Seguidores

Mostrar mensagens com a etiqueta sono. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sono. Mostrar todas as mensagens

4.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE II


Lentamente, Anabela levantou a parte superior do corpo, rodou as pernas e sentou-se na cama. Tinha-se deitado um pouco e o corpo cansado pelas muitas noites sem dormir, acabara por cair no sono. A persiana um pouco levantada, deixava passar a luz de uma magnífica lua cheia.

Até ela, chegavam as vozes de alguns jovens que percorriam a rua em direção à baixa, onde se concentravam os bares e restaurantes e onde a animação parecia constante. Sentiu fome e olhou o relógio. Vinte e três horas e vinte e sete minutos. Não admirava que sentisse fome. Tomara o pequeno-almoço, duas torradas e um café às dez da manhã. No resto do dia apenas bebera água, o calor apertava e ela não sentira fome. 

Foi até à janela e levantou o resto da persiana deixando o quarto apenas iluminado pela luz brilhante da lua. O apartamento ficava num terceiro andar em frente do parque da cidade, pelo que não corria o risco de assalto, fosse por ladrões, ou por mirones.

Precisava preparar alguma coisa para comer, pois embora não lhe apetecesse, o estômago doía-lhe em protesto por um dia todo de jejum.

Lançou um olhar à máquina de roupa e deu-se conta que estava desligada, portanto a roupa já estava lavada.

Pôs água a ferver para fazer um chá, pegou numa carcaça, abriu-a e barrou-a com manteiga, juntou-lhe uma fatia de presunto e colocou-a num prato em cima da mesa. Preparou um chá de frutos e sentou-se à mesa.

Depois de comer, lavou a chávena e o prato, limpou-os e arrumou-os no armário.

Depois pegou num alguidar, abriu a máquina tirou a roupa, que sacudiu e pendurou no pequeno estendal, na varanda da cozinha.

De seguida apagou a luz e dirigiu-se à casa de banho a fim de lavar os dentes.

 Pela primeira vez naquele dia olhou-se ao espelho. E não gostou do que viu. Estava pálida, tinha os olhos vermelhos e inchados do tempo que chorara antes de adormecer. Além disso, emagrecera e o seu rosto estava mais afilado, destacando de uma maneira não muito graciosa as bonitas maçãs do rosto de que outrora tanto se orgulhara. A boca tinha um ricto amargo, que lhe endurecia mais o rosto. Até o cabelo caído e emaranhado do sono, parecia sem brilho, apesar de ter sido lavado há poucas horas.

Lavou os dentes, escovou o cabelo e voltando ao quarto, acendeu a luz pegou no livro que tinha em cima da mesa-de-cabeceira e sentou-se no cadeirão.

Volvidos alguns minutos sem conseguir concentrar-se na leitura fechou o livro apagou a luz e deitou-se.


Notas:

A quem perguntou, esta é uma história nova, que ainda está no forno, ou seja, em construção.

Desculpem amigos, mas hoje (3/1) foi um problema para publicar comentários e em muitos blogs, não consegui mesmo comentar, apesar de tentar várias vezes, sempre me aparecia a mensagem de que ocorrera um erro.

 


16.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXIII

Amigos continuo sem computador, pelo que vos  peço desculpa pela ausência. 



Estacionou o carro no parque junto da porta de entrada. Teresa continuava a dormir calmamente como se estivesse na cama. Esticou a mão e passou-lha suavemente no rosto. Abriu os olhos sobressaltada.

- Já chegámos? Isto não é …

- A tua casa? Não. Lembras que eu disse que gostaria de te mostrar a empresa?

- Sim, desculpa ter dormido o tempo todo, não sei o que se passa comigo, estou sempre a cair de sono. Até há bem pouco tempo, ia para a pastelaria todos os dias às cinco da manhã e andava o dia todo desperta.

- Então, entramos ou queres que te leve a casa?

Ela teve vontade de pedir que a levasse a casa, todavia, sentiu que para ele era importante que ela conhecesse a sua firma, e ele tinha sido tão correto com ela, que respondeu.

- Entramos.

