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4.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXVIII




AGRADECIMENTO

Do coração agradeço as carinhosas mensagens com que tornaram o meu dia  ontem um dia especial e mais feliz. Bem Hajam


As palavras da sua assistente mexeram com ele. Não que acreditasse que ela estava certa. De modo algum. O facto de se surpreender várias vezes ao dia a pensar como é que ela estaria, e com vontade de lhe telefonar, devia-se ao facto de saber que ela carregava no ventre um filho seu, não tinha nada a ver com paixões repentinas. Até porque ele não acreditava no amor. Nem sabia se existia tal sentimento, mas se existia ele nunca se tinha cruzado com ele. Acreditava no sexo, no poder do desejo, entre duas pessoas, no trabalho, até na amizade. Mas no amor? Se ele existisse, a sua mãe tê-lo-ia abandonado como se fora coisa sem préstimo? Não diz toda a gente, que o amor de mãe é o amor maior?

Então se esse era o amor maior, o que podia esperar dos outros.

Quando mais novo, procurara esse amor, com ânsia, na tentativa de provar a si mesmo que era um homem como os outros. Mas encontrou-o? Que nada. Encontrou mulheres capazes de jurar amor eterno, enquanto ele se mostrava generoso, mas quando deixava de o ser, partiam em busca de outro que satisfizesse os seus caprichos.

Por momentos recordou Glória, a última mulher que mitigara as suas necessidades de homem jovem e saudável. Tinha tanto de bonita, quanto de ambiciosa, e apesar da relação ter durado um pouco mais que as anteriores, nunca em momento algum tocou o seu coração.

Excetuando Olga e a mãe, nunca encontrara uma mulher em cuja sinceridade pusesse fé.

Então porque confiara em Teresa? Porque não pusera um investigador em campo para que lhe fizesse um relatório sobre ela e lhe mostrasse se era ou não confiável? Decerto que fora pelo receio de que se ela o descobrisse, afastasse dele a hipótese de ter nos braços o seu filho, ou porque isso a pusesse nervosa e pudesse prejudicar o desenvolvimento do seu filho, não era de modo algum porque em pouco mais de uma hora, ela tinha destruído a muralha que ele erguera, e mantivera intacta em toda a sua vida, na relação com as mulheres. Ou seria?

Bom, a sua decisão estava tomada. Tinha sensivelmente oito meses, para a convencer de que o melhor para a criança seria um casamento entre os dois. Se ela não acreditava nos homens e ele não acreditava nas mulheres, podiam realizar uma união de amizade e respeito mútuo. De resto era a única hipótese que ele via de poderem criar a criança em conjunto. Afinal quando o bebé nascesse, ele estaria quase nos trinta e cinco anos, ela já tinha ultrapassado os trinta. Ambos eram empresários, responsáveis, encarariam o casamento como uma transação entre iguais. Por mais voltas que desse à cabeça era a única solução que lhe parecia viável. Ela dissera que como amigos podiam criar e educar a criança entre os dois. Mas isso só seria possível com os dois a viverem debaixo do mesmo teto. Era uma questão de lógica, não de amor, como Olga insinuava. Amor! Ela só podia estar a sonhar. Afinal ela era uma romântica que por qualquer razão que ele desconhecia, resolvera ficar solteira. Isso era algo que ele nunca entenderia. Porque é que uma mulher bonita, inteligente e simpática, sempre pronta a ajudar os outros, cujos olhos brilhavam quando via alguma criança, nunca se casara? Durante toda a sua meninice, e adolescência, ele viu vários tipos a rondar a sua casa, mas nunca a viu sair com nenhum. Passava a vida no emprego, e em casa com a mãe. A única exceção era a sua casa, onde ia muitas vezes. Na verdade, pensando bem, era ela e a mãe quem cuidavam da sua casa, já que o seu pai, saía para a oficina logo de manhã e regressava à noite, muitas vezes diretamente para a cama, sem se preocupar sequer se o filho tinha ou não jantado.

Passou a mão pelo cabelo, num gesto habitual quando tomava uma decisão da qual não se afastaria.

 

 

15 comentários:

noname disse...

Vamos ver como aceita ela, esta ideia dele.

Boa noite, Elvira

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
O que planeará ele?
A história está a tomar um rumo muito interessante.
Beijinhos,
Ailime

Pedro Coimbra disse...

Dois corações magoados que se encontram.
Bfds (publiquei hoje as suas prendas)

Tintinaine disse...

Olá Elvira! Como se sente com mais um ano e um dia em cima?
Ontem, falei com o meu camarada Gomes que está no Lar das Misericórdias do Barreiro. Falar é um modo de dizer, pois ele, além de um pouco (?) afectado pelo Alzheimer, está surdo que nem uma porta. Mas soube que anda muito bem, passeia pelo Lar e é autónomo quanto à sua higiene e alimentação. Para quem está a pouca distância dos 100 é obra, vê-se que tem fibra de alentejano dos antigos.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Vejamos a reação dela...Acho "vai dar samba",rs! beijos, lindo fds! chica

Artes Ideias e Dicas disse...

Todas as historias dão sempre certo .esta tambem tem tudo para dar certo. Boa sexta-feira

teresa dias disse...

Dúvidas, dúvidas, dúvidas!
Beijo, Elvira.

Janita disse...

Em princípio acho aceitável esta ideia do empresário.
Unidos em prol do bem-estar da criança, quem sabe com o tempo e a convivência, esse amor no qual nenhum deles confia, acabará por despertar nos seus corações...digo eu, que gosto muito de dizer coisas... :)

Um abraço e bom fds, Elvira.

" R y k @ r d o " disse...

Acompanhando deliciado
.
Cumprimentos

Edum@nes disse...

João pensa como será a melhor forma de criar o filho junto dele e da mãe. Se Terera pensar da mesma maneira. Então ambos estão caminhando ao encontro um do outro.

Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Ana Tapadas disse...

Por ser sexta-feira, vim cá e gostei muito de a ler!

Talvez as solteiras sonhem a vida inteira...

Beijinho e bom fim-de-semana

Alexandra disse...

Com as minhas ausências tenho que ir atrás e ler tudo o que escreveu antes. Mas, vale bem a pena!!

Esperando pelos próximos capítulos ;)

Um abraço, Elvira.



Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Muito adequado o pensamento dele, vamos ver se ela é da mesma opinião.
Abraços fraternos!

João Santana Pinto disse...

Eu diria que ele está insano (sorrisos), mas pago para ler a reação dela...

Como em todas as histórias, todos os caminhos e escolhas são válidos e este pode dar momentos extraordinários nos textos que se seguem... vou ler