ele. Depois sinto-me tão suja e culpada…

- E quer que lhe tire essa apetência para o sexo? – pergunta o médico.

Diz a mulher:
- Não. Gostava só que me ajudasse a deixar de me sentir suja e culpada…



                                                   ****************



Um maluco estava a escrever uma carta, quando o médico chegou, viu e concluiu:
- Este aqui deve estar bom. Já escreve cartas!

Chegou perto dele e perguntou:
- Para quem é essa carta? 

Responde o maluco todo contente:
- É para mim mesmo, doutor, eu nunca recebo cartas de ninguém.

- E o que diz a carta? – Continua o médico.

E responde o maluco:
- Como é que eu sei se ainda não a recebi?!


                                              ****************



Na escola a professora pergunta aos alunos que medicamentos conhecem e para que são tomados.

- Conheço o melhoral, para as dores de cabeça! – Diz quase instantaneamente um aluno.

E logo a seguir diz outro:
- O ben-u-ron para as dores.

A professora felicíssima com o conhecimento geral da turma e, virando-se para o Joãozinho pergunta se conhece algum.

- O viagra para a diarreia! – Responde o Joãozinho com sentimento de dever cumprido.

Intrigada diz a professora:
- O viagra para a diarreia?

Explica o Joãozinho:
- Sim senhora professora! Eu ouvi a minha mãe dizer ao meu pai toma viagra para endurecer essa m*rda…


                                                      *************


Um sujeito trabalhava há anos numa fábrica de conservas e, um dia, confessou à mulher que estava possuído por um terrível desejo: a vontade incontrolável de meter o pénis na cortadora de pickles. 

Espantada, a mulher sugeriu que ele procurasse um psicólogo, e o marido prometeu que iria pensar no assunto. 

O tempo foi passando, até que um certo dia, ele chegou a casa cabisbaixo, profundamente abatido:

 - "O que aconteceu amor?"

 - "Lembras-te do meu desejo de enfiar o pénis na cortadora de pickles?"

 - "Oh não!" - gritou a mulher -" Fizeste isso?!?"

 - "Sim fiz!"

 - "Meu Deus, e depois?" 

- "Fui despedido..."

 - "Mas, e...e.... e... a cortadora de pickles ...?"

 - "Aahh, a Manuela?! Também foi!"


                                                *************


 Dois velhotes encontram-se de manhã num lar. A memória já não é muita e as doenças... afinal um homem não é de ferro.

Diz um para o outro que acaba de chegar à sala de convívio bem de manhãzinha:

Tenho 93 anos. Estou cheio de dores e de outros problemas. O Sr. deve de ter mais ou menos a minha idade. Como é que se sente?

-Eu?! Ora, sinto-me como um recém-nascido!

-Como um recém-nascido?!

- Sim senhor! Careca, sem dentes e acho que acabei de fazer xixi na calça.