Cumprimentaram o porteiro e ele levou-a junto de uma porta larga que se abriu automaticamente mostrando um corredor largo e longo que lembrou a Teresa um corredor de hospital. Assustou-se ao pensar que teria de percorrer todo o edifício.

- Todo este piso é a parte oficinal. É aqui que se fabricam todas as peças que possas imaginar, que depois dão origem aos computadores e telemóveis.

João pegou-lhe no braço e encaminharam-se para o elevador. Ela soltou um suspiro de alívio. Pararam no primeiro andar, e o empresário disse:  Aqui é o andar social. Aqui ficam o café, o refeitório, a creche para os filhos dos nossos empregados e a enfermaria. Um dia no futuro, quando estejas menos sonolenta, irei mostrar-te as instalações em pormenor.

Subiram mais um andar e ele disse:

-Neste piso e no seguinte, funciona a engenharia informática. Aqui estão os especializados em  hardware.  Há laboratórios onde os engenheiros criam e testam novas peças e materiais. Fazem protótipos, e por fim criam a matriz que é enviada para a oficina para que se façam novos modelos. No próximo andar, se trata do software. Lá trabalham os engenheiros de sistemas e microssistemas Aqueles que criam os mais diversos programas para empresas, e novas aplicações para computadores e telemóveis. É também no andar de cima que estão os que se dedicam ao estudo e experiências com a Inteligência Artificial.

Dois andares mais acima, voltaram a parar.

-Neste andar funcionam os escritórios. Todo o sistema administrativo da empresa,  bem como o gabinete jurídico. Na atualidade temos dois advogados e três estagiários. Um deles juntar-se-á a nós no fim do estágio. São eles que tratam de todos os assuntos legais da firma.

Voltaram a subir.

- E finalmente o meu gabinete e o da Olga que tu já conheces. Não há mais gabinetes neste piso. Para além daquela porta fica o nosso armazém, ligado à oficina por um elevador de serviço. Agora vamos subir mais um andar para te mostrar outra coisa.

- Mas eu pensava que este era o último andar. Quando cá vim o porteiro disse-me que o teu gabinete era no último andar.

-E é. Daqui para cima é particular, não pertence à empresa. Anda, sei que deves estar cansada, mas lá em cima descansas.  

 

1.10.19

VIDAS CRUZADAS - PARTE XX


Um sorriso rompeu no rosto materno, tão luminoso como um raio de sol em dia de chuva. Ela ergueu a mão, e acariciou-lhe os cabelos, com a mesma ternura com que o fazia em criança, quando o filho procurava a sua cumplicidade, nalguma travessura.
- Vai descansar, filho. Já é tarde e tens que levantar cedo. A viagem até S. Pedro é longa. 
Obedecendo, o jovem levantou-se, e dando um beijo na face enrugada, murmurou:
- Boa noite, mãe. Durma bem.
- Deus te abençoe meu filho. Que os anjos velem o teu sono.
Ao regressar à cozinha, Maria deu-se conta de que não tinham jantado. A mesa continuava posta, esperando a hora que já passara há muito. Encolheu os ombros, guardou a janta no frigorífico, apagou a luz e foi-se deitar.


Pedro, acordou na manhã seguinte com o delicioso aroma do café invadindo-lhe o quarto. Enquanto se dirigia para o duche, os acontecimentos da noite anterior, desfilaram na sua mente, como fita em tela de cinema. Adormecera tarde e tinha a sensação de pouco ter dormido.

Deixou que a água resvalasse pelo seu corpo, como se fosse uma carícia revigorante. Depois, com o corpo envolto na toalha, iniciou o escanhoamento do rosto. Enquanto o fazia a imagem de Rita pareceu sair dos seus pensamentos, e apareceu reflectida ao lado da sua, no espelho. Fechou os olhos e imediatamente soltou um queixume. Acabara de se cortar...

