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21.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXV




- E tens tempo para isso, dirigindo uma empresa como a tua?

- Não é um trabalho tão intenso como pode parecer, uma vez que as secções são autónomas. Cada uma tem o seu chefe que a dirige e a mim só me chegam os projetos já prontos, para aprovação ou não.

-Mas segundo ouvi na reportagem és tu o criador dos jogos.

-E verdade, mas até nisso atualmente tenho dois colaboradores. Continuamos?

- Sim, claro.

A casa ocupava o mesmo espaço dos andares inferiores, com um comprido corredor de mármore branco. De ambos os lados, portas que ele foi abrindo para ela ver. A cozinha ficava situada em frente à sala e ao lado havia uma sala de jantar e uma sala de jogos com uma mesa de snooker no centro, em frente, uma casa de banho social, uma biblioteca-escritório, um ginásio com vários aparelhos, e por fim os cinco quartos.

-E este é o quarto principal - disse o empresário afastando-se e mostrando um quarto enorme em dois tons de bege, com enormes janelas e um terraço. – Todos os quartos estão equipados com casa de banho, mas apenas este tem jacuzzi e "closet"

Era a primeira vez nos seus trinta anos que Teresa se encontrava na porta de um quarto com um homem. Olhou a enorme cama de casal e sentiu-se corar.

Recuou e tropeçou no homem que estava atrás de si, desequilibrando-se. Ele segurou-a pela cintura, e o calor das suas mãos atravessando o fino tecido do top provocou-lhe um estremecimento como se tivesse sofrido uma descarga elétrica. Assustada olhou-o para tentar perceber se ele teria sentido o mesmo, e o que viu nos seus olhos assustou-a ainda mais. Desprendeu-se bruscamente e começou a percorrer o longo corredor em direção à saída dizendo:

- Meu Deus, são quase cinco horas. Podes levar-me a casa agora?

-Não queres ficar mais um pouco? Posso preparar um lanche para os dois.

- Fica para a outra vez, "se eu for tão doida que volte aqui" – pensou. - Estou cansada, e além disso tenho as vitaminas para o lanche em casa.

Ele não acreditou na desculpa, mas não o comentou. Pegou nas chaves do carro e no telemóvel que tinha poisado na entrada, abriu a porta e seguiu-a em direção ao elevador.

Teresa entrou e encostou-se a um canto, numa atitude de defesa que o fez sorrir. Parecia uma gazela assustada.

 Procurando afastar dela qualquer receio perguntou:

-Então gostaste da minha casa?

- Como não? Nunca tinha visto uma casa tão grande a não ser no cinema.  Como conseguiste?

- Bom a verdade é que tem estado em permanente construção desde há dez anos. Logo que comprei este edifício, e mudei para aqui a firma, decidi deixar o último andar para a minha casa. Mas para isso foi preciso derrubar paredes construir outras, fazer novas canalizações, enfim uma miríade de coisas.

Saíram do elevador e dirigiram-se à saída. Pouco depois já no automóvel, João continuou. Na verdade, ainda não está como a sonhei. Gostava de mandar construir uma piscina no terraço que fica para além do meu quarto.

Teresa não respondeu. E o resto da viagem, fez-se em silêncio.

Ele estacionou o carro em frente da porta da jovem e saindo acompanhou-a até à porta do prédio. Teresa estendeu a mão para se despedir, mas João com uma leve pressão, aproximou-a dele, colocou as mãos nos seus ombros e o seu olhar fixou-se na sua boca. Ela teve a nítida sensação de que ia beijá-la, todavia ele limitou-se a poisar os lábios na sua testa, num terno beijo.

-Espero que tenha sido, um dia tão feliz, para ti, como o foi para mim. Ligo-te em breve, - disse. Em seguida largou-a, virou-lhe as costas e afastou-se.


17 comentários:

noname disse...

Um jogo de gato e rato, sendo que o rato ainda não sabe onde caiu :-)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Um cavalheiro!!!
Abraço, boa semana

Tintinaine disse...

A história está muito bem encaminhada, se com o parto não surgirem problemas, só falta o "e foram felizes para sempre".

Janita disse...

Enquanto os dois se vão conhecendo e estreitando laços, eu vou acompanhando a evolução dos acontecimentos.

Uma boa semana e um abraço, Elvira.

chica disse...

Acho que ele é bastante esnobe,muito exibido com a casa e com o que tem, mas parece estar esperando a oportunidade certa pra avançar...Vejamos! beijos, chica

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Show de casa, sinônimo de muito dinheiro! O filho dela está com o futuro garantido e ela, também.
Abraços fraternos!

Cidália Ferreira disse...

Mais um instigante episodio!:))
-
Palavra mágica...Obrigada
-
Beijos, e uma excelente semana

lourdes disse...

E pronto. Finalmente com um computador"decente" voltei ao blog. Estive a ler o conto desde o principio. Sim senhor, os dois com muita "guita", junta-se a fome com a vontade de comer. Ainda por cima giros e boas pessoas. Ainda há príncipes encantados. A coisa está bem encaminhada.

Alexandra disse...

Muito gostava de ter um quarto destes! Bem, mas não se pode ter tudo :))

Já li todos os capítulos que estão para trás. Vai no bom caminho, Elvira.

Boa semana e um abraço.

ps: A Elvira tem um filho cinco estrelas. :)

Manuel Veiga disse...

gostei muito do texto, Elvira
uma escrita de grande qualidade

beijo

José Lopes disse...

Estive ausente e por isso fiz uma maratona de leitura, por sinal agradável como é habitual neste espaço. Espero que o pc volte operacional e colaborante.
Abraço do Zé

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um episódio lindo!
Apesar da riqueza e de gostar de a mostrar, parece homem de bons sentimentos.
Beijinhos,
Ailime

rosa-branca disse...

Olá amiga Elvira, que esteja bem . Andei a ler o atrasado da história e estou a adorar. Um cavalheiro e uma história "tão sua" como já nos habituou. Adoro a sua escrita e os finais felizes. Pena que a vida é tão madrasta e às pessoas tão más. A continuação das suas melhoras e beijinhos com muito carinho

AC disse...

A Elvira domina perfeitamente o timing destas novelas. Mérito seu.
Parabéns!

Abraço

teresa dias disse...

Elvira, continuo encantada com a sua Teresa...
Beijo.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Continuo acompanhando, gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

João Santana Pinto disse...

Mais do que a história... quero falar dos pormenores e este texto está cheio deles, designadamente o não sair sem ir buscar as chaves e o telemóvel.

Uma história requer enredo, requer credibilidade, requer levar os leitores a sentir os mesmos sentimentos dos personagens ou sentimentos sobre os personagens, levar a refletir, sentir a solidez de tudo o que existe nas palavras e ainda por cima as tornar fluídas e sedutoras à leitura...

Parabéns por esta bela história de amor (parece-me)