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30.9.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XXXIX



Eram exatamente três da tarde quando Olga introduziu o advogado David Varanda no gabinete do seu chefe.

David era um homem alto, moreno, de cabelos castanho-claro e olhos cinzentos.

-Boa tarde, -saudou o visitante estendendo-lhe a sua mão direita.

João apertou a mão que ele lhe estendia com alguma curiosidade, tanto mais que lhe pareceu detetar uma certa emoção no olhar do advogado. Então disse:

- Boa tarde, doutor Varanda. Por favor sente-se, e diga-me o que o trouxe cá. Confesso que estou curioso. A minha empresa tem um gabinete jurídico, e é com os meus advogados que todos os assuntos de lei são tratados.

-Eu sei. Mas o assunto que me trás aqui é pessoal, e nada tem a ver com as leis. Confesso que antes de tentar esta entrevista, investiguei o seu historial. Sei que é um empresário de sucesso, a propósito, deixe-me cumprimentá-lo pelo recente lançamento do Survive 2. Sei também que é um homem rico, mas nenhuma destas coisas me fariam visitá-lo, pois me preocupo mais com o carater de um homem do que com o peso da sua carteira.  O que me trouxe aqui, foi a informação de que é um homem que subiu na vida à custa do seu esforço, mas é considerado por todos, clientes e empregados um homem honesto.

Enquanto o advogado falava, João tentava descobrir onde é, que ele queria chegar.

-O nome Braizinha diz-lhe alguma coisa? -perguntou David após uma curta pausa.

João fez um esforço de memória, mas não recordou ninguém com aquele nome.

-Não, nada. Porquê?

-Porque era o apelido de solteira da sua mãe, e pensei que embora não o usasse faria parte do seu nome.

- Mãe? Que mãe? - disse o empresário pondo-se de pé. Eu não tive mãe. Uma mulher que dá à luz uma criança e a abandona para seguir um qualquer macho que lhe aparece na frente, não pode ser considerada mãe de ninguém. Não é mais do que uma…

-Não o digas, - interrompeu David, levantando-se o rosto vermelho e o punho cerrado. Não quero ter de te partir a cara.
Os dois tinham levantado tanto a voz, que Olga se assustou e após uma leve batida entrou no gabinete, onde os dois homens se olhavam numa atitude tão agressiva que ela temeu começassem a lutar como dois miúdos de rua.

-Vinha perguntar se desejam alguma coisa – disse tentando amenizar o ambiente. Um café, uma bebida?

João foi o primeiro a reagir. Virou costas ao advogado e foi sentar-se. Acabara de perceber que só um filho, ou um marido, defenderia assim uma mulher. David era demasiado novo para ser casado com aquela mulher – não conseguia pensar na progenitora como mãe, - logo aquele advogado, que até ao momento nunca vira, só podia ser, seu meio irmão.

- Eu preciso de uma bebida forte. E tu David, queres alguma coisa? Mas por favor senta-te, - disse ao ver que o outro continuava de pé.

- Nunca bebo álcool em horário de trabalho. Aceito um café.

- Então traz-nos dois cafés bem fortes, por favor.

Olga saiu para executar o pedido, completamente atónita. Como era possível que o seu chefe estivesse quase a iniciar uma luta com um homem que lhe dissera não conhecer, e de repente mudasse totalmente de atitude? Que se estava a passar lá dentro? Deveria chamar a segurança para ficar ali de prevenção?

 

17 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Um meio irmão?
Por esta não estava à espera.
Abraço

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
O que é que aí vem ?

JR

Tintinaine disse...

Bem avisou um comentador que vinha aí borrasca! Não sei porquê, mas o mais provável é que não fosse nada disto que ele estava a pensar. Aliás, é quase impossível adivinhar o que vai na cabeça de um autor quando escreve um conto.
Pode ser que atrás do meio irmão venha aí uma família completa para, ele e a Teresa, não ficarem sós no mundo que estar só é uma grande chatice.

Maria João Brito de Sousa disse...

Confesso que fiquei muitíssimo surpreendida! Este David caiu aqui como uma bomba e vem potenciar em complexidade uma história que já de si é muito complexa...

Mais do que nunca, fico ansiosa, a aguardar o próximo capítulo!

Forte abraço, Elvira!

chica disse...

Bah! Imaginando daqui uma surpresa...Legal te ler! beijos, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar emocionante.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Cidália Ferreira disse...

As surpresas aparecem sempre!:)
-
O tempo é curto, é preciso viver
-
Beijos, e um excelente dia!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Eh Pá!

Por esta não estava â espera!

Aguardando cheia de curiosidade.

beijinhos

:)

Janita disse...

Assim, sem contar, o empresário ganha um filho e agora, um irmão.
A vida tem destas surpresas. Gostei desta reviravolta.

Um abraço

( nunca mais é sexta... :) )

lis disse...

Oi Elvira
Fazia tempo que não conseguia acompanhar um conto seu _logo eu que acho-os todos sempre muito instigantes e bem escritos,
Apesar do capitulo ja adiantado fiz uma leitura dinâmica e penso que vai dar para acompanhar.
Ja chego com um atrito que me deixa ansiosa pelo proximo capítulo para ver o desfecho,
meu abraço e fica bem, Elvirinha

Edum@nes disse...

O que mais irá acontecer. Será que são irmão?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira. Um abraço.

noname disse...

Uma completa reviravolta à moda da Elvira eheheheh, bem me parecia que a história não iria continuar morna :-)

Boa noite, Elvira

Manuel Veiga disse...

um diálogo bem interessante~
e intrigante..,

gostei muito
beijo, amiga

teresa dias disse...

Ora, ora, o João tem um meio-irmão... Será?!
Beijo, Elvira.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Mais um elemento para deixar ao rubro esta bonita história.
Vamos aguardar...
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Eita, um dado novo que promete grandes emoções!
Abraços fraternos!

João Santana Pinto disse...

Gostei muito desta reviravolta... uma jogada de mestre, muito surpreendido e agradado, vou avançar na leitura