Na cozinha, Maria acabara de barrar as torradas. O filho deveria estar a entrar para o pequeno-almoço, cheio de fome pois não tinham jantado. Se bem o conhecia, não devia ter dormido grande coisa. Nunca em toda a sua vida,  vira o filho apaixonado. Namoricos, quando andava na escola, sim. Tivera muitos. Era um cata-vento, muito mais interessado nos rabos de saias, do que nos estudos. Depois subitamente acalmou, e nunca mais o viu interessado em ninguém. Até à noite anterior. Aí, percebera, mais pelo seu tom de voz, do que pelas palavras pronunciadas que o seu menino deixara de o ser, e era agora um homem profundamente apaixonado. Tentou imaginar como seria aquela Rita. Seria uma boa pessoa, capaz de fazer o filho feliz? Não parecia dar muito crédito aos elogios do filho. Tinha idade e experiência suficiente para saber que um homem apaixonado fica cego para tudo, menos para aquilo que ele próprio idealiza.

- Bom dia, mãe. Hum que cheirinho delicioso – disse curvando-se para a beijar.

- Meu ou do pequeno-almoço? - questionou ela rindo.

- Os dois, mãe, os dois – respondeu rindo também.


22.6.18

O DIREITO À VERDADE - V





Lena acordou, já passava das sete da tarde. Passou a mão pela testa transpirada, mais pelo sono inquieto, povoado de fantasmagóricas figuras que se riam dela, do que pelo calor, apesar do dia ter estado bem quente. Ainda assim a dor de cabeça, mercê do efeito das aspirinas, passara.
Foi à cozinha, ligou o esquentador, e dirigiu-se à casa de banho a fim de tomar um duche. Despiu-se, meteu a roupa no cesto da roupa suja e meteu-se debaixo do chuveiro. Fechou a água, esfregou energicamente o corpo com o gel duche, e voltou a abrir a torneira, deixando que a água tépida deslizasse sobre o corpo, como se fosse uma carícia.
Findo o duche, espalhou pelo corpo o creme hidratante e vestiu o roupão sobre o corpo nu. Olhou-se ao espelho enquanto secava o cabelo. As olheiras ao redor dos belos olhos denunciavam o sofrimento e as noites sem dormir dos últimos dias. Recordou o achado dessa tarde, e pensou no que poderia ter levado a mãe a mentir-lhe a vida inteira.
"Será que o tio Alberto sabe disto? É claro que sim. A mãe não podia ter escondido da irmã e cunhado um casamento e divórcio, quando eram a sua única família e eram tão amigos,” – pensou.
Tinha que falar com ele o mais rápido possível. Escovou o cabelo acabado de secar, e dirigindo-se à cozinha onde preparou uma torrada e aqueceu um copo de leite. Tinha comida no frigorífico que sobrara da véspera, mas ficaria para o almoço do dia seguinte, estava sem apetite.
Quando acabou de comer pegou no telemóvel e ligou ao tio.
- Tio, disseste que qualquer coisa te ligasse. Preciso de ti.
- Aconteceu alguma coisa? Sentes-te mal?
-Aconteceu que encontrei no armário da mãe uma caixa com documentos, Uma certidão de casamento, outra de divórcio, um anel de noivado e uma aliança, entre outras coisas, Sabias disto?
Um curto silêncio do outro lado. Depois a resposta do tio.
- Sabia.
-Como foi possível que ela me tivesse mentido a vida inteira? E como é que vocês nunca me contaram?
- Não podíamos fazê-lo. A tua mãe fez-nos jurar que não te dizíamos nada.
-Preciso que me contes tudo. Tenho o direito de saber, é a minha vida, as minhas raízes. Podemos almoçar juntos, amanhã?
- Claro. Vou-te buscar ao meio-dia. Tens preferência por algum sítio?
-Eu preferia almoçar em casa. Quero mostrar-te os documentos que encontrei e é mais sossegado para conversarmos. Posso preparar o almoço.
- De modo nenhum. Precisas descansar. Ainda há, aí na rua, aquele restaurante que serve comidas para fora?
- O Estrela-do-mar? Sim.
- Então não te preocupes. Eu passo por lá e levo o almoço. Já jantaste?
-Já – mentiu.
-Muito bem. Deita-te cedo e procura descansar. Amanhã falamos.



Por ser um fim de semana especial, esta história só volta na Segunda Feira
Bom fim-de-semana a quem por aqui passar

17.3.17

CASAMENTO POR PROCURAÇÃO - PARTE XX




Não era pois de admirar que se deslumbrasse com um homem como Quim. E que de seguida se apaixonasse. Por outro lado tinha bem presente a imagem de boneca da mulher loura. Ela não era assim. Não se achava feia, mas reconhecia que não era nenhuma beleza.  O seu cabelo castanho, era  forte e ondulado, o que sempre lhe desagradou, gostava mais que fosse liso, o corpo
 um pouco mais alto do que ela gostaria, a sua cintura não se deixava abarcar com duas mãos. Tinha um ar de mulher forte, robusta, o oposto da mulher-boneca por quem ele se apaixonara. Além disso não sabia nada sobre sedução. E se o marido sabia, e ela acreditava que sabia, não o tinha até ao momento demonstrado.
Duas semanas antes do Natal, Sofia ficou doente. Há dois dias que se encontrava constipada, tinha arrepios de frio, não se sentia bem. Mas naquela noite mal tinha passado pelo sono. Tinha fortes dores de cabeça, doía-lhe a garganta, e ardiam-lhe os olhos. Tentou levantar-se mas não conseguiu. 

15.10.16

VIDAS CRUZADAS - PARTE XX


Um sorriso rompeu no rosto materno, tão luminoso como raio de sol em dia de chuva. Ela ergueu a mão, e acariciou-lhe os cabelos, com a mesma ternura com que o fazia em criança, quando o filho procurava a sua cumplicidade, nalguma travessura.
- Vai descansar, filho. Já é tarde e tens que levantar cedo. A viagem é longa. 
Obedecendo, o jovem levantou-se, e dando um beijo na face enrugada, murmurou:
- Boa noite, mãe. Durma bem.
- Deus te abençoe meu filho. Que os anjos velem o teu sono.
Ao regressar à cozinha, Maria deu-se conta de que não tinham jantado. A mesa continuava posta, esperando a hora que já passara há muito. Encolheu os ombros, guardou a janta no frigorífico, apagou a luz e foi-se deitar.


Acordou na manhã seguinte com o delicioso aroma do café invadindo-lhe o quarto. Enquanto se dirigia para o duche, os acontecimentos da noite anterior, desfilaram na sua mente, como fita em tela de cinema. Adormecera tarde e tinha a sensação de pouco ter dormido.

Deixou que a água resvalasse pelo seu corpo, como se fosse uma carícia revigorante. Depois, com o corpo envolto na toalha, iniciou o escanhoamento do rosto. Enquanto o fazia a imagem de Rita pareceu sair dos seus pensamentos, e apareceu reflectida ao lado da sua, no espelho. Fechou os olhos e imediatamente soltou um queixume. Acabara de se cortar...

Na cozinha, Maria acabara de barrar as torradas. O filho deveria estar a entrar para o pequeno-almoço. Se bem o conhecia, não devia ter dormido grande coisa. Nunca em toda a sua vida,  vira o filho apaixonado. Namoricos, quando andava na escola, sim. Tivera muitos. Era um cata-vento, muito mais interessado nos rabos de saias, do que nos estudos. Depois subitamente acalmou, e nunca mais o viu interessado em ninguém. Até à noite anterior. Aí, percebera, mais pelo seu tom de voz do que pelas palavras pronunciadas que o seu menino deixara de o ser, e era agora um homem profundamente apaixonado. Tentou imaginar como seria aquela Rita. Seria uma boa pessoa? Seria capaz de fazer o filho feliz? Não parecia dar muito crédito aos elogios do filho. Tinha idade e experiência suficiente para saber que um homem apaixonado fica cego para tudo, menos para aquilo que ele próprio idealiza.

- Bom dia, mãe. Hum que cheirinho delicioso – disse curvando-se para a beijar.

- Meu ou do pequeno-almoço? - Questionou ela rindo.

- Os dois, mãe, os dois – respondeu rindo também.